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Trinta e Nove


— Respira, Lice, vai dar tudo certo. — Alessandra tranquilizou a irmã, pegando em sua mão, já na sala de cirurgia, onde seria realizada a cesariana.

Os bebês haviam se adiantado. O parto estava planejado para duas semanas depois, quando completasse pelo menos trinta e cinco semanas de gestação. Mas a bolsa das meninas havia estourado antes do tempo, no meio da tarde de sábado, enquanto Alice limpava o quarto que seria de seus filhos. Com um grito, ela chamou o marido que estava na sala, e, poucos minutos depois, já estavam na maternidade onde seria realizada a cesariana. O obstetra foi acionado ainda no caminho até o hospital, o que facilitou quando chegaram ali.

— O Panda está demorando, San. — Resmungou a mais nova, o olhar preocupado.

— Ele está chegando, Lice. Foi assinar os papéis e trocar de roupa para entrar. Avisei a Ale, ela também já vem, mas não vai poder entrar.

— A Ale vai ficar revoltada ao saber que você foi a primeira a ver os sobrinhos. — Alice sorriu, tentando conter a tensão que ameaçava sua paz.

Era fato que os bebês viriam prematuros e precisariam ir para a UTI neonatal logo após o parto. Ela não os veria assim que nascessem, e ter consciência disso fazia seu coração encolher-se. Tocou no ventre ainda avantajado, um misto de ansiedade e expectativa para conhecer as vidas que ali estavam.

— Ela e André. — Sorriu a mais velha em cumplicidade. — Ele já estava reclamando que não é justo eu entrar e ele não, já que também é tio. Me obrigou a gravar seu parto.

— Estou feliz que seja você aqui comigo. — Confessou a do meio em um sussurro. Amava a irmã mais nova e o cunhado, mas sabia que Alessandra era o esteio da família, quem transmitia paz com apenas um olhar. Sua presença dava a tranquilidade que Alice precisava naquele momento.

— Também estou feliz em estar com você nesse momento. — Afirmou a outra, depositando um terno beijo na testa da irmã. — Não precisa ter medo, Lice, esses bebês vão nascer saudáveis e logo, logo você vai poder pegar todos os três nos braços.

A do meio sentiu as lágrimas a se acumularem nos olhos, suas emoções a interferirem em seus pensamentos. Queria que o marido chegasse logo, principalmente ao ver que o médico e sua equipe já preparavam os instrumentos para a cirurgia. Como se fosse capaz de ler os pensamentos dela, Pedro abriu a porta da sala, entrando em um rompante, esbaforido. Ao vê-lo, Alice esboçou um sorriso aliviado. Ele não perderia o momento mais importante de suas vidas. Alessandra se afastou para dar espaço ao cunhado, que encarou a esposa com um misto de preocupação e escrutínio. Queria saber se ela estava bem, se ficaria bem.

— Céu, desculpa, eles pediram para assinar um monte de formulário. — Justificou-se ele, depositando um selinho nos lábios dela, e logo acariciou seu rosto, como se precisasse daquele ato para averiguar seu estado. — Você está bem? Sente dor?

— Estou bem, Panda, não sinto mais dor. Já me anestesiaram para a cirurgia. Ainda bem que chegou. Você vai ver os bebês antes de mim. O que é injusto, já que eu os carreguei por sete meses. — Reclamou em um murmúrio, o que tranquilizou o ruivo.

Ela estava bem, se ainda era capaz de fazer brincadeiras, significava que não estava tão amedrontada quanto ele. Quando ela o gritou no quarto, dizendo que a bolsa tinha estourado, o ruivo sentiu que sua pressão caia e se viu desnorteado. Ainda não era a hora certa. Eles não estavam prontos. Seu mundo ruiu ao pensar nas inúmeras possibilidades de que algo ruim acontecesse durante o parto, de perder algum de seus filhos, ou terem alguma sequela. Culpou-se por instantes, pensando que talvez se tivesse sido mais cuidadoso com Alice, eles não se antecipariam tanto. Mas, ao chegar no hospital e ser tranquilizado pela equipe médica, o temor deu lugar à ansiedade, expectativa de conhecer os frutos de seu amor.

