Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

• DESTRUA TUDO | PARTE II • [cap. 11]

A rotina na Mansão ainda é a mesma depois de um surto de Leonel De Santis. A vida segue normalmente: o café é servido, o jardim é limpo, as roupas são lavadas e os funcionários trabalham. As únicas coisas que não são as mesmas é a estufa queimada no quintal e o coração destroçado dentro de mim.

Porém, isso ainda não foi o suficiente para barrar Papa e seus caprichos. Dois dias depois, em uma sexta, sou avisada por ele de mais um jantar de negócios da Famiglia. Ainda me sinto desnorteada com tudo o que aconteceu, tenho olheiras em meu rosto, outro roxo em minha nuca e arranhões espalhados por meus braços e pernas. Foi preciso que Matilde me ajudasse dessa vez para encontrar forças e sair da cama. Agora, meu rosto e nuca estão cobertos por uma base pesada e o vestido preto longo e de mangas fazem o resto do trabalho.

O caminho até o restaurante dos Benedetti é silencioso, posso até ouvir a respiração pesada de Leonel ao meu lado dentro do carro. À minha frente está Domenico dirigindo com seu habitual óculos escuros, mesmo sendo à noite. Não consigo olhar para nenhum dos dois. Sinto-me estranhamente inerte nessa realidade, onde um dia confiei nestes homens, mesmo quando não deveria. Nada faz sentido aqui, mas continuo assim porque é a única coisa que me ensinaram a fazer.

Quando entro no Nostra Trattoria posso sentir os olhos de Gianne e Giovanni. Leonel está bem atrás de mim quando me sento à mesa, a sua esquerda, regulando cada movimento meu.

— Pedi para que Rubio preparasse para nós a especialidade da casa...

Ettore nos cumprimenta, já com mais um de seus monólogos preparados. Ele aponta para o garçom perto da mesa e pede:

— Carlos, peça que tragam as entradas e o vinho. – sua atenção de volta para Papa – Pedi um vinho branco para acompanhar o bucatini...

Suas palavras perdem força quando Ettore vê desaprovação no rosto de Leonel.

— Se não se importarem, prefiro esperar mais um pouco.

— Claro! Claro!

Ettore acena para o mesmo garçom, cancelando todo seu show, por enquanto.

Pela minha visão periférica noto Gianne me avaliando. O batom vermelho que ela usa marca seu descontentamento, seja por qualquer coisa que ela vê em mim. Seu irmão está do mesmo jeito. Por mais despreocupado que Giovanni pareça, com um cigarro pendurado em sua boca e os braços abertos sobre a cadeira, sua expressão não é tão diferente da irmã. Qualquer que seja minha cara, não devo estar conseguindo disfarçar.

— Ettore! – uma voz estridente vem pela porta aberta do restaurante.

Estamos em uma mesa exclusiva, do lado de fora, num terraço grande do restaurante. Então, quando me viro e encontro Cássio Mancini entrando com seu corpo grande pela porta estreita, estranho sua presença.

— Um belo restaurante, si? Chique para um cacete, primo! Mamma adoraria ter conhecido... Pena que eu nunca tenha sido convidado antes, hm?

Papa está em pé para recebê-lo, mas eu fico sentada sem saber o que fazer. Assim que olho Ettore, todo o seu rosto está vermelho, tanto que acho que ele poderia ter um taquicardíaco aqui e agora.

— O que você está fazendo em meu restaurante? – Ettore joga de volta.

— Cássio é meu convidado... – Leonel olha para seu Consigliere e ordena – Agora, sentem-se, por favor.

Choque está registrado em cada rosto nessa mesa, mas Papa continua sem se importar:

— E Carlos? Traga os pratos! E ao invés do vinho, um Louis Roederer, por favor.

Nenhuma palavra é dita mais, mesmo que eu veja o ódio escorrer da expressão de cada um dos Benedetti. Estranhamente, Cássio também não se importa e se senta ao meu lado.

— Senhorita... – ele me cumprimenta.

Estou assustada de mais para reagir quando seus olhos me cobiçam por de trás do beijo que ele deposita em minha mão. Cássio tem idade para ser meu pai ou até mesmo meu avô. Ele é gordo, do mesmo tamanho de Ettore. Seu rosto é marcado por cicatrizes de espinha, o pouco cabelo que tem está grudado em sua careca pelo espesso gel, seu terno velho mal cabe em seu corpo e o perfume é tão forte que ardem meus olhos. Mas isso não se compara ao que realmente me enoja nele, sua personalidade doentia. Cássio é um primo distante de Ettore, que foi banido por sua família por um motivo. Sua violência descabida, dentro e fora de casa, o precedia. Dos últimos escândalos, estava a suspeita de ter matado sua esposa grávida. Não que alguém tenha conseguido provar algo.

Dez minutos depois, ainda em meio a esse silêncio incomum, o jantar é servido e o champanhe é aberto.

— E o que devemos a honra de Cássio em nosso restaurante, an? Veio roubar nossas porpettas, primo?

Giovanni traga seu cigarro, junto com seu humor pesado. Mesmo que Papa não aprove, ele não parece com medo, apenas irritado.

— Tenho certeza que Leonel tem um bom motivo para isso. Não é, tio? – Gianne intervém.

Dessa vez, ela deixa a ironia pesar, a tensão na mesa ainda mais alta. O que me surpreende, porém, é que Leonel nem ao menos parece incomodado com as acusações, só olha para Ettore fixamente, algo se passando entre eles.

— Per favore, não vamos começar a discussão antes do jantar, si? – Cássio mastiga sua bisteca sem cerimônia.

No entanto, ninguém parece se importar com ele. Ettore ainda está encarando Papa quando solta:

— Che ci fa Cássio qui, Leonel?

— Quello che avrei dovuto fare molto tempo...

Leonel não me dá tempo de processar o que é dito em italiano quando se levanta com a taça em mãos, preparado para outro discurso. Seus olhos pousam em Cássio, que parece revoltado por ter que abandonar seu prato e seguir as ordens de Papa. Ele limpa sua boca gordurosa no guardanapo e se levanta.

— Deem as boas-vindas ao meu genro... Cássio Mancini.

Estou tão atordoada com as palavras de meu pai, que mal vejo esse mesmo Cássio se ajoelhar ao meu lado. Sua calça prende nos joelhos o fazendo parar em uma posição bizarra, ao meu lado, sua mão procura a minha numa tentativa cega de colocar em meu dedo um anel pequeno que ele tirou do bolso da calça.

Eu nem sei como cheguei a isso, a esse momento, posso ouvir Giovanni amaldiçoar às minhas costas, mas não consigo parar de olhar para a cena que se desenrola a minha frente. A piada que sou por estar aqui sendo entregue para este homem, que nem ao menos conheço, nem ao menos é do interesse da Famiglia.

Um riso baixo escapa da minha garganta, que não consigo controlar.

— Isso é sério? – eu engasgo nas palavras.

— Mia Luna, aceite este anel como símbolo... – suas mãos gordurosas apertam a minha.

— No, non acetto! – arranco minhas mãos e me levanto.

Na mesma facilidade que me ergo, sinto a mão de Papa me empurrando de volta para a cadeira. Não posso simplesmente aceitar isso. Não vou e não quero. Não importa se ele me bata na frente dessas pessoas.

— Não! Eu não vou fazer isso!

Quando tento levantar de novo, uso todas as forças que tenho e levo junto a toalha de mesa, algumas taças e garrafa de champanhe, que estouram no chão. O silêncio que se estende pelo restaurante me dá a pista precisa de que todos estão nos assistindo pelas grandes vidraças. Todos estão me julgando, assim que olho ao redor, posso ver isso. Estão assustados, até Gianne parece estar horrorizada. Não posso olhar para Leonel. Eu só...

Meus sapatos vibram abaixo de mim quando corro para fora. Ouço Giovanni quase gritar "Que porra é essa?", seguido por Ettore "Tirem esse homem daqui!". Não tenho tempo para ouvir ou olhar, eu só preciso fugir. Quando avisto Domenico ainda na porta, dentro do carro, agradeço aos céus por esse pequeno milagre.

Abro a porto ao mesmo tempo em que grito "me tire daqui, por favor!". Não há óculos que possa esconder o olhar surpreso de meu motorista, mas isso não demora muito até que sinto uma mão em meu ombro me empurrando para o carro. Sou jogada para dentro, a minha respiração acelerada. Não, não, não!

Leonel entra e me bota sentada ao seu lado:

— Para casa! – é tão baixo que mal consigo ouvir.

