Dezesseis
Não esqueçam da minha estrelinha... ;)
— Ale, é sério, a gente já está chegando, mas seja menos efusiva, por favor. O Akili ainda está muito arisco. — Disse Alessandra pelo telefone, prestes a chegar em casa, avisando a irmã que sabia não ser a pessoa mais contida.
— Eu entendi, San. — Alexia respondeu, olhando para Alice, que estava com uma expressão divertida no rosto. Assim que a chamada foi finalizada, dirigiu-se à outra. — Por que ela ligou para mim? Ela acha que eu não consigo controlar minhas emoções? — Alice, sentada ao seu lado, o ventre já aparentando sua gravidez, limitou-se a rir, antes de dizer algo.
— Fiquei feliz de ela não ter ligado para mim. — Confessou a do meio. — E acho bom você esconder aquela faixa. — Disse, apontando para a faixa escrita "Seja bem-vindo Akili", pendurada na parede detrás da sala. Alexia a encarou em um misto de surpresa e temor, e levantou-se rapidamente para fazer o que a irmã dissera. — Sim, Ale, você é a mais efusiva. — Brincou a do meio.
— Ok, vou tentar me controlar. Eu estou tão ansiosa para o ver. Para saber que ele vai estar bem. — A caçula confidenciou, assim que voltou a se sentar ao lado da irmã.
Ouviram a porta ser aberta e se apressaram em se levantar. Logo divisaram Pedro entrando, e voltaram a se sentar, desanimadas.
— Ah, é você, Panda. — Disse Alice, sem muita emoção, e o marido riu de sua reação.
— Sério que é assim que me recebe? Pensei que estavam felizes por me ver chegar. — Ele brincou, dirigindo-se à esposa e depositando um casto beijo em seus lábios.
— Ai Pedro, não enche. — Bufou Alexia, ansiosa para ver o sobrinho. Logo percebeu as sacolas nas mãos do cunhado, e inquiriu. — O que trouxe?
— Comida. — Ele respondeu. — Suponho que ninguém está a fim de fazer o almoço, e vocês ainda vão trabalhar hoje à tarde.
Sim, era um dia de semana. Terça-feira, mais precisamente. Ainda era manhã, antes das onze horas. E todos na sala, o que incluía Pedro, estavam ansiosos e curiosos para receber o novo membro. Sabiam que aquele pequeno estaria ainda muito confuso e arisco, tendo em vista tudo o que passara, e eles estavam dispostos a dar tudo que fosse necessário para que ele se sentisse seguro na família.
— Ok, agora estou feliz com sua presença. — Riu Alexia, levantando-se para o ajudar a organizar a mesa. — San disse que estava chegando, há uns cinco minutos. Por isso pensamos que eram eles. — Confessou a morena, quando os dois ainda estavam na cozinha.
— Seus pais também estão com eles?
— Só meu pai. Ele só vai os deixar aqui e voltar. Parece que o Akili ainda está bem traumatizado e a San não quer muita aglomeração em volta dele. Acredita que ela me ligou para eu me controlar e não ser tão efusiva? — Pedro prendeu os dentes na intenção de segurar o riso, e Alexia o fuzilou com o olhar.
— Não imagino o motivo. — Ele provocou, e ela, que já havia terminado seu trabalho na cozinha, soltou o ar, em aparente frustração, e saiu do ambiente, resmungando.
— O que eu fiz para merecer esses cunhados? — Disse, jogando-se novamente ao lado da irmã do meio, que, ouvindo a conversa entre os dois, também tinha uma expressão divertida no rosto. — Eu sei me controlar, estou me tornando uma pessoa melhor. — Alice riu, e a caçula jogou uma almofada na irmã. Ambas foram interrompidas ao ouvir um carro parando, e logo estavam novamente de pé, agora com Pedro ao lado delas.
Alessandra, assim que o veículo parou, apressou-se para desfivelar o cinto de seu filho. Filho. Era mãe daquele pequeno presente, processou, ao olhar para os olhos cinzentos de Akili, que a encarava com devoção e temor, como se pudesse a perder se afastasse o olhar.
— Estamos em casa. — Sussurrou, em inglês, e ele assentiu, deixando que ela o ajudasse a sair do carro.
— Eu estou com medo. — Ele confessou, assim que se viram fora do veículo.
