Capítulo 3
Dean pisava no acelerador sem pena, como se estivesse com raiva. As meninas seguravam nas mãos umas das outras, temendo um possível acidente. Apesar do medo, uma delas parecia estar perdida em seus próprios pensamentos.
— O que foi que 'tá com essa cara, Roberta? — Patty questionou, enquanto a amiga observava a paisagem que passava veloz do lado de fora.
— Eu vi o Crowley, Patty. Eu vi o Crowley e eu não fui capaz de dizer uma merda de uma palavra — murmurou levantando um dedo.
— Não fica assim — Tânia interviu. — Tu perdeste a vossa chance, mas eu tenho certeza que virão outras.
— É — Roberta assentiu. — Pode ser.
— Que tanto cochicho é esse aí atrás? — Dean perguntou, olhando pelo retrovisor, incomodado com os murmúrios.
— Nada — Patty respondeu alto.
Os cinco chegaram à entrada do bunker, as meninas mal podiam acreditar que aquilo era real. Assim que desceram do carro e entraram, elas pararam e ficaram estagnadas durante alguns segundos. Era exatamente como imaginaram, ou melhor. Ainda não haviam descido as escadas, assim como os irmãos fizeram.
— Ou! Vocês aí. Vão descer ou 'tão fazendo plano de voo? — Dean questionou, olhando para cima.
Elas se entreolharam e desceram os primeiros degraus.
— Ai, calma — Patty murmurou segurando no corrimão, enquanto Roberta puxava as duas para baixo.
Olhavam para os lados, para cima, todas as direções eram alvo. Queriam conhecer cada centímetro do lugar.
— Ei, ei, ei! 'Tá pensando que vai onde, ôh, Rebeca? — O mais velho dos irmãos Winchester inquiriu.
— Primeiramente — Ela ergueu o dedo —, é Roberta. E eu só queria ver se aqui tem algum livro que possa ajudar a gente a descobrir qual é a desse aqui. — Puxou o livro que estava nas mãos dele e abraçou o objeto.
— Pensei que fosse melhor fazer umas pesquisas no computador — disse Sam.
— Quantos computadores são? — Patty perguntou, sem dar chance de resposta. — Porque nós somos cinco e nossos notebooks ficaram nas nossas malas. — Cruzou os braços.
— Nós podemos resolver isso com calma. — Tânia deu um passo à frente. — Primeiro precisamos saber que tipo de livro é, depois, se existe algum outro parecido com ele, para assim chegarmos em um consenso.
— Eu voto em vocês darem o livro pra nós e meterem o pé — Dean foi categórico.
— Dean — Sam sussurrou.
— A gente não pode — Patrícia respondeu. — Por que não somos desse... universo. — Abanou as mãos, gesticulando.
— Agora pronto! — Dean ergueu os braços e depois colocou as mãos na cintura. — Viramos babá de alienígena.
— Dean, dá pra parar — Sam repreendeu o irmão. — Meninas, vocês fizeram algum tipo de feitiço, magia, encantamento...? — Ele tentava encontrar um motivo.
— Não. Na verdade, foi bem esquisito — Roberta respondeu.
— A gente pode contar tudo, se...
— Se vocês prometerem não vão nos expulsar daqui depois — Tânia concluiu a fala de Patrícia.
— É claro!
— Sammy! — Dean puxou o irmão pelo braço. — As três mosqueteiras esperam aqui.
Os dois saíram da presença das moças, e elas aproveitaram esse tempo para falar sem a interferência dos irmãos Winchester.
— Que saco! — Patrícia começou. — Na série eles eram menos desconfiados.
— Se fôssemos nós no lugar deles, também estaríamos. — Tânia era a voz da razão entre as três.
— Ah, gente. O Sam parece que acredita na gente... — Roberta deu um suspiro.
— Sua opinião não conta nesse caso — Patty retorquiu.
— Ora bolas, por quê?.
