Capítulo 43 - Viva
Ponto de Vista Severo Snape
Meu coração acelerou enquanto abria a porta da carruagem, Angelique estava tão assistada, como eu nunca tinha visto, quando encontrou meu rosto, sua expressão mudou de medo para preocupação em um segundo.
- Severo?
- Eu nem sei o que dizer, Angelique – eu entrei e bati a porta, então me virei para ela – parece que sempre estou tentando se salvar das besteiras que faz.
- Você está cheio de sangue.
- Sabe quantos homens acabei de matar? Por que você não consegue se aquietar e aceitar as coisas como elas são.
Eu a encarei, estava bravo e ainda assim tentando ser compreensivo. Mas o calor tornava tudo mais desconfortável, suor escorria para dentro do meu olho fazendo arder e isso me deixava mais raivoso.
- Severo?
- Está sorrindo?
Ela afastou o xale escuro corpo, o suficiente para que ele escorregasse pelo seu tronco, eu demorei a entender o que estava vendo, ela tinha algo nos braços, que mal parecia humano. A raiva se dissipou, me arrastei mais para perto dela e avaliei com atenção.
- É... – minhas palavras sumiram na voz embargada e as lágrimas surgiram em meus olhos.
- Eu disse a você.
- Está viva.
- Muito fraca e subdesenvolvida, mas sim, está viva.
Eu passo a mão de leve pelo seu corpinho minúsculo, não parecia humanamente possível. No entanto estava ali e eu podia ver o peito subindo e descendo como um balão.
- O que é isso no nariz dela?
- Bolha de ar, ela não respira sozinha ainda. Acho que um médico vai explicar melhor.
- Está dormindo?
- Não, ela ainda não abre os olhos, acho que não estão prontos, mas...
- Um medico vai explicar melhor.
- É – Angelique riu, havia lágrimas em seus olhos também, mas são felizes.
- Eu posso pegá-la?
Ela assentiu e lentamente passou o bebe para mim, Anabeth encolheu as perninhas e arqueou as costas, parecia estar espreguiçando, mas chorou tão baixinho.
- Fala com ela.
O bebe não tinha mais que alguns centímetros e com certeza, não pesava mais de um quilo. Eu podia segurá-la com uma mão, mas não o fiz, a apoiei contra meu peito da forma que Angelique havia feito.
- Oi, Anabeth – eu não sabia o que falar, juntei meu rosto nela apenas para sentir sua pele, a neném virou o rosto e fez biquinho na minha bochecha – acho que ela é uma beijoqueira.
- Deve estar com fome – Angie riu e a pegou de volta com todo cuidado.
Observei maravilhado o quão habilidosa ela era em colocar o seio para fora enquanto segurava a criança e encaixar seu mamilo nela. Uma expressão de dor passou momentaneamente pelo seu rosto.
- Isso dói?
- Um pouco, mas tudo bem, estamos aprendendo ainda.
Eu a abracei e deitei meu rosto em seu ombro, até aquele momento, eu não fazia ideia de como a mágica da alimentação podia ser tão fascinante.
- Eu sinto muito, Angelique – levanto o rosto e a beijo na bochecha – você estava certa.
- Tudo bem – ela suspirou – eu tive medo de estar errada também, mas agora temos ela e depois que um médico a examinar, sei que ficaremos bem.
Ouvimos um som de casco batendo com força no chão, distante, mas se aproximando.
- Professor? Temos que ir – Draco disse de cima da cocheira.
- É Lucius, Narcisa disse que o avisaria assim que cruzássemos o portão – Angelique me informou, era mesmo a cara de Narcisa, dar uma pequena vantagem.
- Então, podemos ir? – Livea abriu a cortina que dava para a cocheira e enfiou a cabeça – ah, ela é linda.
Ela mal podia ver o bebe com o seio de Angelique cobrindo ela toda.
- Sim, estamos prontos.
Draco gritou com os cavalos e ouço as rédeas batendo então a carruagem avança pelo chão de terra a toda velocidade.
Mas a minha pequena filha, não solta o seio da mãe nem por um segundo, uma guerreira.
A carroça chacoalhou ainda mais, olhei pela janela eles vinham apressados a cavalo, sem o peso de uma carruagem, o cavalo de Lucius corria ainda mais rápido que os nossos.
- Draco?
- Estamos quase lá.
A carruagem alcançou a ponte, tornando o caminho mais suave, os cavalos relincharam com os cascos no chão liso, o olhar de Lucius era insano.
Cruzamos a ponte pouco antes deles e nossa carruagem derrapa quando os cavalos cruzam os portões de Hogwarts, o cavalo de Lucius relincha e levantas as patas, impossibilitado de continuar.
- Fique na carruagem – eu ordenei, mesmo que Angelique já estivesse descendo pelo outro lado.
Eu me aproximei do porão, Lucius e Narcisam tinham descido do cavalo e me encaravam, o olhar de Lúcius era mais ódio que qualquer outra coisa.
- Você está criando problemas, Severo. Não posso deixar assim – só então notei os diversos hematomas em seu rosto e pescoço.
- Você não devia ter me recrutado – Angelique levanta a voz, o que faz nossa pequena Anabeth chorar em seu colo.
Eu não pensei em nada além de pegar aquela neném chorona dos braços dela e niná-lo nos meus.
- Acho melhor vocês irem embora, não podem fazer nada aqui.
- Draco, vem. Tenho certeza de que o milorde vai perdoar você – Narcisa implorou aos prantos.
- Não, mãe. Desculpa, não vou ficar nem mais um dia no mesmo teto que esse estuprador – Draco se colocou a frente.
- Filho... – Lucius começou, mas não havia como se defender.
- Filho – ele dá mais um passo á frente e encarou sua mãe nos olhos – conta a verdade para ele – ele esperou alguns segundos, percebi seus músculos tensos ao se virar para mim – conta você.
Eu deslizei Anabeth, agora quieta para o colo de Draco que a ampara com todo cuidado.
- Leve sua irmã para dentro – disse a Draco, mas com o olhar em Lucius.
Ele travou a mandíbula, Draco abaixou a cabeça para Anabeth e se afastou, Livea pegou a bebe do colo dele ansiosa, indo de sentido ao castelo.
Lucius me encarou por longos segundos, então, contra tudo o que eu poderia prever, ele puxa a varinha de sua bengala e em um movimento rápido e único, golpeia o pescoço de Narcisa, ouço o grito de terror de Angelique.
O sangue jorrou do pescoço de Narcisa como um chafariz enquanto ela cai de joelhos, Draco olhou para trás e um grito mais intenso saiu de sua garganta, ele correu, mas consigo segurá-lo antes que passe os portões.
- Draco, não. Ele vai mata-lo também.
Eu abraçei o garoto com força enquanto ele lutava para se soltar. Lucius subiu no cavalo, não estava com aquele ar arrogante de sempre, estava sério, sombrio. Ele bateu as rédeas no cavalo e virou, ganhando o caminho de volta para ponte.
Draco relaxou em meus braços e caiu de joelho em prantos.
- É minha culpa – ele se inclinou sobre o chão, se fechando em uma cúpula de dor e culpa.
Angelique chega mais perto do corpo de Narcisa, mas seus olhos sem vida estão fixos em mim, a boca entreaberta como se quisesse me dizer algo, que nunca mais poderá ser dito.
Quando Angelique passou os dedos sobre os olhos dela, eu soube que estava acabado.
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