Já ali na sala cirúrgica, ao lado da esposa, agarrando a mão dela para garantir que estava com ela, para ela, sentiu que seu interior se agitava e seu amor transbordava. Seus filhos estavam nascendo. Suas pequenas joias viriam ao mundo em alguns minutos, e isso, por si só, já fazia seus olhos marejarem de emoção. Alessandra aproveitou o momento para tirar o celular do bolso e começar a filmar a cena. Era incrível como aquele momento era compartilhado pelos dois, como se encaravam entregues, como se apenas o fato de enfrentarem aquilo juntos fosse o suficiente para garantir que tudo ficaria bem.

O médico, Luiz Carlos, aproximou-se do casal e avisou que iriam começar a cesariana naquele momento. Os três presentes assentiram, as emoções a dominarem cada um dos corações que ali presenciavam tal momento.

Do lado de fora, uma pequena revolução se instalava. Alexia, ainda com as roupas meio molhadas, processando um nível absurdo de informações sobre o que havia acontecido naquele dia, ligava para os pais com o intuito de avisá-los sobre o parto prematuro da irmã.

— Ela já está na sala de cirurgia, mãe. — A morena falou, tentando acalmar a senhora do outro lado da linha, que parecia quase em histeria por não estar perto na hora do parto da filha. — O médico disse que as crianças estão bem, só vão nascer prematuras.

— Eu sabia que devia ter ficado aí até as crianças nascerem, mas o Alberto disse que ainda ia demorar umas semanas. — Respirou fundo e gritou para o marido: — Eu te disse, Alberto, aquela barriga não era normal, as crianças estão nascendo! — Alexia riu da reação exagerada da progenitora, tentando controlar-se para não parecer que estava debochando dela. — Nós vamos ir para aí daqui a pouco, chegamos em duas horas. — A mãe determinou, por fim, e a morena apenas assentiu. — Não vou conseguir ver meus netinhos nascendo. — Suspirou.

— Mãe, nem eu vou vê-los. — A mais nova tratou de dizer, embora ainda estivesse chateada com esse fato. — O importante é que eles cheguem bem.

Depois de desligar, a morena se sentou ao lado do namorado, ou melhor, noivo, encostando a cabeça no ombro dele, bufando em seguida. Estavam na recepção do hospital, ansiosos por uma resposta dos médicos e da ligação de Alessandra, que se encarregou de avisar quando os bebês nascessem. André estava com Akili no colo, e Clarinha encostada em si, preocupada. Lirhandzo, assim que vira o pai e Alexia, já fora até eles, sentando-se ao lado de Miguel. A tensão entre eles era quase palpável. Todos estavam ansiosos, e isso incluía as três crianças, que olhavam para o lado de dentro do hospital a todo instante, como se quisessem garantir que ninguém passaria pela porta sem o conhecimento deles.

— A San vai ser a tia preferida deles, Mugui, isso é injusto. — Reclamou Alexia, depois de um tempo em silêncio, e tanto Miguel quanto André riram de seu drama. — Por que está rindo, loiro? — Dirigiu-se a André. — Você também não vai ser o tio preferido.

— Obrigado por me lembrar. — Ralhou o loiro. — Mas minha esposa vai ser, e não você, já estou feliz por isso.

A morena dirigiu um olhar mortal ao cunhado, e o moçambicano riu da interação entre os dois. Pareciam duas crianças disputando pela preferência de algum adulto.

— Vocês dois parecem crianças. — Constatou Miguel, recebendo um beliscão em resposta. — Ai!

— Não pode falar isso, Mugui, tem que ficar do meu lado, sou sua noiva. Posso mudar de ideia, sabia?