— Ei, garotão, não precisa ter medo. — Disse André, que estava tirando as malas do carro com o sogro. Ele foi até o menino, que continuava com a mão firmemente agarrada à mão da nova mãe, e se ajoelhou frente a eles. — Nós nunca vamos te deixar, está seguro agora, nunca mais vai ter que nos esperar. — Alessandra sentiu os olhos lacrimejarem, e ao olhar para André, soube que ele também segurava o choro.
— Eu... eu já vou. Fala para as meninas que viremos no próximo fim de semana para as ver. — Disse Alberto, fazendo-se presente, deixando a última mala ao lado do genro. Seus olhos lacrimejantes denotavam a emoção que sentia no momento.
— Não quer ficar para conversar com elas? — A filha perguntou, e logo soube o motivo da pressa do pai. Ele estava prestes a desabar, e não queria o fazer perto do pequeno.
— Não, eu só... eu venho no fim de semana. — Respondeu, e olhou para Akili, que não o encarava diretamente. — Ele não quer conversar. Eu volto depois. — Disse, e se afastou, sem poder segurar suas emoções. Assim que se sentou, atrás do volante, não conteve as lágrimas e chorou. Chorou por ver a situação daquele menino, por saber de sua história, e ver o medo em seus olhos cinzentos. Teriam um longo caminho a percorrer, e sabia que não seria fácil.
André, ao se perceber sozinho com sua família, segurou a mão do filho com ternura, enquanto Alessandra continuava do outro lado. Ele precisaria dos dois naquele instante. Deixou as malas ali mesmo, depois voltaria para as buscar, e assim que estavam frente à porta, compartilhou um olhar com a esposa, e respirando fundo, abriu a porta.
Ao ver o nervosismo dos três que estavam parados na sala, com olhos expectantes, a mais velha das Ribeiro sentiu que finalmente estavam em casa. E que a partir dali muito mudaria em suas vidas. Ela se ajoelhou ao lado do filho, e virando-o para si, murmurou:
— Você se lembra das suas tias e do seu tio? São eles. — O menino, curioso, olhava de um para o outro, sem abandonar a mão da mãe, que já começava a suar pelo contato longo. — Eles não vão te fazer mal, pode confiar neles. Ninguém nessa casa vai te fazer mal.
— O que ela disse? — Perguntou Alexia para a irmã do meio, estando ambas com os braços entrelaçados. Alice, com os olhos lacrimejantes, sussurrou para a caçula.
— Disse que ele não precisa ter medo da gente. Que não vamos fazer mal.
— Você quer dizer oi para eles? — André, também agachado, perguntou, e o menino negou, assustado. — Aquela é a Ale, lembra que você falou com ela? — Ele assentiu, amuado. — A outra é a Lice, ela vai ter três bebês, eles vão ser seus amigos. — O garotinho voltou-se para ver a barriga avantajada de Alice, e virou-se novamente para o pai, embora fosse incapaz de se afastar de Alessandra. — E aquele de cabelo vermelho, é seu tio, meu irmão, o Pedro. Lembra dele? — Mais uma vez a afirmação muda.
— Eu não sei o que fazer, Lice. — Confessou a caçula, com o coração apertado ao ver pessoalmente o temor na face do sobrinho. Ele tinha medo de perder, de sofrer, era evidente.
— Não faça nada, Ale. Dessa vez, só não faça nada. — Sugeriu a do meio, esperando os próximos momentos.
— Eu vou com você, meu amor. — Alessandra disse, acariciando os cabelos crespos, quase brancos, e ele finalmente concordou.
Ainda arisco, ele estendeu a mão para cumprimentar Pedro e Alexia, sem pronunciar uma palavra sequer. Mas o menino surpreendeu a todos quando parou frente à Alice, e perguntou, com voz extremamente baixa:
— Tem três bebês aqui? — Ele levou a mão livre até o ventre dela, fazendo com que os outros presentes ficassem com olhos extremamente abertos, expectantes, o que incluía André e Alessandra. A do meio, que entendera a pergunta, por saber inglês, respondeu, com voz terna:
— Sim, são três. Quer sentir eles? — Ele olhou para ela, curioso, e a morena pressionou a pequena mãozinha contra o ventre, no momento em que um dos bebês se movia, e o pequeno arregalou os pequenos olhos, voltando-se para a mãe, parecendo menos temeroso e mais surpreso.
— Eles mexem. — Alessandra sorriu, e olhou grata para a irmã, que havia sido tão terna com seu pequeno.
