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Capítulo Único


A parte mais difícil de escrever esse conto foi fazer as linhas retas.

- Pedro Artur Azevedo de Moura
25/04/2019 - Fortaleza, Ceará


     Bário observa apreensivo o poste piscando na sua frente, dias de blackout eram terríveis para ele. A situação vinha desta forma desde a véspera, quando algum sem futuro explodiu algum poste em algum lugar.

     Madalena foi a única afetada. A velha rua era cortada na transversal pelos trilhos, e seguia ladeira abaixo. No meio do caminho havia um bar, daqueles onde os frustrados da vida gastam seu tempo com jogos, músicas brega e, advinha, cachaça.

     Essa pequena extensão, do trilho ao bar, permaneceu sem luz por, aproximadamente, vinte e quatro horas. Nosso herói, o jovem Bário, foi pego de surpresa pelo apagão na noite de sexta, bem no meio de uma partida de Free Fire.

     Inocente, Bário foi dormir acreditando que a luz voltaria de manhã. Não voltou. Assim como não voltou no fim da tarde.

     Em dias assim, quando começa a escurecer, a cidade, ou a rua, morre. É tipo uma sexta-feira santa após às três da tarde.

     Mas a noite prometia ser bem agitada devido a festa de aniversário de sua prima Platina. Festinha de criança, do tipo que acontece na garagem da própria casa, com bolo, guaraná e muitos doces, e salgados, pra você.

     Detalhe: A casa da Platina era na esquina do bar.

     Assim encontra-se nosso herói, em meio aos últimos preparativos da festa. Uma pessoa pode se dividir em três pelas músicas que escuta. A mente associa a situação àquela música do Rappa sobre faltar luz, enquanto seu coração pensa nas "Cartas pra Você" do NXZero, e seus ouvidos escutam Odair José cantar que vai tirar você desse lugar.

     As falsas esperanças de Bário eram alimentadas pela oscilação de energia que fazia o poste piscar. A casa de Platina ainda tinha luz, mas o resto era totalmente escuro.

     Tão escuro que Bário não viu uma garota se aproximar dele. Carbona tinha sua idade, eles se conheciam desde criança, e ela era simplesmente muito bonita.

     — É nessas horas que a gente descobre quem usa gato — Carbona comentou, de fato em meio a umbra algumas casas ainda tinham uma iluminação perfeita.

     Bário e sua amiga decidiram dar uma volta, sem perceber que estavam sendo vigiados pelo Senhor Lítio. Era um homem de meia idade que vivia na casa em frente a de Bário, dizem as fofocas que no passado já foi um produtor de cinema e chegou a viajar o mundo todo. Mas agora vivia só, e na varanda de sua casa sua imaginação voava longe. Naquela noite, o que denunciava sua presença era a chama de seu cigarro e a silhueta de um homem nas sombras.

     Bário e Carbona caminharam pela parte ainda iluminada de Madalena enquanto conversavam bobagem. Na praça, a vida seguia normalmente. Crianças brincavam no parquinho, crianças mais velhas brincavam de médico nas vielas, e senhoras saiam da igreja após a missa. Carros passavam, a cerveja fluía, cigarros se acendiam, hinos anárquicos entoavam todo tipo de boemia, cachorros latiam e gatos continuavam fazendo seja lá o que os gatos fazem. E um "doidin" vendia "marujin".

     Na parte escura, a família e os amigos já se reuniam para a festa. Platina e outras crianças dançavam ao som da Mulekada, sem saber que o pau que nasce torto nem sempre se endireita. Os pais dela, Frâncio e Prata, faziam os últimos preparativos. Toda a família estava reunida, menos Bário, que sumiu, e Berílio, que tá no Canadá. E toda festa de criança que presta tem um pula-pula.

     O brinquedo alugado chegou, causando uma certa desconfiança na família devido seu tamanho avantajado.

     — Melhor desmontar antes que aconteça algum acidente — Dizia Senhor Césio, o avô.

     Mesmo assim, a tia que montava ainda se esforçava para convencer Frâncio e Prata a ficarem com ele. Nessa hora, um ônibus passa, e a imaginação do, sempre observador, Lítio começa a viajar.

...

