Chapter Twenty-Nine: O Sacrifício do Pai
Ponto de Vista: Terceira Pessoa
Winter ficou estupefata com o que acabara de ouvir. Ela tinha as mãos agarradas na lateral da mesa com tanta força que a mesa tremeu no lugar.
Confusão, tristeza e raiva eram tudo o que ocupava a mente de Winter, sendo que esta última sobrepujava os dois primeiros sentimentos.
Kai, que estava do outro lado da mesa, lançou-lhe um olhar simpático. Um olhar que fez Winter se acalmar um pouco, pelo menos o suficiente para ouvir o que o homem tinha a dizer.
- Como? - Foi tudo o que Winter conseguiu dizer enquanto lentamente soltava a mesa.
- Não tenho muito tempo, mas tentarei explicar tudo o que puder - disse Kai.
'Ainda não sei se posso confiar totalmente nele, mas preciso saber.' Winter pensou consigo mesma enquanto assentia.
- Você sabe que sua mãe faleceu por causa de uma doença terminal, certo? - Kai perguntou. A cabeça de Winter se animou com isso.
"O que isso tem a ver com alguma coisa?"
Ela pensou, mas respondeu mesmo assim. - Sim.
A verdadeira mãe de Winter faleceu quando ela era jovem demais para compreender qualquer coisa, mas seu pai lhe contava histórias sobre sua mãe todos os dias que estavam juntos.
- Isso foi quando seu pai era um homem de negócios em dificuldades, apenas começando sua empresa. Ele já era famoso por ser um gênio, mas não estava financeiramente na melhor posição.- Kai disse enquanto olhava pela janela como se estivesse relembrando. Ele suspirou antes de continuar. - Os médicos disseram ao seu pai que sua mãe não tinha esperança de sobreviver. Que eles não tinham como curá-la. Foi quando a Gaia Corp o abordou. Eles disseram que estavam desenvolvendo tecnologia medicinal que pode ajudar sua mãe, mas em troca de curar sua doença ele teve que trabalhar para eles em um projeto diferente. Projeto Gênesis.
Kai falou com desgosto e raiva misturados em sua voz. Winter podia ouvir claramente. Suas dúvidas sobre o homem na frente dela começaram a desaparecer lentamente enquanto ela o ouvia falar.
- O que é o Projeto Genesis? Acho que já ouvi falar dele em algum lugar, mas não consigo lembrar.- Winter perguntou.
O homem olhou para ela e tirou algo da bolsa. Era um pendrive. Ele empurrou o pequeno pendrive para o lado de Winter na mesa. Ela o pegou e lançou a ele um olhar questionador.
- Tudo o que você precisa saber sobre o Projeto Genesis está lá. Dê uma olhada.-
Kai disse enquanto tirava seu laptop da bolsa e o dava a ela. Chaeyoung rapidamente abriu o laptop e conectou o drive.
A primeira coisa que surgiu fez os olhos de Winter se arregalarem de surpresa.
Os arquivos na frente dela mostravam Karina.
Tudo, desde sua estrutura facial e corporal até sua personalidade, tudo escrito e explicado como se fosse alguma ciência. Ela percebeu onde ouviu o nome "Genesis" antes. Era Karina, Karina contou a ela sobre isso.
Karina foi intitulada nos arquivos como sujeito 13.
Também é algo que ela disse a Winter na primeira vez que se conheceram.
Winter leu mais os arquivos e percebeu que o Projeto Gênesis não é o que ela pensava.
Isso nunca foi um projeto para fazer um ser artificial. Não. Isso foi muito pior.
Este foi um projeto para transferir a consciência de uma pessoa viva para o plano digital.
Os projetos mostravam ilustrações de uma câmara de vidro cheia de um líquido verde com uma pessoa dentro dela e fios conectados a ela. Karina é o produto final.
Winter acaba de descobrir Karina, a garota por quem ela está apaixonada...
- Karina é... humana e ela está presa em uma gaiola de vidro em algum lugar.