Por mais alguns minutos, ficaram todos na sala, até que, passando a ansiedade inicial, estavam mais tranquilos. Alessandra sentou-se com o pequeno no sofá, aconchegando-o a si, e Alice sentou ao lado deles. O menino havia se sentido seguro com ela, e era algo que nenhum dos presentes conseguiria entender, principalmente Alexia, que estava confusa ao ver como ele parecia calmo ao lado da irmã do meio. Admirou-se ao perceber que não sentia ciúmes, estava feliz de ver que finalmente o menino parecia confiante ao lado de alguém que não era a mãe e o pai. Mas também queria participar da vida dele, de alguma forma, e pela primeira vez, sentia-se perdida por não saber como se aproximar.
— Ale, vem aqui. — Alessandra disse, vendo a ansiedade nos olhos verdes da irmã, que havia estado calada por quase todo o tempo, algo realmente raro de se ver.
Apontou para o único canto livre no sofá, e a caçula foi até lá, com ar de dúvida, sentindo o braço da irmã a envolver seus ombros, assim que sentou ao lado dela.
— Obrigada. Eu sei que você cuidou de tudo para ele chegar bem. — Alexia sorriu com as palavras da irmã. — E obrigada por ser paciente com ele. — Não era tão paciente quanto gostaria, era um fato, mas sabia que não podia assustar aquela criança que já estava tão traumatizada pelos problemas enfrentados.
— Eu ainda vou ser a tia preferida dele. — Cochichou, e a mais velha sorriu. — Eu vou ajudar Pedro e André com a comida, já que fui excluída. — Brincou, sem, entretanto, estar realmente chateada. Talvez um pouco chocada ao perceber como o pequeno se sentia confortável com a irmã do meio, mas não chateada.
Ela foi para a cozinha, encontrando os gêmeos, que conversavam encostados no balcão. André já havia levado suas bagagens para o quarto, e relatava para o irmão o que havia acontecido nas últimas semanas.
— Ele desabou quando viu a San. Foi muito difícil. Ele chorava muito e dizia que a gente tinha o abandonado. Nos primeiros dois dias, ele não a deixava por nada, praticamente ficava grudado nela, e não me queria por perto. Ele pedia para dormir na cama com a San, e eu tive que dormir no colchão no chão todos esses dias. — Alexia se admirou ao ouvir o relato do cunhado, e se aproximou deles, sentando-se na banqueta, ao lado dos dois.
— Ele também te rejeitou? — Perguntou a morena, curiosa e com um sentimento próximo à compaixão.
— Nos primeiros dias, sim. Mas no terceiro dia ele já me aceitava. Acho que na imaginação dele, a culpa era minha de termos o deixado sozinho. Ele sofreu tanto assim que a mãe dele foi assassinada, e é muito difícil confiar em alguém de novo. Na cabecinha infantil, a San é a salvadora dele, por isso tem medo de a soltar e a perder também.
— Isso é tão... triste, e revoltante. — Confessou Pedro, que ouvia cada palavra sentindo sua revolta pela maldade humana aumentar. — Eu não consigo nem pensar em como é sofrer tão novo, eu só imagino como me sentiria se fosse meus filhos. Eu simplesmente não sei como lidaria com algo tão grande. — Concluiu, deixando sua mente divagar em pensamentos confusos. A morena ao lado deles começou a imaginar o que sentiria se algo assim acontecesse com Lira, e então pôde entender. Havia se tornado mãe, e nem percebera quando isso acontecera de maneira tão definitiva.
— Às vezes eu me sinto tão impotente. Eu só queria poder o proteger de tudo, e sei que não consigo. — Alexia colocou a mão sobre o ombro do cunhado, em sinal de que o apoiava.
— Você vai se dar muito bem, André. Ele já ama vocês, e só está com medo porque tudo que lhe é precioso parece acabar. Mas o Akili sabe do amor de vocês por ele, e vai se recuperar.
— Obrigada Ale. Vamos todos ficar bem. Essa semana vamos começar a levá-lo para a terapia, e vamos tentar o ensinar português. — Depois de falar, lembrou-se de algo e virou para a cunhada sorrindo. — Você não é a tia preferida dele. Está com ciúmes? — Provocou e Pedro riu.
— Vocês são horríveis. — Resmungou e os dois gargalharam. — Eu não estou com ciúmes, mas queria saber o motivo de ele se sentir tão calmo perto da Lice.
— Ela tem o dom com as crianças, Ale, por isso ela é professora. — Brincou André, recebendo uma careta nada graciosa em resposta.
— Eu também tenho dom com as crianças. A Lira e a Clarinha me amam. — Respondeu, convencida, fazendo os gêmeos rirem novamente.