— Papa, você não pode fazer isso. Você não pode!...

O carro dando partida me interrompe. Leonel não me olha. Estou desesperada.

— Eu não vou me casar com ele. Nunca! Eu não vou fazer isso! – choro entre os dentes.

E com a mesma calma de antes, Leonel tira uma pequena faca do bolso de seu terno. Ela brilha sob a sombra escura dentro do carro. Quando a descansa sobre a sua calça social preta, no joelho, há uma ameaça velada no ato.

Eu não digo mais nada, meus olhos presos sob a linha afiada da faca até chegarmos em casa. 



Há momentos em nossas vidas em que nada nos prepara para o que estar por vir. Mesmo assim, nós os assistimos passar em câmera lenta, orando para que algo possa ser feito, rezando para que alguém possa nos tirar dali. E assim que esses momentos passam e nos deparemos com a terrível realidade, não conseguimos assimilar o que estamos vivendo. E esse momento desconexo entre o que estamos vendo e o que estamos sentindo pode nos derrubar, nos destruir.

Assisto com desalento quando os olhos do motorista se desviam da cena na parte traseira do carro, onde Leonel pressiona sua pequena faca em minhas costas e me leva para dentro de casa. Uma fina chuva se mistura com meu choro quando vou calada para a porta da frente. Nicola está lá assim que entramos, prevendo o que iria acontecer ou apenas esperando mais um dos ataques de Papa, como um urubu que espera a morte atrás da carniça.

A casa permanece em silêncio, como em todas as outras noites, quando Leonel me pune. Ele me leva até a grande biblioteca, a mesma em que não posso entrar por ser feita apenas para as reuniões entre os Capos. A biblioteca continua a mesma, uma grande estante atravessa, de um lado para o outro, as paredes brancas, a mesa maciça de madeira lavada ainda está ali no centro, com sua enorme cadeira polida. A lareira lateral se esconde por detrás do suporte de ferro, ao lado das cortinas fofas e beges tampando as janelas. Tudo é o mesmo, até os olhos de Leonel. Ele vai até a porta onde está Nicola, que espera por uma ordem, como se esperasse ser convidado para entrar. Papa apenas a fecha em sua cara, o deixando de fora para vigiar.

Deveria estar ao menos um pouco aliviada por isso, mas não posso. Não quando Leonel age dessa forma, tão estranha e conhecida por mim. O som da cadeira maciça sendo arrastada para o lado da mesa pesa o ar. O chiado treme no piso porcelanato, arrepiando os pelos do meu corpo. Estou tremendo, de cima em baixo, com medo. Ele segura as hastes grandes da cadeira e espera. Tropeço no tapete grosso da sala, tentando chegar até lá. Sento-me, sem dizer nada.

— O que eu disse sobre me desobedecer, Luna?

Ele está atrás da cadeira agora, não consigo o ver. O som que se segue é de uma das gavetas da mesa sendo aberta. Ele tira algo dali, mas posso estar enganada, já que o trote do meu coração bate forte em minha cabeça. E ainda estou tremendo, o medo pesando minha língua sem conseguir responder.

— Nada? Nenhum grito agora, figlia?

Sua mão aparece por trás, dessa vez, quando deposita um revolver sobre a quina da mesa ao meu lado. Seus dedos enrugados demorando um segundo a mais para que eu a note. Há uma arma ali, zombando de mim. Nunca houve uma arma antes, nunca assim. Devo chorar mais alto já que Leonel emenda um "shiiii" atrás do outro.

— Não chore, pequena... – ele zomba do apelido que Enzo um dia me deu – Shiii... Papa vai cuidar de você.

Enquanto fala, Leonel rodeia a cadeira e para bem em frente a mim. Seu terno agora está desbotoado, sua gravata desmanchada, as suas mãos estão firmes, segurando os apoios de cada lado.

Há um sorriso torcido em seu rosto e a mesma faca de antes, em uma das suas mãos.  



Hey, mafiosxs! Como prometido, Parte 2 postada! Dessa vez, nem os meus comentários vou fazer pra não soltar nenhum spoilerdo próximo capítulo! Que vai vir pesaaaado! 

E não se esqueçam: deixe sua estrelinha,adicione Hereditário na sua biblioteca e me segue no wattpad! Até a próxima! :)

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro