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V - Ponto de Convergência

Malwina tombara sobre Fredderyc, ambos riam escandalosamente em pensar que até Annabella recebeu um broche do próprio Lorde e Duell não, aparentemente o rapaz havia faltado com reverência, ou coisa parecida, que em nada me interessava. Estava irritada com sua reticência, que custava esclarecer-me por si mesma? "Não sou eu quem tem de lhe explicar nada, eu não fiz litígio por você", decretou sucinta, calando qualquer tumultuo da cabine, e Baltazar tratou de inverter a situação, comentando sobre os tantos amigos que ficaram de fora da consociação.

— Alexandra chegou a levantar a voz, pois veja, disse que era injusto que você fizesse parte e Duell não — explicou-me, fazendo meneio. — Não queria dizer-nos de forma alguma onde te encontrar, e foi muita sorte que o Lorde não estivesse presente para ver esse comportamento.

— Teria arrancado o broche dela no mesmo instante — acrescentou Lavigna.

— Teria mesmo, e seria bem feito. Ela está sendo um problema desde o semestre passado.

— Alexa só precisa de um tempo, está de cabeça quente, mas isso vai passar. Aconteceram muitas coisas seguidas, acho que todos nós concordamos que Hogwarts, este ano, fora um pouco inusitada — abrandou Fredderyc.

— Inusitada fora Alexandra, isso sim, e é melhor que dobre a língua quando estivermos todos juntos. Estou certa de que ele não vai aturar seus caprichos, e não haverá ninguém para defendê-la, caso ele decida que ela já não é essencial para nós. — Lavigna impugnou, e vi Fredderyc estremecer, enquanto Malwina gargalhou fraquinho.

— Eu acho que está certa. Ele não deve arcar com desobediência alguma, e tenho certeza que qualquer um que se impor, irá padecer. Aprendi a confiar, e muito, nele, e tenho certeza que haverá grandes trunfos para aqueles que o seguir. Já aqueles que optarem pelo oposto... — Malwina escarneceu e virou-se para mim, os olhos ameaçadores, e franzi o cenho, impondo-me de volta. Ela gargalhou, pareciam tossidos de mandíbula cerrada, e defrontou a janela. — Bem, é como eu disse antes... há o arrependimento consequente.

Fredderyc pareceu-me aterrado, e virou o pescoço na direção de Malwina como se não a conhecesse, os olhos a esquadrinhando minuciosamente. Malwina deu de ombros, relaxada, e recostou o estofado, jamais pensei que pudesse ser tão fria quanto a Alexandra, quem pensava ser sua melhor amiga.

— Como fizeram para entregar a carta a Scáthach então? — Indaguei depois de um tempo.

— A corujinha, é? — disse Lavigna. — Na verdade, foi ela quem veio até nós, acho que sabia que estávamos a sua procura. Mal disse que deveria ser de sua mãe, lembro-me que costumavam trocar correspondência aos domingos, sim? E era uma coruja bastante igual. Talvez fosse o seu destino receber a carta, e tudo trabalhou de acordo para que acontecesse.

— Não estou entendendo bem. Por que eu, se não sou da Sonserina, como imagino que a maioria de vocês sejam — com exceção de Annabella talvez —, e o quê tem aquele teste a ver com isso tudo?

— É o Lorde quem escolhe seus Comensais, e não nós — disse Fredderyc. — Quanto ao teste, não sabemos o que era. Como creio que lhe foi explicado, foi somente ele quem o fez, e nenhum de nós tivemos permissão para especular.

— Todos vocês tiveram de passar por algo assim?

— É claro que não, somos confiáveis, a única ádvena aqui é você.

— Malwina! — Repreendeu-a Baltazar.

— O quê? Palavras da Alexa, não minhas.

— Não fale assim com ela novamente, o Lorde pode não gostar.

— Advirta isso à Alexa, não a mim. Eu sei muito bem como me portar, obrigada!

— Esperem, esperem só um pouco! — irrompi. — Vocês estão falando de Tom Riddle, certo?

Os quatro viraram-se em minha direção com olhares ferozes, e meus ombros encolheram-se de forma inconsciente, uma tremura lastimosa que me afetou o corpo inteiro que se apertava contra o aço das paredes da cabine, embora eu não conseguisse entender o porquê. Penso que fora apenas uma pergunta simples e consueta, mas parecia uma blasfêmia, um absurdo, um desatino; que eu não sabia como retratar.

— Não o chame desta forma novamente.

— Há de ficar muito furioso.

— Você já deveria ter entendido.

— Talvez ela não seja tão inteligente quanto ele pensa que é.

Não tive como esquivar-me de seus olhares austeros que, sinceramente, intimidavam-me bem mais do que os próprios olhos jabuticaba de Tom Riddle. Pergunto-me que tipo de lavagem foi essa aparentemente feita na cabeça desses quatro, desde quando Tom tornara-se Lorde? Lorde de quê, de onde? Mas temo conhecê-lo bem o suficiente para pressupor que ele era mais do que capaz de qualquer coisa, também me lembro de tamanha a sua imponência entre os colegas de comunal. Por alguma razão, todos parecem conciliar com sua altivez.

— Vamos, já chega. Acho que Antares já entendeu — disse Fredderyc e, ariscos, eles acomodaram-se desconfortavelmente no estofado.

Debrucei-me sobre os joelhos, pensativa, e Baltazar esparramou-se a minha frente com Lavigna recostada em seu peito. Fredderyc e Malwina trocavam discretas palavras ao meu lado, e a barraquinha de doces acabara de cortar o corredor, quando a porta da cabine correu, e Malikguk, o monitor da Corvinal, colocou o pescoço para dentro, os olhos cortados de sua descendência asiática vasculhando a procura de algo, e deparou-os em mim.

— Anne, temos reunião no carro dos monitores.

Levantei-me aérea e saltei sobre os quatro pares de perna até a passagem para o corredor. Guk pareceu-me ressabiado quando voltou para fechar a porta, percebi-o checar cada um dos que dividiam comigo a cabine, como se não tivesse certeza de ter visto certo da primeira vez, embora nada tenha dito em todo o caminho. Paramos às margens da primeira cabine, tenho certeza de ter visto, de relance, Loreynne, Guilia, Katty e Hepzibah ali, então Guk abriu a porta de ferro a frente e adentramos o primeiro vagão. Já estavam todos ali, subtraí de uma ligeira passagem de olhos.

— Ah, Antares chegou, certo... — disse o professor Lancaster juntando os palmos, mas a porta deu um tranco neste momento às nossas costas, que o cortou quando ameaçou iniciar. — Senhorita Petiwysk, senhor Snyde...

Por um difuso momento, quase me esqueci que Malwina e Fredderyc também eram monitores. Quer dizer, Malwina apenas, e Tom Riddle. Meu cenho franziu-se, e quando dobrei o pescoço para procurá-lo, encontrei logo o emblema dourado que ele trazia sobre as vestes, um emblema de Monitor-Chefe, que não deveria estar em posse de qualquer aluno inferior ao sétimo ano.

— Certo, podemos começar agora, não? — Lancaster pigarreou. — Primeiro, quero desejá-los as boas-vindas, espero que todos que estão aqui, realmente queiram estar aqui. Ingressaram o expresso bem menos alunos do que o ano passado, mas devo alertá-los de que, em algumas semanas, todos os alunos do sétimo ano que ficaram pendentes com os N.I.E.M.s haverão de retornar à Hogwarts. Possivelmente, também os do quinto ano que optaram por uma transferência, para os N.O.M.s, mas o Ministério ainda não deu arbítrio. Sim, senhor Fenwick?

— Serão as provas, todas, aplicadas em um único dia?

— Não, senhor, isso seria impossível, e é quando entramos no segundo tópico: a partir de agora, os dormitórios masculinos acomodarão cinco estudantes, todos devem ser do mesmo ano letivo. Monitores-chefes, vocês farão o novo mapeamento, que deve ser entregue até segunda-feira para o diretor de suas Casas, será necessário um visto de aprovação deles, e somente depois entregue ao professor Dippet. Ah, sim, vocês também vão mapear e auxiliar os ex-alunos em seu retorno à Hogwarts, que serão brevemente acomodados nos quartos livres, tentem não colocar rapazes e moças juntos.

— Professor, — Kathleen Flint, que estava ao lado de Tom, ergueu o braço. — Nós, monitores, também temos de nos preocupar com nossas provas, além dos alunos...

— Vocês que permanecerão em Hogwarts, senhorita Flint, terão algum tempo para estudar e se concentrar em seus estudos. Creio que vamos resolver todos os pormenores nestas primeiras semanas, vocês farão as provas no final do mês apenas, e, logo em seguida, o cronograma deve voltar ao normal. Não há com o que se preocupar.

— Senhor, — disse Marcos Kendrick — não tenho tantas baixas quanto aos alunos da Grifinória, mas tenho um reporte sobre Andrew Thompson, que não pôde pegar o expresso.

— Sim, estamos entre monitores, os mais responsáveis aos olhos de seus diretores. Estou certo de que podemos, todos, entender a situação e, dentro do possível, tomar como conhecimento geral de nossos alunos. Pode dizer, Marcos.

Marcos tomou muito fôlego, os pulmões pareciam-me a ponto de estourarem. Segurou o ar neles e revezou olhares entre cada um de nós, o rosto amarelando de descômodo, então suspirou e anunciou com pesar:

— Andrew, sua família é trouxa, e receberam essa semana uma nota de falecimento de seu pai, que havia sido convocado há três anos para se juntar as unidades aéreas de guerra do exército britânico. Ele decidiu ficar em casa até sua mãe melhorar, ela já estava com muito medo de deixá-lo voltar depois de...

Marcos afundou os dois dentões dianteiros no lábio inferior e abaixou o rosto, como se cavado de alguma cova proibida, o que deveria ser isso mesmo. Tive de virar o rosto, não pude me impedir, virei-me para as janelas, tempestuosas nuvens escuras que nos espreitavam com desdém do lado de fora. Não queria sentir muito por Andrew, esse sentimento fazia-me fartar em elucubros pungentes, e mais do que estou cansada deles. Com o coração latindo, vi Lancaster acenar timidamente, uma expressão solidária estampando o rosto maduro e estimável.

— Sei que tanto Dumbledore quanto o professor Dippet vão entender, ele será bem-vindo quando tiver de vir. Só não deixe de contactá-lo, Marcos, lembre-se de o passar qualquer aviso, também atividades e trabalhos importantes.

O comboio aquiesceu por um momento, acredito que todos nós precisássemos desse mitigo antes de continuar. O assunto "guerra" efetiva-se terrivelmente, não importa de qual direção venha, carece de apresto psíquico, que nós jovens não temos, e mesmo em adultos é escasso. Quiçá, mais ávido neles que em nós.

— Hum... bom! — murmurou Lancaster, e pigarreou afastando o casaco e puxando um rolo pequeno de pergaminho de um bolso interno. — Tenho aqui a lista de monitores, na Grifinória, integra-se Fleamont Potter e Alene Karasu do quinto ano; Marcos Kendrick e Prisma Pendragon permanecem agora no sexto ano; Carlos Boot do sétimo ano; e monitora-chefe: Angelina Wood. Na Lufa-Lufa, temos Dimitri Hawley e Yelena Corner; Matteo Prisco, Michell Diggory e Noolle Prewett permanecem; Paládio Longbottom ascende como monitor-chefe.

"Corvinal, Talib Shafiq e Dandara Shacklebolt são os novos monitores; mantém-se Malik Chol-Guk e Annellyze Antares, também Augusta Abbot; seu monitor-chefe é Benjy Fenwick. Por último, Sonserina, e há três novos monitores: Noah Gibbon e Kathleen Flint do quinto ano, e Fredderyc Snyde do sexto, o professor Slughorn decidiu assim. Malwina Petiwysk e Babalon Malfoy permanecem dos anos letivos anteriores; e, por seus feitos, Tom," Lancaster abaixou o pergaminho e virou-se para ele. "Como reconhecimento de todos nós, professores, depois de horas de reunião, foi decidido que sim, você merecia a promoção à monitor-chefe, uma grande responsabilidade, nunca, antes, um aluno que não fosse do sétimo ano fora recompensado assim."

— Eu agradeço, senhor — cumprimentou ele cordialmente.

— Bem, eu gostaria, na verdade, de parabenizar a todos. Tivemos um ano escolar bastante estrito, e as consequências a longo prazo estão sendo severas. Desde já, adianto-lhes que será um ano apertado, e todos contamos com a dedicação de vocês, monitores, para que haja organização e austereza. — Uma suave salda de palmas procedeu, e Lancaster curvou a cabeça brevemente à esquerda e a direita em agradecimento. — Vou deixar que se reúnam agora e montem suas patrulhas, estarei no compartimento A acaso precisem de alguma coisa.

Ocupamos uma das mesinhas de reuniões — meninas de um lado, rapazes do outro —, e assim que Benjy tomou fôlego, os sonserinos acomodaram-se no espaço atrás dele, nenhuma de suas palavras alcançaram-me os ouvidos. Certos olhos jabuticaba encaravam-me frios, e quando banhados pelos tênues dedos hesitantes do sol, um vislumbro momentâneo fez-me enxergá-los em apócope, âmbar e sombrios. Os braços arrepiaram-se sob as vestes e apertei-os com força contra o corpo, uma fisga de suor gélido cortou-me as costas e o estômago embrulhou.

— Anne? — Augusta inclinou-se a minha frente, barrando-me sua imagem, e eu baforei-a no rosto com tamanho susto. Fechei os olhos, engoli seco e sorri amarelado, tentando relaxar. Não funcionou como eu gostaria.

— Perdoem-me, eu...

Guk esticou-se do outro lado da mesa e colocou sua mão sobre a minha, Augusta fez o mesmo ao meu lado. Crispando os lábios, eu sorrio fechado, tentando parecer agradecida, mas não estou. Não de verdade.

— Talvez seja melhor que Augusta e eu comecemos com a ronda, Talib e Dandara vão a seguir. Pouco provável que encontrem alguém de nossa Casa pelos corredores ou causando problemas, se for o caso, perguntem o que aconteceu, e evitem chamar a atenção de qualquer um — disse Benjy.

— Será melhor que só repassem o problema para os monitores de outras Casas, se for o caso, vamos evitar chamar a atenção dos outros, nossa responsabilidade é apenas com os alunos da Corvinal — completou ela. — Talib, vou deixar também que apresente o castelo e a torre aos recém-chegados, a menos que...

— Não, por favor — cortei-a quando fez menção. — Tem algo que eu gostaria de fazer mais tarde, e não acho que conseguiria dar a todos a atenção que merecem. Será melhor que Talib o faça, sei que conseguirá cativar as crianças mais do que qualquer um.

Os cinco trocavam minucios longínquos aos meus ouvidos, e meus olhos se fixaram na imagem distorcida de Tom Riddle sobre os ombros de Benjy. Não parecia mudado, claro que sessenta dias nada eram, mas tomando eu mesma como exemplo, já não enxergava a mesma pessoa quando defrontando os mesmos espelhos de sempre, lembro-me perfeitamente do dia que isso mudou: a madrugada de 13 de junho. Prava e fria madrugada, doía até mesmo sua alusão, e sem perceber agarrei-me àquela dor, àquela lembrança, trastejo cada sentimento que cingiam Tom Riddle, ele não mudara em nada.

Os lábios ligeiros cuspiam instruções aos alunos, sério e pontual, era o único falando e mergulhando a mesa com o indicador, enquanto todos os demais apenas concordavam com afã. Calou-se crispando os lábios, entrelaçou os dedos e recostou o estofado, os demais pareciam debater negociações, e Tom Riddle encarou-me pelo pequeno vão que eu o observava, os olhos verdes escurecendo conforme a luz do sol é barrada pelas grossas nuvens. Seu rosto nada expressava, desprezo talvez, e ergueu o queixo, quase reto o nariz aquilino, e virou-se para os colegas, percebo que cada um carrega um broche com uma serpente e um crânio — como o meu — por baixo da túnica.

— De acordo! — disse Augusta e todos se levantaram, tratei de fazer o mesmo, ainda que não fizesse ideia do que falavam. — Anne, você já pode ir se vestir. Se estiver com fome também, creio que haja tempo o suficiente até você e Guk começarem a ronda, certo?

Engoli, de imediato, cada uma das interrogações que me ascenderam da garganta e acenei ligeiramente com a cabeça, não estava disposta a ouvir qualquer coisa que já não tenha feito questão antes. Por mais espavorida que estivesse, também aguardava com grande ânsia o momento de emboscar Tom Riddle, Deus queira que eu não acabe deturpa e acovardada. Retirei-me para uma das apertadas cabines do comboio e esgueirei-me para dentro do uniforme, o pouco espaço dificultando que eu ajeitasse as vestes que engomaram nos ombros. Coloquei-me de frente com o pequeno espelho pendurado logo abaixo da estreita janela pivotante, havia luz o suficiente para enxergar os olhos crisos que não mais pareciam tão azuis. Ajeitei os cabelos, que quase me esquecera que estavam presos com um elástico, e deixei a cabine, mais da metade dos monitores já não ocupavam mais as mesas do vagão.

— Anne, — Guk aproximou-se aos trotes. — Estava com Septima agora a pouco, porque não vem comigo? Nossa cabine está vazia.

— Não, obrigada. — Guk piscou os olhos como se tivesse levado um susto, temo ter sido mais fria do que gostaria. — Escute, eu não prestei atenção, quando temos que marcar guarita mesmo?

— Bom, d-depois de Augusta e Benjy, a última antes de aportarmos em Hogsmeade. Se quiser, eu posso...

— Não, eu vou me lembrar — cortei-o e desviei de seu corpo, seguindo até a porta. — Obrigada. Até mais tarde.

Do lado de fora, atravanquei atrás da porta, não havia pensado em como seria acaso não encontrasse Tom Riddle sozinho, primeiro, contudo, tinha de desvencilhar-me dos alunos tumultuando os corredores, ao certo seus monitores já haviam espalhado as boas novas notícias. Apertei um dos braços contra o estômago e apoiei o outro a cabeça, a algazarra nauseante e fragorosa, e não percebi a porta estrídula da primeira cabine se abrindo ao meu lado, ou o braço franzino que se atirou para fora e puxou-me para dentro.

— Annellyze, por Deus! — disse Michell rodeando-me com seus braços, retribui-a esmorecida, apenas por mero impulso. — Você recebeu as minhas cartas? Acho que aquela coruja maldita deve ter desfeito delas.

— Desculpem-me, eu recebi sim, só não tive tempo de ler ou responder — expliquei atenuada, a voz baixa, falhada e abatida.

— Verdade? Mas... — ela afastou-se, pensativa, e Loreynne, Katty, Guilia e Hepzibah acolheram-me em abraços entorpecidos, retribui cada uma delas com o mesmo interesse de antes — ou falta dele —, então puxaram-me para o estofado. — Pensei que tivesse passado as férias em casa, não faz mal. Ao menos você está bem.

— Pensávamos que seus pais iriam lhe transferir, sei que sua avó se tornou a diretora de Beauxbatons. — Hebe deu de ombros. — Era o que vovó queria para mim também, mas não consigo me ver longe daqui, não depois de todos esses anos...

— Não imagino voltar para Hogwarts sozinha, o salão comunal seria... só mais um cômodo arrevesado, seria terrível estar naquele quarto sem vocês — comentou Guilia comprimindo os ombros.

— Isso, que quase não voltamos, o conselho queria fechar Hogwarts de vez — adiu Loreynne. — Mamãe ficou muito irritada com Richard Golding, ele queria porque queria que trocassem toda a administração, chegou a marcar quatro das treze reuniões.

— O pai do Reinhard? — indagou Katty aos sussurros, os olhos saltados.

— O próprio. Disse que se recusava a deixar que o filho dele frequentasse uma escola em que o corpo docente estivesse colocando os alunos deliberadamente em perigo.

— Mas ele voltou —, interviu Michell. — Eu o vi na estação.

— É claro que voltou, a senhora Golding jamais iria deixar que ele fosse para Durmstrang como seu pai queria. Mas ele conseguiu interferir em Hogwarts sim, mamãe disse que são uma família bastante influente, e que dificilmente iriam correr o risco de perder seu voto de confiança.

— E o que será que mudou? — perguntou Guilia.

— E eu sei lá? Só espero que não tenham construído um altar de ouro polido para colocarem Reinhard em segurança, já não aguento mais falar dele e do pai, ouvi as férias inteira.

Quis esquivar-me de suas conversas e resmungos patéticos, quando virei para a janela de acesso aos corredores, contudo, ainda havia muitos alunos lá, e tive de contentar-me em ficar ali até a minha patrulha. Não estava interessada em chamar a atenção de ninguém, mas sim procurar por alunos da Sonserina, que estavam regradamente resguardados para dentro de suas cabines, entretidos em diálogos baixos e comedidos. Apenas quinze senhores Comensais pontuava a carta, todos os alunos — do segundo até o sétimo ano — agiam dessa mesma forma porém. Consegui contar um total de oito insígnias: Liam Avery, Backer Lestranger, Antônio Dolohov, Thorfinn Rowle, Bristol Travers, Benjamin Selwyn, Samuel Goyle e Kael Greengrass. Sem mencionar Malwina, Fredderyc, Lavigna e Baltazar, também Alexandra e Annabella, estavam espalhados, cada um em uma cabine. Pergunto-me quem deveria ser o último.

— Antares?

O coração deu um chacoalhão dentro do peito, e mesmo o susto não me fizera afastar da vidraça a qual estava a espreita. Tudo ficara mudo, inclusive as engrenagens berrantes da locomotiva, e só consegui ouvir o bater de meu coração, que parecia ter subido até a garganta. Estava atrapalhando-me em respirar, e mesmo responder, e engoli seco na tentativa fútil de fazê-lo voltar para o peito. Afastei-me diligentemente da vidraça e virei o pescoço sobre o ombro, não tinha certeza de minha expressão, mas sei que o cenho está franzido, pois as sobrancelhas estritas estão limitando minha visão do teto. Seus lábios curvaram-se muito discretamente e ele alojou as mãos para os bolsos da calça.

— Não era a reação que eu esperava — disse com gracejo.

Coloquei-me de frente para ele e busquei no bolso a minha insígnia, Tom cerrou os olhos de forma austera, e só relaxou quando entendeu o que eu procurava. O pescoço arqueou parcialmente, e eu ergui a mão com o broche até a altura do rosto.

— Quer me explicar o que é isso — dou de ombros —, algum tipo de coleira? Você coloca um pingente nas pessoas que acha que farão de tudo por você e as usa para subornar outras?

— Diga o que quiser, mas... você está com o seu, não? — Tom arqueou as sobrancelhas de forma anedótica, os olhos bastante descontraídos.

Meus lábios foram varridos, não havia respostas ali, e em lugar algum. Gaguejei sem voz alguma, e prendi a parte interna da bochecha entre os molares, enraivecida com tamanha a minha imbele defronte a ele. Virei o rosto, internamente desesperada a procura de um broquel, e contive minha inquietação. Ele não iria me acuar, não podia! Depois de meses embebida no sangue daquela velha ferida, havia determinado que encararia qualquer coisa ou pessoa para voltar a Hogwarts, e Tom Riddle, ainda que o mais difícil, era uma dessas. Afrontei-o outra vez, a testa já aliviada, e custei a dizer-lhe qualquer coisa, não conseguia. Balancei a cabeça e engoli seco.

— Você a matou...

Foi muito arduamente que seu rosto franziu, franzido até as narinas, e parecia-me incrédulo, como se já nem se lembrasse do assunto, mas lembrou-se finalmente, e lembrar despertava-lhe raiva, ódio quem sabe, e a garganta enrijeceu de tal forma, que lhe destacava os nervos e as veias, cheguei a pensar que sua cabeça iria explodir.

— Vai começar com isso outra vez?

— Como pôde mentir para mim? — cortei-o. — Ou quer que eu acredite que, por acaso, você encontrou um frasco com veneno de basilisco por aí?

Tom soltou um riso soprado e esticou os lábios mostrando os dentes, não me parecia uma reação de alguém prestes a refutar. Tomou fôlego e encarou-me ao invés disso, já tão calmo quanto antes.

— Quer dizer que eu mesmo me entreguei, hum? Havia me esquecido desse pequeno empecilho.

Senti-me como um desses criatronics de parque de diversões, o martelo imaginário acertou-me como um soco no estômago, e o coração saltou para cima com a força do impacto. Atingiu em cheio o gongo que era a garganta e mergulhou de volta, deixando-me desnorteada por longos segundos, talvez até minutos.

— É isso então? — consegui dizer. — Você vai só admitir? Que acontece agora?

— Não acontece nada — ele deu de ombros.

Meus joelhos tremelicaram, uma vertigem que me desequilibrou e fez-me cambalear alguns passos desenfreados. Virei-me de um lado ao outro no corredor, e não havia quem mais testemunhasse suas palavras, um ônus que tive de agarrar com meus próprios braços e sozinha. Suas expressões, suas palavras, nada alcançou-me os ouvidos — que latejavam — no instante seguinte, fora tudo vedado pela agrura procedente que aprisionou-me por inteira, tive a impressão de nada mais ser do que um pedaço de pergaminho amassado em suas mãos.

— Ainda acha que fui eu? — Indagou inesperadamente, o cenho franzido de indignação. — Você sabe o que é um basilisco, certo? Eu não poderia fazer nada, mesmo que chegasse a tempo.

— Mas... que? — não pude impedir-me de questionar. — Que está dizendo agora? Você disse que...

— Disse que estava certa, um basilisco a matou, eu sequer encostei um dedo nela — interdisse ele, aprumando-se. — Não era meu basilisco, Anne, ele já estava em Hogwarts quando cheguei. Nem mesmo sei onde encontrá-lo, apenas o escuto as vezes.

— Você... escuta? — engoli seco e tive de apoiar-me na cabine ao lado, as pernas sozinhas já não pareciam capazes de me sustentar. — Entendo, você é um ofidioglota, eu já havia chego a essa conclusão muito antes de... — meus olhos se fecharam pesarosos e virei o rosto.

— Eu sinto muito, não pude fazer nada, mas queria ter feito. Sei que era sua amiga, e foi por isso que procurei uma forma de contornar a situação, pensei que pudesse fazer com que se sentisse melhor.

— Empurrando a culpa para os ombros de Rúbeo, foi assim que fez seus contornos? — escarneci.

— Monstro por monstro, que lhe garante que aquela coisa não machucaria ninguém? Faria, Annellyze, mais cedo ou mais tarde. Que fiz foi livrar Hogwarts de outro perigo.

Não contive a irritação em meu olhar, não era esse o desenrolar que esperava de toda a situação, não que já houvesse cogitado ter forças o suficiente para conseguir tocar no assunto, e agora que estava feito, sentia-me em completa ebulição. Fato era que eu estava tão certa de que era sua culpa — e os indícios o apontavam com tanta exatidão —, que não conseguira ter paz em um único dia desde o fatídico ocorrido. Eis o ponto crítico agora: eu queria que ele fosse culpado ou que fosse inocente? Pareço tão desarranjada comigo mesma, que mal sei dizer o que sinto agora diante toda essa situação, quem dirá o que trago no peito irrespeito a Tom Riddle.

Era obrigada a concordar, porém, que a acromântula era um monstro tão perigoso quanto o basilisco, embora esses pensamentos percam a nitidez no momento seguinte, contestado por aquela outra parte de mim que supõe que só estou concordando para lograr uma forma menos difícil de o perdoar. Também havia Murta — como se em algum momento eu realmente tivesse sido capaz de esquecê-la —. Como posso conciliar com ambos sem parecer que estou traindo a confiança do outro, e mesmo a minha própria?

— Entenda, Anne, fiz isso por você. Sei que não poderia trazer de volta a sua amiga, mas pensei que pudesse devolver-lhe a paz acaso encontrasse um culpado. Não era o transgressor que você queria, eu lamento, mas você acha mesmo que iriam acreditar em nós acaso disséssemos que havia um basilisco no castelo? Quase não acreditaram na acromântula... — ele engoliu seco, eu percebo.

Senti lágrimas ímpias escorrendo-me as bochechas — droga! Não queria ter feito isso, não na frente de alguém —, e afundei os molares no interior da bochecha, sentia uma implacável sensação de rejeição; o revés de se procurar respostas é a dilaceração que vem de mãos dadas com a verdade.

Apoiei-me com as costas na cabine, os braços me enlaçando o próprio tronco, e pensei que só precisava de um pouco de fôlego para que minha mente encaixasse tudo em seu devido lugar, por livre alvitre, todavia, estava plenamente enganada. Àquela altura eu já sabia que não havia forma de cambiar com ambos os lados do meu coração, e eu tentei de verdade, mas a sensação intermitente de receio não me permitiu que confiasse efetivamente nele.

— Você acredita em mim, certo? — indagou com apenas um dos olhos cerrados, e virei-me para ele sem resposta alguma.

Pude desfrutar de uma ligeira e estranha tranquilidade em me ver longe dele, depois do que me pareceu uma eternidade à procura de antelações que me fizessem aceder com tudo, que não encontrei. Engoli seco ao invés disso, e acenei com a cabeça sem coragem o suficiente para o olhar nos olhos enquanto o fazia. Tenho dúvidas se fui convincente o suficiente.

— Quer me colocar como culpado? ...Talvez você tenha razão se o fizer.

— Não quero que ninguém seja culpado, na verdade. Gostaria que nada disso tivesse acontecido, já não aguento mais.

Olhei para Tom em busca de apoio, e senti-me traída quando o vi dar-me as costas sem pesar algum, iniciando passos muito bem tracejados para longe no corredor quase linear. Afastei-me da parede da cabine num impulso irrefutável, por pouco não me desiquilibrando, e ele parou, deve ter ouvido minha confusão.

— Espere, leve isso com você, eu não o quero — mostrei-o a insígnia. Tom balançou a cabeça.

— Não posso lhe tirar, não fui eu quem lhe deu. Você a ganhou sozinha, e... infelizmente, acho que terá de encontrar uma forma de lidar com isso. — Ele retirou momentaneamente uma das mãos do bolso e a abanou como um aceno em minha direção. — A propósito, prefiro seus cabelos soltos.

Suas palavras percorreram os trilhos até meus ouvidos e dissolveram-se neles, enquanto Tom desaparecia para dentro de uma das cabines lá longe. Ouvi o estridente arrastar de uma das portas próxima a mim, e Augusta e Paládio saíram de lá trazendo nas mãos seus animaizinhos — um gato e sapo respectivamente.

— Anne, em alguns minutos chegaremos em Hogsmeade. Por favor, coloque todos nos coches.

Entendi o que disse Augusta, sei que sim, mas não a dei atenção alguma, muito entretida com a insígnia que reluzia sob as lamparinas da locomotiva; a outra mão afagando as pontas retalhadas do longo rabo de cavalo. Cada vez que tentei colocá-lo contra a parede, Tom Riddle inverteu a situação e o fez comigo. Não fora diferente agora. Pergunto-me se em algum dia, uma vez sequer, ele já se sentiu encurralado como sempre me fazia sentir.

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