— São as exceções. E Lira é sua filha. — O loiro continuou, sem perceber o que havia dito, até que dois pares de olhos o encararam incrédulos, e ele finalmente entendeu o que havia dito. — Não no sentido literal, quero dizer. — Ao ver que a morena continuava paralisada, ficou confuso. — Ale, está tudo bem?
— Eu estou bem. — Disse ela, ainda sentindo o efeito das palavras do loiro. Ela havia se tornado mãe ao mesmo tempo que as irmãs? Era por isso que conseguia entender o fato de não poder se exceder com Akili e compreender o que André sentia. Ela tinha alguém que havia se tornado tudo em sua vida, e mesmo com seus sentimentos confusos sobre Miguel, ela já não tinha dúvida alguma sobre como se sentia a respeito de Lira. Pigarreando, voltou à realidade. — Vou chamar as meninas e o Akili para almoçarmos. Daqui a pouco temos que trabalhar.
— E Ale! — André a chamou, antes que saísse do ambiente. Ela se virou e ele continuou. — Você fez um bom trabalho organizando tudo. O Akili ainda vai se dar muito bem você. — Ela piscou e contestou, divertida.
— Claro, eu sei que vamos achar um jeito de nos comunicarmos, nem que seja com mímica. — Disse, referindo-se ao fato de não saber inglês, e de o sobrinho não saber português. Ainda podia ouvir o som das risadas dos cunhados quando saiu da cozinha em busca das irmãs.
Durante a semana, apesar de não morar mais com Alessandra, passou praticamente todas as noites na casa, ajudando-a, visto que o pequeno virara uma sombra que não desgrudava da mãe. Ele ainda dormia no quarto com o casal, mas, aos poucos, parecia sentir menos temor e medo de perder. A do meio das Ribeiro também havia tornado alvo da atenção do menino, que fazia perguntas sobre os bebês, e parecia muito interessado em saber como seriam. Nenhum dos adultos conseguia entender a fixação dele com Alice, mas para o garotinho, que ficava sempre ao lado da tia grávida pouco antes de precisar fugir com a mãe para o campo de refugiados, a morena representava segurança. A tia era quem mais parecia se importar com ele e o protegeu em mais de uma ocasião, depois da mãe, e, por isso sentiu-se tão seguro ao lado de Alice.
Já com a caçula o processo parecia mais demorado, embora ele a analisasse com curiosidade, e fosse correspondido com sorrisos afáveis. Os avós eram um problema à parte. Eles pareciam legais, mas ficava um pouco envergonhado perto da avó, e sempre se escondia atrás de Alessandra quando via ela se aproximar. Magda também estava aprendendo a lidar com o neto, e mesmo passando todo o fim de semana na casa da filha, soube que demoraria mais tempo para criar um relacionamento de avó com o pequeno Akili.
Na semana seguinte, a psicóloga escolhida havia dito que seria bom para o menino ter algum amigo da idade dele para que pudesse se desenvolver melhor ao se comunicar, e acelerar o processo de aprendizagem. Assim que Alexia soube do sugerido, olhou para a irmã, sabendo justamente quem poderia os ajudar.
— Se a Clarinha morasse aqui perto, ele com certeza gostaria dela. — Disse a mais velha, sentada no sofá com as irmãs, em uma noite, assim que tivera certeza do sono do filho.
— Eu sei da pessoa perfeita para ser amiga dele. A Lira. — Sugeriu a caçula com um sorriso gigante, demonstrando sua empolgação. — E ela estava muito ansiosa para o conhecer.
— O que acha, Lice? — Perguntou Alessandra, sabendo que a irmã do meio era a professora da menina.
— Acho que a Ale tem razão. Pode ser perfeito. Eu estou tentando o ensinar português, mas acredito que se ele estiver com outra criança, ele vai se soltar mais. E a Lira é muito prestativa e esperta.
— Você fala com o pai dela, Lice? — Mesmo sabendo que a pergunta havia sido direcionada à irmã do meio, a caçula se intrometeu.
— Eu falo! — As duas irmãs a olharam, divertidas, pois a pergunta da mais velha fora proposital para medir a reação da mais nova. — Por que estão me olhando desse jeito? — A morena de olhos verdes resmungou, o que não adiantou para diminuir os sorrisos perspicazes das outras. — Eu preciso ir lá na padaria amanhã, para ver os rendimentos e mostrar os banners que fiz, aproveito para conversar sobre isso com o Miguel.
— Só por isso? — Provocou Alice, e ela revirou os olhos.