— Precisa falar? — A amiga paranaense arregalou os olhos.
Roberta apenas deu um sorriso, com os dentes para fora como se fosse um coelho.
— Ah, lá! Estão voltando. — Tânia segurou o braço das amigas e elas se recompuseram.
Os irmãos estavam sérios, Patrícia quase soltou uma gargalhada enquanto olhava para Dean, era estranho estar na frente deles. O que saiu foi um som nasalado.
— Cala a boca. — Roberta deu um cutucão na amiga, enquanto mantinha os dentes cerrados.
— Ai, gente — disse Patty, com o sotaque sulista reforçando o último "e". — Desculpa.
— Meninas, nós vamos deixar que vocês fiquem aqui o tempo que for preciso.
— Ai, benza Deus... — Roberta colocou a mão no peito, expirou e ajeitou os óculos.
— E quais as condições? — A portuguesa quis saber.
— Vocês vão entregar o livro pra nós. Vão nos deixar pesquisar sobre ele, e vão nos contar a verdade sobre vocês, sobre tudo que aconteceu e como conseguiram esse livro.
Não existia nenhuma opção melhor, elas sabiam que só eles poderiam desvendar os mistérios do livro.
— É, por mim vocês já tinham vazado. Mas o Sammy quer ver onde isso vai dar — Dean completou.
Eles ouviram um som como o bater de asas e as meninas olharam para trás.
— Misericórdia! — disse Roberta, ao ver a imagem do anjo atrás delas.
— Eu não tenho esse poder, sabe que só Deus pode ter misericórdia — falou normalmente.
As três olharam uma para a cara da outra com um semblante que dizia claramente "Quê?"
— Conseguiu descobrir alguma coisa sobre o livro? — Dean perguntou.
— Não. Mas o que o Crowley disse na lanchonete, parece que é outro tipo de ser. Não sei ainda o que são, exatamente, mas eles... eles mataram uma pessoa. — Seu tom de voz estava esmorecido.
Pela primeira vez as três sentiram medo de verdade. Não sabiam o que aconteceria se elas morressem ali e não queriam testar.
— Vamos investigar o que aconteceu — disse Sam. — Vocês, por favor, fiquem aqui.
— Não mexam no bacon. — Dean ergueu o dedo em direção a elas.
Castiel desapareceu em um piscar de olhos e os irmãos voltaram a subir as escadas.
Elas estavam confusas, o livro foi posto sobre a mesa, e a curiosidade estava aguçada, assim como o temor.
— O que vocês querem fazer agora? — Patty perguntou, enquanto se sentava.
— Bom... Estamos sozinhas, tem coisas caçando pessoas por aí, e estamos desprotegidas. — Roberta puxou o livro e o abriu.
— Roberta, cuidado.
— Taninha, meu amor. A gente só precisa escrever aqui.
— Mas e se isso nos levar a outro lugar, como das primeiras vezes? — Tânia retrucou, fechando o livro com pressa.
— Não vai se...
— Se...? — Patty ergueu o tronco e as três ficaram bem próximas.
— Patty, quer brincar de Light Yagami reverso? — Roberta voltou a abrir o livro e destacou a caneta que estava presa nele.
— Roberta, vamos pensar primeiro.
— Relaxa, Tânia. Você vai gostar de quem vai aparecer, se der certo. — Esticou a caneta à portuguesa. — Além do mais, precisamos de proteção. Os rapazes não estão aqui, e eu não quero morrer. — Olhou para Patrícia. — Vamos, Tânia... É só escrever. Eu sei em quem você pensou.
A moça se inclinou, relutante, não sabia se deveria fazer aquilo realmente, mas as amigas a encorajaram. Seus dedos tremeram um pouco antes de ela colocar a ponta da caneta sobre o papel, abaixo de Harry Potter e Supernatural .
Ela deu uma última olhada para cima e depois escreveu vagarosamente:
Jace Herondale
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