Capítulo 34 - O Parto de Amelia
Pov Angelique Lacey
A sirene tocou enquanto estávamos sentadas em volta da mesa para o almoço. Não havia nenhuma conversa no ar, mesmo assim, parei com o garfo no meio do caminho entre o prato e a boca, meu olhar cruzou com o de Livea.
- Eu achei que fossem contrações de treinamento, ainda faltam dois meses – Vinette olhou assusta para cada uma na mesa.
- Calma, menina – Amelia se levantou com dificuldade – você é pequena e muito nova, não me surpreenderia se viesse prematura, mas dessa vez, sou eu.
- Sua bolsa estourou?
- Não, Lívea. Mas estou com contrações desde as quatro da manhã, agora estão mais fortes.
Amelia deu a volta na mesa, ela era com certeza mais velha que todas nós na casa, eu queria simplesmente deixar para lá, mas isso podia significar que Amelia precisaria de ajuda.
Afastei a cadeira da mesa com um rangido e ela fez sinal para que eu ficasse.
- Voou para o quarto de parto, até Narcisa chegar.
Amelia pisou no primeiro degrau da escada e o esforço a fez se dobrar para frente, com as duas mãos na barriga, corri para ela e a apoiei.
- Não foi nada, é só outra contração.
- Eu sei, mas vou te ajudar a subir.
Me parecia muito cruel deixar que ela entrasse sozinha naquele quarto depois do que houve da última vez. A apoiei pelo cotovelo e entramos juntas, estava tão limpo e pacato como da outra vez.
Amelia se sentou na beirada da cama, coloquei lenha e acendi o fogão para manter quente.
- Precisa que eu faça mais alguma coisa?
- Não, eu sei como essas coisas funcionam, já estou acostumada.
Eu ameacei sair do quarto, era o que eu queria, mas minha curiosidade falou mais alto e me virei antes de chegar a porta.
- Você teve quantos filhos?
- Seis, mas só fiquei com dois deles.
- Deve sentir saudades.
Ela deu de ombros.
- Na verdade, eles moram com a minha mãe. Com a vida que eu levava, seria difícil cuidar de uma criança, mas quando eu voltar para casa, vou tentar recuperar o que eu perdi.
- É seu plano real?
Ela para com os olhos nos meus, estão cheios d'agua e seus lábios curvados para baixo.
- Eu não sou uma pessoa ruim, fiz a escolha que parecia mais humana porque era melhor que deixar Nataly morrer com o bebê dentro dela.
- Podia ter me ajuda a lutar.
- Sem armas? Contra Greyback? Contra dois bruxos com varinha? Eu só quero aguentar mais algumas horas e sair desse pesadelo.
- Não vou dizer que entendo. Me chame se precisar de algo.
Eu saí lentamente, mas deixei a porta aberta. Quando cheguei em um lugar em que não podia mais ser vista, corri para as escadas e depois para o andar de baixo.
- Como ela está? – Vinette se antecipou.
- Bem, mas é melhor alguém ficar lá em cima caso precise, Ainda não suporto ficar perto dela.
- Tá bem, eu tenho mesmo que escrever para o Draco.
Ela subiu as escadas o mais rápido que conseguiu, me deixando sozinha com Lívea. Eu estava com muito medo do risco que correríamos naquela noite. Respirei fundo e me aproximei da porta.
- Greyback deve estar aqui daqui a pouco.
- Seu amigo vai me levar?
- Sim, quando Greyback e Narcisa estiverem preparando o bebê. Esteja pronta.
Quando me virei de volta para o interior da casa, fui abraçada fortemente por ela. A barriga falsa foi esmagada contra a minha.
- Quanto sentimentalismo – Greyback, nos empurrou ao passar pela porta, a varinha no avental apertou minha barriga em um ponto que doeu.
No mesmo instante, ouvimos o som da carruagem se aproximando da entrada da casa, tomamos cuidado para ficar longe uma da outra quando Narcisa entrasse. Ela não nos cumprimentou antes de subir as escadas em direção ao quarto.
- Toda vez que ela está aqui, sinto uma energia pesada – Livea sussurra.
- Fique atenta, espere até os dois estarem lá em cima e corra até a carruagem sem ser vista.
Eu subi para o meu quarto, agora era apenas questão de esperar, observo Vinette debruçada sobre o papel, riscando sem parar. Sua barriga já é grande o suficiente para servir de apoio.
Eu já tinha minha carta pronta há semanas, desde que decidi ajudar Livea a sair da casa, pedi a Charles que não contasse a Severo que não seria eu a escapar. Sabia que era algo cruel, mas esperava que ele entendesse.
Sentia tanto a falta dele que doía, me peguei suspirando para a janela.
- Está pensando no professor Snape? – Vinette levantou os olhos para mim por um momento.
- Como sempre.
- Acho que vocês vão ser muito felizes – ela deixa o olhar correr para a porta quando ouve um gemido de dor – eu tenho medo ás vezes.
- Tenho certeza que vai tirar de letra.
- Não estou falando do parto, mas da criança. Por mais que eu odeie ter essa coisa dentro de mim, sei que é só uma coisinha inocente, tenho medo de como vai ser a vida desse bebê. Principalmente se for menina.
- Eu sei que tudo vai se acertar.
- Draco acha que podemos sequestrar e entregar em um orfanato.
- Seu namorado é um sequestrador de bebes?
- O que? – ela riu alto – não mesmo.
Uma batida forte na porta nos fez estremecer e logo a voz odiosa de Narcisa invadiu o quarto.
- Angelique? Preciso de ajuda.
Eu não perdi tempo em correr para o quarto de parto, Amelia estava suada e vermelha, de quatro sobre a cama com as pernas abertas. Estava tudo ensanguentado e úmido. Greyback não estava presente mas sabia que ele viria logo.
- Tudo bem?
- Está quase – ela segurou minha mão.
A contração veio e ela gritou alto enquanto fazia força, Narcisa parou atrás dela e se abaixou.
- Vamos lá, já estou vendo a cabeça.
- Força, Amelia – eu incentivei, mas não sei bem porquê.
- Angelique me traga a manta – Narcisa pediu apontando para perto do fogão.
Quando eu entreguei a manta, Amelia estava fazendo força de novo e a visão grotesca de uma cabeça passando pela vagina daquela mulher me deu náuseas.
- Saia daqui antes que vomite – Narcisa gritou de forma agressiva.
Eu corri para o banheiro +
do quarto e bati a porta, me ajoelhei no chão e as ânsias ganharam força, a única coisa que eu conseguia pensar era que não queria passar por aquilo nunca.
Claro que eu sabia que parto era uma coisa brutal, mas presenciar isso sabendo que eu estava prestes a sofrer a mesma coisa foi demais para mim.
Quando me acalmei, me sentei no vaso para respirar um pouco, então notei o quarto ao lado silencioso. Me alarmei achando que eles já tivessem ido embora, mas quando saí do banheiro, vi a porta fechada.
Abri uma pequena fresta, apenas para espiar lá dentro, ela estava na bancada ao lado do fogão, limpando os orifícios do bebê, Greyback também está no quarto, olhos fechados e respiração lenta como se quisesse se controlar.
"Não acredito que esse monstro está se excitando com a situação".
Então Narcisa olhou por cima do ombro e disse de forma áspera.
- Ande logo com isso.
Greyback mostra os dentes e as garras, Amelia não teve reação, não podia ver seu rosto, mas acreditei que estava dormindo, ou teria gritado quando o lobo avançou em seu pescoço desprotegido, sangue espirrou para todos os lados e o corpo da moça estrebuchou.
Não fiquei parada esperando para ver o que ia acontecer, corri para o quarto e apanhei Vinette pelo pulso.
- Espera, Angie. Minha carta.
- Vi – eu parei e a olhei nos olhos – tem que fazer silêncio.
Ela assentiu diante da minha urgência, corri escada abaixo a arrastando comigo para fora, a noite já havia chegado, quase não vi Charles atrás da carroça.
- Charles? Precisa levar Vinette – eu me apresso em empurrar ela.
Livea está prestes a entrar dentro de uma mala, mas parou e olhou para mim, assustada.
- Não posso, Angie. Não dá para levar duas, eu disse a você.
- Ela é a próxima, não pode ficar aqui – eu olhei para Livea, não havia tempo para pedir desculpas – eles matam depois do parte, acabei de ver Greyback assassinando Amelia. Vinette é a próxima.
A mais nova cobriu a boca em um grito abafado de horror, Livea não discutiu. Ela tirou sua perna de dentro da mala para dar espaço a Vinette.
- Eu não vou deixar vocês duas.
- Ah tá, muito nobre, agora entra aí e não seja estúpida – Livea a empurrou com urgência.
- Está bem, preste atenção – Charles fala por cima do choro de Vinette – quando chegarmos perto do litoral, faremos uma descida brusca, quando as rodas tocarem o chão você pula, vai cair sobre um arbusto macio, mas não hesite ou seremos pegos.
Ela assente, Livea a abraça forte e Vinette entra na mala, Charles a flutua até em cima da carruagem e se vira para mim.
- Depois de hoje, vão saber que esse rosto não é confiável, mesmo que não saibam quem eu sou. Não vou poder voltar, estará por conta própria.
- Eu sei, entregue isso a Severo – eu lhe dou a carta amassada por semanas – diga a ele que sinto muito.
- Boa sorte, Angie.
- Temos que voltar, eles apagaram a luz do quarto de parto – Livea me puxa.
Eu corri com ela para a entrada da casa, nos sentamos lado a lado nos degraus de entrada, uma dor intensa tomou conta da minha barriga pelo esforço e provavelmente pelo nervosismo.
- Essa merda toda não deve fazer bem para seu bebe.
Narcisa saiu da casa com o bebe enrolado junto ao seu corpo, ela não disse nada, mas Livea a alcança.
- Como está Amelia?
Narcisa se virou lentamente e com um sorriso forçado deu de ombros.
- Bem, mas precisa descansar.
Ela partiu, como se não tivesse acabado de dar ordem para um assassinato cruel, Livea me dá a mão e me ajuda a subir pela escada, na porta do quarto de parto, Greyback esperava como um cão do inferno protegendo os portões, seu tamanho ocupava a porta toda.
Ele esperaria até que nós dormíssemos, então sairia para jogar Amelia em uma cova rasa, como um animal.
*****
Gente, alguém buscando ideias de plot com o Severo pra escrever? Estou com 2 e não pretendo escrever mas são bons
Bjs
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro