Capítulo 41 - Um Dia Quente
Ponto de Vista Severo Snape
Dumbledore se virou para mim como se não esperasse me ver ali, o sorriso pacato em seu rosto, que sempre me irritou estava presente e com força total.
- Bom dia, Severo.
- Diretor, posso ter sua atenção?
Ele fez um sinal para que eu me aproximasse, mas não me sentei, queria que fosse uma conversa direta.
- Por que decidiu intervir?
- Eu sempre quis intervir – ele se sentou e reclinou na cadeira.
- Não, eu me lembro vem. Na última vez que eu estive com você nessa sala, disse que não podia fazer nada para ajudar Angelique. Mas depois salva Vinette e Draco e recebe os rebeldes da Ordem.
- Eu não disse que não queria, disse que não era o momento.
- E do que serviu? Minha filha está morta. Porque você não nos ajudou.
- O que aconteceu, teria acontecido de qualquer maneira, Severo. E ao contrario do que pensa, eu não salvei o menino Malfoy e a garota. Foi o elfo e indiretamente você, já que deu ordens a ele para protege-los.
- Lee é um elfo livre, não recebe ordens.
- Um elfo é um elfo, eles não sabem fazer outra coisa se não receber ordens.
- E a Ordem?
- Os portões de Hogwarts estarão abertos a qualquer dia e qualquer hora para cada um que quiser fazer o bem, eu os recebi de braços abertos como receberia qualquer outro.
- Menos a mim, que tenho arriscado a vida há anos, dia após dia para ser um espião. A mim você não abre os braços, só aponta a direção que eu tenho que seguir, dando ordens e exigindo respostas. E agora que Voldemort sabe que sou um traidor, eu não tenho serventia.
- Está errado, ainda temos um único inimigo em comum.
- Voldemort nem sempre foi meu inimigo, o meu ódio era movido por vingança, porque ele matou a mulher que eu amava.
- Amava? – ele me olhou por cima dos óculos com as sobrancelhas flexionadas – no passado.
- Nunca vou me esquecer de Lilian, mas eu mereço ter uma vida.
- Com uma esposa arranjada.
- Por escolha – eu enfatizei as palavras – uma esposa por escolha.
Ele suspirou e levantou as mãos em rendição, antes de me olhar nos olhos.
- Ainda precisamos de você, Severo. Me disseram que Angelque é uma lutadora.
- Não, ela é corajosa e briguenta, mas não uma lutadora. Quero que ela fique longe disso. Mas conte comigo, como sempre – fiz uma pequena reverencia.
Por mais que eu quisesse sair daquela sala, pegar minha esposa e voltar para casa, eu sabia que estavam procurando por mim, assim que eu colocasse meus pés para fora da escola, seria morto. Se eu quisesse ter um futuro, precisava derrubar Voldemort e para isso, precisava de Dumbledore e dos outros.
- Sabemos que Voldemort está na mansão Malfoy, agora. E sabemos que está mantendo as jovens copuladas em Askaban.
- O que faremos primeiro?
- Juntos, um sendo a distração do outro, ainda estamos formando equipes, mas acredito que a insurgência de Charles vai para Askaban e a Ordem para a mansão. Assim encontramos os comensais da morte separados ao invés de concentrá-los em um só lugar.
- Quando?
- Em breve. Temos que ser pacientes.
- Eu entendo.
- Descanse, Severo. Você ainda está machucado.
Outra reverencia e deixo sua sala, descansar significava ir para meu quarto e abraçar minha esposa até que ela adormeça de tanto chorar. Mesmo assim, eu não queria estar em outro lugar, mas assim que chego ao piso térreo me deparo com Livea correndo desesperada em minha direção.
- Severo Severo. Que bom que te encontrei.
- O que aconteceu, é Angelique?
- Ah não, ela está bem, está dormindo – ela respirou fundo tentando se acalmar – mas tem uma coisa no lago negro, preciso de ajuda.
- Sempre tem alguma coisa no lago. Agora, se me der licença, preciso ver minha esposa.
- Ela está dormindo, já disse. É melhor deixa-la descansar, para processar o que houve. Mas tenho certeza de que você processa de outro jeito, precisa se manter ativo. Ela me disse.
- O que tem no lago – eu a encarei, dando razão as suas palavras.
- Eu não sei, fui nadar e algo pegou na minha perna.
- Claro, o lago negro não serve para nadar.
- E serve para quê então – ela cruzou os braços na frente do corpo desafiando.
- Para abrigar criaturas perigosas.
- Droga, está fazendo uns mil graus lá fora, queria me refrescar, talvez seja possível livrar uma pequena área para banho, você poderia me ajudar.
Olhei para as escadas pensativo, parte de mim não queria deixar Angelique sozinha, ela estava sofrente, triste, mas Livea parecia uma boa amiga, não deixaria Angie sozinha se essa não estivesse realmente dormindo. E eu estava desesperado para sentir outra coisa que não fosse dor e tristeza, nem que fosse o calor do sol queimando minha pele.