- Sim. Sim, ela é. Ela era uma doce menina órfã de 14 anos que foi comprada por Gaia. Seu pai me pediu para me juntar a ele dizendo que precisava da minha ajuda, então nós dois nos juntamos ao Projeto. Eu não era um funcionário da Gaia Corp na época. Logo descobrimos o quão horrível era esse Projeto Gênesis. Eles estavam usando crianças como cobaias. A Gaia Corp comprou pequenos orfanatos pelo país. As crianças eram bem alimentadas e ganhavam lugares confortáveis para viver, mas as coisas que faziam com elas ainda eram monstruosas. A taxa de sobrevivência para os testes era baixa e eles estavam submetendo essas crianças a eles como se não fosse nada. Ela é a cobaia 13 porque havia outras 12 antes dela que infelizmente não sobreviveram ao processo. A máquina fritou seus cérebros. Ela era a única pessoa forte o suficiente para suportar a transferência.
- M-mas isso é...
- Assassinato, sim, e ninguém ousou denunciá-los ou ir às autoridades.
Kai completou a frase de Winter.
Winter estava pensando profundamente. Quão grande isso era e quão errado era. Que ela precisava salvar Karina novamente. Mas dessa vez seu corpo humano real. E que ela precisava dar um fim a essa corporação Gaia.
Mas havia algo mais que a incomodava.
"Ele disse que o acordo era para salvar minha mãe, mas ela morreu" pensou Winter.
- Mas minha mãe morreu.- Ela expressou sua confusão.
Kai olhou para ela novamente e assentiu.
- Sim. Eles falharam em salvar sua mãe e o projeto estava incompleto quando ela faleceu. Seu pai queria abandonar o projeto e simplesmente ir embora, mas em vez disso ele fez outro acordo com eles.
Kai explicou.
Nesse momento, o homem estava chorando e tendo dificuldade para falar, então Winter decidiu esperar e deixá-lo organizar seus pensamentos.
- Seu pai. Ele se tornou muito próximo de uma das crianças órfãs. Um garoto de 12 anos. Eles eram tão próximos que o garotinho começou a chamar Hyunjin de 'pai'. Ele deveria ser o sujeito 13 originalmente, mas seu pai pediu que o deixassem adotar o garoto em troca de trabalhar para eles. Seu pai salvou o garoto.- Kai disse.
Winter ficou impressionada com todas as informações que estava recebendo. 'Eu... eu tenho um irmão adotivo?' Ela pensou consigo mesma.
- Eu tenho um irmão adotivo? - Ela decidiu perguntar a ele.
- Sim, e você já o conheceu.- Kai disse com um olhar triste no rosto.
'Eu o conheci? Quando? Como?' Winter pensou enquanto tentava se lembrar de todos os encontros que teve com estranhos recentemente.
- O nome dele é Bang Chan - disse Kai.
Novamente Winter ficou chocada até o âmago. Bang Chan é seu irmão adotivo.
- Mas ele... ele está com eles - disse Winter.
- Ele é o segundo em comando da corporação Gaia. Ele se juntou a eles depois que seu pai morreu. Ele sabia que eles eram os que tramaram a morte de seu pai, mas ele ainda se juntou a eles. Ele o traiu.
Winter acabou de descobrir que tinha outro irmão. E agora tudo o que ela sentia por ele era raiva e ódio.
'Como ele pôde fazer isso com o homem que o salvou?' Ela pensou enquanto seus dentes cerravam.
- Mas eu... eu ainda não entendo. Por que eles planejaram a morte do meu pai? Ele os ajudou a completar o Projeto Gênesis, então por que eles fizeram isso? - Winter agora estava em lágrimas também. Ela não conseguia mais se segurar.
Ela queria fugir. Enrolar-se na cama e chorar. Mas ela não podia ir embora ainda. Ela precisava de respostas.
- Sim, Senhorita Kim, seu pai realmente criou o projeto 13. O ser digital mais poderoso que existe, mas ele fez algo que irritou a mulher responsável por Gaia.
Ele fez com que o Projeto 13 só ouvisse você. Você é o único mestre dela e ela não obedeceria a mais ninguém. É por isso que Lady Gaia ordenou um ataque ao seu pai. Porque seu pai fez tudo o que aquela mulher faminta por poder queria, mas colocou em um lugar onde ela nunca poderia ter. Com você.- Kai disse.
- Ele conseguiu ficar escondido por alguns anos, mas não foi o suficiente. O homem era um herói e morreu protegendo você e, francamente, muitas outras pessoas.- Kai disse enquanto se movia para o outro lado da mesa.
