Marcos VI
Passamos a tarde toda dançando naquele shopping, batemos vários records juntos e passamos muita vergonha quando Angel caiu no chão tentando imitar um passo da música "I'm An Albatraoz".
Ao anoitecer voltamos a Praça de alimentação e jantamos dois enormes lanches, dormimos em uma pousada naquela noite, em camas separadas de um mesmo quarto.
Quando acordei não achei Angel no quarto, fui ao banheiro me despindo de minha camisa e de minha calça jeans, quem esquece o próprio pijama em uma viagem? Abri a porta do banheiro e uma escova de cabelo azul voou na minha cabeça.
— MARCOS! - Angel corou ao me ver seminu parado na frente dela, também pude sentir minha face ficar vermelha. A garota havia acordado primeiro que eu e já tinha tomado banho e trocado de roupa, penteava os cabelos quando eu abri a porta - COLOCA UMA ROUPA AGORA!
Fechei a porta e coloquei minhas calças de novo, que vergonha. Angel saiu e não olhou para mim, entrei no banheiro e tranquei a porta me despindo novamente e tomando meu banho.
Sai já vestido do banheiro, arrumei a minha cama e peguei minha mochila, Angel estava me esperando do lado de fora, estava sentada na escada que levava ao nosso quarto, estava mais quieta e menos sorridente que o normal.
Pagamos pela noite na pousada e andamos em silêncio até a praia, não sabia muito bem como falar com ela agora. Chegando na praia e ela se sentou na areia e eu me sentei ao seu lado, ela olhava para o mar com melancolia, e um pouco de receio.
— Tem medo do Oceano? - Era a primeira vez que ela falava comigo desde que saímos da pousada.
— Acho que medo não é a palavra certa, você tem medo do oceano? - Antes de ela responder uma musica alta começou a tocar, Angel se virou e eu imitei seu gesto, vimos uma grande multidão em torno de um palco, aparentemente um Reality Show Online estava promovendo uma espécie de karaokê na praia, Angel se virou para mim com os olhos brilhando, eu sorri e fomos correndo para até lá. Nos inscrevemos no quesito "Casal" e sentamos na areia para esperar a nossa vez.
— Me desculpe por hoje cedo na pousada, tenho o péssimo hábito de ficar tirando a roupa a caminho do banheiro, e não dentro do banheiro. – eu finalmente falei sobre o ocorrido de mais cedo.
— Está tudo bem, eu só me assustei. Não esperava ver um deus romano entrando pela porta do banheiro - ela sorriu e corou um pouco, eu corei também, estar com Angel fazia com que eu me sentisse bem.
— Angel e Marcos? É a vez de vocês - Disse um câmera que estava ali, em seu crachá eu podia ler o nome "Freedie B."
Subimos na pequena plataforma e as duas garotas donas do Reality fizeram nossa apresentação, nos explicaram que as músicas eram escolhidas aleatoriamente, fizeram tudo isso em meio a risadas e brincadeiras.
Angel segurou minha mão e pegou o microfone, peguei o meu microfone e olhamos juntos para a tela, vimos vários títulos de músicas passando até que a tela congelou em um titulo "Vejo uma porta abrir-Frozen" Angel olhou para mim com um sorriso e logo já estava cantando.
— Muitas portas se fecharam pra mim sem razão. De repente eu encontrei você - Sua voz se encaixava perfeitamente na musica, doce e suave, me perdi tanto em seu canto de sereia que me atrasei para minha parte da música.
— Eu passei a vida procurando emoção
Talvez esteja nas conversas ao se lambuzar de glacê.
— Com você.
— Com você tenho emoção.
— Vejo a razão.
—Não a nada igual a este amor sentir.Vejo uma porta abrir. Vejo uma porta abrir. — cantamos juntos.
Cantar junto com Angel foi uma das melhores sensações da minha vida, nem de longe eu cantava tão bem quanto ela, mas mesmo assim foi incrível. Ao longo da música começamos a dançar por entre o palco imitando vagamente a dança do casal quando dei por mim já estavamos no final da canção.
— Com você.
— Você.
— Vejo uma porta abrir.
— Posso te fazer uma pergunta louca? - eu já não estava mais no controle de minha voz e de minhas emoções, Angel me olhou intrigada, a musica já havia acabado e todos nos olhavam
Ela entrou na personagem e deu continuidade ao diálogo.
