Olhe para mim, querida
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Um mês depois
Não teria como dizer nem em um milhão de anos que eu já passei por tal inferno. Me arrependo dessa decisão a partir do momento que o veneno começa a se espalhar. Como meu corpo está aguentando? Eu queria muito saber. Sinto como se ácido tivesse sido injetado em minhas veias e meu corpo todo fica rígido, extremamente tenso.
As coisas ficam sombrias, mas eu nem consigo abrir a boca para soltar algo coerente, como um pedido de misericórdia. Apenas me contorço e solto gemidos querendo que parem de me machucar. Eu fiquei com raiva. Que ideia mais estúpida! Estava sendo torturada e havia sido mesmo escolha minha?! Eu devia estar muito chapada mesmo!
Eu quero arrancar minha própria pele, meus olhos, eu quero muito, desesperadamente, morrer.
Hoje é meu aniversário, eu não devia nem de longe estar sofrendo assim. Era para ser um dia tão bom quanto os anteriores, que agora só me parecem em um passado bem distante. Tem algo estranho acontecendo, eu sinto que há algo errado com os meus sentidos e tento não pensar nisso, mas se não pensar em qualquer coisa, só terei a dor imensurável.
Eles me avisaram que iria doer, mas, porra, nunca sonharia com isso. Nunca nem em meus piores pesadelos. Seriam três dias? No primeiro eu já anseio por arrancar minha cabeça. Eu quero chorar, mas não consigo.
Eu estou abdicando a mortalidade, nunca mais serei frágil, nunca mais serei a garota em apuros enrolando os caras maus até que alguém chegue para me resgatar. Eu deveria sentir algum alívio com isso, mas parece que ele só virá muito, muito depois. Eu estou a um século de distância da paz eterna.
Por favor, alguém me mata. Pensamentos positivos é o meu ovo, eu quero que eles façam isso parar. Se minha mandíbula não estivesse tão tensa, eu mandaria todos para o inferno por fazerem isso comigo. Por deixarem e apoiarem eu fazer isso comigo.
Eu ouço tecidos se roçando sob mim, acho que não me tiraram da cama de Jasper. Ouço conversas longe por mais que estejam indistinguíveis por causa do meu cérebro sendo frito. Sinto o cheiro de terra molhada, produtos de limpeza, flores, frutas. Minha mente começa a agir a um milhão por hora. Sou fuzilada com informações e vozes que estão embaçadas como um espelho depois de um banho quente. Quero chamar por Jasper, quero que ele me socorra e faça isso parar, mas então lembro que o veneno em meu corpo é dele e desejo ardentemente matá-lo.
Não consigo pensar racionalmente. Tem alguém aqui comigo, mas sinto como se meus ouvidos estivessem tapados e não consigo entender o que a pessoa me diz enquanto sinto sua mão em meus cabelos. Parece que tem coisas demais em cima de mim. Muita roupa, muita sujeira. Eu nunca estive tão agoniada em toda minha vida.
Eu quero o papai.
Eu falei com ele uma década atrás. Bella e eu contamos a ele o que iria acontecer, mas claro que tínhamos que provar que aquilo não era uma gracinha muito tosca e infantil. Saímos para pescar com meu velho, eu falei, Bella falou. Charlie viu tudo com muito ceticismo e até certo deboche, mas, uma vez que o viramos para que ele olhasse na direção de Jasper — que nem devia estar lá, para meu pai —, eu vi meu velho desmaiar pela primeira vez. Fazia sol este dia, a visão surreal do garoto que o prometeu que se casaria comigo estar brilhando devia ser demais.
Ele demorou para processar, só que, depois que Carlisle veio falar tudo para ele, papai parou de surtar e andar com uma arma de um lado para o outro pela casa. Ele está paranoico, ainda pior de como eu fiquei quando foi minha vez.
É. Ele não aceitou muito bem de cara, mas sempre que ele tem alguma pergunta eu respondo o que ele precisa saber com a maior cautela de cuidar da imagem desses vampiros com ele. Foram dias longos, mas as coisas estavam se encaixando e eu não pedi permissão para virar um monstro da noite. Talvez ele fique bem puto com a distância que ficaremos, mas eu vou cuidar de tudo como sempre cuidei.
Caterine Heather Swan sempre dá um jeito e, caso os Volturi apareçam e descubram o que ando aprontando, eu deverei estar mais do que pronta para derrubar a hierarquia. Vou cuidar dos meus para sempre e com todas as minhas forças porque isso é tudo o que tenho.
Seth me prometeu que nada mudaria entre nós, já Jake também não gostou nada da ideia por causa de Bella. Minha sósia deve estar no quarto de Edward passando pelo mesmo, mas não ouço um pio de sua parte. Eles não se resolveram ainda, mas teriam até o fim do mundo para tal.
Para, faz isso parar, uma voz dentro de mim ecoa, roubando toda a atenção para si. Eu ouço passos para todos os lados, parece até que estão pisando em mim, alguém corre e o movimento corta o vento. Algo frio vem contra minha pele mas não sinto que é algo físico. Não serve para me livrar da dor, mas a ameniza um pouco e eu fico desesperada por mais daquilo, queria todo aquele remédio.
