O céu sabe que estou infeliz agora
Não sei se entendo bem este papel que me foi dado. Naquela noite, me sentei e conversei com Deus, acredito que Ele riu dos meus planos, ou talvez seja minha cabeça que fale uma língua que eu não entendo. Com Hana bem ao meu lado, pude ter aquele pressentimento novamente, algo não estava certo. Ela não falava mais comigo, parecia me esconder algo e chorava enquanto dormia. Faziam dois dias, ela comia pouco e eu não dormia muito, curiosamente as dores de cabeça haviam cessado. Ultimamente eu sentia meu corpo pesado e cansado, de certeza era fadiga por noites em branco, mas sempre que eu apagava, aquela voz me impedia de dormir, era como se algo ruim fosse acontecer e alguém tentasse me avisar. Quem? Não fazia ideia, mas uma certa familiarização eu sentia no tom daquela voz.
A noite estava mais quente aquele dia, eu evitava encontros com os médicos, não queria que me obrigassem a voltar ao meu quarto.
— É tão triste quando isso acontecesse.
Levei minha atenção a senhora na cama, ela observava a televisão com tristeza, mas eu sabia que falava comigo.
— Veja garoto, é parecido com seu acidente — ela apontou à televisão — Imagine o quão triste seria se ele se apegasse tanto a garota, que não conseguisse partir?
— Talvez seja por ela não o deixar ir — aquela voz novamente ecoou em minha mente, olhei em volta e finalmente pude perceber o que estava acontecendo. Uma lágrima escorreu de meus olhos.
— Não tenha medo meu filho, está tudo bem.
— É impossível — neguei firmemente, ela me via e falava comigo, além de que eu estava lá.
— Quando foi a última vez que comeu? — a voz dela parecia serena, me acalmava e me deixava quente — Você não pode ficar aqui, tem que ir, para ela seguir em frente.
— Eu não tenho que ir para lugar nenhum. Eu tenho que esperar ela melhorar, vamos voltar pra casa depois disso e — a senhora pegou em minha mão.
— Só há um motivo para você estar aqui. É só querer que ela vai ver.
Aquelas palavras me deixaram confuso, não pude perguntar, não receberia uma resposta. Naquela noite Vovó adormeceu sem me dar uma resposta, e nunca mais acordou.
Aquela noite, diferente das outras, fora mais turbulenta. Eu caminhava pelo corredor, decidi tirar a prova, e para meu desespero, ninguém me notava. Senti um frio intenso junto àquela dor de cabeça estrondosa e apaguei. Ar fresco, flores e vagalumes. Onde eu estava? Me levantei, minhas vestes eram brancas e aquele lugar aconchegante e divino, por um minuto eu não quis voltar. Passei a caminhar, meus pés tocavam àquela água cristalina, ah como eu me sentia livre e revigorado. Como um sopro do vento fui arrastado. Caí em escuridão, seria aquele o inferno?
— Não vá.
Acordei prontamente em minha cama do hospital. Onde eu havia ido? Um sonho? Talvez real demais para um simples sonho, eu não tinha criatividade suficiente para criar um lugar como aquele. Mais e mais meu cansaço somava, eu queria dormir, mas algo me impedia fortemente.
Selei as costas da mão de Hana e sussurrei:
— Eu desistiria da eternidade para poder te tocar, pois eu sei que você me sente de alguma maneira. Você é a mais próxima do paraíso que sempre estarei... Eu não quero ir agora, tudo que posso sentir é este momento, tudo que posso respirar é a sua vida e mais cedo ou mais tarde se acaba. Não quero ficar sem você essa noite, mas para meu eu presente e para o seu eu presente, há respectivos amanhãs.
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