Capítulo 39 - Lugar Seguro
Ai nem foi tão triste assim o último capitulo né.
Ponto de Vista Severo Snape
Seria mais fácil chamar a atenção se eu estivesse fora daquela cela, a única coisa que eu podia fazer ali era barulho, ainda que alguns comensais da morte tenham achado divertido descer e rir de mim, não parecia o suficiente.
Vi a figura de Lúcius passando entre eles, sério.
- Vamos, Severo. Está na hora.
Lucius não ousou me olhar nos olhos, nem fez piadas como os outros ou usou seu ar esnobe, ele era o único amigo carregando meu caixão.
Ele me leva até o saguão da sua casa e me coloca de joelhos no centro, um grande espaço aberto entre as escadas e a porta da frente. Há alguns comensais presente e alguns capangas também, eu não estava nem um pouco disposto a implorar. Voldemort olha para Narcisa que desce as escadas suja de sangue, mas com as mãos vazias.
- A criança? – ele pede.
Ela balança a cabeça lentamente.
- Nasceu morta, era muito frágil e pequena – ela falou com um pesar tremendo na voz.
- Ah, mas que pena não é? – Voldemort fez um gesto amplo atraindo risos dos outros – bem, não faz diferença, onde está a esposa?
- Greyback a está trazendo.
Fechei os olhos porque não suportei aqueles olhares julgadores de pessoas que antes lutaram ao meu lado. Ser apanhado como traidor era uma vergonha, mas não era só isso, meu filho estava morto, Angelique prestes a ser capturada e morta.
Então alguém gritou que ela fugiu e uma pequena esperança acendeu no meu peito de forma brusca. Levantei o rosto e encarei Voldemort a minha frente, uma correria deu inicio nos andares superiores, eu não podia mais ajudar, ela estava por conta própria.
- Para onde ela foi? – Voldemort colocou sua varinha no meu pescoço.
Eu sorri, porque a melhor coisa que poderia acontecer naquele momento era Angelique ficar segura.
- A casa dele – Narcisa deu um passo a frente – tem uma lareira que dá para a casa dele no sótão.
- Narcisa? – Lucius a encarou com uma impressão confusa.
- Andem, porque estão perdendo tempo? – Voldemort vocifera fazendo todos agirem.
Boa parte dos comensais, incluindo Lucius, passaram pela lareira mais próxima da sala de jantar e partiram para a minha casa, eu estava ali com poucos capangas, Narcisa e Voldemort.
Meu olhar encontrou o dela e a única coisa que eu queria era lhe agradecer.
Segundos depois um estrondo ecoou nos meus ouvidos e a porta da frente virou cinzas, da grande nuvem de fumaça saíram dois raios de feitiços que explodiram dentro da casa.
- Professor? – uma varinha voou na minha direção, eu a peguei no ar e imediatamente a virei para Voldemort que já lançava feitiços a esmo.
- Sectumsempra.
Vi um filete se sangue escorrer do seu braço, Narcisa correu e se abaixou atrás de um estátua, Éramos três contra vários, sem chance alguma.
- Vamos – eu grito acertando Goyle com um feitiço fatal – temos que sair.
Olívio usa uma distração e corro para porta, Charles segura o braço que escorre sangue, mas apanha a vassoura do chão.
- Eu levo você – subo e ele se coloca ás minhas costas enquanto Olivio lança outra distração, em pouco tempo estamos voando rápido entre as arvores para não sermos vistos.
Uma grande marca negra ocupou o céu por mais de um quilometro.
- Para Hogwarts, Angelique está sendo levada para lá – Charles resmunga atrás de mim.
Eu inclinei a vassoura, correndo tão depressa quanto meus olhos conseguem desviar. Sentia a urgência de amparar a dor de Angelique mais que a minha própria.
***
Descemos assim que Olívio apontou a cabana do guarda caças, a ansiedade tomando conta enquanto eu subia os degraus da frente, Hagrid abriu antes que eu batesse. Passei pela porta sem dizer uma palavra a ele.
Angelique estava sentada na cama, completamente suja de sangue e terra, tendo o braço envolvido em faixas.
- Se machucou – eu me apressei em me ajoelhar aos pés dela.
- Amor? Nossa filha.
- Era uma menina? – a dor invadiu meu peito.
- Vou deixar vocês conversarem – a mulher na frente dela se levantou e saiu, fechando a cortina que separava a cama do resto da casa.
Levantei a varinha com um abaffiato para nos dar a liberdade de chorar o quando fosse necessário e me sentei na frente dela tomando suas mãos nas minhas.
- Sei que está sofrendo, mas estou aqui.
- Eu a ouvi chorar, Severo – ela me olhou nos olhos, seu desespero nítido em sua voz.
- Angie, ela nasceu morta. Era muito cedo para sobreviver fora do útero.
- Eu sei que a ouvi, ela nasceu viva.
- Isso é o luto falando, com seis meses um bebe não tem chance de sobreviver.
- Você a viu? O corpinho dela? – Angelique se agitou, se recusando a chorar – Narcisa fez alguma coisa com a minha filha, eu quero saber o que é.
Não conseguia lidar com aquilo, Angelique estava sendo cruel ignorando a minha própria dor. Apesar de entender que ela se recusasse a acreditar, não era possível que o bebê sobrevivesse.
- Senhora? – a cortina abriu um pequeno espaço e o pequeno elfo enfiou a cabeça – precisa de mais remédios?
- Lee? O que faz aqui, achei que estivesse com Draco.
- Eu estou – e se virando novamente para minha esposa – precisa de mais remédios?
- Não, obrigada.
Ele saiu no mesmo instante, eu olhei para Angelique procurando explicação.
- Draco está aqui com Vinette pelo que disseram. Ela foi perseguida quando teve o bebe e seu chefe ajudou.
- Dumbledore?
- Sim, é melhor a gente ir. Aqui é muito exposto e eu preciso de um banho.
Ela se levanta e afasta a cortina de uma vez, meu peito era um poço fundo que só fica mais profundo a cada segundo. Senti que minha dor e meu luto não importavam nem mesmo para ela.
Engoli o choro e me levantei.
- Tem razão, temos coisas a resolver.
Passei pelos outros na pequena casa em direção ao castelo, ao olhar por cima do ombro, percebi que Angelique era amparada por Olivio enquanto lutava para andar. Odiei ser aquele quem cede, mas parei no meio do caminho e esperei por eles.
- Deixe comigo, Wood.
Eu a amparei e senti seu corpo ficando rígido com meu toque, a minha vontade era deixa-la ali, por conta própria, mas me mantive firme até entrarmos no castelo.
- Dumbledore está na sala dele?
- Sim, professor – Charles se aproxima e apoia a mão em meu ombro – mas acredito que ele vai entender caso só o veja pela manhã.
Eu assenti, embora estive mais que disposto á uma conversa franca.
- Quer dormir comigo? – a mulher que vi cuidando do braço de Angelique perguntou á ela sem fazer cerimonia.
Ela hesitou por um tempo, então balançou a cabeça. Eu me virei com ela e me afastei sem nem mesmo dizer obrigado aqueles garotos, desço as escadas mais rápido do que julguei que Angelique podia acompanhar, ela não reclamou nem por um momento.
Eu abro a porta do meu dormitório e a coloco para dentro.
- Vou te ajudar com o banho.
- Não quero a sua ajuda – ela se esquivou e se encolheu em um canto.
- Por que está agindo assim? – eu berrei as palavras.
- Ela não morreu – Angelique gritou de volta, então caiu em um pranto copiosamente intenso, então soluçou as palavras – era a minha única tarefa, era para isso que eu servia, não posso aceitar que falhei.
- Não, foi uma fatalidade. Eu estou aqui para te ajudar a superar, para amparar a sua dor, porque você não ampara a minha.
- Porque você prefere acreditar nela que em mim. Eu a ouvi. Eu juro que a ouvi.
- Eu acredito em você, mas Narcisa não tinha motivos para mentir, é do interesse dela que as crianças nasçam saudáveis – eu me aproximei com cautela e a tomei pelos ombros – vamos passar por isso, Angie. Juntos.
Ela assentiu e afundou o rosto no meu ombro, seus soluços se misturam aos meus por muito tempo. Não era perfeito, mas eu a tinha e de alguma forma, isso bastava.
Em um final alternativo, a bebezinha não morre e Voldemort cria ela como uma mini riddle, essa fanart ilustra
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