Dan

Não sei quanto tempo dormi, mas quando acordei, imediatamente senti falta dela, levantei em direção ao banheiro da suíte onde lavei o rosto e escovei os dentes. Olhei meu reflexo no espelho me dando conta mais uma vez que Liv é uma necessidade vital na minha vida. Flashes de todos nossos momentos me fizeram viajar num ponto fixo, então ouvi um barulho que me trouxe de volta a realidade e saí apressado do quarto.
Mais barulhos vieram da cozinha, e a medida que eu me aproximava, um aroma delicioso de comida italiana preenchia o ambiente. Ela estava de costas para mim e então resolvi ficar contemplando seus movimentos, e seu corpo que tinha ganhado curvas acentuadas com os anos, e com a prática da dança. Linda! Perfeita! Minha!

- No que está pensando? - Escuto a pergunta quando vejo que a um bom tempo ela olhava para mim também.

- Não sei nem por onde começar! - Sorri e me aproximei da bancada de mármore negro que me separava dela. Ela sorriu desconfiada e alcançou uma taça servindo uma quantidade de vinho branco e estendeu pra mim. Depois pegou sua própria taça e propôs um brinde.

- Aos melhores noventa dias da sua vida! - encostei minha taça na dela e complementei olhando dentro de seus olhos.

- Da nossa! - Bebericamos o vinho sem desviar o olhar um do outro. O fato de conhecê-la tão bem ainda não era o suficiente para saber se o sentimento dela era mútuo no mesmo patamar.

- Está com fome? - Suas perguntas diretas e objetivas também não me ajudavam muito, tornando minhas respostas evasivas.

- Muita! - Mesmo que tivesse duplo sentido pra mim.

- Mais 15 minutos para o molho ficar pronto e podemos comer. - Comentou conferindo a panela fumegante.
-Depois tem algo que queira fazer? Sair talvez? Visitar algum ponto turístico? - Neguei com a cabeça. Teria muito tempo para tal, eu só queria estar com ela, ficar com ela, meu desejo era quase palpável.

- Hoje quero curtir o seu apartamento. - E você!

Liv

- Ok! Podemos ver uns filmes, ou maratonar séries. - Sugeri. Que ótima ideia Liv, parece que tem 18 anos novamente!

- Qualquer coisa, desde que seja só eu e você! - Dan falou bebendo mais do seu vinho. Seu olhar permaneceu tão intenso em minha direção, que eu me perguntava se ele fazia de propósito.
Eu estava quente, acredito por estar cozinhando. Abri a torneira da pia e depois de lavar as mãos, discretamente levei a mão úmida até minha nuca sentindo um refrigério momentâneo.

Comemos, conversando sobre a festa de abertura da gravadora mais famosa do país, a Wagram, que havia comprado uma franquia de Show Your Talent onde Dan fazia parte do pacote.

- Você sabe que não sou muito chegado em festas, mas preciso ir, e quero que vá comigo nesse sábado. - Intimou servindo-se de mais espaguete.

- Pelo visto não tenho outra opção, certo? - Brinquei.

- Não mesmo! - Sorriu. E me perdi ali naquele sorriso. Sorri de volta e automaticamente meu polegar alcançou sua boca limpando o cantinho sujo de molho. Engoli seco quando Dan ficou de um jeito estranho, o que foi a deixa para me levantar e começar a lavar os pratos.

- Humnn, ei deixa isso comigo! - Levantou tão rápido quanto eu, veio atrás de mim e me puxou pela cintura afastando-me da pia. Virei de frente para ele. Sério eu não vou sobreviver a isso pelo resto do dia, da noite, final de semana e 90 dias, não mesmo. Se ele continuar me olhando e me tocando desse jeito não vou resistir.

- Você é meu convidado hoje! - Digo segurando seus braços cheio de músculos. - Andou malhando? - Como posso ser tão otária!?

Ele riu com vontade, daquelas risadas que chega-se a comprimir os olhos. Senti as bochechas esquentarem  certamente pareando com o tom do meu cabelo. Sorri com os lábios fechados.

- De onde saiu isso pequena? - Me perguntou sem soltar minha cintura.
Me livrei de seus braços e disfarcei voltando para a mesa pegando o resto da louça.

- Vai dizer que não? Você sempre foi magro devido sua estatura. - Provoco.

- Sei... - ele diz se aproximando lentamente. - Me chamar de magrelo é uma espécie de vingança por te chamar de pequena? - percebo o que ele quer fazer e deixo a louça na mesa dando pequenos passos pra trás.

- Não, por favor Dan, você entendeu errado! - Minto fazendo um muxoxo angustiado e ele avança pra cima de mim, solto um grito estridente e  corro o suficiente para chegar ao sofá e pegar a primeira almofada que usei de escudo contra o ataque de cócegas que veio logo depois.

Dan

Depois da sobremesa nos aconchegamos no sofá da sala e maratonamos a primeira temporada de Doctor Who. Ela sempre gostou da série de ficção científica. Quando a segunda temporada iniciou, Liv estava adormecida. O meu braço que estava ao redor do seu pescoço já estava dormente, mas com cuidado consegui deitá-la no sofá que era suficientemente espaçoso, o que me possibilitou deitar ao seu lado de frente pra ela. Não preguei os olhos em nenhum momento que a contemplava, mas tive que sair dali porque sua boca vermelha e carnuda era provocante demais. Levantei com cuidado, a cobri mais uma vez com uma manta e fui tomar um banho frio.

Quando sai do banheiro Liv me esperava sentada em minha cama. Não pude evitar uma cara de surpresa por vê-la ali, mas sorri mesmo assim.

Ela por sua vez parecia estar numa espécie de transe. Ignorei o fato de estar seminu e me aproximei dela tocando seu rosto com as duas mãos, no intuito de fazê-la olhar para mim.

- Liv? O que houve? Aconteceu alguma coisa? - meu tom de voz mostrou toda a preocupação que sentia naquele momento. Era angustiante.

Ela piscou algumas vezes, seus olhos cor de mel estavam ligeiramente marejados. Franzi o cenho. Suas mãos alcançaram as minhas, mas logo pousaram em meu peito. Ela estava perto o suficiente para ver o efeito que seu toque teve sobre mim. Seus olhos percorreram toda a extensão do meu tórax até encontrar meus olhos.

- Sim... Aconteceu! - Ela disse baixinho encarando agora minha boca, contornando meus lábios com seu dedo indicador. Fechei meus olhos sob seu toque, tentando encontrar uma maneira de eternizar aquele momento que estava finalmente acontecendo. E era melhor do que todas as vezes que eu tinha imaginado, sonhado ou só viajado com aquilo. Sabia que quando abrisse meus olhos, não iria mais haver distância entre nós, e aquela noite seria curta demais para demonstrar todo o meu amor.

Liv

Eu simplesmente não aguentava mais estar ao seu lado durante horas fingindo assistir Doctor who. As horas passaram e o frio na minha barriga permaneceu, eu precisava sair dali, para continuar com minha sanidade. Fingi dormir, quando ele me deitou, pensei que me deixaria só, mas não, durante incontáveis minutos senti sua respiração no meu rosto e mesmo sem poder vê-lo conseguia sentir fogo entre nós. Parecia que eu estava presa dentro de mim e praguejei mentalmente não ter coragem de abrir os olhos. Quando ele finalmente saiu do sofá ainda assim senti sua resistência em me deixar. Abri os olhos quando tive certeza da sua ausência e senti sua falta imediatamente, eu estava quase explodindo em desejo, aquele amor todo tinha que ganhar forma, tinha que ganhar vida. Então corri para seu quarto entrando sem bater. O quarto estava vazio mas o barulho de água indicava que ele estava no banho.
Decidida a espera-lo sentei confortavelmente em sua cama e... esperei.
Assim que a porta abriu no entanto, a visão que tive me fez paralisar, o peitoral definido ainda escorrendo suaves gotas de água trouxeram imagens de coisas que ainda não tinha acontecido. Quando ele me tocou tive a confirmação de que aquilo era tão certo assim como era o que eu queria para o resto da minha vida. Devolvi o toque com a mesma intensidade, ele fechou os olhos, e quando voltou a abrir acabou com o espaço entre nós. Tentar descrever o que senti naquele momento é quase impossível, falta palavras no dicionário. O beijo doce era como  elixir afrodisíaco, sua língua parecia invadir muito mais do que minha boca, meu coração bombardeava sangue puro e sem nenhum tipo de contaminação ou condenação que minha mente pudesse formular. Eu estava totalmente entregue, eu era totalmente dele. Como sempre fui.

Dan

Só pensava que poderia acordar a qualquer momento, mas a constatação de que aquilo aconteceu mesmo, se deu quando o ar faltou entre nós. Não precisamos de palavras ainda. Beijei castamente seus lábios macios e carnudos, uma última vez antes de unir nossas testas. Ela havia tomado a iniciativa! Ela sentia exatamente o mesmo por mim! Sorri com a leveza de um ser completamente entregue ao amor que sempre foi amor mesmo antes de existir.

Dividimos a noite no mesmo espaço, entre carinhos, e palavras que nem precisavam ser ditas, eu esperava conquista-la em 90 dias, e em apenas um fui totalmente conquistado. Eu seria para sempre seu. Ela seria para sempre minha. E o mundo seria pequeno para nós dois.

- Eu te amo! - falar o que sempre falei soava de um jeito que sempre quis escutar.

- Eu também, te amo, Dan. - beijei a lágrima que escorreu por sua face.

E tomei seus lábios mais uma vez antes de dormir sorrindo ao seu lado.

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E aí people o que acharam? Eu confesso q estou emocionada e por conta disso deixo vocês decidirem se este pode ser o fim ou merece mais um capítulo?
Comentem. Beijos.