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3

Vicente dirigia o fiat uno com cautela. Odiaria que aquela carroça se despedaçasse no meio da pista, o que não era improvável, e Roberto colocasse a culpa nele. Dois dias se passaram desde os últimos acontecimentos. Eram dois cabaços tentando fazer com que um recém-nascido não morresse. O destino havia sido cruel o garoto logo cedo. Agora Roberto cantava Primeiros Erros, enquanto segurava um pacote de tecidos que resmungava e se mexia sem parar.

— Não entendo muito de crianças, mas tenho a leve impressão de que ele não está muito confortável nessa posição. — Vicente falou encarando o companheiro pelo retrovisor.

Este o olhou de volta, com um sorriso de escarnio que, por algum motivo, torrava sua paciência e fazia com que o tique do seu olho atacasse.

— Ou talvez ele queira o colo do pai. — Ele tentou ajeitar melhor o bebê em seu colo. Olhou para o pequeno — Estou certo titio?

O garoto deu um resmungo mais alto que das outras vezes. De concordância ou discordância? Bem, impossível saber.

— Titio? — Vicente perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Sim, porque não? Inclusive, será que não está na hora de pensar num nome? Eu até tinha feito uma lista 'pra te ajudar. — Vicente resmungou — Pensei em Ernesto, ou Ricardo. Lafaiete também é interessante. O que acha de...

Vicente deixou de prestar atenção naquela conversa, focado em apenas um pensamento. Alguém ali estava ficando apegado. O obvio apontava para Roberto, mas Vicente estaria sendo injusto se não dissesse que preocupações que ele não queria que surgissem, surgiram. Todas relacionadas ao menino. Podia dizer que era por pura pressão devido ao sonho que teve com a mãe do garoto, mas havia algo mais ali.

Certamente sua decisão era um passo muito grande. Será que não devia indicar outra pessoa para fazer isso? Não, não funcionaria. Um nome. Dizem que quando se dá o nome é que o apego começa. Ele teria de escolher um nome.

— QUEBRAMOLAS!!

Vicente foi tirado de seus pensamentos com o grito de seu companheiro e um baque enorme. Se não estivesse de cinto com certeza teria ido parar no teto. O menino agora chorava alto.

— Para esse carro, eu vou dirigir. — Roberto falou decidido.

— Você não tem carteira.

— E você não tem jeito para dirigir o carro dos outro!

— E se a polícia...

— Pare. Este. Carro. Agora!

Tanto o drama do companheiro quanto o choro da criança já estavam lhe dando dor de cabeça. O tique do seu olho só aumentava. Por sorte um posto de gasolina surgiu no meio da estrada. Nem que o outro se esperneasse ele pararia o carro no meio de uma estrada deserta.

Parou próximo a conveniência. Desceu do carro, esticou as pernas e se espreguiçou. Roberto também saiu. Entregou o projeto de Ernesto/Ricardo/Lafaiete ao progenitor com um pouco de rudeza.

— Égua! Está levando sua mãe por acaso?

— Quanta gentileza.

O menino ainda chorava alto. Principalmente agora que seu pai o segurava sem jeito nenhum. O desespero bateu. Ele começou a balançar, afagar, ajeitar o garoto no seu colo. Olhou para o lado e Roberto já não estava mais ali. "Ótimo", ele pensou.

Seguiu balançando o garoto. Até cantarolava uma música de ninar, mas nada acalmava o menino.

— Você tem que se acalmar meu filho.

Uma voz rouca falou ao seu lado. Uma senhora, baixinha e curvada, vestida completamente de branco, estava ali. Ela se aproximou, pousou a mão gordinha de dedos roliços em seu ombro. O toque era leve.

— Se você não se acalmar ele também não vai. As crianças são sensíveis meu filho, elas sentem muita coisa.

Realmente, já havia percebido há um tempo que as crianças eram sensitivas. Mas não imaginava que isso se estendia a crianças tão pequenas. Nem a coisas que não fossem do outro plano.

De repente, toda a aflição que sentia se esvaiu. Os músculos, antes tensos devido ao nervosismo, relaxaram. Até soube segurar melhor o bebê. O recém-nascido parou de chorar e de mexer em desconforto. Tão rápido quanto surgiu, a senhora desapareceu, deixando o pai e o filho sozinhos.

Isso era estranho para dizer o mínimo. Desde que o menino nasceu só havia segurado ele uma vez, ainda na correria. Depois disso permaneceu evitando pegá-lo ou chegar muito perto. Era como se procurasse uma forma de fugir de sua responsabilidade. Como se quisesse fugir de possíveis laços. Evitou isso justamente pelo que estava acontecendo agora.

