Ela tá surtando
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Já chega.
Eu estava com raiva e bagunçava meus cadernos ao jogá-los pela cama. Eu quero que se foda a escola e a vagabunda da professora de física que passou a porra de um teste surpresa e todo mundo.
Chega. Eu vou dar um jeito na minha vida e vou colocar tudo na linha, resolvendo, antes de qualquer coisa, o problema com Victoria.
Como se tudo não fosse o suficiente, a desgraçada ainda está nos rondando de maneira incansável, e eu quero matá-la. Como eu cheguei até essa conclusão? Eu fui de uma não tão boa estudante para uma péssima e zerei a porra da minha prova e eu simplesmente disse que chega de distrações. Eu não vou deixar que controlem minha vida. Não quero que o amor todo errado me incomode, muito menos que a tristeza me imobilize. Eu posso ser mais forte que isso e eu vou ser o pesadelo do que me tira o sono.
Hoje, terça feira, depois do enterro de Harry Clearwater, eu vou dormir na casa de Seth depois de passar um longo dia discutindo com Sam Uley. Ele vai me ouvir. Todos vão me ouvir um bocado, porque eu estou genuinamente cansada de ter minha opinião ignorada como se não fosse simplesmente a melhor opção no jogo.
Eu não durmo há três noites. Estou louca de energético e provavelmente estourar não é o melhor a se fazer, mas eu estou ardendo em chamas, minha garganta chega a estar inchada de tanto em seco que estou engolindo. Arrasto Bella comigo, como papai já quis voltar para o trabalho, estávamos sozinhas em casa.
— Cat?— Bella chamou confusa, ela não iria dormir lá e eu interrompi sua lição de casa para a agarrar pelo braço e a enfiar na picape a força— Cat, o que foi?
— O que foi?— eu repeti, ligando a picape e dando um sorriso sádico— Você vai ver.
— Caterine, não acho que seja uma boa ideia você dirigir, você está péssima...
— Sabe o que não é uma boa ideia, Bella?— eu a ignorei saindo da garagem com o carro.— Não é uma boa ideia me ignorar. Sabe por que? Eu detesto ser ignorada, tratada como uma porra de uma criança. A quanto tempo eu já não digo que a gente pode resolver isso? Porra, agora, oficialmente, temos o cão e o gato, e eu vou obrigá-los a caçar juntos, quer queiram, quer não.— eu gesticulava agitada e piscava com força para manter meus olhos funcionando.
— Não sei se estou te entendendo— Bella disse inofensiva, até um pouco ingênua, está meio que voltando a ser ela mesma depois de ter visto Edward na escola. Está mais fechada, voltou bruscamente para as velhas roupas. Não gosto muito de vê-la de marrom, uma vez que ela fica tão bem de rosa, mas eu penso mais afundo nas questões por trás disso depois.
— Não. Claro que não, parece que ninguém entende, eu falo alguma língua morta por um acaso?— eu não queria soar grossa, não necessariamente com a Bella que nem de longe deveria ser um alvo da minha fúria, mas estou tão enérgica que todos que estiverem ao meu redor vão pagar o pato.
— Desculpa-
— Cala a boca— a interrompi, ela obedeceu de pronto— Olha, os Cullen e os lobos vão matar Victoria por nós.
— Mas eles não-
— Foda-se que eles não se gostam, se são inimigos naturais ou o caralho. Isso é ridículo e eles vão superar. Os Cullen nos devem isso. Sam e os outros... bem, eles não nos devem porra nenhuma, mas são nossos amigos e eu vou fazer com que eles se tornem maleáveis.
— Caterine, por que...
— Eu estou no meu limite, Isabella— eu falava em uma voz alta e frenética, meu pé ia fundo no acelerador em direção à La Push.— Tá? Eu estou no meu limite! A gente vai dar um jeito nessa porra. Porque eu não quero morrer sendo assassinada por uma vampira filha da puta que se acha no direito de querer se vingar! Eu não quero repetir de ano, porque eu estou indo muito mal na escola, não consigo focar no meu trabalho... e Seth mal está falando comigo, o que Jasper me disse não sai da minha cabeça e eu só quero matar aquele imbecil, egoísta, filho da puta!
— Você falou com Jasper?— Bella ficou surpresa, não tinha a mínima intenção de contá-la tão cedo.
— Isso não importa, ele pediu desculpa, mas não vai ser perdoado a menos que se jogue no chão para que eu pise em cima. Isso é o que ele merece depois de achar que a opinião de Edward Cullen pesa mais no nosso relacionamento do que a minha!
— Caterine, desacelera, você está me assustando— ela disse, tensa. Só então olhei sua pose, Bella estava com as mãos no painel e olhava para a estrada freneticamente embora a nossa maldita picape não seja minimamente capaz de passar dos 90km-h.
Eu não consegui mudar por um minuto longo, a tensão aumentou e eu sei que estou causando um caos desnecessário. Apertei o volante com força, precisava descontar minha raiva em alguma coisa, mas não precisa ser algo que deixe minha irmã com medo. Cerrei os dentes e relaxei um pouco o pé no acelerador. Ergui os dedos lentamente e vi como eles estavam tremendo.
— Caterine, me deixa dirigir, você precisa parar um pouco.
— Eu tô bem— eu disse, defensiva. Não falamos mais nada.
Por sorte, eu ainda me lembrava bem da localização da casa de Sam Uley, e também não é como se fosse um labirinto, foi fácil chegar até ele. O homem estava saindo no exato momento que pudemos avistar sua casa depois de muitas arvores. Ele pareceu confuso, o fim de tarde trazia uma luz alaranjada sobre nós e sua pele parda tinha um destaque bonito. Sempre sem camisa, acho que, sendo tão quentes, os lobisomens não gostam mesmo de ficarem cobertos. Eu desci da picape e dei meia volta nela indo de encontro para o alfa.
— Cara, você é bem gostoso, pra ser sincera— são as palavras que eu despejo sobre ele, sem nem pensar. Sam me olhou com curiosidade.
— Ela usou alguma droga?— ele perguntou para minha gêmea.
— Ela tá surtando.— Bella deu meio sorriso sem graça e encolheu os ombros.
— Olha para mim!— estalei os dedos para que eu cativasse de volta a atenção do moreno na minha frente, a quase dois metros de distância.
— O que, veio até aqui para me assediar, garota?— ele bufa. Poderia ser uma coisa meio cômica, mas Sam nunca sorri e há algo levemente familiar no seu jeito de ser. Isso me irrita.
— Eu tenho uma ideia para pegar Victoria!
— Já falamos disso, não vamos usar você de isca, Swan— ele cruzou os braços enormes. Porra, que vontade de morder.... Tem alcool naqueles energéticos? Que inferno, eu não consigo controlar minha língua nem minha linha de raciocínio.
— Vou fazer isso com ou sem vocês, mas de preferência com. Porque eu preciso de reforços e não quero ter que lidar com os Cullen sozinha.
— O que os Cullen tem a ver com isso?— Sam conseguiu, incrivelmente e de maneira surreal, ficar mais carrancudo do que já é.
— Eles tem tudo a ver e, embora eu não possa dizer que foram eles que desencadearam, eles poderiam ter impedido há um tempo, mas eu não quero mesmo ficar me remoendo de passado ou eu juro por Deus que vou meter uma bala na minha boca.
Os dois me encararam em silêncio, os rostos indecifráveis e eu não tenho tempo de me importar com isso agora. Já deu pra mim.
— Me escuta, Uley— arregalei os olhos, ele me mediu de cima a baixo e eu sei que estou muito esbaforida para ser levada a sério, mas eu não vim para não tentar— Precisamos atrair Victoria. Acredito eu, os vampiros são mais rápidos então eles vão ficar mais longe para correr e cobrir uma area maior. Alice Cullen tem um dom que pode ser muito útil e isso os dará uma puta vantagem. Enquanto você e... como você os chama? Seus suditos?— fiquei confusa por um instante, Sam revirou os olhos.
— Minha alcateia, Caterine. Minha alcateia.
— Tá, sua alcateia me cobre de uma distância segura e eu tento dialogar com ela...
— Caterine, ela vai matar você!— Bella disse, incrédula— Victoria não vem para dialogar, ela vem para se vingar, dá pra você parar de ser suicida?!
— Ela vai sentir nosso cheiro, teríamos que nos tornar invisíveis e, se ficamos longe, vai dar tempo de ela te matar. Um piscar de olhos. Nada adiantaria. Não podemos fazer isso, Swan— Sam dizia. Eu o ignorei livremente. Sim, nós podemos, vocês que não estão nem tentando ver, eu pensava.
Hesitei um momento. Precisava de alguém lá, alguém rápido o suficiente. Alguém que pode fazer com que Victoria nem o reparasse.
— Preciso falar com Jasper— sussurrei.
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