Ele colocou a mão em cima da de Winter e deu um aperto reconfortante.
Winter ainda estava chorando silenciosamente.
- Winter. Estou te contando tudo isso porque sei que você pode consertar isso. Você pode salvar Karina e pode levar essas pessoas à justiça. Você pode consertar nossos erros.- O homem disse enquanto se levantava.- Eu tenho que ir agora, Winter. Minha vida também estará em perigo se eles descobrirem que eu falei com você.- Kai disse. Winter se levantou também
Kai colocou um braço em seu ombro e sorriu.
- Boa sorte. Vou tentar o meu melhor para ajudar você de dentro - Foi a última coisa que ele disse antes de sair.
❄️❄️❄️
Pondo de Vista: Winter
Eu estava caminhando para casa sozinha, tentando assimilar todas essas informações.
Karina é uma pessoa real e está presa em uma gaiola de vidro em algum lugar.
Tudo sobre meu pai e seu sacrifício.
Como ele salvou Bang Chan apenas para que ele o traísse e se juntasse às pessoas que causaram sua morte.
Eu não conseguia nem compreender o que estava sentindo naquele momento.
Era raiva ou tristeza? Era ambos e eu não conseguia parar as lágrimas que rolavam pelo meu rosto enquanto eu caminhava.
Cheguei em casa cerca de 20 minutos depois e corri para ver Karina.
Coloquei meu equipamento de realidade virtual e, assim que abri os olhos no meu mundo, corri imediatamente para casa.
Abri a porta e entrei. Vi Karina esparramada no sofá numa posição engraçada enquanto assistia a um drama na TV.
- Oi Rina - Eu disse. Assim que ela ouviu minha voz, ela pulou para uma posição sentada adequada e empurrou o pacote de batatas fritas que estava comendo para baixo do sofá.
Quase ri da tentativa dela de voltar a ser ela mesma.
Andei por aí para poder ver o rosto dela.
- Boa noite, Mestre.- Ela fez uma reverência enquanto dizia isso com sua voz doce e elegante.
O que não era elegante, no entanto, eram os pedacinhos de batata frita grudados em seu rosto.
Ela estava tentando agir de forma elegante e feminina, mas seu rosto bonito me fez querer rir.
Sentei-me ao lado dela e toquei o canto da sua boca.
- Você tem comida aqui.- Eu disse enquanto pegava o pedacinho com o dedo e colocava na minha boca.
Eu a vejo ficar vermelha tentando ficar calma.
- O-obrigada, mestre.- Ela disse.
Essa gracinha.
- Sem problemas, fofinha.- Eu disse, certificando-me de que ela ouviu como eu a chamei. Ela imediatamente desviou o olhar de mim.
Sorri por um segundo antes de perguntar a ela.
- Karina? Você é realmente uma IA? - perguntei.
Ela deve ter percebido a seriedade no meu tom, pois agora estava virada para mim e fazia contato visual.
- Sim, Mestre. Por que você pergunta? - Ela perguntou.
- Você se lembra de alguma coisa antes de me conhecer? - perguntei.
- Não, Mestre. Essa foi minha primeira lembrança. Posso lhe mostrar meus registros de memória se quiser.- Karina disse. Antes que eu pudesse responder, ela pareceu ter percebido algo e começou a falar novamente.
- N-na verdade eu não posso fazer isso, Mestre. Os registros são p-privados. Você vai ter que acreditar em mim.- Ela disse tropeçando nas palavras. Eu apenas ignorei.
Então ela não tem nenhuma lembrança de ser humana. Ela acha que é uma IA.
- Ok.- Foi tudo o que eu disse enquanto me aproximava dela e deitava minha cabeça em seu ombro.
Antes que eu pudesse fechar os olhos, ela pulou do sofá.
- E-eu vou pegar mais comida.- Ela disse enquanto caminhava rapidamente para a área da cozinha.
Acabei de vê-la sair. Fiquei triste por ela não me deixar nem tocá-la mais, mas eu sabia que merecia isso.
Levantei-me e a segui até o corredor da cozinha.
Eu a vi parada perto do balcão com itens de comida colocados nele. Parecia que ela estava tentando decidir qual fazer.
Cheguei mais perto e envolvi minhas mãos em volta da cintura dela. Ela estava usando a mesma blusa branca que sempre usa.