Seu coração mudou a batida quando os dois finalmente estavam confortáveis. De repente, ser pai pareceu não ser uma má ideia. Quer dizer, ele poderia ter alguém para quem voltar, para lhe esperar dentro de casa. Dizem que um ambiente com crianças é um ambiente mais feliz. Como seria aquela criatura tão pequena daqui a alguns anos? Será que se pareceria com ele, ou com a mãe? Seria uma criança mais peralta ou calma?

O resto da viagem foi regada por essas suposições, pensamentos e incertezas. Estava muito decidido quando tomou a decisão. A última coisa que ele queria, era estar tendo esse tipo de pensamento agora.

Chegaram em Petrolina exatamente no tempo previsto por Roberto. Seguiram direto, parando apenas quando o recém-nascido precisava de algo. A cada parada revezaram, aproveitando também para dormir nesse meio tempo. Chegaram em Petrolina por volta das quatro da tarde, mas só descansaram de fato quando estavam no interior da casa de Vicente. Mal chegaram e já procuraram um lugar para se deitar. Como fazia pouco tempo que o proprietário saíra dali, a casa não estava tão...largada. A noite de Vicente foi regada por um sono intranquilo.

Os sonhos se resumiam a conjuntos de flashes, que mudavam em uma rapidez assustadora. Era difícil enxergar o que estava acontecendo. Era quase como se estivesse míope. As figuras eram vultos, sombras. O que encerrou seus sonhos foi um grito alto de uma voz masculina, jovial, gritando por socorro.

Acordou de sobressalto com a respiração pesada, os batimentos acelerados, o suor escorrendo em bicas. Ele sabia o que era isso. Aquela era mais uma das visões que vinham tendo de vez em quando. Era sempre assim. De início, algo completamente estranho e difícil de entender, para depois, quando a visão se tornasse realidade, ele sentir aquela sensação de déjàvu. Não entendia do que aquilo se tratava agora, mas sabia de uma coisa. Não teria paz por tão cedo.

Não que ele esperasse algum tipo de férias. Desde que conseguiu encontrar a aldeia das Icamiabas não só sua vida, como tudo que estava à sua volta pareceu ter virado de cabeça para baixo. Agora, tinha que lidar com isso. Procurava a aldeia como uma tentativa de cataloga-la em seu livro(?), diário(?). Não imaginava que acabaria quebrando uma barreira, ou que deixaria a aldeia vulnerável. Nem que...teria um filho. Imaginou o porquê de tudo estar acontecendo só agora, mas se ateve a ideia de que, com certeza, o que estava acontecendo agora só foi um desdobramento de conflitos que ocorriam a muito tempo. Ele só foi um dos pontos de virada. Era melhor pensar assim.

De qualquer forma, tinha outra prioridade por agora. Um assobio estridente é agourento vindo de cima da sua casa tornaria um retorno ao sono impossível, ao menos para ele. Foi até a janela e falou, baixo o suficiente para não acordar as companhias e alto o suficiente para que a bruxa escutasse, que viesse buscar uma garrafa de cachaça pela manhã. O assobio não parou. Ele prometeu mais uma garrafa. O canto cessou.

Foi o primeiro a acordar na manhã seguinte, já não havia conseguido dormir direito mesmo. Passou o café, preparou a fórmula do garoto, baseado completamente em seu instinto e no que estava escrito na latinha, preparou também algo minimamente descente para comer. Antes das sete a bruxa chegou, batendo na porta de forma ritmada.

Para sua surpresa, não era uma idosa que o aguardava e sim uma mulher de meia idade, talvez com pouco mais que quarenta. Com certeza transformada recentemente. Estava parada do lado da porta com as costas na parede e um dos pés também apoiado na estrutura. Os braços estavam cruzados e a cabeça estava baixa, com as mechas escuras do cabelo impossibilitando a visão do seu rosto. O ambiente parecia mais pesado, mesmo com o sol já tendo nascido o lugar parecia escuro.

Ela se moveu apenas para pegar as duas garrafas de cachaça. Deu um risinho baixo e, no intervalo de tempo que Vicente piscou os olhos, ela desapareceu.

Vicente estava acostumado ao misticismo de sua terra. Aquela criatura foi a primeira do dia, mas com certeza não seria a última. Confirmou o fato após ver um senhor de idade, carregando um saco de estopa enorme nas costas, de postura curvada e de chapéu de palha olhando para sua casa pela janela da cozinha. Seus olhos encontraram os de Vicente. O senhor de idade meneou a cabeça, com uma das mãos no chapéu, deu um sorriso macabro e saiu caminhando.

Aquele dia também seria longo.

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