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⟬6⟭

Avisos : Tem mais avisos no final 

✷✷✷✷ = Quebra de tempo e mudança de PV;

Esta obra contem gatilhos, você esta avisado.

Becca 

Olhar nos olhos daquele garoto me fez sentir como se minha alma estivesse sendo sugada por um vortice de rancor e desgosto. A luz âmbar de seus olhos mascarava a verdadeira tempestade dentro dele. Esse rancor não era recente, não era algo que surgiu na semana passada ou há um ano. Esse ódio era antigo, talvez desde o seu nascimento.Não era um ódio voltado para mim,eu era apenas um espectador naquele instante.Desde o primeiro encontro, percebi que ele estava envolto em sofrimento e sombras. Ele batalhava contra as adversidades da vida, sem sequer ter consciência de sua luta. É uma realidade triste e angustiante para qualquer um. 

Hoje, por causa daquele incidente, as aulas foram canceladas, e muitos foram punidos.

— Ela está bem mesmo? — Bianca questionava, observando sua aranha com preocupação, enquanto eu me virava para vê-la, notando a tristeza em seus olhos ao contemplar o animal imóvel e apático. A intensidade em seu olhar era um reflexo do de seu irmão — Você não mexeu nela, mexeu?

— Claro que não! Eu só alimentei ela com o que é natural para aranhas da espécie dela. — Bianca possuía uma aranha caranguejeira de laboratório como animal de estimação, em um terrário espaçoso. Eu já tinha ouvido histórias de Megan e Alice sobre como várias colegas de quarto pediram transferência porque frequentemente acordavam com a aranha sobre elas, além de Bianca não ser exatamente a colega ideal. Mas, quando cheguei, acabei ajudando com a aranha que estava doente, e isso fez com que ela me aceitasse como colega de quarto. Ela era, digamos, um tanto caótica. Na primeira vez que entrei no quarto, estava tudo um caos, com roupas e restos de comida espalhados, além de latas de cerveja. Depois de ajudar com a aranha, ela me perguntou se eu queria algo em troca, e eu só pedi que fizéssemos um acordo sobre a organização do quarto. Não bagunçaríamos o lado uma da outra, não mexeríamos nas coisas sem permissão e sempre respeitaríamos a convivência mútua. No fim, tudo deu certo.

— Ela não se move e nem come direito! — Aproximei-me do terrário, preocupada — Se algo acontecer com ela, prepare-se para viver um pesadelo.

— Ei, calma lá! — Ergui as mãos em sinal de paz — Jamais faria algo para prejudicá-la, sei o quanto ela significa para você, e para ninguém mais! — Olhei para a aranha, Xena, que realmente estava muito quieta — Ela está mesmo estranha. — Abri o terrário e tentei tocar nela, mas ela reagiu de forma agressiva, e por sorte, ela não era venenosa nem tinha presas afiadas. Notei algo sobre ela. — Acho que descobri o que houve!

— O que foi? — Ela perguntou, ansiosa.

— Parabéns, você é avó agora, olha só! — Apontei para os pequenos pontos brancos sobre Xena. Com um leve sopro, todos eles se moveram.

— Nossa, que surpresa! — Exclamou, animada. — E agora?

— Ou você consegue um terrário maior, ou vai ter problemas, tipo quererem tirar as aranhas de você.

— Mas por quê?

— Porque, quer você queira ou não, só Xena é de laboratório, sem veneno ou presas. Os filhotes dela são diferentes e podem causar problemas se escaparem, tanto para eles quanto para os outros. — Vi um lampejo de tristeza em seus olhos. — Mas por enquanto, curta a novidade! — Confortei-a, levantando-me e pegando uma cesta de roupas sujas. — Vou tentar lavar isso aqui. — Disse, saindo e deixando-a contemplando o terrário. Nos dias que passei com Bianca, percebi que Xena era mais do que um simples pet; era um ser de conforto, ao qual ela era profundamente ligada.
 

✷✷✷✷

Deixando o quarto, dirijo-me à lavanderia que Megan havia indicado. Ao contrário do rio ou das máquinas de manivela que alguns na vila utilizavam, me deparei com máquinas modernas repletas de botões desconhecidos. A lavanderia estava tranquila, mas todos que eu abordava para pedir ajuda simplesmente se afastavam, riam ou ignoravam minha presença. Tudo bem, Rebecca, vamos tentar de outra forma, pensei, decidindo observar à distância o que uma garota fazia e imitá-la, embora tenha levado algum tempo.