— Pode - ela disse e eu me ajoelhei em sua frente. Segurei o microfone com mais força, minhas mãos estavam frias e meu coração pulava em meu peito, olhei para os olhos da garota e sorri.
— Quer namorar comigo? – eu perguntei.
— GIBYYYYYY - Um garoto pulou no palco sem camisa, gritando o seu nome e segurando uma cabeça dele mesmo feita de plástico ou porcelana, isso fez com que Angel tirasse seus olhos arregalados de mim, ela começou a gargalhar alto e eu a imitei.
Saímos do palco aos risos e voltamos para a praia nos jogando a beira do mar.
Angel me olhou maliciosamente e mordeu o lábio inferior, ela se levantou jogando seus cabelos para trás e me puxando para o oceano, tivemos nossa guerrilha de água e acabamos quase afogando um ao outro mais de uma vez. Em uma dessas vezes, eu não conseguia voltar a superfície, em um breve instante de desespero me apoiei em Angel e finalmente voltei a superfície, depois de desfrutar da sensação de poder respirar tranquilamente, percebo que estou cara a cara com Angel minhas mãos em seus ombros, nossas faces a menos de um palmo de distância, olhei para ela meio sem jeito e comecei a me afastar, mas ela não deixou, ela colocou suas mãos em minha cintura e me puxou para mais perto, nossos corpos já estavam colados quando enfim ela me beijou.
Sua boca suave e macia dançava junto a minha, em um momento que eu não queria que acabasse nunca.
— Ele meio que é meu pai - ela disse assim que nossas bocas se separaram, abri os olhos e olhei para ela, ela ainda não deixava eu me afastar.
— Seu pai? - Perguntei sem entender, minha mente estava enevoada por conta do beijo.
— O Oceano, eu sou filha de Poseidon Marcos, preciso ir ao Acampamento Meio Sangue. – ela diz olhando para o horizonte.
— Agora? – eu pergunto com uma tristeza na voz.
— Tem de ser agora Marcos, obrigada, por tudo - ela enfim começou a se afastar mais para dentro do mar.
— ANGEL! - ela se virou e me encarou - Você não me respondeu - ela sorri, e sussurra um sim com os lábios, se virando e indo embora mar a dentro.
Neste exato momento pude ouvir a música que alguém cantava no Karaokê la na praia, música tema de outra princesa.
"O Horizonte me pede para ir
Tão longe, será que eu vou? Ninguém tentou.Se as ondas se abrirem pra mim de verdade.Com o Vento eu vou"
Dei um sorriso e fui embora.
***
A viagem até o Acampamento Júpiter foi solitária depois do meu encontro com Angel.
Tive a sensação de que alguém estava me seguindo, mas sempre que olhava para trás não via nada de suspeito, chegando no meu destino estranhei um pouco, não parecia haver nada de "Romano" por ali. Então um túnel me chamou atenção, ele estava mais ou menos escondido do outro lado da Rua, o tal acampamento Júpiter era ali, algo dentro de mim me dizia isso.
Atravessei a rua correndo e encarei o longo túnel que se estendia na minha frente, fui andando nele e me perguntando o porque de não ter ninguém ali, até ver literalmente a luz no fim do túnel. Segurei forte a adaga que trazia escondida em minha perna me perguntando se era melhor chegar armado, decidi que não.
Quando sai, a primeira coisa que veio a minha visão foi um rio, de águas escuras e traçado por uma ponte rústica, do outro lado uma espécie de muralha romana, com um portão enorme feito de madeira, atravessei o rio e abri a porta, quatro guardas vestindo uma armadura romana completa se assustaram ao me ver, dois deles correram as suas lanças e as apontaram para mim com um olhar feroz, um outro saio correndo e soou uma espécie de alarme, o ultimo me prendeu, e amarrou um pedaço sujo de pano em minha boca, me dizendo para ficar quieto.
Em poucos minutos o lugar estava lotado de soldados romanos fortemente armados, minha mochila junto do pacote foram novamente confiscados de mim pelo guarda que me amarrou, em meio a toda a algazarra uma mulher me chamou atenção maior, ela estava vestida de um modo diferente e dois cães, um de ouro e outro de prata, andavam ao seu lado, todos saiam da frente da mulher, seu olhar feroz e postura de superioridade me fazia acreditar que ela era a tal Pretora com a qual eu devia falar.
