Dean XVII
No caminho para o templo, encontrei Lia e Marcos que estava com o braço ferido enfaixado.
— Vejam só,– Lia diz sorrindo — O garoto reparador de templos.
Eu revirei os olhos para ela, que me olhou com seu costumeiro olhar de deboche, enquanto Marcos balançava a cabeça.
— Ei, – disse ele — Quer ajuda?
— Você não ia falar com sua namorada por mensagens de Íris? – perguntei. Marcos namorava uma menina do Acampamento Meio-Sangue, que descobrimos ser a irmã gêmea do famoso Percy Jackson (que por sinal, são meus tios gregos, isso é muito bizarro).
— Eu falo com ela depois – ele diz, dando de ombros.
— Se você quiser vir, tudo bem. – eu disse a ele e me virei para Lia — Você quer vir também, menina fumaça?
Ela revirou os olhos para mim.
— Você não sabe escolher apelidos, — diz ela — Ah... Eu vou sim, não tenho nada interessante para fazer mesmo.
— Ah, só vem com a gente quando não tem “nada interessante para fazer”? – eu pergunto fingindo mágoa. – Pensei que éramos melhores amigos, Lia Valdez.
Lia revira os olhos para mim, e Marcos fica olhando de mim para Lia. Ela e eu nos tornamos grandes amigos nos últimos tempos, -não que não sejamos muito amigos de Marcos, porque somos. Ele só é um pouco distraído - conto de tudo para ela e ela faz o mesmo. Já aprontamos muitas coisas juntos, a maioria relacionada a Marcos.
— Ah, sem drama, Bacalhau. – ela diz revirando os olhos. – Eu sou a dramática desse trio.
Dei risada dela, ela não tem jeito.
— Dean e eu somos o quê? – Marcos pergunta ainda rindo de Lia.
— Vocês são meus capachos, - ela diz colocando os braços no meu ombro e no de Marcos, apoiando seu peso em nós. – agora me carreguem, estou cansada.
Marcos e eu trocamos olhares e assentimos um para o outro, contei até três mentalmente e nós dois tiramos os braços de Lia de nossos ombros fazendo com que ela caísse de bunda no chão.
Ela olha para a gente com os olhos estreitos.
— Péssimos criados! – ela diz apontando o dedo em nossa direção. – Vocês que não fiquem espertos, irão ver a fúria de Lia Valdez.
Estremeci só de pensar no que ela faria. Entenda uma coisa, nunca, JAMAIS, comece uma guerra de brincadeiras ou pegadinhas com Lia. Ela sempre vai ser melhor (ou se preferir pior, porque as pegadinhas dela...) que você.
Ela se levantou e limpou suas calças, com um olhar que dizia “vocês estão mortos”
Marcos e eu olhamos um para o outro e suspiramos seguimos Lia que estava abraçada com uma estátua de Baco.
— Você vai me ajudar a dar o troco nesses dois, não vai querido. – Lia dizia para estátua, ficava olhando para o rosto de pedra dela.
Marcos olhou para ela e depois se aproximou de mim.
— Ela está mesmo pedindo ajuda para a estátua de Baco para se vingar? – Marcos sussurra olhando para Lia como se ela fosse uma lunática.
Eu apenas dou de ombro e observo a cena a minha frente. Agora Lia está acariciando o rosto da estátua e fazendo careta como se ela estivesse falando com um cachorrinho. Estreitei os meus olhos na em sua direção, conhecia Lia bem o suficiente para saber que ela está tramando alguma.
— Sabe, o povo aqui é aqui é muito chato. O Elliot é um saco, você tem sorte de ser pedra. – Lia diz colocando dedo no nariz da estátua. Marcos Olha para ela de um jeito engraçado e faz sinal como quem diz “Que louca”. – Mas, sabe o que ele é? Uma pedra no meu sapato. Tendeu? Pedra, se você fosse vivo acharia engraçado.
E ela continuou falando coisas assim, dizendo sobre o dia estar bonito e que semana passada ela quase virou “pedra” com o frio que fez, e ficou fazendo vários trocadilhos sobre pedras, alguns que eu nem sabia que eram possíveis, tenho que admitir, a criatividade dela é impressionante e um tanto bizarra.
Olhei para Marcos e ele começou a fazer uns gestos estranhos com as mãos, parecia que estava fazendo um versão de Karatê acelerada. Olhei para ele confuso, e o mesmo continuava com os gestos estranhos e balançando a cabeça para o lado.
