Capítulo 3 - Jantar Mal Sucedido
Pov Severus Snape
Ainda estava digerindo tudo o que aconteceu no dia anterior, poucas horas antes, eu era um homem solteiro e bem resolvido com isso e com apenas algumas frases simples, passei a ter uma esposa.
Talvez por esse motivo decidi adiar um dia meu encontro noturno com Angelique.
Quando a noite chegou e eu coloquei para dentro o último sonserino que perambulava o corredor, usei a rede flu para acessar a casa, na esperança do elfo já ter limpado, mas parece que andaram muito ocupados transformando minha casa em uma tapeceira.
- Mas que diabos! – gritei ao acertar a canela na mesa de centro da sala em completo breu – Lumos.
Ouvi risos vindo do quarto mais afastado, olhei em volta e vi cortinas vinho cobrindo bem mais que as janelas, quase do teto até o chão.
- Angelique?
- Estou aqui – sua voz estava esganiçada.
Ao chegar na porta do quarto, pude ver a pior cena possível. Angelique estava sobre uma alta escada, segurando o elfo como um bebê enquanto ele balançava a varinha parafusando os trilhos.
Angelique estava suada apesar do tempo frio, havia prendido o cabelo em um coque e parecia cansada.
- Desculpe, isso levou mais tempo do que previmos.
Ela começou a descer, era possível que caísse, eu poderia segura-la, mas havia uma parede invisível naquela porta me impedindo, como se o quarto fosse proibido para mim com as luzes acesas.
- Pronto, vamos jantar.
Ela passou por mim como se eu nem estivesse ali parado, com o elfo a seguindo de perto feito um cachorrinho. Angelique se sentou e esperou, então me olhou com uma sobrancelha erguida antes de dar algumas palmadas na cadeira ao lado.
- Eu disse, vamos jantar.
- Posso ficar aqui, mas comi em Hogwarts.
Angelique bateu as duas mãos espalmadas na mesa e se levantou de uma vez.
- Tínhamos um acordo.
- Não, você tinha uma exigência. Não sei o que você espera conseguir com isso – me aproximei da mesa, colocando minhas mãos sobre ela do mesmo modo que Angelique fazia – não somos um casal.
- Já notou que você usa "não" em cada frase?
- Não tente mudar de assunto.
- Está vendo? Sempre não, não, não. Chega. Diga algo positivo ao menos uma vez – sua voz era doce até mesmo zangada, quanto mais ela elevava, mais ofegante ficava como se estivesse prestes a chorar - Sei bem a natureza da nossa relação, mas essa é a única chance que eu terei de me sentar á mesa com meu esposo, então sente-se e pelo menos finja comer. Deu trabalho.
- Pois bem – ignorei seu ataque e me sentei a sua frente – mas vai me responder algumas perguntas, a começar por: há quanto tempo é seguidora do Lorde das Trevas?
- Não sou – Angelique esperou até que o elfo nos servisse de uma comida um tanto suspeita, bife mergulhado em litros de molho madeira e arroz que poderia rebocar uma casa. Ela sorriu e apontou para o prato.
- Explique – insisti enquanto cortava o bife duro.
- Eu só não me importo. Puros sangue, mestiços, nascidos trouxas, trouxas. São todos igualmente ruins. Então, o Lorde das Trevas me fez uma proposta e eu aceitei, apenas isso.
Remexi aquele único pedaço cortado de carne sem a mínima vontade colocar na boca.
- Então ao invés de odiar um grupo de pessoas, você odeia todos eles.
- Eu não odeio, só não me importo.
- É a mesma coisa.
- Por que eu deveria ligar? Ninguém nunca se importou comigo, o mundo é assim, Snape. Cada um faz o que é melhor para si.
- Se casar com um homem que você não conhece para engravidar de um filho legítimo que nunca vai ter a chance de ver crescer, é o melhor para você?
- Sim – sua resposta sucinta tinha uma confiança inabalável.
- Por quê?
Tive medo de minha reação ter parecido exagerada, mas Angelique deu de ombros também remexendo o bife.
- Aqui tem comida, água quente, não é úmido e fedido como a maioria das pensões onde já morei. Além disso, eu só tenho que fazer sexo com um homem, todas as noites.
- Não significa que vai ser prazeroso.
- Nunca é – Angelique não percebeu o choque no meu olhar porque estava ocupada cuspindo de volta no prato aquela carne intragável – melhor não comer isso.
- É assim que pretende que eu coma com você todas as noites.
- A culpa é sua por me fazer cozinhar.
- Eu posso cozinhar, senhora – o elfo se intrometeu. Angelique me olhou esperando uma resposta.
- Tá bem, pelo menos não desperdiça comida. Vejo que Lucius não foi criterioso ao me arranjar você.
Angelique pareceu tensa, levanto a mão instintivamente para a parte mais baixa do seu pescoço, só então notei as marcas roxas, amareladas nas pontas, talvez de dois ou três dias atrás.
- Vou tirar a mesa – ela se levantou de repente, sem esperar minha resposta, começou tirando os pratos e talheres – mas eu estava pensando.
- Não deve ter sido fácil.
- Ao contrário do que pensa, eu não sou burra.
- Estudou onde?
- As ruas ensinam muito mais do que você pensa - ela rebolou até a cozinha onde o elfo já lavava as panelas, quando voltou, eu ainda esperava – mais alguma pergunta?
Angelique era mesmo muito esperta.
- Acho que você se ofereceu para mim uma centena de vezes nas ruas mais asquerosas do centro talvez por anos, espera mesmo que eu acredite que não gostava daquela vida?
Claro que eu queria feri-la, mesmo que não soubesse ao certo porque. Mas ao invés de chorar ou me dar as costas batendo os pés, Angelique continuou impassível, então empurrou sua cadeira de volta ao lugar e sorriu.
- Eu não me oferecia a você, me oferecia a qualquer um que pagasse, infelizmente para você, nunca teve cacife para isso e eu não espero que acredite em nada, apenas faça o que lhe foi ordenado a fazer, quanto antes colocar um bebê em mim, antes eu vou embora.
Angelique não se apressou, andou calmamente para fora da minha vista. Estranhamente eu não estava com raiva, esse jeito dela desafiar era o mínimo que eu esperava de qualquer pessoa.
Naquela noite, usei a desculpa de que sentia nojo por ela ter sido recrutada por Lucius em um teste prático e não entrei em seu quarto. Menti para mim mesmo por uma semana, era mais fácil do que admitir que jamais engravidaria aquela mulher.
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Deixem o voto.
Xingaram muito o Severo nesse capítulo?
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