— Quem é ele? — ela perguntou para um dos soldados.
— Não sabemos Pretora Reyna – o soldados responde. – Kalife e eu pegamos ele do lado de fora, estava nos encarando de modo estranho.
— Tire essa coisa da boca dele para que ele possa falar. - O garoto tirou a mordaça improvisada de minha boca, e também desamarrou meus braços.
— Quem é você? - Reyna disse com uma voz fria, sua postura estava impecável, uma de suas mãos encostava em sua espada, mostrando que mesmo calma ela não estava de guarda baixa.
— Eu sou Marcos, filho de Bellona, irmão mais novo da Rainha das Amazonas Hylla três vezes imortal, venho entregar um pacote para a Pretora deste Acampamento. – eu disse, olhando para Reyna que me lembrava alguém.
Caos é a única palavra que podia descrever a reação de todos ali, os guardas mais próximos a mim se afastaram olhando para mim e para Reyna. Ela falhou por meio segundo e olhou para seus cachorros de metal, olhando para eles como quem esperava que fizessem algo, como eles não saíram de seu lugar, ela mesma tomou sua espada em mãos e pulou em cima de mim, me jogando ao chão e pressionando a espada contra minha garganta, não forte o suficiente para me cortar.
— Isso é alguma brincadeira de mal gosto? Saiba que não acordei de bom humor hoje garoto. - Sua voz transbordava raiva e confusão, seus olhos estavam cerrados e sua espada gelada no meu pescoço.
— O pacote, esta na mochila - disse com cuidado para não me cortar, ela se levantou e vasculhou minha mochila jogando tudo no chão até achar o pacote.
Me levantei e a vi rasgar o papel do mesmo modo que Hylla tinha feito, e como Hylla ela também ficou em choque ao ver o conteúdo do pacote, desta vez eu pude ver o que era.
Era uma pequena caixa com uma foto e duas pulseiras, na foto tinha três crianças, dois recém nascidos aparentemente gêmeos e uma garota maior, sorrindo enquanto segurava os bebês no colo, ambos estavam com seus nomes escritos na foto.
"Reyna Avila Ramirez-Arellano"
"Marcos Avila Ramirez-Arellano
Reyna estava tão em choque que simplesmente não conseguia falar nada, eu me aproximei dela e peguei a caixa com as pulseiras, uma delas com meu nome e a outra com o nome de Reyna, obviamente um presente de Bellona.
— Pretora Reyna, o que fazemos com ele - Perguntou o soldado Kalife.
— Preciso falar com a Câmera. Esta noite ele ira dormir em Nova Roma, amanha resolvemos os detalhes. Todos podem voltar as suas atividades normais. — ela disse ainda encarando a foto.
— Espera, você é minha irmã gêmea? - Ela não me respondeu, as pessoas ainda estavam chocadas mais obedeceram as ordens da Reyna.
Kalife me levou a Nova Roma, uma cidade totalmente normal e construída com arquitetura romana, fiquei hospedado em uma espécie de hotel durante todo o resto do dia, aproveitei para tomar banho, descansar das viagens, e pensar um pouco sobre minhas irmãs.
Como eu pude crescer sem saber disso? E Bellona, porque ela não me disse isso. . .
Com esses pensamentos eu acabei pegando no sono e dormindo.
No dia seguinte Kalife apareceu em meu quarto me acordando, disse que Reyna tinha mandado ele ali para me levar para treinar, enquanto resolvia os detalhes da minha chegada.
Kalife literalmente me abandonou em uma arena de treinamento, uma única outra pessoa treinava lá, um rapaz alto e bonito. Me aproximei dele.
— Oi, qual o seu nome? - disse dando a cara a bater mesmo, se fosse para ter amigos ali que seja logo então.
— Hey, sou Dean - Ele parecia concentrado, mas parou seu treinamento e apertou minha mão - Você é o Irmão da Reyna não é?
— Sim, filho de Bellona e você? - falei para puxar assunto com ele.
— Sou um Legado. Eaí, quer treinar? - eu queria mesmo é perguntar o que raios era um legado, no lugar disso fui treinar com o rapaz.
Treinamos pela manha toda, Dean me ajudava com a espada o melhor que podia. Depois de horas de treinamento, fomos almoçar, almoçamos juntos e perambuleamos por ai pelo resto da tarde, conversando e rindo.
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