André encarou os dois à sua frente com espanto. Noiva? Então era esse o motivo do brilho no olhar da cunhada e sua atitude quase displicente, como se andasse nas nuvens?

— Você está certa, então. Tem que ser a tia preferida. — A morena levantou os olhos para encontrar os do noivo, um sorriso de canto a aparecer em seus lábios.

— Resposta certa, Mugui. — Ela brincou.

— Espera, noivos? — André finalmente se pronunciou, e o casal entendeu que já havia escapado a informação.

Lira, que estava escorada no pai, pensando nos bebês que nasceriam, ouviu a palavra noivos e se empertigou no assento, olhando para o pai e a morena com um sorriso orgulhoso.

— Papai e mamãe vão se casar? — Perguntou, empolgada.

— É... — A face de Alexia ganhou tons avermelhados, sinal de seu constrangimento por soltar aquela notícia sem aperceber-se. — Nós vamos.

— Uau! — O loiro soltou, ainda tentando processar a informação. — Vocês são rápidos, ein?

— Sério, André? Você pediu a San em casamento com dois dias de namoro e se casou em quatro meses, e nós que somos rápidos?

As outras duas crianças, que ainda estavam alheias a conversa, olharam para o loiro, repentinamente interessadas na conversa dos adultos. André pigarreou e pensou em algo sensato a dizer, mas, no mesmo momento, seu celular tocou. Ele agradeceu a interferência e atendeu a chamada, vendo que era sua esposa.

— A San. — Avisou aos outros. — Chamada de vídeo.

Dentro da sala cirúrgica, Pedro não aguentava segurar as lágrimas que insistiam em cair e molhar seu rosto. Era pai. Tomou consciência disso ao ouvir o primeiro choro, baixinho, de Isabela, a primeira a sair. Era tão pequena, tão frágil, mas ainda assim, aos seus olhos, era linda, o primeiro fruto de seu amor com Alice. Ele olhou para a esposa por breves instantes, apertando sua mão quase gélida, e exibiu um sorriso emocionado e orgulhoso.

— É ruiva. — Contou, e a morena assentiu, também chorando. — Ela está bem, doutor? — Dirigiu-se ao médico, assim que o marido saiu de seu lado para acompanhar os procedimentos a que submetiam sua primeira princesa.

— Está sim. — Confirmou o médico, voltando a atenção para os dois bebês que ainda faltavam.

Pedro observava com atenção enquanto sua filha era pesada e enrolada em panos, sendo colocada na incubadora, onde passaria os próximos dias de sua inédita vida. Ela era a maior entre os três, pesava 1,6 quilos, e depois do primeiro choro, não havia voltado a abrir a boca. As enfermeiras avisaram que já a levariam à UTI neonatal e o ruivo sentiu seu coração apertar-se com tal notícia. Não queria separar-se tão cedo de seus pequenos presentes, embora soubesse que era necessário para que terminassem o desenvolvimento. A contragosto, assentiu e voltou a postar-se ao lado da esposa, esperando os próximos filhos.

Jade foi a segunda a nascer e a que mais causou preocupação. Com apenas 1,2 quilos, a segunda ruiva parecia prestes a romper-se. Por ser univitelina de Isabela, ela teve menos suprimento de alimento durante a gestação, o que a deixou em desvantagem. Durante o primeiro minuto depois da saída de Jade, Alice sentiu que seu coração se recusava a bater, visto que ainda não havia ouvido o choro da pequena. Os médicos e enfermeiros também pareciam apreensivos, até que, por fim, depois de instantes de tensão, o choro alto da menina reverberou pela sala. Ainda assim, sabiam que sua condição era ainda mais delicada que a da primeira gêmea.

— Ela vai ficar bem, céu. — Pedro garantiu, beijando a testa da esposa ao ver como ela chorava, um choro mais preocupado que o anterior.

— Vai ver a Jade, Panda, vê se ela está bem. — Pediu a morena, e o marido apenas acenou, correndo até o local onde preparavam seu segundo presente.

Era idêntica à irmã, tanto quanto podia parecer em seu primeiro dia de vida, ainda coberta por camadas de sangue e água gestacional. Não era realmente bonita naquela condição, mas para Pedro, as duas se pareciam com as pedras mais preciosas que poderiam existir. Por elas, daria sua vida. Uma enfermeira o lembrou que precisava afastar-se, ela deveria ser levada imediatamente à UTI neonatal.

Alessandra, calada, observada tudo com a emoção a tomar-lhe o ser. Era quase mágico ver como o cunhado e a irmã viviam aquele momento juntos, totalmente conectados. Ver a vida em sua forma mais pura, o início dela, era impagável. Com o celular na mão, a morena mais velha registrava cada cena daquela ocasião única. Embora estivesse totalmente mexida com a situação e feliz pela irmã, não os invejava. Havia sido sua decisão não ter filhos biológicos e não se arrependia. Experimentava a emoção de ser mãe a cada dia com Akili, e, agora, com Clara, e não havia nada que se comparasse a isso. Não necessitava de laços biológicos para certificar-se de que era mãe.

O último choro soou pela sala e souberam que havia terminado. Arthur acabava de nascer.

— Ele tem cabelo escuro. — Contou Pedro à esposa, que se via impossibilitada de ter um momento com os filhos antes de serem levados.

O pequeno Arthur era um pouco mais pesado que Jade e menos que Isabela, com 1,4 quilos. Logo após chorar, por alguns segundos, esqueceu-se de respirar e deu um susto em todos. Mas, assim que o colocaram na incubadora e conectaram os fios necessários para sua sobrevivência nos primeiros dias, os pais puderam respirar aliviados. Ele também ficaria bem.

— Conseguimos, céu! — Pedro disse, assim que o último bebê foi encaminhado à UTI. — Eles vão ficar bem, são nossos presentes.

— Três. — Respondeu Alice em um sussurro, dando-se conta que havia se tornado mãe. — Nossos três tesouros. — Ele assentiu, e ela continuou. — Eu só quero esses, viu, Panda? Nada de tentar um quarto, imagina se vêm mais três?

Pedro riu, em meio às lágrimas, e contrapôs:

— Eu os amaria do mesmo jeito.

— Só esses, Panda. — Certificou-se a morena, e ele concordou com um sorriso orgulhoso.

Enquanto o médico dava instruções sobre como procederiam nos próximos dias, Alessandra resolveu ligar para o marido e dar a notícia que os sobrinhos haviam chegado ao mundo. Afastou-se do casal e logo iniciou a chamada de vídeo. No segundo toque, André atendeu, mas não estava sozinho, junto dele estavam Clara, Akili e Alexia, que parecia a mais ansiosa entre eles.

— San, a Lice está bem? E os bebês, como são? Eles estão bem? Já foram para a UTI ou estão aí? — Disparou a caçula, e Alessandra riu do desespero da irmã.

— Calma, Ale. Eles estão bem, já foram para a UTI, estão bem, todos muito pequenos. Parabéns a vocês dois, são tios. — Brincou, com a mascara abaixada sobre o queixo.

— Você está linda de médica, vida. — André provocou e recebeu uma cotovelada da cunhada. — Ai!

Depois das brigas iniciais, Alessandra entregou o celular a Alice e Pedro, que conversaram com os outros membros da família, o que incluíam três curiosas crianças, que a todo momento perguntavam sobre como eram os bebês e quando poderiam vê-los.

— Eles ainda são bem pequenininhos, né, Lica? — Clara perguntou, interessada.

— Sim, por isso precisam ficar na incubadora para crescerem e ficarem fortes, só depois que vocês vão poder pegar os bebês. — A morena respondeu, e as três crianças assentiram, automaticamente.

