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Capítulo XX - Sentidos Depravados.

NOTAS INICIAIS

Muitas mudanças na vida! Enfim, aqui está mais um capítulo! Nossa revisora está com problemas, e por isso o capítulo ainda não foi revisado. Mas resolvi disponibilizá-lo para vocês ainda sim! Perdão por qualquer erro ou frases confusas. Nos vemos lá embaixo!


CAPÍTULO XX — Sentidos Depravados.

"Você pode até querer provocar um redemoinho, mas não espere receber uma brisa como resposta."

— Dalton Menezes.


Condado de Oxford, Inglaterra.

Município de Pinewood.

02/07 - Quinta-feira.

05:22 P.M.


O sol já ameaçava se pôr quando Blake Torrance finalmente conseguiu marcar um encontro com Jesse Evans. Assim que Jacob pronunciou a ideia de recrutá-lo para a tarefa, Torrance não pareceu surpreso, dizendo:


—Eu também pensei no Herói. — Estava centrado no piano, disfarçando diante das câmeras na sala de música. —Mas o cara sempre parece ocupado com alguma coisa, é difícil conseguir tempo com ele.


Jacob não pôde deixar de pensar em como aquilo soava irreal, visto que Evans sempre surgia para encher sua paciência nos mais diversos momentos. Tamanha disponibilidade de horário para o infernizar pintava-o como o ser humano mais desocupado do mundo, mas o ponto de Blake foi provado quando demoraram horas para conseguir que Jesse aparecesse para vê-los.

Havia um local no pomar que, naquela semana, tornou-se seguro em relação às câmeras, devido ao fato de que algumas árvores atrasadas no calendário de poda se apossaram dos aparelhos, que precisaram ser desligados para evitar o risco de curto circuito. Jacob escutou vagamente a conversa de alguns coordenadores sobre isso, e a informação logo veio a calhar.

Ele guiou a irmã até o local, onde esperariam Blake aparecer, preferencialmente acompanhado de Jesse. A dupla ficou um bom tempo ali, aguardando, até finalmente serem abordados por Torrance, sozinho:


—Consegui, vai vir encontrar a gente. — Contou, um pouco suado pela velocidade com a qual veio ao encontro deles. —Mas foi difícil, ele tinha companhia, então não deu para explicar a situação completa. Ele não estava nada afim de se meter nessa treta, até eu mencionar que o Jacob também se envolveu. Não sabia que vocês eram amigos.

—Não somos. — Jacob deu um longo suspiro, já prevendo o que estaria por vir.


Blake franziu o cenho, mas não insistiu no assunto. O trio, então, esperou. E quando todos já perdiam as esperanças, foram assustados por uma voz vindo detrás de onde se posicionavam:


—E então, no que é que você andou se enrolando, Jake? — O sorriso gatuno de Jesse se estendeu de orelha a orelha.


Jacob revirou os olhos, enquanto Mackenzie e Blake puxaram Jesse para um canto, alegando que contariam tudo a ele, mas que não seria bom que o mais velho dos White soubesse de todo o caso.

Então, Jacob se afastou deles mais alguns passos, e tentou não observá-los, até que ouviu Evans exclamar:


—Ele realmente não sabe de nada?!


A fala, que foi dita em tom de desdém e estranha satisfação, o fez encarar o trio, deparando-se com um olhar petulante de Jesse, que mirava-o de cima a baixo. Havia um sorriso surpreso em seu rosto, mas não dava para saber se Evans gostou ou não da nova informação. Era difícil decifrar se Jacob agora tornara-se um objeto de menos, ou mais interesse ao tal Herói. De qualquer forma, fez uma careta de reprovação em resposta àquela postura.


—Bom, agora que está à par de tudo, precisamos de ideias, Herói. — Blake conduziu o grupo novamente para junto de Jacob.

—Vocês sabem o que precisam fazer, tem que apagar tudo o que foi filmado naquele dia. — Jesse não pareceu muito assustado com a ideia, como se lhe fosse algo corriqueiro. —Não dá para confiar tanto assim na obsessão que os adultos têm pelo garotão ali. — Jacob quase fez outra careta, mas se conteve.

—Exatamente. Se alguém vir a filmagem daquela câmera, eu... — Mackenzie começou.

—Não, não só daquela câmera. — Evans começou a andar, quase em círculos. Não aguentava ficar parado por muito tempo. —De todas elas. Esse dia precisa sumir do mapa. Não vai demorar para enfiarem especialistas no caso, e qualquer mínimo detalhe pode ser uma pista até vocês dois.


Mackenzie concordou, embora temesse que a tarefa se tornasse cada vez mais complicada, em uma bola de neve de ações arriscadas.


—Você precisa jogar tudo fora. Tudo que usou naquele dia. — Evans parou diante dela.

—Jogar... Fora? — O apego pelas peças se fez em mente. —Não tenho como esconder, até meus pais virem visitar a gente? Mando tudo embora com eles depois! Posso abrir um buraco na parede, um cofre no piso, qualquer coisa. Ou... Quem sabe fazer isso no dormitório de outra pessoa aleatória, assim ninguém vai procurar lá, ou...

—Gosto do seu jeito de pensar. — Jesse sorriu. Esconder coisas com pessoas aleatórias era uma das suas táticas preferidas. —Mas não vai funcionar. Se estamos falando de algo tão grande assim, esse lugar vai ser colocado abaixo até encontrarem alguma pista. Vocês estão cutucando uma onça gigantesca com uma vara muito curta.

—Ok... — Suspirou ela, pensando nos sapatos e bolsa que perderia.

—Você devia fazer a mesma coisa. — Se dirigiu para Blake. —Na minha opinião deviam queimar tudo, é o melhor jeito de não deixar rastros.

—Onde acha que vão "queimar" isso?! Pode levar horas! — Jacob pontuou. Estava certo de que chamar Jesse foi a única solução, afinal de tramoias o garoto entendia muito bem, mas odiava a ideia de seguir seus conselhos cegamente.


Evans sorriu, e foi até Jacob, se colocando à sua frente. A diferença de altura era mínima, mas Jesse precisou erguer o queixo um pouco para que o azul dos seus olhos encontrasse os dele.


—Eu tenho uma ideia pras câmeras. — O sorriso gatuno permanecia inabalável. —Posso fazer as imagens sumirem. Mas com uma condição.

—Qual seria? — Mackenzie engoliu em seco, temendo que o garoto lhes pedisse algo que não pudessem fazer.

Ele vai comigo. — Pronunciou articuladamente, encarando com uma pitada de travessura a preocupação no rosto de Jacob.


[...]


Jacob esperava impaciente, em um corredor vazio próximo ao refeitório. Trazia consigo uma mochila surrada e, dada a ansiedade que se apossou do seu corpo durante toda a madrugada, estava o mais arrumado possível.

Não conseguia parar de olhar por cima dos ombros. Ainda era muito cedo, poderia se meter em encrenca caso alguém o visse acordado em plenas cinco e meia da manhã.

O café só seria servido dali uma hora e meia, e não era comum haverem estudantes pelo campus naquele horário, embora não fosse necessariamente proibido. Mas Evans foi categórico: quis que se encontrassem naquele espaço para que, se fossem abordados, pudessem fingir que passava mal, e que Jacob o guiou até o refeitório para que ele forrasse o estômago antes de tomar algum remédio.

Mas seu "comparsa" estava atrasado. Parado ali sozinho, Jacob não tinha ideia mirabolante alguma para justificar sua presença no corredor.

Finalmente, viu o outro se aproximar. Jesse não demonstrava pressa alguma, tampouco preocupação. Quem o visse poderia dizer que era apenas um estudante normal, à caminho de uma aula de matemática, ou qualquer coisa entediante que não envolvesse nada absurdo como o que estavam prestes a fazer.


—Por que demorou tanto?! Estou plantado aqui faz meia hora! — Sequer começaram, e já se sentia emburrado.

—Bom dia, Jake. Que mal humor... — Sorriu. —Sempre pensei que você fosse uma pessoa matinal.

—Ainda não respondeu minha pergunta. — Ignorou-o, franzindo o cenho.

—E você ainda não me deu bom dia. — Fez uma careta fingida, como se estivesse tão bravo quanto o outro. —Precisei ajeitar umas coisas.

—Não podia ter feito ontem?!

—Não, ué.

—Então por que me mandou esperar aqui desde as cinco?!

—Porque você não teria nada pra fazer além disso. — Deu de ombros. —Vamos Jake, antes que sua rabugentisse me contagie.

—Não me chama assim. — Resmungou, e o seguiu em silêncio pelo corredor.


[...]


Agora, a dupla estava o mais perto possível da área administrativa, em um espaço próximo às primeiras câmeras que poderiam vigiá-los, mas ainda fora da vista delas. A sala de vigia ficava por lá, mas ainda não era hora de se aproximarem tanto.


—O que exatamente estamos esperando? — Jacob inquiriu, impaciente.

—O momento certo.

—E quando vai ser esse momento?!


Jesse, que antes espiava os arredores, mirou o comparsa, e disse:


—Como você dorme a noite com essa ansiedade toda?! Tem que relaxar, cara. — Em partes queria provocá-lo, em partes falava sério. Não fazia o tipo que distribuía sermões, mas era fato que ambos precisavam estar tranquilos para tudo ocorrer bem.

—Como posso relaxar se você se recusa a me dizer o que vamos fazer?! — A verdade era que mal dormia a noite, mesmo.

—Tá, tem razão. Mas vai estragar a surpresa. — Fingiu desapontamento, revirando os olhos. —É simples. Quem está vigiando as câmeras agora é a funcionária da noite. Daqui alguns minutos, o turno dela acaba, e entra o próximo funcionário, Charles. Você acha o Charles bobo, Jake? — Arqueou uma sobrancelha para ele, que nem sabia de quem se tratava. —Pois ele não é. Existe uma sala de descanso aqui, para alguns funcionários. Lá tem café, frutas, bolachas, essas coisas. E nosso abençoado Charles todo dia vai para a sala de vigia, troca de turno com a outra funcionária, espera alguns minutinhos, e sai pra tomar seu café da manhã. A sala fica vazia.

—Então ele simplesmente larga tudo desprotegido?! — Mesmo que na situação atual isso os beneficiasse, Jacob não conseguiu deixar de pensar na negligência e irresponsabilidade do funcionário.

—Eu disse que o Charles era bobo? — Repetiu a fala de antes. —Não, né? Então. Ele nunca deixa a sala por muito tempo. Só coisa de uns cinco minutos, no máximo, em dias normais. Mas hoje não será um dia normal. — Um lampejo traiçoeiro tomou conta do seu semblante.

—Não vou amarrar ninguém, nem apagar ninguém, nem distrair ninguém, nem quebrar nenhuma câmera, nem... — Se adiantou. Existiam muitos limites para o que podia fazer sem comprometer sua inocência no caso.

—Mas aí não sobra plano nenhum! — Arregalou os olhos enquanto exclamava. —Estou brincando, calma, calma. — Desmentiu, rindo diante da cara preocupada e severa que o outro fez. —Não vai ter que fazer nada, Jake. Até porque, preciso de você do meu lado o tempo todo. É bem mais simples do que parece. Charles todo dia joga no lixo da sala dos funcionários um potinho de iogurte desnatado, e sem lactose. Já ouvi ele comentando com outros que sua intolerância é grave, que ele fica preso no banheiro por um bom tempo... — Sorriu. —E não foi difícil trocar o rótulo dos iogurtes da geladeira. Não tinham muitos, de qualquer jeito. Era isso que eu estava fazendo antes de te encontrar.

—Você... Mas como... — Mais uma vez, Jesse conseguia chocá-lo. —Lá tem câmeras também, todos os lugares tem câmeras, como você consegue fazer essas coisas?!

—Em breve você vai descobrir. — Adorava criar um suspense. —Odeio compartilhar meus segredos, mas agora que não tenho escolha, vai ser divertido.


Ainda existiam muitos pontos em branco naquele plano. Certo, Charles ficaria fora por um bom tempo, mas isso não era tudo que precisavam. Teriam de entrar e sair da sala sem ser vistos, além de dar um jeito de abrir a porta.

Jacob encostou numa parede, deixando a nuca pender para trás. A tensão nos músculos, embora também exprimisse seu estado nervoso, era muito agradável aos olhos, como Jesse não tardou em reparar, inspecionando-o sem discrição alguma.


—Como você sabe de tudo isso?! Não é possível que tenha bolado esse esquema todo de ontem pra hoje. — Suspirou, processando o nervosismo com dificuldade.

—Já tem um tempo que quero entrar naquela sala, por minhas próprias razões. — Com seu permanente sorrisinho, encostou na parede oposta à de Jacob, de forma que estivessem virados um para o outro. —O problema de vocês me caiu como uma luva. Sabia que faria isso por Mackenzie, eu também ainda vou acabar me metendo em muitas dessas por causa do Onze. De qualquer forma, foi a desculpa perfeita para te trazer comigo.

—Me trazer com você?! E o que quis dizer com "precisar de mim por perto" o tempo todo? Por que me obrigou a vir, sendo que claramente poderia fazer tudo isso sozinho?! — Cruzou os braços, frustrado.

—Estamos prestes a nos enfiar em uma das áreas mais vigiadas desse lugar, e pouco frequentada por estudantes, ué. Ninguém da nossa idade vem aqui sem ter bons motivos... E você sempre tem bons motivos para fazer isso. — Fez uma pausa perniciosa. —Se eu for visto aqui, preciso de uma boa desculpa. E você é a desculpa perfeita. Se alguém perguntar, o que não vão, já que só de olhar pra essa sua carinha angelical todo mundo te dá carta branca, você vai poder me encobrir. Ninguém vai duvidar do magnífico Presidente do Grêmio Estudantil, a promessa máxima da escola, o futuro ministro da Inglaterra, o... — A fala soava com um deboche teatral.

—Já entendi. — Cortou-o. —Então sou só seu álibi.

—Você é meu trunfo, golden boy. — O sorriso travesso retornou aos lábios. —É minha carta na manga. — E gostava de tê-lo ali.


Ficaram calados, já que Jacob não teve a mínima ideia de como responder àquilo. Sabia o que as outras pessoas pensavam dele: quem não ia com a sua cara, como Jesse, costumava apontar com desdém o fato de os adultos o bajularem. Não gostava necessariamente daquela atenção toda. Embora fosse útil quando bem manipulada (o que ele logo aprendeu a fazer, assim que se deu conta da dinâmica dos mais velhos na sua presença, e em tudo que podia conseguir a partir dela), também era irritante. Podia ser muito desagradável ser pressionado a não sair da linha, assim como ser provocado com palavras como as que acabara de ouvir. Mas não reclamava, já viu exemplos opostos ao seu, de pessoas que estavam sempre em maus lençóis com os adultos do colégio, e definitivamente não era bonito. Preferia estar na posição em que se encontrava, do que na deles.


—Ainda não acredito que você não sabe de nada... — Jesse comentou, referindo-se ao fato de que o outro não tinha o menor conhecimento sobre a situação do PHS. Com que desculpa ficaria no encalço de Jacob, agora?!

—Acredite. E não quero falar nisso. Se minha irmã diz que é melhor eu não saber, confio nela.

—É, nesse caso, a ignorância pode ser bênção... Ou pode ser só ignorância mesmo, sem propósito...

—Já disse pra parar de falar.

—Tá bom, tá bom, parei... — Deu uma risadinha. Olhou para Jacob, e percebeu que este evitava encará-lo, mirando qualquer outra coisa. —Mas que me pegou de surpresa, pegou. Você parece exatamente o tipo de pessoa que estaria envolvida nisso tudo até o último fio de cabelo.

—Mas não estou. Chega. — Uma das pernas começou a se mexer, num tique ansioso e involuntário.


Pelo tique, Jesse percebeu que a cabeça dele estava cheia de preocupações. Isso poderia atrapalhá-los: nada pior do que excesso de cautela em uma situação que precisava fluir rapidamente. Precisava distraí-lo.


—Não vou mentir, estou feliz por essa oportunidade. Finalmente vou poder usar isso aqui. — Tirou algo do bolso.

—O que é isso? — A curiosidade venceu Jacob, que se dignou a observá-lo. Jesse segurava um pedaço de metal meio amorfo, fino, com cavidades estreitas na ponta. —Que tipo de chave deformada é essa?

—Um tipo bastante... Especial, de chave deformada. Ainda vai me abrir muitos caminhos... — Guardou de volta no bolso, satisfeito. —Fiz para usar no jogo de Polo Aquático. Mas não deu certo... Quer dizer, não consegui pensar em nada que pudesse fazer sem terminar com alguém morto afogado. Ia ser uma bagunça muito grande. Também quebrei a cabeça para encontrar um jeito de usar ela no Basquete feminino, mas não sou fã de sabotar as partidas das garotas. Acredito que elas são perfeitamente capazes de fazer isso sozinhas, se quiserem. — Confessou, dando de ombros.

—Você não tem absolutamente nada melhor pra fazer, não?! — E lá estava Jacob, com seu rosto perplexo. —Caralho, você só pensa merda!

—Muitos palavrões de uma vez, Jake. Dois na mesma frase?! Aposto que quebrou algum tipo de recorde pessoal. — Provocou ainda mais, o suficiente para Jacob perceber, e se controlar. —Não vou mentir, sempre gostei de dar umas aprontadas. — Recordou suas traquinagens da infância com nostalgia. —Mas esse lugar... — Olhou em volta. —Esse lugar realmente tira o melhor de mim.

—O pior. — Resmungou.

—Talvez, dependendo do ponto de vista. — Sorriu. —Mas o que mais eu poderia fazer aqui?! — Ficou mais sério. —O que mais qualquer um de nós... — Apontou para a própria camiseta do uniforme. —...Poderia? Vocês têm dinheiro. Patrocínio, treinamento. Privilégios. — Aquele olhar determinado, revoltado e talvez um tanto ameaçador, que poucas vezes cruzava-lhe a face, apareceu. —Vocês herdaram suas vantagens, Jake. — Dessa vez, falou o apelido com mais aspereza que o comum. —Nós criamos as nossas. — Respirou fundo. —Se eu precisar trapacear, trair, enganar, roubar, o que for preciso pros meus amigos não serem humilhados totalmente de graça pela sua turminha ridiculamente privilegiada, eu vou fazer. E não espere que a sua desaprovação me convença do contrário.


Jacob ficou estático. Piscou algumas vezes, mudando a visão de direção outra vez. Se antes não queria encarar Jesse, agora não sabia ao certo nem como o fazer, por mais que quisesse. Aquilo esclareceu algumas coisas. Não o fazia aprovar as condutas desonestas dele, mas pelo menos revelava motivações melhores do que ele ser apenas um maluco fissurado pelo caos. Embora talvez fosse um, mesmo assim.

Jesse não demorou para retornar ao seu estado habitual. Logo o ar despreocupado voltou à face. Não quis prestar muita atenção em Jacob. De fato não ligava para sua aprovação. Pelo menos, não tanto.

Então, checou o horário no celular.


—Está quase na hora. — Falou, quebrando o gelo.


Jacob não respondeu, mas espiou de canto ao perceber que o garoto tirou a própria mochila das costas, e apanhou algo dela. Era um... Inseto? Não. Prestou mais atenção, e percebeu que apenas parecia um grande inseto, mesmo não sendo. Tratava-se de algo mecânico. Ao mesmo tempo, Jesse pôs em mãos um pequeno joystick*. Era tão minimalista e compacto, que podia ser controlado com uma mão, usando somente o dedão para mover a peça para frente, para trás e para os lados.


—O que vai fazer com isso? — Não hesitou em perguntar, mas seu tom foi mais humilde do que acusador, dessa vez.

—Lembra quando disse que alguns segredos preferia guardar pra mim mesmo? — Ativou o pequeno inseto-robô. —Esse era um deles. Mas, não tenho como escapar da sua curiosidade agora, tenho? — Sorriu sem olhá-lo, ainda "concentrado" no que fazia. —Você é espertinho, ia ligar os pontos de qualquer jeito. O fato é que nem sempre podemos sair apagando as imagens de todas as câmeras do mundo. Não podemos excluir todas as filmagens de hoje, por exemplo. Só algumas, para confundir eles. Outro fato é que, aqui, as câmeras são guiadas por movimento. Colocaram aquela gaiola nelas, para ninguém conseguir quebrar, mas todas ainda conseguem seguir qualquer movimentação. — Então, o robô-inseto começou a flutuar. —E esse meu drone é perfeito para desviar a atenção delas, e criar pontos cegos. Nas imagens, ele vai parecer só um inseto. E essa cidade toda é uma floresta gigante, ninguém estranha quando vê um desses perambulando por aí.

Jacob tinha as sobrancelhas erguidas, mas não negativamente. Na verdade, não podia negar estar um tanto admirado. Aquilo era bem engenhoso. Jesse percebeu, e orgulhou-se.


—O melhor é que consigo controlar do bolso. — Colocou o joystick na calça, e por mais que desse para ver sua mão se movimentando dentro dela, não era possível identificar o controle. Conforme ele movia os dedos, o robô-inseto planava por perto. —Ele funciona à bateria. Quando está carregado pode trabalhar por umas horinhas... Fui eu quem construí. Não deu pra usar as melhores peças do mundo, mas funciona.


Então foi assim que o garoto despistou as câmeras para entrar no Grêmio Estudantil. 


—Como aprendeu a fazer isso? Teve aulas de robótica? — Jacob percebeu a estupidez da pergunta assim que ela deixou seus lábios.

—Robótica? — Arqueou uma sobrancelha, desdenhoso. Mas percebeu como o outro já estava ciente da própria burrice, e não acentuou-a ainda mais. —Minha mãe tem uma oficina, Jake. E eu tenho internet, e um cérebro.


Antes que pudessem concluir aquela conversa, foram surpreendidos pelo que aguardavam: a troca de turnos entre vigias aconteceu. Como esperado, logo em seguida o guarda se dirigiu para a sala de descanso, onde teria seu desagradável encontro com iogurte integral.

Então, a dupla se calou e começou a movimentar-se em direção à sala. O robô-inseto ia na frente, distraindo as câmeras e abrindo caminho, enquanto Jacob o observava com certo fascínio, mas não tanto, já que sua cabeça pouco conseguia desfocar do número gigante de regras que estavam quebrando a cada passo. Mas era por Mackenzie, e por ela faria qualquer coisa.

Chegando até a porta da sala, Jesse parou, e deixou o robô-inseto pousar na câmera que a guardava, protegendo-os. Tirou do bolso a chave deformada e "especial" que exibiu anteriormente. Colocou-a no buraco da fechadura, e fez alguns movimentos estranhos, enquanto Jacob, que não achava que aquilo funcionaria, vigiava todo o entorno com medo de que alguém os pegasse no ato.


—Cara, se essa porcaria não funcionar... — Resmungou, receoso.

Vai funcionar. — Assegurou, totalmente confiante.

—Então anda log... — Antes que pudesse concluir a fala, a porta se abriu com um pequeno "click".

—Eu disse. — Jesse, com ar convencido, segurou-a aberta para o outro entrar no cômodo, que bufou ao passar por ele.


Lá dentro, Jacob não soube exatamente o que fazer, já que não tinha muito papel em todo o ato além de estar lá para encobrir Jesse. Então, ligeiramente em pânico, deu um passo para o lado e apenas observou seu imprevisível comparsa em ação.

A sala não era muito grande. Haviam três computadores, e muitas telas nas paredes. Uma das máquinas estava ligada, e todas as telas transmitiam as filmagens câmeras de segurança. Percebia-se que as imagens eram quebradas em alguns quadrados, e cada um mostrava um ambiente do enorme campus. Muitos outros locais eram vigiados além dos exibidos ali, mas aqueles deveriam ser os mais importantes.

Jesse tratou de ligar os dois computadores desligados, e jogou a própria mochila surrada no chão. Abriu um dos bolsos laterais dela, e tirou de lá dois pen-drives, um vermelho e outro azul. Os três computadores então, mesmo o que estava ligado anteriormente, requisitaram senhas de acesso. Evans colocou o pen-drive vermelho em cada um deles. Quando o fazia, uma sequência de códigos brilhava na tela por alguns segundos, e de repente, num passe de mágica, o aparelho estava desbloqueado.


—O que é isso?! — Jacob inquiriu, limpando gotas de suor insistentes no rosto bonito.

—Um código que tenho usado nos computadores daqui. Aperfeiçoei ele lá no Grêmio Estudantil, sabia? — Provocou. —Aquela sala foi útil em muitos sentidos...


Jacob tentou não comprar a provocação, afinal Mackenzie precisava daquilo, e se Jesse não tivesse aperfeiçoado o tal código, talvez todo o plano não fosse possível. Mas era difícil escutar aquele garoto convencido e não se irritar.


—Esse código não vai deixar rastros? — Quis certificar-se.

—Claro que não. — Agora, a resposta de Jesse foi mais seca. Estava concentrado no que interessava: precisava localizar as filmagens do dia anterior, e algumas daquela manhã, e deletá-las.