— Ah, não vou me justificar, quanto mais eu falar, mais vocês vão provocar. — As duas mais velhas gargalharam com a resposta inteligente da mais nova, e fingiram que deixariam passar o assunto.
Na manhã seguinte, uma quinta-feira, já na primeira semana de setembro, Alexia saiu cedo da casa da irmã do meio, pegando seu carro emprestado, e foi até a padaria, ainda antes das nove da manhã.
— Mugui, eu preciso da sua ajuda. — Ela disse, assim que entrou no local, sentando-se na banqueta frente ao balcão, onde ele estava, embrulhando alguns salgados para a próxima entrega.
— Bom dia para você também, Lexi. — Ele respondeu, levantando seus olhos para encontrar os da morena, que pareciam agitados e expectantes. — Quase não te vejo mais, vem sempre aqui? — Ela arqueou uma das sobrancelhas, e ele esboçou um sorriso de canto que foi capaz de abalar o interior dela.
— Estive muito ocupada esses dias, sendo ignorada pelo meu sobrinho. — Ele riu, e deixou o que estava fazendo para prestar mais atenção a ela.
— Lira reclamou, disse que só está te vendo na escola, e que você vai esquecer dela. — O coração da morena se apertou ao ouvir aquilo. — Eu disse que você não faria isso com ela, embora comigo a situação seja diferente, né? — O olhar desafiador dele a provocava, e ela não conseguia desviar, mesmo com toda sua força de vontade reunida.
— Eu jamais vou esquecer a Lira, ela é minha mini adulta. E é sobre isso que vim te pedir ajuda. — Disse, ignorando a parte final da fala dele, de propósito.
— Pode dizer, e continuar me ignorando, eu não me importo. — Brincou ele, e Alexia se remexeu no assento, inquieta por não saber o que dizer o fazer a respeito do que sentia.
— Então... — Ela pigarreou. — Akili precisa ter contato com crianças, ele precisa de amigos, e Lira seria a amiga perfeita. Lembra que eu te falei o que ele passou? — Miguel assentiu, escorando-se sobre o balcão, aproximando-se mais da morena. — Ele é muito arisco, e tirando os pais e Alice, ele praticamente não fala com ninguém. O máximo que recebi dele foi um sorriso tímido. — Confessou. — Acredito que ele se daria muito bem com a Lira, eles poderiam ser amigos e se ajudarem. — Sugeriu.
— E como pretende fazer isso? — Perguntou o moçambicano.
— Sábado vocês poderiam almoçar lá na casa da San, e depois a gente leva as crianças para o parque. O que acha?
— Nós dois levamos as crianças para o parque? — Indagou com um sorriso malicioso, tentando ver se havia entendido bem aquela proposta.
— E a San, ou o André. Akili jamais iria sem um dos dois. — Respondeu, fingindo não perceber as insinuações de Miguel. — E aí, aceita? — Miguel ficou parado por alguns segundos, só a encarando, até que ela colocou uma mecha atrás da orelha, incômoda com a situação e com a falta de resposta.
— Se eu aceito? — Ela entendeu a referência e franziu o cenho, para logo em seguida mandar seu bom senso para longe, devolvendo o sorriso, e piscando em resposta. — Você ainda me mata, Lexi. — Ele respondeu, colocando a mão sobre o coração. — Mas mesmo assim, eu aceito.
— Eu que te mato, né Mugui? Você fica procurando, fica me provocando, só porque sabe que eu não consigo me conter, e depois eu que te mato? — Ele coçou a nuca, e logo voltou a sorrir, um sorriso cheio de significado.
— Eu gosto disso em você. Você não foge, mesmo que queira. — Ela ficou parada, tentando entender o significado daquelas palavras, até que ele prosseguiu, com palavras que fizeram seu coração parar por alguns segundos. — Eu gosto de tudo em você.
Sim, eu parei o capítulo aqui, mesmo tendo escrito mais. Porque sim...hehehe
O que acharam do Akili e da interação dele com os membros da família? Parece que pela primeira vez a Lexi não é a preferida. Mas ela até reagiu bem...hehe O nosso Akili ainda vai ter muita importância na história, e a amizade dele com Lira, quem já quer que aconteça? o/
Quanto ao Miguel e Lexi, eles que decidam como vão levar essa história, eu desisto de tentar os afastar...hahaha... O que acharam do capítulo? Próximo capítulo tem mais coisa acontecendo, e talvez, uma nova surpresa.
Acho que amanhã trago o C.A.L. masculino, antes que a história desenrole demais. O que acham?
Até amanhã!
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