— Marcos, você está bem? – Pergunto a ele depois volto a atenção para Lia. – Vamos logo até Lia, e ver o que ela está aprontando.
Marcos abaixa as mãos ao lado de seu corpo e me olha como se dissesse “sério”.
— Era isso que eu estava tentando dizer, mané. – ele diz caminhando para a frente.
— Porque você não disse logo? – eu pergunto tentando entender meu melhor amigo.
— Eu estava tentando ser sutil. – ele diz como se fosse óbvio. O que não era.
— Você precisa rever seus conceitos de ser sutil – eu digo olhando para ele.
– Fazer uma versão esquisita de Karatê acelerado, não é sútil.
Ele resmunga uma coisa em latim e começa a se aproximar de Lia que ainda está numa conversa com a estátua de Baco. Quando Marcos está se aproximando de Lia eu seguro seu ombro o parando, ele me olha confuso e eu apenas faço um sinal para ele esperar.
— Hey fumacinha, - eu digo chamando sua atenção para mim. – está tudo bem?
— Mas é claro. Porque não estaria. – ela diz com uma voz doce e inocente, duas coisas que não se encaixam em Lia.
— Tem certeza? – pergunto estreitando meus olhos para ela que me olha como se estivesse ofendida.
— Tenho! Não confia mais em mim, Deanzinho? – Ahá! Ela está tramando alguma. Pessoal, nunca se deixe levar pelos diminutivos de Lia, isso não é bom.
— Hmm... No momento, tenho minhas dúvidas. – digo e ela sorri para mim e volta sua atenção para a estátua.
Marcos decide ir até Lia, eu o sigo para poder ajuda-lo se Lia aprontar alguma coisa.
Irmos até Lia foi um erro, e eu sabia disso antes mesmo de ir até lá. Mas NÃÃO o idiota aqui deixa seu melhor amigo ir para a morte certa e segue ele ainda.
No momento em que pisamos para um pouco mais perto de Lia, eu vejo o momento em que ela abre as mãos como se estivesse soltando algo... e ela estava.
Me bato mentalmente no momento em que um calor invade o ambiente, e uma esfera de fogo cai diante de nós, e eu só tenho tempo de me colocar na frente de Marcos para que o maior impacto seja em mim. Já que descobrimos que eu consigo aguentar uma certa temperatura por conta de eu ser neto do deus do mar.
Assim que a esfera tem contato com o solo, ela causa uma explosão, fazendo com que Marcos e eu voássemos para longe, arremessados como bonecos de pano contra o templo de Júpiter. O impacto foi tão forte que eu pensei que viraria pedacinhos de Dean. Olho para o lado e o movimento me faz resmungar algumas palavras nada gentis sobre Lia.
— Ah, acho que quebrei minhas costelas – Marcos resmunga, ao fundo posso ouvir Lia rir.
Me levanto e olho em sua direção. Lia estava fazendo a “dancinha da Lia” que era a dança da vitória, enquanto murmurava “Lia, Lia, Lia, ela é demaisssss”, é a única coisa que ela dança estranho.
— Isso é para vocês nunca mais aprontarem com a mestra aqui. – ela diz apontando o dedo para si mesma.
Reviro os olhos para Lia e me levanto e Marcos me acompanha resmungando vários palavrões em latim.
— Tinha que ser tão apelona assim, Foguinho? – Marcos resmunga limpando suas roupas.
— Ah, nem foi tão apelão, você que é muito Lady! – Ela diz revirando os olhos. – Agora vamos que temos um Templo para arrumar.
E seguimos Lia em direção ao Templo, paramos na frente do barracão abandonado.
— Uou – Lia assoviou – esse é Templo de Netuno? Até as forjas do meu pai devem ser mais ajeitadas que isso.
Marcos deu risada e deu um aceno para concordar com Lia.
— Pois é, - eu digo olhando para os lugares que precisam arrumar. – Vamos logo com isso, temos muito trabalho.
E bota trabalho nisso.
Lia Marcos e eu dividimos tarefas, eu fiquei com a parte de dentro enquanto os dois ficaram com a parte de fora.
Lavamos o Templo de fora a fora e depois começamos a pintar. Se você acha que não teve guerra de tinta, pense melhor, Lia estava com a gente. Ou seja, ela jogou um pote de tinta em Marcos que revidou, quase ficamos sem tinta para pintar o Tridente da porta.
— Lia segura essa escada direito. – Marcos reclama com Lia, ele está terminando de pintar o Tridente.