Não demorou para encontrar o que procurava. Não demorou para fazer nada, na verdade: seu corpo se movia agilmente, passando veloz de um computador para o outro. Quando tinha que digitar, era rápido e muito preciso. Jacob mal conseguia acompanhar seus movimentos, impressionado com a naturalidade deles. A postura de Jesse era de um talento nato para a arte das façanhas impossíveis, e severamente ilegais.


—Um já foi. — Jesse contou, indicando que as imagens tinham sido apagadas de um computador.


Porém, seu ato seguinte causou estranhamento no silencioso espectador. Ele, ao invés de deixar o computador e partir para o seguinte, continuou usando-o. Então, plugou seu pen-drive azul neste, e uma barra de preenchimento surgiu na tela. Jacob estreitou a visão, e leu os dizeres "transferindo arquivos" enquanto a barra se preenchia lentamente.


—Você vai roubar imagens?! — Inquiriu. Aquilo definitivamente poderia levar a mais problemas.

—Eu disse que tinha meus próprios motivos para querer entrar aqui... — Deu de ombros. Enquanto os arquivos eram transferidos para o seu pen-drive, o garoto foi para a próxima máquina, e começou o procedimento de excluir as imagens dela.


Aquele computador demorou mais, elevando os níveis já estratosféricos de ansiedade de Jacob. Quem quer que fosse o usuário daquela máquina em especial, era muito cauteloso, e tomou precauções para proteger as imagens. Mas precaução nenhuma poderia deter o vasto conhecimento das artimanhas tecnológicas de Jesse Evans, muito menos sua determinação sobrenatural para conquistar o que desejava.

O tique na perna de Jacob retornou. Aos poucos, a ficha do que estavam fazendo o esmagava cada vez mais. Se fossem descobertos, as consequências seriam terríveis. Então, levantou o olhar para as filmagens passando nas paredes, e sentiu o sangue gelar. O coração, já acelerado, quase saiu pela boca. A camisa do uniforme grudou no corpo suado, e o calor da pele poderia ser sentido até mesmo à distância. Tudo isso pois, se não bastasse a situação em que se encontravam, uma segurança se aproximava, fazendo sua ronda.

A mulher parecia desavisada, sem grandes razões para alarde nos arredores. Ela passou ao lado da sala das câmeras, sem lhe dar importância. Jacob engoliu em seco. Ver a funcionária tornou os riscos ainda mais reais. Precisava se distrair, ou teria um ataque nervoso. Não queria notificar a presença dela a Jesse, para não atrapalhá-lo (não que acreditasse que qualquer coisa pudesse distraí-lo, mas enfim), mas sua garganta passou a estreitar-se de forma que, se não dissesse algo para aliviar a própria tensão, sentia que pararia de respirar.


—O que é esse diabo de caderno?! — Jacob não viu, mas Jesse sorriu. —Toda hora te vejo por aí com isso. Por que trouxe?!

—Curioso você reparar. — Ouviu-se um risinho. —O que seus olhos ficam fazendo aí embaixo, "toda hora"?


Jacob, percebendo que, de fato, poderia ser interpretado como dando uma boa encarada no corpo do outro, enrubesceu.


—É difícil não ver um negócio desses. — Tentou controlar o constrangimento na voz, disfarçando.

—Que negócio, minha bunda ou o caderno? — Outra risadinha. Jacob foi incapaz de responder, era impressionante como às vezes Jesse lhe arrancava as palavras. —Se quer saber, eu não confio mais em computadores nem em celulares. Já hackeei coisas demais para confiar qualquer informação a algo assim. Falando nisso, esse aqui também está limpo. Falta só um. — E passou para o último computador.

—O que de tão importante você escreve aí? — Questionou, reparando em como o caderninho parecia muito cheio e surrado, com páginas grossas e amareladas.

—Tudo. — Contou, ainda concentrado. —Eu documento, Jake. Como acha que vou ter controle sobre o que eu faço, se não documentar? Não posso me dar ao luxo de esquecer alguma coisa. Já cometi esse erro antes, e foi uma vez pra nunca mais.


Então era isso. Provavelmente, ali existia todo tipo de informação mirabolante sobre seus planos traiçoeiros.


—Realmente acha que isso está mais bem protegido no bolso de trás da sua calça do que num arquivo na nuvem? — Franziu o cenho.

—Yep. Certeza absoluta. Tenta pegar, e veja o que acontece... — A fala foi maliciosa.


Jacob não tinha muito interesse nisso, por enquanto. 


—Pronto, terminei. — Desligou todos os computadores que não estavam previamente ligados.


Certificaram-se que estariam sozinhos no corredor, e não perderam mais tempo, saindo da sala. A ação toda aconteceu em mais ou menos vinte cinco minutos. Moveram-se depressa para fora do setor administrativo, mais uma vez com a ajuda do robô-inseto. No percurso, viram ao longe o vigia voltando para o seu posto, com uma mão em cima da barriga e uma cara péssima. Jacob sentiu pena dele, mas soube que não tiveram escolha.


—E agora? — Jacob odiava, mas estava à mercê das próximas instruções de Jesse.

—Agora você me segue. Trouxe o que eu pedi?