Depois de mais alguns questionamentos e planos, a Ribeiro mais velha tomou o celular e avisou a família que teria de desligar. A nova mamãe tinha que descansar e seria encaminhada ao quarto de internação, onde ficaria os próximos dias de recuperação.

No meio da noite, foi liberada a entrada da família para ver Alice. Eles já haviam ido até a UTI para verem, pelo vidro, do lado de fora, os novos integrantes da família. Alice reclamava de ser a única que não havia podido ver seus próprios filhos, visto estar impossibilitada pela cirurgia. Provavelmente só conseguiria locomover-se após dois dias. Os pais das Ribeiro haviam chegado pouco depois das vinte horas, e Magda havia insistido para ser a primeira a ver a filha.

Com um pouco de persuasão, Alexia convenceu o médico a deixar as duas irmãs e a mãe entrarem ao mesmo tempo para ver Alice. A caçula estava em um estado letárgico e emocionado depois de ver aquelas pequenas criaturas por quem já sentia um enorme afeto. Ainda estava levemente chateada com o fato que havia perdido o parto, mas, levando em conta todos os acontecimentos do dia, sequer podia reclamar.

— Como eles são? Queria tanto ver meus bebês, o Pedro disse que as meninas se parecem com ele e que o Arthur parece comigo. — Contou a Ribeiro do meio, sua voz quase embargada. Era possível ver um brilho maternal em seus olhos.

— Lice, recém-nascidos não parecem com ninguém, todos têm a mesma cara. — Alexia disse, sentando-se na cadeira ao lado da irmã e observando-a. Ao ver o olhar de repreensão da mais velha, ela resolveu emendar: — Bem, é que as meninas tem o cabelo ruivo e o Arthur é moreno, por isso ele disse isso.

Pedro, nesse momento, estava na frente da UTI, tirando fotos, pelo vidro, de seus filhos. A plaquinha com os nomes, e, no caso das gêmeas, seus ralos cabelos quase alaranjados, era o que os diferenciava dos demais bebês ali. Não entendia como podia sentir um afeto tão grande por quem acabava de conhecer, mas já sentia que seu coração era totalmente tomado por aquelas novas vidas, que dependeriam de si. Sorriu mais uma vez, encostando a mão no vidro que o separava do interior, ansioso por pegar seus pequenos no colo e levá-los para casa. Em silêncio, orou para que ficassem bem.

No quarto, as quatro mulheres conversavam. Magda mantinha a mão presa à da filha e se desculpava por não estar no momento mais importante da vida dela.

— Mas você está aqui agora, mãe, e isso que importa. — Olhou para as duas irmãs e também agradeceu. — Obrigada por estarem aqui.

— Claro que estaríamos aqui. Onde mais estaríamos? — Alexia falou, imaginando como era especial esse momento entre elas.

Nos próximos minutos, as quatro intercalavam as falas para falarem das pequenas vidas que haviam chegado ao mundo antes do esperado. Alice choramingou por não ter o privilégio de pegar os filhos no braço e alimentá-los assim que saíram de seu útero, mas logo se acalmou. O que importava era saber que não haviam sofrido nenhuma complicação com o parto de emergência e a previsão era que se recuperassem em poucas semanas. Contou também do temor que sentiu ao saber que nasceriam prematuros, e de como a equipe médica a havia tranquilizado. Depois de algum tempo em que a conversa girou em torno apenas dos novos integrantes da família, a do meio se virou para a irmã caçula.

— Ale, você está bem acabada, e eu que acabei de ter filhos. — Alice provocou a irmã, que estava com um coque mal feito e ainda com as roupas que havia usado para ir ao penhasco.

— Sério, Lice? — Reclamou a caçula, e as outras riram de suas feições irritadiças. — Culpa de seus bebês apressados, mal pude comemorar o noivado, tive que sair correndo do penhasco e nem passei em casa.