     O brinquedo foi montado, Platina e as outras crianças logo correram para pular e forçar as constantes elásticas das molas. Dona Prata ficou mais relaxada, ignorando o fato do brinquedo bloquear mais da metade da rua, apesar dos olhares de desaprovação do resto da família.

     Tirando o fato de que a energia continuava oscilando, e por causa disso os crepes estavam demorando muito para assar, tudo ia bem. Inclusive o DVD da Mulekada foi trocado por uma playlist de Raça Negra, que agradou até os bêbados do bar.

     Bário e Carbona voltaram da pracinha e ficaram sentados numa calçada, comendo algodão doce e debatendo os últimos babados de Game Of Thrones.

     Um ônibus vinha passando pelas ruas carregando um grupo de trabalhadores cansados de um dia de trabalho em pleno sábado. Ao adentrar na escuridão de Madalena, o ônibus se depara com o pula-pula bloqueando sua passagem. O motorista dar uma freada brusca, assustando os passageiros.

     O motorista não ver outra saída, senão voltar de ré para a rua de cima e tomar outro caminho. Essa decisão lhe fez pular uma das paradas, o que arranca protestos dos passageiros.

     — Sinto muito gente, mas foi necessário — Disse o motorista ao abrir a porta, fazendo os passageiros descerem longe de suas casas.

     Revoltados, os passageiros tramam arruinar a festa.

     "Enquanto isso, na sala da justiça", a aproximação entre Bário e Carbona sempre gerava dúvidas se era amor ou amizade, mas as brumas leves das paixões que vem de dentro deixavam bem claro que o coração de Bário pertencia a outrem.

     Repentinamente, nossos amigos ouvem gritos e veem em meio às sombras os passageiros vindo com tochas, paus e pedras. Uma cena típica de um filme de Frankenstein.

     Já era hora do parabéns, todos os convidados se reuniram ao redor da mesa do bolo para cantar e tirar fotos. Nessa hora, os passageiros entraram.

     — Viemos para a festa — Disse uma mulher, tomando a frente do grupo.

     Dona Prata ficou perplexa, ao seu redor predominava as expressões de desaprovação do resto da família e dos convidados.

... Mas isso não aconteceu...

     Bário e Carbona voltaram da praça, um pouco alterados por um "marujin" adulterado. Ao verem o brinquedo montado, logo surgiu o desejo infantil de entrar nele, mas ambos já se julgavam muito velhos para isso.

     Dessa vez o ônibus veio no sentido contrário, acessando Madalena pela esquina do trilho. Dentro do pula-pula, Platina e outras crianças continuavam brincando como se nada fosse atingi-las, tão inocentes.

     O ônibus avançou pela rua como um raio, quase atropelando Bário, que se salvou ao ser empurrado por Carbona. No processo ele caiu, e ao se levantar viu duas coisas: Karl Marx dançando a Mamuska com Hitler, e o ônibus arrastar o brinquedo e fazer ele voar pelos ares.

     O ônibus dobrou na outra esquina e sumiu, e só depois de um giro ao redor de todos os ângulos do universo que o pula-pula atingiu o solo.

     Prata e Frâncio já estavam desesperados quando todo mundo correu para ver o que tinha acontecido. O poste oscilou mais uma vez, e no clarão foi possível ver o resultado, algo que deixou todos chocados.

... Mas isso não aconteceu...

... O que realmente aconteceu foi...

     — Sinto muito, não posso aceitar — Prata disse, apesar dos protestos da tia que montava.

     Platina também protestou, como se aborrecimentos infantis mudassem alguma coisa, mas logo ela esqueceu isso e foi segurar o tchan.

     A festa transcorreu tranquilamente, apesar do orgulho da Prata lhe impedir de aceitar que o resto da família tinha razão, o que lhe fez ficar de cara feia a noite toda.

     No auge das dez horas já dava para considerar a festa como encerrada, já que os convidados já estavam arrastando tudo o que sobrou para dentro de suas lembrancinhas. Foi então que a luz finalmente voltou para Madalena, e Bário pôde respirar aliviado.

     Para uns era hora de voltar para casa, para outros a noite de sábado ainda renderia muito.

     E tudo isso foi visto, até mesmo o que não aconteceu, por Lítio, um homem nas sombras.

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