—Sim... — Temia pelo desfecho daquela empreitada, que ainda não chegara ao fim.

—Ótimo.


[...]



Jesse e Jacob chegaram até os jardins. O robô-inseto não foi necessário em grande parte do caminho, mas agora seria. Atravessariam o buraco no muro.

Teria sido mais fácil, se quando estavam prestes a fazê-lo, Jacob não notasse a aproximação de um segurança. E para piorar, era um dos que o conheciam muito bem.

George Lace começou a trabalhar no colégio fazia pouco tempo. Era um cara tímido, que deu algumas escorregadas no começo. Jacob simpatizou com ele, e o ajudou a se estabelecer no lugar, recrutando-o para ajudá-lo com assuntos pertinentes ao Grêmio Estudantil. Aquela certa proximidade entre eles caiu em mal momento, agora. 

Jacob percebeu que o homem grande, mas muito gentil, se aproximava, querendo talvez algum contato. Precisava afastá-lo indiretamente.

Então, sem tempo para alertar Jesse sobre a presença de George, Jacob segurou no braço dele com uma mão, e com a outra arrancou uma flor lilás do arbusto mais próximo. Estava de costas para o segurança, e entregou a flor para Evans com um olhar que dizia "temos companhia...", e o garoto entendeu, avistando o guarda pelo canto do olho, e aceitando a flor como presente. Havia um sorriso tão malicioso e irritante em sua face, que fez seu remetente quase lhe dar um soco em resposta.

Como previsto, o segurança George saiu correndo dali, com as bochechas coradas e a sensação de que presenciou algo que não deveria. Odiaria arruinar um momento daqueles para um menino tão bom como Jacob, embora a ideia dele estar com outro garoto fosse novidade.


—Não vou nem dizer que não sabia que você faz o tipo romântico, porque sei que isso está incluso no pacote Príncipe Encantado, mas uma flor, pra mim? — Caçoou Jesse. —Que amor, Jake! — E colocou a flor atrás da orelha direita, fazendo graça.


Jacob ignorou-o e foi até o buraco no muro, atravessando-o. Mas não conseguiu ignorá-lo por muito tempo, já que não sabia para onde iam, e precisaria segui-lo pela floresta (para o seu desespero).

O robô-inseto foi guardado, visto que não seria necessário na floresta. Não falaram muito, embora as investidas de Jesse para provocá-lo fossem constantes. No caminho desconhecido, aos poucos Jacob sentiu os sintomas físicos de ansiedade se dispersaram, tornando-se mais toleráveis. Ainda estava quebrando regras ao sair pelos muros, mas o robô-inseto garantiria que não fossem pegos. Além disso, deixou aos seus amigos instruções para despistarem qualquer um que procurasse por ele naquela manhã, mesmo sem dizer a razão para tanto. Assim, sua falta também não seria notada. Dos absurdos que fez naquela manhã (que incluíam quebrar milhões de regras, apagar imagens de segurança e, não se podia esquecer, ter dado uma flor para Jesse Evans) fugir do campus escondido era o menor deles.

Entretanto, sentia certa desconfiança pelos caminhos que atravessavam. Àquela altura, sabia que Jesse não era do tipo que se perdia, para onde quer que o estivesse levando tinha um bom conhecimento de como chegar lá. Mas a trilha era esquisita: por vezes atravessaram pedaços de mata quase fechada, com direções mudando abruptamente no meio do trajeto. Foram pelo menos quarenta minutos caminhando, até Jesse avisar, animado:


—Estamos chegando! — Aparentemente, ele gostava bastante do que fariam.


Jacob avistou à frente uma clareira. Havia algo nela que era diferente das outras existentes na imensa floresta. Quando adentraram-na, descobriram o que: ao centro, existia uma mancha irregular muito escura no chão, e em volta dela todo vestígio de grama ou mato havia sido retirado, sobrando apenas terra batida.

O local parecia projetado para abrigar fogueiras, de forma que as chamas não se espalhassem pelos arredores.

A mancha escura abaixo da dupla era nada mais do que infinitas cinzas, intoxicado o solo.


—O que é esse lugar? — Jacob franziu o cenho, intrigado.

—O que parece? — Jesse sorriu, olhando em volta. —Alguém anda fazendo umas fogueiras bem interessantes por aqui... Queima de arquivo, provavelmente. Encontrei isso quando era mais novo. Tem sido muito útil ao longo dos anos.


Queima de arquivo?! Que arquivos estavam incinerando?! Jacob se lembrou de que Mackenzie e Blake investigavam algum tipo de crime... Será que estaria relacionado com aquele lugar?


—Tira uma foto. — Jesse aconselhou. —Sua irmã vai querer ver isso, mas é melhor ninguém vir pra cá depois de hoje. Não vai ser seguro, provavelmente vão vigiar aqui também.

—Espera... Você acha que o Instituto está fazendo isso? Queimando documentos, ou sei lá?!

—Eu não acho nada, porque você disse que é melhor não saber. — Sorriu. —Agora tira a roupa.