Ao ouvirem a palavra noivado, as outras três presentes a encararam com expressões surpresas. Alexia estava noiva? Alessandra pigarreou, Magda soltou a mão da filha do meio, Alice permaneceu com o olhar fixo na irmã, e só então que a caçula entendeu que havia falado demais. Pelo visto, era péssima em esperar as ocasiões mais apropriadas para contar suas novidades.

— Noivado? — Alessandra foi a primeira a pronunciar-se, com um arquear de sobrancelhas.

— Ah, é, então... — A morena de olhos verdes engoliu a saliva, tentando continuar de maneira mais normal. — O Miguel ia me pedir hoje, mas quando fui pegar sua jaqueta para ver se tinha alguma ligação da San, peguei primeiro a caixinha e descobri. Então aceitei, mas logo em seguida a San ligou de novo e não deu nem tempo de comemorar direito. — Contou, atropelada, seu rosto a adquirir vários tons de vermelho.

— E você nem esperou ele pedir direito? Só aceitou? — Alice perguntou com um sorriso de canto, prendendo os lábios com os dentes.

— Ele ajoelhou, mas aí eu já disse sim. — Ela levantou e deu a volta dentro do quarto, subitamente constrangida, o que era algo incomum em seu caso.

— Vocês três não podiam ser mais normais, não? — Magda reclamou, por fim, recebendo o olhar das três filhas, que tentavam conter o riso. — Alice pediu o Pedro em casamento, Alessandra aceitou um pedido de "brincadeira" do André com dois dias de namoro, e agora Alexia simplesmente aceita um pedido que nem foi feito?

As irmãs se entreolharam com cumplicidade, e até a mais velha, considerada a mais sensata entre as três, não tentou desmentir a mãe, já que ela estava falando a verdade. Os pedidos de casamento eram sempre incomuns, mas talvez esse fosse o diferencial. Viviam vidas diferentes, com anseios, personalidades e amores distintos, não tinham porque seguir um padrão imposto pela sociedade. A beleza estava mesmo nas diferenças.

— Ser igual aos outros é sem graça. — Alice respondeu, e as outras duas concordaram. — Por isso eu já tive três filhos de uma vez, raríssimo. — Brincou.

— Nisso eu quero ser comum. — Alexia tomou a palavra, voltando para perto da irmã. — Só um, nada de três.

Magda olhou para as filhas, comovida com a interação entre elas. Eram tão distintas uma da outra, mas ainda assim eram unidas. Nenhuma invejava a vida da outra, gostavam de suas próprias histórias e do que tinham. Orgulhava-se das mulheres que haviam se tornado, e ficava feliz de saber que os netos cresceriam naquele ambiente de apoio mútuo. Ao observar a caçula mais uma vez, deu-se conta de algo.

— Você disse que viu a caixinha, mas então onde está a aliança? — A mais nova primeiro encarou a mãe, e logo voltou seu olhar para a mão.

Havia se esquecido desse detalhe! Com o tumulto da ligação, havia entregado a caixinha para Miguel e não se recordou de pedir a aliança depois de saber que a irmã estava em trabalho de parto.

— Droga! Esqueci de colocar, está com o Miguel. Mais tarde eu peço. — Disse a caçula.

A mãe ainda parecia processar a informação. Em sua mente, já pensava em como teria de ser esse casamento. Já que a caçula era a única adepta a convenções e gostava de grandes festas e ornamentações, provavelmente seu casamento seria o maior e mais caro.

— Precisamos arranjar os detalhes do seu casamento. Onde vai ser? Quando? São muitos detalhes para decidir. Precisamos alugar um salão de festas, decidir a ornamentação, seu vestido, quem vai entrar. — Magda disparou e Alexia sentiu sua cabeça prestes a explodir com tantas informações.

— Mãe, seus netos acabaram de nascer. Foque neles. Temos tempo para pensar no meu casamento, nem data tem. — A mais nova tentou desviar, mas não percebeu os olhares perspicazes das irmãs.