- Vem comigo, vou te mostrar uma coisa.
***
Ela me acompanha para fora pelo pátio esterno e circulamos o campo de quadribol, está realmente muito quente e o sol forte faz a pele arder, mas continuo andando depressa até alcançar a floresta proibida por uma pequena trilha escondida, Livea me acompanha, embora tenha que quase correr atrás de mim.
- O lago não é seguro, mas a floresta é?
- Está mais fresca, então vamos por aqui.
- Para onde?
- Se perguntar de novo, eu volto por onde vim.
As arvores fechadas davam uma sombra fresca que era muito bem-vinda, era uma caminhada curta e pouco tempo depois já podíamos ouvir o som da água. Menos de uma hora por dentro da floresta e chegamos ao nosso destino.
- Meu Deus, isso é lindo – Livea exclamou ao acessar a clareira com uma cachoeira pequena caindo em um lago raso de pedras que era cercado por rochas que seguia para uma cachoeira maior distante.
- Aqui é seguro, pelo menos na água.
Ela se anima e tira a primeira camada de seu vestido, ver outra mulher com roupa de baixo não parece nada apropriado, eu me viro de costas e caminho em direção á trilha.
- Onde está indo? – Livea grita.
- Ver a minha esposa.
- Não pode me deixar aqui, eu não sei voltar e se alguma coisa acontecer?
Eu suspiro e me viro para ela, sei que aquela roupa branca vai ficar transparente assim que entrar na água, mas ela tinha razão, não podia deixa-la ali.
Me sentei em uma pedra o mais afastado da água possível, Livea se virou de costas e desceu cuidadosamente pelas rochas, a água tão transparente como suas anáguas brancas a abraçaram e fizeram sua pele arrepiar instantaneamente.
Por mais que isso parecesse inapropriado, não foi vulgar, não me senti tentado ou provocado. Era apenas uma mulher seminua na água e meu pensamento em minha esposa.
- É maravilhoso – gritou por cima do som da água caindo - já trouxe Angelique aqui?
- Não tivemos tempo, mas se nenhuma sanguessuga grudar na sua pele, talvez eu a traga.
- Eu sei porque ela te ama, você é leal.
- Lealdade nem sempre me trouxe coisas boas.
- É diferente com ela, eu sei – Livea nada até a borda onde estou e se debruça na minha frente – quando estávamos na fazenda, ela falava com a lua quando não tinha ninguém olhando, falava como se fosse você, iluminando a noite dela.
- E o que ela dizia?
- O quanto amava você, como seriam felizes um dia e livres.
- Liberdade não existe. É uma ilusão, somos sempre reféns de alguma coisa – essa era minha amargura se revelando.
- Então, liberdade é escolher do que você quer ser refém.
- O que você escolheria?
- Minha amiga, com certeza, as duas. Angelique e Vinette. Se me pedissem qualquer coisa eu faria.
De repente senti um estalo no fundo da minha mente, uma desconfiança de que estavam conspirando.
- Por que estamos aqui, Livea?
- Está calor.
- Não foi o que eu quis dizer. Por que estamos aqui?
- Angelique precisa descansar e para ser sincera, você nem mesmo deixa ela respirar sem estar ali para fiscalizar quanto ar entra em seu pulmão.
Eu não espero outra palavra de sua boca, me levanto e tropeço entre as pedras.
- Espera, Severo – a agua se agitou, não dei importância e continuei meu caminho de volta para a escola.
Livea não demorou a me alcançar, ainda colocando o seu vestido no lugar enquanto se apressava.
- É serio, precisa dar espaço a ela.
Eu me virei bruscamente quase a fazendo trombar em mim.
- Eu vou encontrar a minha esposa, dormindo em minha cama?
Ela engoliu em seco e balançou a cabeça negativamente.
- Onde ela está?
- Sério? Acabei de dizer a você que eu escolhia ser refém dela e você acha que vou te contar.
- Ela foi á mansão Malfoy, não foi? Ainda acha que nossa filha está viva.
- Eu acredito nela e pode deixar – ela passou por mim com o nariz empinado – eu sei voltar sozinha.
- Ah, não mesmo – agarrei seu braço com força – você vai comigo.
O sangue fervia em minhas veias, Angelique só tinha que ficar quieta e cumprir o nosso combinado, de que estaríamos juntos. Eu passo pelos portões da escola arrastando Livea comigo, ela não lutou, mas ficou fazendo corpo mole durante todo o trajeto em que tínhamos que caminhar.
Elas eram mesmo amigas, não me surpreenderia se fossem irmãs.
- Quer parar de correr? Ela está bem, Draco está com ela.
- E porque acha que isso é uma coisa boa?
Ela revirou os olhos, agarrei firme em seu braço e me concentrei em achar um caminho para aparatar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro