#01- Origem do Universo
No início de tudo, existia apenas o Caos, um vasto abismo primordial. Era um vazio infinito, insondável e informe, repleto de energia latente e prolífica, mas desordenada. O Caos era a origem de toda a existência, uma matéria eterna que precedia a luz, as trevas, o tempo e o amor. Não havia fronteiras, nem movimento, apenas o vazio absoluto, onde o Grande Espírito habitava em um estado de sono eterno, inconsciente de si mesmo.
Não havia luz e não havia trevas, nem o tempo, nem o amor. Era o nada, um vazio total e nele o Grande Espírito vivia sem consciência de sua própria existência, mas a não-consciência do Grande Espírito não impedia sua existência, mergulhada em sono eterno, sono que pulsava em cadências de expansão e recolhimento.
Esse sono, porém, não era inerte; pulsava em ciclos de expansão e retração, um movimento contínuo que, com o tempo, deu origem ao Demiurgo, a força que começou a organizar o Caos em ondas de energia vibrantes. Nesse processo, o Grande Espírito despertou para a consciência de sua própria existência, e com isso surgiu o impulso criador. Expandindo-se pelo infinito, o Grande Espírito moldou o vazio, imprimindo nele a possibilidade da existência e transformando o caos em cosmos.
No coração do Caos, onde apenas escuridão sem forma existia, surgiu a necessidade de criar. Assim, a energia prolífica do Grande Espírito condensou-se em formas rudimentares, dando origem às primeiras divindades primordiais: Nix, a personificação da noite, e seu irmão Érebo, a escuridão profunda. Nix envolvia Gaia em seu manto negro, enquanto Érebo se tornava a própria essência das trevas que permeavam o submundo. Unidos, os dois coexistiam como forças opostas, mas complementares, que habitavam o seio do Caos.
Nix, a deusa dos mistérios e das bruxas, governava os segredos da noite. Dotada de um capuz que a tornava invisível, observava o universo em silêncio, sem jamais ser notada. Sua aura era tão poderosa que podia influenciar tanto a vida quanto a morte, até mesmo dos deuses. Érebo, por sua vez, representava a escuridão que consumia a imortalidade dos deuses e era senhor do cosmos e dos abismos mais insondáveis.
Após a criação de Nix e Érebo, o Caos deu origem a Gaia, a Terra, a primeira entidade divina tangível. Gaia continha em si tanto as partículas densas do mundo físico quanto as energias sutis do plano astral. À medida que tomava consciência de sua própria existência, ela começava a moldar a realidade, promovendo as primeiras transformações que dariam origem ao mundo material.
Do Caos também emergiu o temível Tártaro, um abismo profundo e sombrio localizado nas profundezas de Gaia. Tártaro era mais escuro que a própria noite e tornou-se a prisão onde os deuses aprisionariam seus inimigos mais terríveis. Era um local tão distante que, para viajar do Caos até lá, uma bigorna levaria nove dias e nove noites caindo, e só no décimo dia atingiria o solo. Todo ser que atingisse o Orco, sugado pela Terra e desnorteado por fortíssimos redemoinhos, mesmo no espaço de um ano, não conseguiria atingir os pontos extremos daquele mundo subterrâneo e não alcançaria a saída, a menos que fosse guiado por algum deus ou demônio do lugar. Era no coração desse mundo pavoroso, do qual até os deuses primordiais tinham medo, que vivia escondida atrás de nuvens negras, a Corte de Nix, a Noite.
Em sua solidão, Nix e Érebo uniram-se brevemente, e dessa união explosiva nasceram as primeiras manifestações de luz: Éter, a luminosidade pura que iluminava as camadas superiores do céu, e Hemera, a personificação do dia. Éter representava a luz celestial, enquanto Hemera era a guardiã do limiar entre o dia e a noite.
Hemera e Nix viviam juntas em um palácio além do Oceano, no extremo do Ocidente. Lá, nunca se encontravam diretamente: quando Hemera retornava ao palácio ao final do dia, Nix partia para cobrir o mundo com sua escuridão. Assim, a luz e a sombra coexistiam em perfeita harmonia, mantendo o ciclo eterno entre o dia e a noite.
Enquanto isso, Érebo afastou-se das divindades luminosas, penetrando nas entranhas da Terra e tornando-se a sombra do Orco, o submundo onde eram acolhidas as almas das crianças mortas prematuramente, dos injustiçados e dos suicidas. No sombrio domínio do Orco, as almas perdidas vagavam, incapazes de encontrar descanso ou saída sem a ajuda de um deus ou demônio local.
Gaia, por sua vez, tornava-se a matriz da criação, dando origem às mais prolíficas linhagens divinas e monstruosas. De seu corpo emergiram montanhas, mares e criaturas vivas, enquanto as forças do universo continuavam a moldar o cosmos.
No centro de tudo, o Caos permanecia como a origem primordial, o berço das forças criadoras e destruidoras, e o pano de fundo contra o qual o drama da mitologia grega começaria a se desenrolar. A partir desse estado primordial, as primeiras divindades estabeleceriam os alicerces para as histórias que, séculos depois, seriam contadas como os mitos que moldaram a cultura grega antiga.
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