Descansei minha bochecha em seu ombro. Eu sabia que não conseguiria ficar assim por muito tempo porque já a tinha sentido tentando afastar minhas mãos.
- Mestre, você não pode fazer essas coisas comigo.- Ela disse enquanto se virava.
Ela estava tão magoada quanto eu naquele momento, provavelmente mais, e eu podia ver isso em seu rosto.
- Há algo que você deveria saber - eu disse a ela.- Há uma unidade USB conectada ao meu sistema agora. Quero que você escaneie tudo nela.- Eu disse a ela.
Ela assentiu e começou a se concentrar. Eu podia ver os lados de sua íris brilharem em um azul fraco enquanto ela examinava as coisas.
Ela assentiu e começou a se concentrar. Eu podia ver os lados de sua íris brilharem em um azul fraco enquanto ela examinava as coisas.
Ela terminou e olhou para mim com choque estampado no rosto.
- I-isso significa que eu sou?
- Sim, Rina. Você é realmente uma pessoa real presa neste mundo.- Eu disse a ela enquanto me aproximava.
Segurei suas duas mãos e olhei-a nos olhos.
- Eu vou te salvar, Rina. Não importa o que aconteça. Porque eu te amo. Não estou dizendo isso porque descobri que você é uma pessoa real. Mesmo que não fosse, eu ainda te amaria. Fui tola em pensar que não conseguiria e que você não conseguiria me amar. Sei que você está erguendo esse muro porque eu te machuquei e você está com medo.- Eu disse a ela com todo meu coração.
Soltei lentamente as mãos dela e lhe dei um sorriso com covinhas.
- Eu te amo, Rina, e direi isso pelo resto da minha vida até que você acredite em mim.- Eu disse, dando a ela outro sorriso triste antes de me virar e ir embora.
Antes que eu pudesse alcançar a porta, senti ela agarrar minha mão firmemente e me virar. Eu gritei com a força do puxão.
Antes que eu pudesse registrar em minha mente o que estava acontecendo, senti seus lábios colidirem com os meus.
Karina estava me beijando rudemente enquanto suas mãos vagavam da minha cintura até minhas costas.
Eu nem hesitei quando comecei a beijá-la de volta. Segurei suas bochechas enquanto a deixava assumir a liderança.
Senti que ela passava as mãos pelos meus cabelos enquanto mordia meu lábio inferior.
Senti meus olhos lacrimejarem ao ouvi-la. Puxei-a pela cintura, fazendo nossos lábios se chocarem novamente em um beijo apaixonado.
Nós voltamos lentamente para a sala de estar, sem parar o beijo nem por um segundo.
Senti a parte de trás das minhas pernas baterem no sofá enquanto caí de costas nele com Karina em cima de mim.
Foi eufórico, para dizer o mínimo. Senti-la me tocar por todo o corpo enquanto explorava meus lábios.
Senti ela lamber meu lábio inferior pedindo permissão. Deixei enquanto ela explorava minha boca com a língua. Ela fez algo com a língua que me fez soltar o gemido que eu estava tentando tanto segurar.
Essas são as coisas que ela aprendeu em seus livros?
Quando pensei que ela estava me beijando com maestria, nossos dentes se chocaram, me fazendo puxar a cabeça para trás.
Eu a vi em cima de mim, cabelo bagunçado e lábios inchados. Seu rosto estava vermelho, mas ela mantinha contato visual perfeito. Ela estava linda.
- E-eu sinto muito, Win... d-doeu? - Ela perguntou, com preocupação estampada em seu rosto.
Olhei para ela por um momento e comecei a rir muito.
Ela logo se juntou a mim e nós duas rimos do que tinha acabado de acontecer.
Naquele momento eu estava feliz. Eu a amava e ela me amava e ela finalmente se abriu para mim.
Tudo o que me resta fazer é salvá-la. Salvar minha princesa dessas pessoas.
Agora estávamos sentados no sofá com as pernas dobradas sob nós. Dei a ela um sorriso com covinhas enquanto me inclinava para mais perto para um beijo. Este foi lento, mas cheio de paixão.
Eu me inclinei para trás e sorri novamente, ao que ela respondeu com um sorriso de goma.
- Eu te amo.
- Eu também te amo, Win.
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