— Relaxa ai Lady – ela diz revirando os olhos – Você acha que eu te deixaria cair?
— Não duvido muito. – ele murmura.
— Eu deveria queimar suas sobrancelhas e te deixar cair só por esse insulto a minha doce pessoa – ela diz.
Esses dois brigam como dois irmãos mas, não se largam e defendem um ao outro com unhas e dentes. É divertido ver esses dois juntos, são como irmãos mesmo.
Termino de pintar a porta do Templo ao som das trocas de insultos das duas crianças que são meus melhores amigos e me sento para comer algumas das coisas que eu trouxe para comermos.
— Os dois ai, que tal pararem de brigar e vir comer um pouco? – eu digo e Lia é a primeira pessoa a correr para pegar comida. Ela nunca nega comida, e quando ela estiver de mau humor é porque não comeu. Então nunca deixe de alimentar Lia, senão ela vira o Zezé dos incríveis quando acaba o biscoito.
Ficamos em silêncio em quanto comíamos, observei o nosso trabalho e vi que estava bom. Peguei um suco e comecei a tomar.
— Não ficou nada mal – A voz de Reyna rompe o silêncio.
Engasguei com o suco que estava tomando com sua chegada repentina, ela estava de volta com sua costumeira trança de lado e com sua armadura completa, e deu um sorriso para meu susto.
— Estamos aqui a quase quatro horas – diz Marcos, sorrindo para a irmã.
Os dois são gêmeos mas, a única coisa que tem em comum são a cor dos olhos e do cabelo. Marcos é muito descontraído, nem parece um filho de uma deusa da guerra. Já Reyna é séria e rígida, mas ultimamente vem estado um pouco menos séria. Lia e eu conseguimos fazer ela sorrir mesmo que ela tente mascarar com um olhar de repreensão.
— Nunca tinha visto este templo tão arrumado, como estou vendo agora – Reyna diz, com um pequeno sorriso, ela olha para Lia e Marcos e vê o estado em que eles estão. – Acho que vocês não pintaram só o templo.
— Foi a Lia que começou – Marcos aponta para Lia que mostra a língua para ele.
— Que maduro dizer isso. – Lia diz para ele.
— Disse a madura que me mostrou a língua. – Marcos retruca de volta.
Reyna e eu ficamos encarando os dois enquanto eles voltam com suas discussões diárias. Volto minha atenção para Reyna que ainda observa os Lia e Marcos com um pequeno sorriso no rosto. Ela e Marcos são gêmeos mas, eles não tem nada haver um com o outro, a única coisa que eles tem em comum são a cor dos olhos e dos cabelos só.
Ela percebe que a estou encarando e volta sua atenção para mim, arqueando sua sobrancelha esquerda para mim. Ficamos nos olhando por alguns instantes, é algo comum entre a gente nesses últimos meses, nos falamos as vezes e rápido já que Lia sempre aparece e começa a nos provocar com coisas que não existe.
Não sei o que tem em Reyna que me atrai para ela, que sempre faz com que meus olhos a encontre mesmo que eu não esteja procurando por ela.
Ela desvia o olhar e volta sua atenção para seu irmão.
— Marcos, – ela chama o chama e não me olha mais – tem uma mensagem de íris para você.
— Angel nunca me liga duas vezes na semana. – Marcos diz com o rosto franzido de preocupação e se levanta limpando suas roupas.
— Eu vou com vocês também – Lia diz se levantando e olha para mim – Vai precisar de mais ajuda, menino reparador?
Balanço a cabeça e dou risada.
— Não, podem ir. Eu levo essas coisas – eu digo a ela que se aproxima de mim e bagunça meus cabelos.
— Então até mais tarde, Bacalhau. – ela diz se aproximando, Reyna que olha de Lia para mim, como se estivesse nos analisando.
— Vamos então, - ela diz. Eles se despedem de mim e saem.
Fico sentado por uns instantes e começo a recolher as coisas que usamos, e a comida que quase nem tocamos.
Me levanto limpando minhas mãos e entro no templo. Algo no altar me chama atenção, algo brilhante. Me aproximo e vejo uma espada dourada, o cabo da espada está cravados com conchas e no meio um tridente de prata. A espada deve ter uns 23 centímetros, é feita de dois gumes, um lado é Ouro Imperial e o outro é de Bronze Celestial.
Um presente de Netuno. Sorrio e pego os pães que Marcos e eu não comemos e coloco no Altar.
— Obrigado, - eu digo. E os pães somem com um puff, deixando uma suave brisa do mar.
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