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Capítulo 1

— Não deveríamos ter entrado sem ao menos saber se é realmente aqui — ponderou Tânia, enquanto Roberta e Patty encaravam o lugar com certa decepção.

— Eu pensei que seria mais...

— Mágico — Roberta completou a fala de Patrícia, que contorceu a expressão.

— Por que será que nos mandaram para cá? — Tânia questionou, mesmo sabendo que as outras duas provavelmente não teriam a resposta.

— Eu acho que... — Patty começou, mas logo parou e puxou as amigas pelo braço.

- Ai, o que foi? - Roberta perguntou, esfregando o braço, onde o puxão fora efetuado.

— Não, Roberta. Ela estava a nos proteger — Tânia falou, olhando para frente. — Está vendo ali. — Apontou.

— O quê?

- É o Tom, Tom Riddle — Patrícia afirmou. — Acho melhor a gente sair daqui — completou, vendo que poderiam ser alvos fáceis para o jovem vilão de Harry Potter.

— Pois eu concordo. — Roberta puxou o livro das mãos de Patrícia que parecia irritada.

— O que vai fazer? — Tânia Inquiriu.

— Me devolve o livro, Roberta! — Patrícia ordenou.

— Não, parece que esse livro aqui é mágico, não é? Vamos ver o que ele faz se eu... — Roberta disse enquanto escrevia algo.

Sentiram um baque no corpo, como se fosse um soco, de repente viram-se no meio de uma rua larga, e foi apenas o tempo de as outras duas puxarem Patrícia antes que fosse atropelada por um automóvel em alta velocidade. Tânia deu um solavanco no braço de Patrícia, e com o impulso, foram as três ao chão. O carro perdeu o controle e quase bateu, por sorte o motorista conseguiu escapar da bomba de gasolina à frente. Mas elas não escaparam dele, que pôs a cabeça pra fora:

— Ôh, filhinha! Não olha por onde anda, não?

Elas ainda estavam se levantando.

— Eu vou lá mostrar pra esse grosso quem é a filhinha. Ah, mas vai ser agora, tá pensando que é quem?

— Patty, não! — Roberta a puxou de volta.

— Roberta, eu não vou deixar o cara quase passar por cima da gente e vir de gracinha. Eu sou Patrícia Queiroz, meu amor. Tenho QUARENTA SELOS. — Ela bateu no peito e ergueu a mão.

— Patrícia — Tânia falou entre os dentes. — Você já viu quem são?

As três encararam o motorista que saía do carro com cara de poucos amigos, acompanhado do homem que estava no banco do carona, pedindo para que ele tivesse calma.

— Dean, ela é só uma moça desatenta.

- Ela quer morrer, e eu que tenho culpa? — O mais velho rebateu.

As três, ainda paralisadas, engoliram saliva e gaguejaram ao mesmo tempo, tentando encontrar alguma palavra para o que estavam presenciando. Não podiam acreditar que estavam dentro de Supernatural.

— De-desculpe... É que nós não estamos nos sentindo muito bem. — Tânia tentou apaziguar a situação.

— O que aconteceu? Estão pálidas. Precisam de ajuda? — Sam, o mais novo, mesmo assim o mais alto, perguntou, curvando um pouco o corpo para a frente de maneira atenciosa.

— Ah, pronto, o Sammy quer bancar a Nanny Macphee agora.

— Dean, espera, olha só. Lembra do que vimos lá atrás? A luz avermelhada.

O mais velho franziu o cenho.

— Agora, olha o que tem na mão dela. — Apontou para Roberta, que ainda mantinha o livro em sua posse, abraçada a ele como se fosse um pote de ouro.

— A gente pode ver? — Sam pediu.

— Não podem, não! — Patrícia puxou o livro da mão da amiga. — É nosso, vão caçar um pra vocês.

— Ih, ah lá! — Dean cruzou os braços e bufou. — Ô moça, tá com gracinha demais pro meu gosto.

— Patty, não acha melhor entregar o livro? Eles podem ajudar de alguma forma. — Tânia tentou convencê-la.

— Que eu saiba, a gente não está procurando ajuda — Patrícia rebateu, olhando de soslaio para Dean, que murmurava algo ao irmão.

A portuguesa puxou as duas amigas para o lado, a fim de que conversassem sem a interferência dos irmãos.

— Não sabemos onde estamos, precisamos voltar às nossas casas, para o nosso próprio bem — Tânia ponderou.

— Mas é a nossa chance, Tânia. Finalmente somos donas da história, pelo que eu entendi, podemos ir para onde quisermos — Patrícia argumentou.

— As coisas não estão em sua devida ordem. Nosso sumiço no mundo normal — Roberta fez sinal de aspas —, pode acarretar em várias tragédias.

— Okay, meninas. Mas... Pensem pelo lado positivo — Patrícia disse e olhou para os rapazes. — Roberta, não é verdade que você sempre quis conhecer os irmãos Winchester? — A amiga calou e abaixou a cabeça. — Eles estão bem ali! — Patty gesticulou. — E Tânia, já pensou que pode conhecer quem quiser, de todas as suas histórias favoritas? The vampire diaries está a uma caneta de distância. Não são todas as pessoas que têm essa chance.

— Ei! As três espiãs demais já terminaram a reunião? — Dean já parecia irritado.

— Patrícia, nós...

— Tânia, por favor — ela suplicou.

— Está bem. Mas temos que ter cautela — replicou a portuguesa, cedendo, enfim, à vontade de Patrícia.

— Roberta... — Patty encarou a amiga, que virou o rosto em direção aos rapazes e suspirou.

— Tá bom, Patty. Mas se a gente ver que algo está errado, nós damos um jeito de sair daqui.

Patty fez cara de emoji emocionado, fazendo as outras duas soltarem gargalhadas altas, a de Roberta sobressaía pela falta de afinação, mais parecia uma gralha apavorada.

— Tudo bem, a gente aceita que vocês vejam o livro, mas com uma condição — Patrícia falou. — Vocês levam a gente pro bunk...

— Patty — Tânia deu com o cotovelo no braço de Patrícia. — Eles não sabem que a gente sabe — murmurou entre os dentes.

— Ah... É, vocês podem dar uma carona pra nós. Estamos perdidas, e precisamos de um lugar pra ficar.

Os rapazes se entreolharam. Sabiam para onde tinham de levá-las, e Roberta vibrava só de pensar que, se aquilo desse certo, em pouco tempo estariam no bunker.

Depois de alguns cochichos e algo que elas entenderam como "Se forem succubus eu mato as três", eles assentiram.

— Podemos saber os nomes de vocês? — Sam perguntou.

— Eu sou Tânia, essa é a Patrícia e aquela ali é a Roberta. — Indicou as amigas.

Dean virou-se de costas e pôs-se a andar na direção do Impala.

— Vamo' logo, então. Ô Tânia, Patrícia e Rebeca.

— É Roberta! — A moça bufou.

— Que seja!

Ela sacudiu a cabeça e olhou para Sam, que apenas deu um sorriso amarelo, como se pedisse desculpas pelo comportamento do irmão.

— O que será que vem agora? — Tânia perguntou.

— Não sei — Patty respondeu. — Mas espero que não tenha a ver com demônios.

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