Finalmente sozinha, sentei-me num banco, abraçando as pernas e suspirando profundamente, como se tivesse enfrentado um monstro gigante, como os dos livros de fantasia que lia na vila. Era desanimador, fazendo-me sentir como se estivesse vivendo um daqueles livros de histórias de sobrevivência fictícias, desgastados e com páginas amareladas que chegavam clandestinamente à vila pelas mãos do carteiro Jhon, junto com as revistas que encomendávamos. Arabella sempre ficava eufórica ao ouvir o badalar do sino que anunciava sua chegada, claramente encantada por ele. Ele sempre nos trazia itens escondidos deste outro mundo, desta outra realidade.

— Se deixar a máquina nesse ritmo, não vai terminar nunca! — ouvi uma voz amigável e, ao levantar a cabeça, vi o sorriso radiante de Dilan.

— C-c-como assim? — perguntei, enquanto ele apontava para a máquina onde minhas roupas estavam.

— A máquina está no modo lento, e pelo que vejo, você tem muitas roupas aí! Posso? — ele perguntou, apontando para a máquina, e eu concordei com a cabeça. — Veja só! — disse, levantando-me e indo até ele. — Se deixar nessa velocidade, só vai terminar amanhã. Com essa quantidade de roupa, é melhor aumentar a velocidade... — Enquanto ele falava, distraí-me observando seu cabelo alaranjado, ainda úmido do banho, com alguns fios brancos se misturando ao vermelho, hipnotizante e raro de se ver.

— É tão...

— Ruivo? — ele interrompeu, fazendo-me voltar à realidade. Retirei minha mão de seu cabelo imediatamente, notando-o sorrir timidamente com um leve rubor nas bochechas.

— Me desculpe. — disse, baixando a cabeça, percebendo que ele ficou sem jeito.

— Está tudo bem!

— Me desculpe de verdade! — insisti.

— Tudo bem, de verdade, especialmente para a pessoa que nos fez não ter aula! — disse, colocando os dedos nos olhos, envergonhada, enquanto ele ria. — Não precisa ficar assim, meu pai nem ficou tão irritado!

— Seu pai?

— Sim. Você sabe que meu pai é o diretor, né? — ele me olhou confuso. Cobri a boca com as mãos, desesperada. Então, o garoto com quem fiquei presa semi-nua é filho do diretor, o diretor da escola onde causei uma guerra de comida. Eu só queria me enterrar viva. — E você não sabia, né?

— Por favor, não fale mais nada, só me enterre viva! — pedi, sentando-me novamente.

— Ah, que isso! — ele disse, sentando-se ao meu lado. — Vai ficar tudo bem, é normal ter um ou dois dias ruins no começo.

— Mas o problema é que eu tive uma semana ruim, e o que me consola é que amanhã voltarei para a casa dos meus avós.

— Foi tão ruim assim? — Perguntei, endireitando-me na cadeira e suspirando.

— Não é que... na verdade... ah, eu não sei! — Ele era filho do dono, não era certo eu reclamar com ele sobre a escola do seu pai. — É que... o problema não é com a escola e... comigo, é só... tudo diferente, estranho e confuso. As pessoas são um pouco cruéis aqui. Toda vez que acordo aqui, um leve pânico me atinge só de pensar em começar o dia, um medo, sabe? Toda manhã, ao despertar neste lugar, uma onda de pânico me invade, só de imaginar o início do dia. É um medo, entende?

— Nunca vivi algo parecido, então não sei bem o que dizer. Mas o que você sente ao acordar aqui é comum diante de mudanças. O temor do desconhecido é natural, mas vai passar, eu prometo. Quanto às pessoas, lamento por elas, suas mentes estão saturadas de ambição,que esquecem da educação, e olha que aqui e uma escola. Mas saiba que, se precisar conversar, estou aqui. Ainda que seja um estranho e nossos primeiros encontros não tenham sido os melhores, estou disposto a ouvir. — Ofereço um sorriso sem dentes, com um pequeno aquecimento no coração. O ruído da porta atrai nossa atenção, e vemos uma líder de torcida entrar, acho que seu nome é Lisa. Ela mastiga um chiclete e nos observa por um momento antes de seguir até a máquina mais distante. — Se quiser, pode me ligar e... — A voz de Dilan me faz voltar a ele. Coloco minha mão sobre a dele ao vê-lo pegar o celular, e nego com a cabeça.

— Bem, isso eu duvido!

— É muito cedo para um amigo pedir seu número? — Ele pergunta com gentileza.

— Não é isso, é que eu não tenho... celular. — Ele me olha incrédulo, uma reação compreensível. — Minha mãe nunca me permitiu e me fez prometer que não usaria um. — Ajeito uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Por quê? — Me ajeito na cadeira, antecipando que essa pergunta seria frequente.

— Ela diz que emite muita radiação e que faz mal às pessoas, além de ser um vício. — Dilan acena com a cabeça, guardando o celular.

— Então — ele segura minha mão — Quando quiser conversar, é só me chamar ou ir até meu dormitório, é o 547! — Levanto uma sobrancelha.

— O incidente no vestiário te motivou assim?

— Espere, não é isso, eu não vou fazer nada com você, só... conversa entre amigos. — Dou risada enquanto ele tropeça nas palavras. — Eu não sou um pervertido, você sabe...

— Entendi! — Respondo, rindo. — Estou só te provocando. — Entre risos, noto que a garota nos observa atentamente com o celular em mãos.

A conversa com Dilan era divertida, e acabamos em uma máquina de bebidas após lavar minhas roupas e as dele. Era agradável conversar com alguém além das meninas, alguém que não me olhasse torto ou fizesse piadas. Ele era divertido, gentil e bem-humorado. Ele me passa uma das bebidas que pegou na maquina.

— Então vocês contrabandeavam revistas e outras coisas.

— Sim, muitos de nós, inclusive eu, temos pais rigorosos, então a maioria das coisas nos era proibida.

— E como você é curiosa... — Dou risada com seu comentário.

— Não fui só eu, tá!

— Então as fotos ainda são em preto e branco por lá? — Aceno afirmativamente e ele me observa. — É tão diferente para mim, tão... como você conseguiu ficar lá até hoje? Como? Acho que não aguentaria, estou tão acostumado com tudo isso aqui.

— O que para você é uma realidade diferente, para mim a sua também é — Olho para a caixinha de suco. — Vocês colocam o suco por esse buraquinho aqui? Quem teve essa ideia?

— Realidades bem distintas — Ele fica em silêncio por um tempo. — Você está morrendo de saudades de casa, não está?

— Como macaco gosta de banana! — Ele ri do meu ditado.

— Mas você ainda vai voltar, tenho certeza que seu pai vai permitir!

— É o que eu espero. — Digo com a esperança de uma falaxia no meu coração. O alarme soa.

— Bem, é o toque de recolher. Foi ótimo conversar com você! — Ele se levanta e estende a mão. — De verdade! — Aperto sua mão. — Espero que possamos conversar mais vezes! Afinal, você ainda me deve uma bebida!

— O quê? Foi nisso que você pensou esse tempo todo?— Pergunto incredula

— Sempre que te encontro, me recordo daquela bebida saborosa espalhada pelo chão! — Ele exagera, e eu solto uma gargalhada.

— Já disse que você nem estava bebendo, e acabamos de tomar algo...

— Mas quem pagou fui eu! — Ele brinca.

— Que descaramento!

— Você e uma caloteira moça, devia pagar minha bebida. Humpf! — Ele brinca novamente, pegando sua sacola de roupas sujas e jogando-a sobre os ombros antes de se virar. Solto uma gargalhada sonora. — Boa noite, Becca, até logo. — Ele acena levemente e, mais adiante, vira-se para mim, permitindo que a luz da lua ilumine seus olhos verdes, que parecem me hipnotizar. — Espero passar mais tempo com você! — É a última coisa que ele diz antes de entrar.

Depois da conversa com ele, sinto um alívio na mente. Sento-me de novo, contemplando a lua, com uma sensação estranha no estômago, e enquanto o vento sopra, me pergunto se será gastrite?

✷✷✷✷ 

— Boa tarde! — A voz suave e amigável de Becky ressoa na sala de sociologia, onde me inscrevi para uma aula extra. Reconheço-a pelos cabelos loiros e, mesmo com óculos ocultando seus olhos azuis, sei que é ela. — Espero que estejam bem, sou Becky, a professora de sociologia. — Seu olhar percorre a sala e se fixa em mim. — Que bom ver um rosto familiar. Olá, Becca. — Ela me cumprimenta com um aceno. De repente, a porta se abre bruscamente e Seijin coloca a cabeça para dentro.

— Ué, já começou e não tem lugar no fundão! — Ele é empurrado para dentro.

— Anda logo, não temos o dia todo — Briella surge atrás dele, seguida por Lincon e Bruce, que parece irritado como sempre.

