#07- A Mãe dos Deuses
Cronos, após destronar seu pai Urano, tomou como esposa sua irmã Réia, a quem o carvalho era consagrado. Réia, conhecida como a deusa da fertilidade e da maternidade, era uma das seis primeiras divindades titânicas, filhos de Gaia (a Mãe Terra) e Urano (o Céu). O reinado de Cronos, embora glorioso, carregava um peso terrível: uma profecia revelada por sua mãe Gaia e pelo pai moribundo Urano avisava que um de seus próprios filhos o destronaria, assim como ele havia destronado Urano.
Com medo dessa predição, Cronos tomou uma decisão cruel: devoraria todos os seus filhos para impedir que a profecia se cumprisse. Assim, durante anos, ele se recusou a gerar descendência. No entanto, Réia, como a personificação da maternidade, não poderia evitar a concepção. Quando engravidou, ao contar a novidade ao marido, foi recebida com falsa aceitação. Cronos, temendo a profecia, exigiu que cada filho que ela desse à luz fosse levado imediatamente a ele.
Quando Réia deu à luz sua primeira filha, Héstia, obedeceu ao comando de Cronos e levou a criança ao marido. Sem hesitar, ele engoliu a bebê viva. Devastada, mas sem poder resistir ao poder do marido, Réia foi obrigada a repetir o ato cruel com os próximos filhos: Deméter, Hera, Hades e Poseidon. Cada nascimento era uma alegria passageira seguida de uma dor insuportável.
Após ver cinco de seus filhos serem consumidos, Réia não podia mais suportar a brutalidade de Cronos. Determinada a salvar o próximo filho, ela arquitetou um plano ousado e arriscado. Quando chegou a hora do nascimento de Zeus, Réia partiu para o monte Liceu, na Arcádia, onde o ambiente mágico impedia qualquer criatura de projetar sombras, dificultando a localização dela. Ali, na calada da noite, deu à luz Zeus e lavou-o nas águas puras do rio Neda.
Réia então confiou Zeus aos cuidados da Mãe Terra, Gaia, que o levou para a ilha de Creta. O pequeno deus foi escondido na caverna de Dicte, onde ninfas e criaturas mágicas o protegeriam. Amalteia, uma cabra divina, amamentava Zeus com seu leite, enquanto as ninfas Adrasteia e Io, filhas de Melisso, cuidavam dele. Adrasteia alimentava o bebê com mel puro, enquanto Io embalava seu sono. Por fim, havia ainda uma águia encantada que todos os dias vinha de todas as partes do mundo contar novidades e instruir o jovem deus nas coisas da vida.
Para garantir que Cronos não ouvisse os choros do pequeno Zeus, Réia contou com a ajuda dos curetes, espíritos guerreiros que batiam suas lanças em escudos e entoavam cantos de batalha ao redor da caverna. Isso abafava qualquer som que pudesse alertar Cronos.
Enquanto isso, Réia retornou ao marido com uma pedra envolta em panos, fingindo que era o recém-nascido. Cronos, sem suspeitar da artimanha, engoliu a pedra, acreditando estar destruindo mais uma ameaça ao seu trono. Satisfeito, voltou ao seu reinado, sem saber que o destino que temia havia sido adiado, mas não evitado.
Zeus cresceu forte e sábio, protegido por Gaia e pelas ninfas. Zeus unindo-se a cabra Amalteia teve um filho sátiro (meio homem e meio cabra) que se chama Pã. Amalteia, a cabra que o alimentou, recebeu honrarias eternas: Zeus, em agradecimento, transformou um dos chifres da cabra na Cornucópia, o "corno da abundância", um símbolo de prosperidade infinita. Além disso, ele colocou Amalteia no céu como a constelação de Capricórnio, imortalizando seu sacrifício e cuidado.
Assim, Réia não apenas trouxe ao mundo os deuses mais poderosos do panteão grego, mas também desafiou o destino ao enganar Cronos e salvar Zeus, permitindo que a profecia se cumprisse e que a nova ordem divina prevalecesse. Por ser mãe de cinco dos treze deuses do Olimpo, é conhecida como Mãe dos Deuses.
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