— Não, a mãe está certa, Ale. Meus filhos nem vão sair hoje, podemos falar sobre seu casamento. É muita coisa para pensar. A lua-de-mel, quantos convidados vão ser. — Alice disse com picardia, e a caçula quis fuzilar a do meio.

Sabia que era vingança por suas interferências em todos os planos das irmãs. Quando uma delas ficava noiva, ela se empolgava tanto que acabava passando os limites. Era o fardo que teria de carregar, pensou. Tinha pena de Miguel, que pagaria sem ser culpado.

— Sim, e as flores, já pensou nas flores, Ale? — Alessandra entrou na brincadeira. — Rosas vermelhas são as melhores, são clássicas.

— Ah, fala sério! Vocês não prestam. — Resmungou Alexia, já irritada. — Impossível falar com vocês agora. Volto amanhã para ver meus sobrinhos. — Completou, já a caminho da saída, ouvindo a gargalhada das irmãs e o riso contido da mãe.

— Volta aqui, Ale, a gente nem decidiu ainda o que vai ser servido. — Alice provocou, vendo a irmã sair e quase bater a porta. — Ah, chegou meu momento, vivi para ver isso. — Disse para as duas restantes no quarto, e Alessandra concordou, sem importar-se com o enfado da caçula. Sabia que duraria menos que uma hora, já estavam acostumadas.

Mais tarde naquela noite, quando Lira já dormia e Alexia se despedia de Miguel, a morena resolveu lembrá-lo do que havia se esquecido.

— Mugui, onde está minha aliança? Esqueci de colocar naquela hora. — Falou, os dois já estavam na porta do apartamento.

— Está comigo. — Ele respondeu, abraçando-a pela cintura.

— E não pensa em me entregar? — Provocou, seus rostos já a se encontrarem.

— Não hoje. — Ele respondeu, roubando-lhe um breve beijo.

— Por que não? Já estamos noivos, como vou deixar isso claro? — Ela tentou persuadi-lo, rodeando-lhe o pescoço com as mãos.

— No momento certo te entrego.

Alexia não soube o que aquelas significavam, mas Miguel tinha um plano, só não tinha certeza se dessa vez ele se concretizaria sem interferências. Bastava esperar.

Nasceram! Isabela, Jade e Arthur agora são oficialmente membros da nossa família querida. O que acharam da reação do novo papai e da mamãe? Jade e Arthur deram um sustinho neles, mas estão bem. 

Para escrever esse capítulo, passei mais de duas horas pesquisando sobre partos trigemelares, implicações, riscos, diferenças entre os tipos de gestações e prematuridade. Descobri que gêmeos univitelinos de mesma placenta e bolsa podem sofrer pela má divisão de "alimento", porque um dos bebês normalmente recebem mais nutrientes que o outro, o que faz com que um bebê cresça muito e o outro fique muito pequeno. Esse é o motivo da Isabela ser mais pesada que a Jade, porque são univitelinas. No caso do Arthur, ele teve uma bolsa e placenta só para ele, o que o deixou no meio termo. Outro fato interessante é que gestações trigemelares raramente passam da 36° semana de gestação, por causa do peso dos bebês, e o mais comum é já marcarem os partos para pouco antes disso. De 32 a 34 semanas é considerada prematuridade moderada, os bebês ainda precisam ficar na incubadora, mas, a menos que aconteça complicações no parto, em geral não precisam ser entubados e ficam poucas semanas na UTI neonatal. 

Posso ter errado em alguma informação, já que fiz a pesquisa há alguns dias, então, se você viu alguma coisa que possa ser corrigida, pode falar comigo. 

Por fim, o que acharam do capítulo? Lexi não segura a língua, ein? E o Miguel, por que ele não deu a aliança logo? Saberemos a resposta no próximo capítulo. Ah, e faltam apenas três capítulos para acabar Homens que Imploram, então já estamos em clima de despedida. 

É isso, até mais, alecrins!

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