— Vocês não têm educação mesmo, né? — Lincon reclama. — Professora, podemos entrar?

— Estão atrasados. Não deveria permitir.

— Ah, professora, dá um desconto! É a última aula que nos inscrevemos, e é menos pior que as outras. Ajuda a gente! — Seijin implora. Becky parece considerar.

— Se responderem a uma pergunta, deixo vocês entrarem. — Ela propõe. — Quais são os cinco elementos da sociologia?

— Fogo? Ar? Água? — Seijin responde, meio desesperado.

— Tem certeza que se inscreveu na aula certa? — Becky questiona, arqueando uma sobrancelha.

— Ah, não vou me humilhar e nem preciso me inscrever em mais nada! — Briella se vira para sair. Bruce passa por ela e entra na sala.

— Estrutura social, grupos sociais, família, classes sociais e os papéis sociais. — A voz firme de Bruce ecoa pela sala, silenciando todos. Ele para diante de Becky, sério e com as mãos nos bolsos. — Era isso, não era? Os cinco elementos da sociologia? — Sem esperar aprovação, ele caminha até as carteiras, confiante.

— Ele tá certo? — Seijin pergunta, buscando confirmação.

— Se chegarem atrasados de novo, não entram! — Becky adverte. Bruce, claramente insatisfeito por estar ali, senta-se três cadeiras atrás. — E nada de sentar no fundo se chegarem atrasados! — Lincon obedece e espera, enquanto Seijin para no meio do caminho e Briella parece seguir em direção a Bruce.

— Onde a gente senta, então? — Briella pergunta com sarcasmo. Becky aponta para as carteiras na minha frente. Briella me olha com desgosto e reprovação. — Tá brincando, né? E se a gente não quiser?

— Simples, saiam da minha aula!

— Eu pref... — Briella começa a falar, mas se cala quando Bruce a puxa pelo braço e se senta nas carteiras à minha frente, baixando a cabeça. Seijin faz o mesmo. — Que saco. — Lincon, que já havia se acomodado na frente, acena para mim.

— Ótimo, então, onde estávamos?

— Você cumprimentava a bruxa, não é? — A voz surgiu detrás de mim, e com um suspiro, baixei a cabeça, revirando os olhos.

— Bruxa?

— Você não sabia? Cuidado da última vez, ela jogou um feitiço no Peter, e ele ficou doente — Lisa disse, sua voz carregada de sarcasmo.

— Eu não joguei feitiço algum. Apenas percebi que ele era intolerante à lactose!

— Viu só? Melhor ter cuidado, professora. Não ofenda a Bruxa Rebecca Bishop com seu olhar, ela pode transformá-la! — A advertência foi seguida por risadas coletivas.

— Não compreendo por que a chamam de bruxa — Becky falou, séria.

— A senhora não é daqui, certo? Se fosse, entenderia...

— Sou sim, e sei muito bem o que aconteceu em Salém. Acho uma falta de respeito o que vocês estão fazendo! — Karina interrompeu, trazendo uma tensão palpável ao ambiente.

— Mas professora, não é nossa culpa...

— Vocês realmente sabem o que foi Salém? — O silêncio tomou conta do lugar. — Tenho certeza que muitos dos seus ancestrais participaram daquela atrocidade contra várias mulheres e alguns homens inocentes. Foi um verdadeiro massacre. Já pensaram se algo assim acontecesse hoje? E só para esclarecer, não foi só aqui; na Alemanha também ocorreu. Uma mulher só conseguiu limpar o nome de sua antepassada, queimada na fogueira, após 350 anos. Naquela época, aldeias inteiras foram dizimadas por causa dessas caças às bruxas. Imaginem crianças e idosos sendo torturados e mortos. Imaginem o terror de uma criança ao ver instrumentos de tortura. E vocês brincam com isso...

— Mas professora, não acha estranho alguém com esse nome em Massachusetts, famoso por suas caças às bruxas devido a Salém, e ainda por cima com essa aparência? Parece que ela foi queimada na fogueira — A professora me encarou e caminhou entre as carteiras até ficar atrás de mim, levantando meu queixo para olhar em meus olhos.

— Ah, entendi! — Recuei um pouco, enquanto os outros riam. — Vejo uma marca de nascença, pontos que não deveriam estar ali e olhos da cor do...

— Amanhecer! — A voz veio da frente, de Bruce, que olhava pela janela, alheio à situação.

— Isso, da cor do amanhecer. Um nariz pequeno e arrebitado, bastante gracioso, e cabelos indecisos, que muito me lembram os meus na juventude — Baixei o olhar, confusa com essa visão tão diferente da que as pessoas daqui tinham sobre mim. — Um nome e sobrenome comuns, como qualquer outro... — Ela riu de forma amigável. — Você está corada!

— Só nos sonhos dessa professora mesmo! — Ouvi sussurros ao redor.

— BEM, eu deveria começar a chamada pelo nome, mas gosto de fazer dinamicas, formas diferentes pois e assim que eu trabalho. "Mas professora, como vão saber que estamos presentes?" — Ela imitou uma voz infantil. — Vocês dirão os dois primeiros números da carteirinha escolar, aquela que usam para entrar e sair da escola, aquela que nem precisam para passar pela passagem. — Todos a olharam surpresos. — O quê? Eu também estudei aqui! Todo ano fecham uma passagem e vocês encontram outra! — Ela riu. — Meu nome é Becky, e vamos começar por você — Ela tocou na cabeça abaixada de Bruce.

—  Realmente é preciso isso? — indaga ele.

— Claro, adoro incomodar os silenciosos, especialmente os que têm um temperamento forte como um doberman — responde ela com um suspiro, mantendo o sorriso enquanto ele permanece sério — Deixe de lado essa pose de durão, você já tem a aparência, deve fazer sucesso com as garotas! — Bruce a observa impassível, e Becky sorri. —  Vejo que você é realmente firme!

— Bruce.

— Viu só? Não foi tão ruim! — observo ele revirando os olhos e sorrio discretamente, enquanto ele me lança um olhar fulminante, e eu contenho um riso. — É bom saber que seu nome é Bruce, e veja só, eu não estava mentindo sobre você, mas ao invés de um bad boy, você parece mais um 'doberman boy'. — Ele a encara fixamente — Seu olhar é um tanto intimidador, não é? E você, continua?

— Briella? — Todos dizem seus nomes após a explicação da matéria, que não era difícil. A professora mencionou alguém chamado Kal Marx antes de propor uma atividade que envolvia assistir à televisão. Levanto minha mão timidamente.

— Professora, podemos conversar com pessoas para fazer essa tarefa?

— Acho que não será proveitoso, melhor pela televisão. Por que a pergunta?

— É que eu não tenho TV! — digo hesitante, ouvindo risadas e cochichos.

— Use o celular então...

— Não, professora! — Os olhares se voltam para mim, esperando minha resposta, é quase sufocante. Eles falam sobre mim, mas também não perdem a chance de prestar atenção. — É que... eu não posso ver TV!

— Sempre achei ela estranha...

— Chega! — interrompe a professora. —  Como assim, querida? — pergunta, confusa.

— Prometi à minha mãe antes de deixar a vila que continuaria sem ver TV! — Ela me olha surpresa.

— Você nunca assistiu TV? — questiona. Nego com a cabeça — Nem filmes, nem cinema, nada do tipo? — Nego novamente, encarando-a. Ela se aproxima — Celular? Computador?

— Não tenho celular, não vejo necessidade e também não sei usar essa ou outras tecnologias! — As risadas se espalham pela sala.

— Ela é um fóssil? — escuto alguém dizer.

— Chega, todos dispensados. E por causa disso, quero três páginas a mais no dever de casa. Você fica, Becca! — Reclamações são ouvidas enquanto saem.

— Fiz ou disse algo errado? — pergunto suavemente, e ela me olha com doçura, abaixando-se ao nível da minha cadeira.

— Não, não é isso — diz ela, sentando-se na cadeira ao lado onde Alice estava. — Me explique melhor, você nunca teve acesso a TV ou internet? — Nego timidamente. — Não se envergonhe! Mas por que sua mãe não permitia?

— Ela dizia que a TV traz radiação, notícias ruins, perigos e indecências, que não seriam boas para mim. Sobre celular e internet, só descobri este ano por livros e revistas. Esse tal de 'phone', iPhone, são tantos, não é?

— Sim! — Ela ri, curiosa — Vocês tinham ao menos um telefone fixo para se comunicar?

— Com quem? Os pais dela faleceram cedo, e quando precisava falar com meu pai ou com o namorado dela, íamos à casa do prefeito! — Ela franzir o cenho.

— E os vizinhos, as pessoas da vila não tinham telefone?