— Jasper.— consegui chamar entre dentes, houve uma agitação no cômodo e eu senti sua mão em meu braço— Jasper.— repeti. Poderia estar soando ríspida, mas estava muito difícil de falar. Ele respondeu, eu não ouvi, parecia que eu estava presa em alguma caixa a prova de som. Sabia que ele estava usando do seu dom, estava tentando tirar minha dor e isso só me fez querer chorar de novo. Outra vez, não consegui.
Eu não vou aguentar isso.
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Jazz, onde você está? Parece que a noite virou dia e a dor não passa. Se desse, eu gritaria sem parar, mas não dá. Por favor, eu só quero algum alívio.
Eu juro que vou esmagar a cabeça de todos assim que conseguir me mexer! Não tenho o mínimo de controle sobre meu corpo e é sorte deles.
Para. Para. Para. PARA. Por favor, para. Eu solto um gemido e o cheiro de Jasper volta. Reconheço tão facilmente que parece irrelevante.
— Já vai passar, Caterine, eu prometo, isso vai acabar.— é a primeira vez que eu o entendo, o estupor foi embora e eu quero olhar para ele, mas é como se fosse doer menos se eu continuar com os olhos fechados. A voz de Jasper está... diferente. Não consigo formular um elogio enquanto queimo no fogo do inferno, mas devo dizer que ele merecia um agora.
Consigo identificar um relógio em movimento em algum lugar da casa. Além das vozes de Rosalie, Emmett e a televisão, tem um relógio fazendo tic-tac com a maior lerdeza do mundo. Concentro-me nele enquanto Jasper tenta me acalmar com seu dom, mas quando chego ao número oitocentos, Jasper falha. Não imagino o desgaste que ele está sentindo vigiando duas garotas em transição, mas sou egoísta a ponto de querer que ele fique comigo mais ainda. Queria lhe alcançar com a mão, mas não lembro nem como é que se faz isso.
⋆⋆⋆
É o inferno de todos. Acho que não poderia existir morte tão dolorosa e lenta quanto essa. O tempo deve ter parado, e eu ignoro deliberadamente os consolos que minha família me dá. Quero que eles se fodam. Não, não está acabando, seus filhos da puta.
Ah, e eu achei que nunca poderia odiá-los! Retiro todas as coisas boas que falei sobre essa família.
Quando eu acho que não pode piorar, o fogo se intensifica em meu peito e meu coração martela tão rápido que eu pensei que nem poderia acompanhar.
— Só mais um pouco— dizia Alice com sua voz que parecia massagear meus tímpanos. Estava tão tranquila e aparentemente sorria, como eu a invejei. Parecia tão serena!
— Não sei como elas conseguiram ficar sem gritar— Emmett comenta, soou realmente surpreso. É uma afronta.
— Jasper...— eu clamei, em pura agonia, queria piedade. Muito lentamente, quase parando, eu sentia um avanço na ponta dos dedos e dos pés. Era o tão almejado alívio. Queria me agarrar na esperança de que estava acabando mesmo.
— Bella acordou— Esme cantarolou, ouvi passos se afastando, meu público foi ver minha irmã primeiro.
Eu sentia que vomitaria meu coração, mas então, de um segundo para o outro, tudo parou.
Foi como se meu corpo tivesse sido tirado da tomada abruptamente e eu afundei no colchão, causando seu rangido de protesto. Senti um desgaste absurdo, mas meu coração parou de bater e eu não sentia mais dor.
Eu estou morta.
Meu corpo está tão mais leve. Meus olhos se remexem sob as pálpebras e eu respiro fundo, sinto o ar fazer cócegas em meus pulmões e é uma sensação engraçada.
— Olha pra mim, querida— a voz de Jasper ecoou por todos lados e então, eu abri os olhos.
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E aqui vão as notas finais de mais uma fanfic finalizada com sucesso!
Eu definitivamente ainda não sei lidar com despedidas, mas espero que você tenha gostado de como a história começou e terminou porque eu estou perfeitamente satisfeita.
E aí? Gostaram de Caterine? Ela agora é oficialmente umas das minhas personagens favoritas, gostei muito de escrever ela, aaa, minha nova xodó.
Sim, a história termina com as perguntas de vocês: qual vai ser o dom dela? Como ela vai lidar com o sangue? E seu futuro? E a família de Jasper? Os Volturi? Hmmm, quero deixá-los na curiosidade, mas ouso dizer que essa mulher vai ser uma vampira foda pra caralho!
Enfim, gays, eu posso vir a postar um bônus no futuro sobre a lua de mel deles, mas vai depender do meu humor, só um capítulo de putaria que eu sei que vocês gostam.
Já tá me seguindo né???? Trate de ir ler minhas outras histórias, meu amor, não vai se arrepender, prometo. Foi um prazer entreter vocês, eu amo a todos e espero ver cada um novamente.
Por agora é só, pessoal! Adios.
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