Jacob já imaginava que aquilo aconteceria. Quando Jesse pediu para ele trazer um segundo conjunto de uniforme, concluiu que das duas uma: ou o outro se vestiria com suas roupas para algum fim mirabolante, ou teria que se livrar da própria vestimenta em algum momento. Agora, entendeu que se tratava da segunda opção. Antes de despir-se, pegou o celular no bolso e fotografou os arredores algumas vezes.

Jesse tirou a própria camiseta, deixando à mostra o corpo de atleta. Jacob não sabia o que ele jogava, mas só as artimanhas que aprontava já deviam ser um treino físico intenso. Evans percebeu que estava sendo observado, e então parou o que fazia, deixando a calça desabotoada, e cruzou os braços encarando seu comparsa. O olhar de Jacob escorregou para a visão de uma roupa íntima querendo aparecer abaixo da "entrada" de músculos bem pronunciada no baixo ventre do outro. Primeiro, seus pensamentos foram de indignação perante tamanha falta de vergonha na cara. Mas depois... Não podia negar ser uma "entrada" interessante, mesmo que o pensamento o incomodasse, e o fizesse dissipá-lo imediatamente.


—Vai ficar assistindo?! — Jacob se frustrou, desconfortável em despir-se na frente dele.

—Nem vem, você estava me olhando até agora. Primeiro ficou encarando meu "bolso traseiro" lá na sala, me deu uma flor no jardim, e agora não consegue tirar os olhos do meu corpo... Se continuar assim Jake, vou achar que está me dando mole. — Riu alto, adorando ver o rubor que subiu às bochechas do castanho.


Jacob bufou e virou de costas. Largou a própria mochila ao lado do corpo, e tirou as vestes, ficando apenas de boxer. Até os tênis teve de trocar, dando adeus à um par antigo e conscientemente escolhido para aquela missão, sabendo que precisaria ser descartado.

Não esperou muito para se vestir de novo, colocando a outra bermuda do uniforme trazida consigo, que era de um tom caqui um pouco diferente da anterior, e calçando um par de tênis. Quando estava para vestir a camisa, um Jesse ainda de boxer contornou-o e apareceu em seu campo de visão. Como Jacob amarrava os cadarços, foi obrigado a olhá-lo de baixo para cima sem querer, ficando vermelho na mesma hora. Ver outros caras despidos na sua frente não o intrigava, embora por vezes lhe atraísse. Mas aquele não era outro cara qualquer. Era um demônio que adorava constrangê-lo, e assistia com prazer quando conseguia.


—Me dá a mochila. — Jesse pediu com um sorrisinho, gostando de se exibir. Na mochila solicitada estavam as roupas antigas de Jacob, além das usadas por Blake e Mackenzie no dia anterior.


Jacob tirou a nova gravata da bolsa, e a entregou à contragosto para o outro, resmungando:


—Você realmente precisa fazer isso assim?

—Me vestir agora, me vestir depois... A ordem dos fatores não altera o produto. — Puxou a mochila, dando uma piscadela.


Jacob vestiu a camisa, abotoou-a, deu um nó na gravata e cruzou os braços em desaprovação à postura dissimulada do outro.

Jesse colocou a própria mochila junto da de Jacob, no centro da clareira. Calçando um novo par de tênis, ele separou apenas o robô-inseto e seus pen-drives dos demais, em breve incinerados, pertences. Da própria bolsa, tirou uma garrafinha de gasolina e fósforos.

Enquanto ateava fogo nas coisas, Jacob não teve escolha senão observá-lo, precisando certificar-se que o serviço seria bem feito. Seus olhos, outra vez sem controle, deslizaram pelo corpo desenhado e esguio. Como se tivesse levado um susto, percebendo o que fazia, mudou a atenção para outro lugar.

Infelizmente, o maldito era muito atraente. Mas não podia sequer imaginar a possibilidade de deixá-lo a par dessa opinião. Ele ficaria ainda mais insuportável.

Logo, o fogo ardia diante dos olhos de ambos. Não podiam ficar lá até tudo se dissolver em cinzas, mas Jesse garantiu que ninguém apareceria para interferir. Para ter certeza, Jacob pegou alguns galhos e folhas largas das árvores fora da clareira, e cobriu as duas mochilas. Isso daria tempo para os tecidos deformarem-se o suficiente para que não fossem reconhecidos caso vistos.

Jesse se vestiu, enquanto seu comparsa ficava de costas, fazendo questão de não mirá-lo, o que lhe arrancou risadinhas. Sabia que estava provocando-o, e sabia que ele tinha mordido a isca. Desde que se conheceram, descobriu um prazer absurdo em mexer com a cabeça dele. Fosse para irritá-lo, ou fosse para incitá-lo... De outras formas. Não sabia se Jacob tinha tendências homossexuais, mas claramente foi afetado pelo seu corpo amostra. E isso já bastava: havia algo muito agradável em confundir e depravar os sentidos do presidentezinho perfeito.


NOTAS FINAIS

Vem aí a fase dois da missão de vida do Jesse: agora, além de irritar, também vai deixar o Jacob maluco de outro jeito, hehe. Desculpa mais uma vez por qualquer erro. Enfim, é isso! Espero que tenham gostado! Beijos, e até a próxima!

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