— Alguns tinham, mas não eram tão modernos; alguns em preto e branco, outros mais afortunados possuíam TVs coloridas, o que era fascinante quando espiávamos pelas janelas, sem mencionar os telefones fixos em casa. Todas as TVs eram volumosas, com uma caixa atrás; fiquei surpresa quando vi as TVs finas nas revistas — ela me escutava com tanta atenção, e para mim, o que eu falava era tão rotineiro— Professora poderia ficar entre nós que vi isso, tipo sem falar para nenhum professor? Ou o diretor e que ele tem muito contato com meu pai, sei que ele e minha mãe não tem muito contato, mas e melhor ele não saber, assim eu acho que quando eles se falarem na hora que ele estiver de cabeça quente ele não vai falar.

—  E claro, mas Becca,  eu tenho certeza que seu pai não importaria de você ver essas coisas e pelo oque você fala, eles dois não conversam muito então, não tem como como ela saber.Ela não pode simplesmente aparecer e te encontrar. Não há motivo para medo — Ela diz, rindo. Ah querida professora se fosse assim.

— Ah, ela pode, sim! — Respondo seriamente, e o sorriso dela se desfaz — Acredite, professora, ela pode tanto aparecer quanto me encontrar ou saber — Olho para a floresta pela janela — do nada, e eu realmente não quero sofrer as consequências disso, nem quero que ninguém mais sofra! — sem perceber, levo a mão ao rosto, ao olhá-la novamente, sua expressão é séria e preocupada, e ela segura meu braço durante um leve silêncio.

— Becca? — Seu olhar compadecido diz tudo.

— Não foi porque ela quis! — Respondo antecipadamente.

— Seu pai sabe? O que ele fez a respeito? Quais foram as medidas tomadas? — Me encolho a cada pergunta, são muitas, e o sinal toca, vejo minha chance de sair, levanto-me rapidamente da cadeira.

— Professora! — Digo, ofegante, e coloco a mão sobre sua boca gentilmente. — Desculpe, são muitas perguntas, e eu não me sinto confortável com elas! — Ela remove minha mão e segura minhas mãos.

— Claro... mas ainda quero que nossa conversa continue, tudo bem? — Concordo com a cabeça. — Ok, pode ir.

— Obrigada, professora!

✷✷✷✷ 

Sociologia foi até agora a única aula extra para qual consegui me inscrever, era incrível como nenhuma outra me chamava atenção, tudo que eu queria era uma aula sobre qual as raízes das plantas servem para remédios e quais servem para servir junto com a comida, ou aulas de como laçar as pernas de um javali de grande porte. Me sento em uma cadeira me esparramando minha cabeça pela mesa, olhando para as sombras do sol, sei que a essa hora na vila eu estaria junto com os outros atrás da casa de Maya vendo as últimas edições das revistas que sua irmã mais velha conseguiu com Jhon o carteiro pelo qual Mirabel tinha uma queda. Fechando meus olhos, passo a mão pelos meus pontos trazendo um peso ao meu coração, pois além dessas lembranças tão magicas do pessoal da vila, a fatídica noite em que ganhei isso também vinha a mente, o vento sopra balançando as árvores o barulho das folhas me agrada, os passarinhos cantando, pensando melhor talvez estivéssemos banhando na cachoeira que havia lá perto, eu estaria boiando sobre a água adivinhando as nuvens enquanto os outros estariam pulando das pedras junto a Milo que faria de tudo para eu ir com ele pulas das pedras também, depois eu e ele adivinhamos quais pássaros iguais a esses estariam cantando e... pássaros cantando? Estranhamente os pássaros pararam de cantar e o vento parou, tudo estava em total silêncio. Abro os olhos e realmente não havia ninguém nem nada, nem som de pássaros, carros, insetos ou pessoas, olho para ao redor e realmente estava tudo parado.

— Que estra...— Paro de falar na mesma hora quando volto meu olhar da floresta, um arrepio gelado me sobe ao ver olhos magros e vazios por entre as grades do colégio, minha respiração fica pesada principalmente ao ver aquela corrente saindo de trás da sua cabeça que estava pendurada me fazendo ver que o seu corpo era bem mais alto, sua boca vai abrindo e era como um buraco aterrorizante aparece um som agudo e fino vai saindo como se estivesse me encantando, fecho os olhos forte abaixando minha cabeça e passando a mão pelo meu corpo tremulo tentando procurar minha pedra protetora, minha pedra de jade, nesse momento tudo oque se passava pela minha cabeça era. Meu Deus oque esse espirito fazendo aqui? Oque esse espirito esta fazendo aqui?

— Rebeccaaa — Ouço sua voz arrastada e longa como se estivesse ao meu lado me fazendo parar. Levanto a cabeça rapidamente para ver que não havia ninguém ali, pisco algumas vezes e logo me levanto andando para perto da grade tendo certeza que vi... E confirmo que estava ali pelas marcas de dedos finas que sumiam nas barras da grade. Parada me tremendo mais do que tudo, tinha a certeza que algo estava para acontecer nessa escola. Sinto algo bater forte na minha orelha me fazendo cair no chão por cima das minhas pernas sentada quando vejo uma bola branca cair ao meu lado. Era uma bola de basebol.

— Não sei se marco ponto ou striker — A voz debochada e cínica já me revelava quem é — Me desculpa eu realmente não te vi!— Retiro a mão da orelha olhando sair um pouco de sangue — Ah machucou? — Peter diz — Me desculpa mesmo, sabe não e por aquilo que você me fez passar na frente de todo mundo!— Subo minha cabeça para ele que mesmo um pouco longe me olhava com um olhar superior, suponho que eles estejam treinando e a bola tenha escapado e acabou batendo em mim. Me levanto do chão sacudindo a poeira da minha roupa.

— Eu não fiz você passar nada! — Digo calmamente me explicando — Você tem tolerância a lactose, eu só disse oque eu vi, caroços em volta da boca, quando ingeriu purê as urticárias na parte da garganta começaram a aparecer.

— Isso e muito engraçado — Ele apoia o taco no chão e se apoia nele — Antes daquele dia eu nunca havia tido isso! Como pode né? Agora, eu acho melhor você tomar cuidado com as bolas por aí, sabe, treinamos muito, pode ser que algumas acertem você! — Ele dá uma risada de canto, lhe devolvo o sorriso com um gentil. Acho que ele deve estar só em uma semana ruim, mas isso não é motivo para tratar as pessoas assim.

— Então estão treinando errado, se fossem bons mesmo não acertariam ninguém! Tenho certeza que vai dar certo! — Seu sorriso se desfaz. Merda falei mais do que a boca. Peter passa a mão ao redor dos lábios e sorri novamente, só que dessa vez sem mostrar os lábios. Peter estica uma das mãos para mim

— Você e muito engraçadinha mesmo, agora vai me entrega a bola, não quero perder mais do meu tempo precioso com uma pessoa insignificante como você! — Permaneço olhando para ele surpresa com oque ele falou.

— Bom e a mesma distância daí para cá! E suas desculpas foram aceitas!— Falo dando de costas para ele, eu iria pegar, mas depois dessas palavras prefiro ir primeiro à enfermaria. Ando alguns passos e sinto dessa vez uma pancada forte e ardente com tudo nas minhas costas me fazendo ir para frente, dessa vez não caí, porém, vejo no chão outra bola basebol. Acertaram outra em mim ou... olho para trás e Peter me dava tchau segurando mais duas bolas de basebol, em seu rosto um sorriso grande aparecia.

— Pode pegar essas duas bolas para mim?

— A distância continua sendo a mesma e tenho que ir à enfermaria! — Lhe dou as costas novamente e só mais dois passos e sinto novamente outra bolada, dessa vez na cabeça tão forte que me fez tontear. Olho para ele que ainda havia um sorriso.

— Eu mandei, não pedi para pegar para mim!— De um sorriso sua expressão se tornou extremamente seria — Antes que eu te dê mais de um motivo para ir para a enfermaria. — Foi aí que entendi que não havia sido sem querer a primeira. — Pega agora e traz agora! — Manda, vou até a última bolinha a pegando, ele balança a mão no ar querendo a outra bolinha, olho para a bola e dou mais um passo, só que para trás e me viro a jogando mais de mim e dele.

— E eu já disse que a distância e a mesma, quer dizer a distância agora aumentou, mas para você! — Lhe dou as costas.

— Desgraçada! — Me grita. Ouço um assobio e por de trás das árvores surgem mais dois de seus amigos Neo e Theo que me seguram pelo braço e entre tentativas de me largarem e de sair me levam arrastada pelos braços até Peter.

— Olha só, sei que você e um bicho só mato, mas sei que me entende, por tanto vou falar só uma vez, quando eu mandar você fazer algo você faz entendeu? — Me calo o olhando — Eu perguntei se entendeu?

— Pensei que falaria só uma vez! — Ele agarra meu maxilar com força.

— Você me fez passar vergonha duas vezes, na sala e no refeitório o mínimo que pode fazer e fazer oque eu mandar, agora pega essas bolas e traga para mim!

— E se eu não quiser?— Descubro na hora que um soco no estomago e doído e te deixa sem ar por alguns instantes, eles me jogam no chão.

— E isso que vai acontecer!— Peter solta seu taco e vem na minha direção se abaixando — Então e melhor do meu jeito não e ? Eu mando e você obedece.

— Eu não tenho culpa do que aconteceu com você e não quero pegar nada— Ele enterra meu rosto com tudo no chão.

— Você não entendeu? Pega a merda daquelas bolas, mas agora com a boca, pois e isso que gente da sua espécie faz! — Estico a mão pegando rapidamente o taco e com seu cabo bato no queixo dele, pois era a parte mais perto de mim, com os outros dois um deles bato na sua canela conseguindo me levantar e o outro nos seus países baixos. Obrigado Sr. Holf, não é treinamento de luta, mas o treinamento de caça me fez aprender algumas coisinhas. Me levanto e miro o taco na direção deles.

— Olha só acho que minha mãe veio para cá, pois está me dando ordens. Você não pode falar assim comigo e com ninguém e nem mandar em ninguém ! Oque te faz pensar que pode ?

— Eu só estou te dando o troco ! — Vejo o amigo dele se levantando e olho, mas foi uma má decisão pois Peter vem pra cima de mim e me imprensa na árvore com o taco de basebol, seus olhos estavam irados, suas veias saltavam na testa de raiva. — E vou te dar mais e mais o troco pelo oque você fez aqui com meus amigos e pelo oque fez comigo. — O ar vai sumindo e tudo que eu consigo fazer e dar uma cabeçada forte nele o fazendo soltar. Pego o taco e bato com tudo no ombro dele, não era o único com raiva ali.

— Isso se e se defender! — Peter se levanta de uma vez segurando o bastão e arma um punho para me bater, fecho os olhos esperando e ouço " Pah" abafado mas não sinto nada.

— O que pensa que tá fazendo seu merda ?— Ouço uma voz com raiva , abro os olhos para ver um menino loiro com o uniforme de futebol americano, logo ao lado dele mais três meninos, todos com o uniforme de futebol americano.

— Três contra esse pequeno chaveiro não está muito injusto não? — Peter puxa seu punho.

— E melhor não se meterem nisso! — Ele vocifera.

— Ah mas olha só, tarde de mais!— Com sua outra mão o menino lhe dá um soco.

✷✷✷✷ 

—Aí,aí — Digo enquanto Megan limpava meu nariz. Estava no quarto dela e de Alice.

— Peter e louco, devia ter te contato isso na aula de história — Alice diz encolhida.

— Esse filho da puta quase te matou, você deveria ter ido direto para a enfermaria elas iam chamar rapidamente o diretor, tenho certeza de que se seu pai vier aqui...

— NÃO — Pulo da cama gritando, mas logo me dando uma tontura — Não Megan, vocês não podem contar isso para ninguém. — Falo com os olhos esbugalhados.

— Por quê? — Alice pergunta.

— Se alguém souber vai querer contatar o senhor Manson e... — Abaixo a cabeça — E a última coisa que quero na minha primeira semana. — Olho para Megan

— Mas Becca e se você tiver quebrado algo? Ou sei lá rompido algo?

— Não, não está, por favor eu prometo que se sentir algo diferente eu vou a enfermaria, mas por favor! — Megan cruza os braços pensando um pouco e balança a cabeça positivamente dando um suspiro. — Foi uma verdadeira bagunça, todos eles brigando. Sai de lá antes que alguém visse.

— Peter e um babaca idiota! — Megan diz.

— No começo eu achei que realmente a bola tinha me atingido por acidente, mas tudo era proposital.

— Tudo por conta do que aconteceu no refeitório, tudo minha culpa por ter sentado com você! — Alice diz, coloco a mão no seu ombro.

— Alice não foi culpa sua, não se preocupe.

— Algo me diz que ele não vai para! — Megan declara.

— Então esse algo avisa para ele que eu vou estar preparada!

Continua.....

Pessoal seguinte, eu postei esse pq eu estou em semana de prova e não queria deixar vocês sem capitulos, então para equilibrar eu vou postar um hoje, e sexta posto o resto. 

AMANHA E MEU ANIVERSARIOOO ENTÃO REAJAM MUITOOOOOOO NESSE CAP CO TUDO QUE VCS ESPERAM, COM TODAS AS TEORIAS QUE VOCÊS ESTÃO CRIANDO DESSA VERSÃO.  TNKS OBGAAAAAAADAAAAA.

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