*Especial - Dan*
Voltei para o trabalho entre lágrimas e socos no volante do carro. Me sentindo um crápula... disse coisas horríveis que Liv não merecia ouvir, mas foi preciso, só assim para ela ficar afastada... me lembro o tempo todo de nossa conversa antes de vir para Boston...
—"Só duas pessoas podem nos afastar um do outro!" —Ela afirmou
— "Quais?" — Perguntei.
— "Você e eu" — Ela tinha razão, como sempre!
Fui direto para meu escritório improvisado no teatro e avisei Hillary que não iria receber ninguém naquela tarde, a não ser fosse caso de vida ou morte. Ela deve ter entendido pois arregalou os olhos assustada. E lá fiquei a tarde toda, escutando ao longe vozes cantando ou conversando. Refleti sobre tudo e me controlei para não quebrar tudo que era quebrável por ali... sorri amargurado quando percebi que a única coisa que não queria quebrar era o coração da minha irmã... e... bem... acho que o estraçalhei. Uma lágrima de ódio desceu... eu torcia para que Nataly não entrasse ali naquele momento, pois tenho certeza que perderia o controle.
Uma angústia muito grande começou a tomar conta do meu peito... algo diferente do arrependimento e da ira que eu estava sentindo... um novo sentimento... um sentimento de perda, diferente de tudo que já senti... algo parecido com a separação, só que mais dolorido, mais tenebroso. Um gigantesco nó na garganta começou a tirar-me o ar... eu não demorei a entender que eu estava entrando em colapso nervoso... meu Deus... eu só tenho 18 anos... que eu estou fazendo da minha vida? Minha vida... Liv...
Alcanço meu celular com as mãos trêmulas... o contato dela está em discagem rápida... cai na caixa postal, ligo mais uma vez... e caixa postal de novo... quando tentaria novamente, recebo uma notificação de whatsapp... é de Nataly... bufo de raiva mas abro a conversa...
Nataly 17:33 - "Que história é essa de não poder entrar na sua sala?"
Aperto o celular imaginando ser o pescoço dela. E começo a digitar porque sei que ela não vai desistir.
Dan 17:34 - "Estou ocupado com trabalho, me dê 15 minutos e pode entrar."
Jogo o celular de lado ignorando a sua resposta... mas o pego rapidamente e disco o número de Johanna...
— Fala Dan... — Ela responde abafado devido ao barulho que se faz no local.
— Jô... Liv está perto? Não consigo falar com ela... — Pergunto sem esconder a preocupação que já me possui.
— Ela não está aqui Dan, me enviou uma mensagem dizendo estar com enxaqueca e foi para casa... — Fico em silêncio para digerir as palavras... Droga... eu sou um idiota.
— Ok... — Falo sofregamente. — Obrigado... — E desligo.
Olho para o relógio... falta 5 minutos para Nataly entrar na minha sala... e ainda 1 hora para o fim do expediente... e eu não posso sair... rapidamente digito o número de casa...
— Vamos... vamos ... atende ... —digo em voz alta. No quinto toque Justina atende... —Justina, é o Dan, pode me fazer um favor? Vá até o quarto de Liv e veja como ela está... —Ordeno rapidamente.
— Sim Senhor, ela chegou faz uma hora, dizendo que iria repousar, reclamou de dor de cabeça... — Ela disse enquanto andava com o telefone sem fio até o quarto.
— Justina, não bata, apenas entre... — Pedi.
— Já entrei... — ela sussurra... — Ela dorme como um anjo senhor... — Fechei os olhos e respirei aliviado.
— Obrigado Justina, se puder, continue de olho nela... — Foi o tempo de dizer tchau e Nataly entrar na minha sala.
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Antes do jantar meu intuito era falar com Liv novamente, contar toda a verdade...- aproveitei que Nataly se trancou em seu quarto prometendo sair de lá como uma diva... reviro os olhos só de lembrar seu comentário - , mas a porta estava trancada.
Fui atrás de Justina na cozinha ...
— Ela jantou no quarto, e pediu para que eu avisasse seu avô que ela não estaria presente no jantar de hoje... — Enfatizou.
— Ela falou algo mais? — Perguntei baixo e com urgência.
— Não... ela só pediu calmantes, disse que precisava relaxar... ela tomou uns 2 depois de jantar e voltou a dormir logo em seguida. — Suspirei profundo e sorri fraco para Justina que pediu licença e voltou a se concentrar no jantar.
Amanhã é outro dia- Penso- resolverei tudo!
Meu pedido de namoro deixou alguns curiosos, outros indignados e somente uma feliz... Nataly esbanjava sorrisos antes, durante e após o jantar. Isso tudo estava embrulhando o meu estômago... o único ponto bom da noite foi meu avô nos chamando após o jantar...
— ...Não que eu esteja reclamando, Daniel e Olívia são dois presentes... mas me tornei avô muito cedo e não pretendo me tornar bisavô agora... — Ele parou de falar quando percebeu que deveria ser mais enfático. — Não sou ditador e não costumo ser chato, mas tenho uma regra quanto a namoros, apenas uma... se estão namorando não podem permanecer na mesma casa, não na minha pelo menos. — Um sorriso intrínseco se forma em mim. Mas por fora continuo sério. Olho para Nataly fingindo consolá-la...
—Entendi Senhor Alfred, amanhã mesmo estarei voltando para o hotel. — Ela diz e segura forte minha mão. — Tudo por um bom motivo. — Ela me olha de um jeito que me faz estremecer até a espinha... vertigem... nem quero imaginar o que se passou na cabeça dela.
Consegui me livrar dela rapidamente depois disso, alegando cansaço... claro que antes deixei ela me beijar, enquanto eu me forçava a não esganá-la... mas minha razão mais uma vez não me decepcionou... eu precisava continuar com a farsa, afinal a farsa a afastou desta casa... há males que vem para bem!
— Amanhã vou cedo com você... não consigo, não posso e não preciso ficar longe de você... — Ela diz e entra em seu quarto. Suspiro como um belo pau mandado que sou, entro no meu quarto me certificando de trancá-lo logo em seguida.
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Demorei a dormir, por isso acordei um pouco mais tarde do que planejava... quando saí do meu quarto, Ruan saía do quarto de Liv...
— Como ela está? — Perguntei e ele logo cruzou os braços resignado.
— Um pouco indisposta... não vai ao curso hoje, diz que vai para o trabalho com Johana. — Responde e logo atrás faz uma pergunta que estava mais para afirmação. — Me diga que ela não está assim por sua causa?!
Até iria responder, mas Nataly sai do quarto de hóspedes com sua mala em mãos e vem ao meu encontro, me agarra na frente de Ruan que antes de sair da minha frente apenas balança a cabeça negativamente. Eu estou tão ferrado...
Durante a manhã na gravadora, tento mais uma, duas, três vezes falar com Liv, mas não tenho resposta... penso em almoçar em casa, mas já havia marcado com os jurados do show. Aquela angústia volta forte, a ponto de me fazer afrouxar o nó da garganta para respirar... Você vai vê-la a tarde Dan... tudo será resolvido sem drama... simples assim!
Não, não é... só parece, mas não é simples!
Sigo para o teatro em uma grande expectativa, vou direto para o local onde ela trabalha... Johana já estava lá ainda conversando com Peter... Liv...não está ali.
— Onde ela está? — Pergunto para Johana sem nem ao menos cumprimentá-los.
— Boa tarde pra você também Dan... — Ela diz com ironia.
— Onde Johana? — Pergunto firme.
— Como assim Dan... ela está no curso, deve estar vindo com Ruan...
— Não... ela não foi ao curso, disse que viria com vocês dois agora a tarde... — Ruan diz atrás de mim já com ar de preocupação.
A expressão de Johana, passa de interrogativa, para surpresa, logo em seguida seus olhos esbugalham e ela olha assustada para Peter...
— Mas que merda, o que significa esta troca de olhares...? — Pergunto irritado.
— Ela... ela... escutou Peter... ela nos ouviu... — Eles me ignoram... Peter leva as mãos a cabeça... Ruan pergunta em seguida...
— O que? O que ela ouviu? ... — Agora Ruan é ignorado...
— Vai atrás dela Peter... vai... — Ele dá um passo ... eu dou dois...
— Você não vai a lugar algum... o que é que está acontecendo? — pergunto já descontrolado... as pessoas estão chegando e começando a perceber o desentendimento.
— Dan? O que está acontecendo? — Nataly que tinha ido ao banheiro pergunta.
— Agora não Nataly... — Respondo levantando uma mão para ela sem olhá-la, tentando em vão manter a sanidade.
— Deixa ele ir Dan... — Johana implora já em lágrimas...
— NÃO! ELE NÃO VAI A LUGAR ALGUM SEM ME FALAR, QUE PORRA QUE ESTÁ ACONTECENDO... O QUE VOCÊ FEZ COM MINHA IRMÃ? — Grito agarrando Peter pela gola da polo que usava. Ruan, Johana e mais alguns tentam me afastar dele, mas parecia estar sob efeito de algo sobrenatural, não movi um centímetro.
— RESPONDE!!! — ele permaneceu imóvel e não respondeu. Eu ameaço bater nele, meu punho para no ar quando ouço a resposta da boca de Johana...
— ELE É O IRMÃO DELA! — grita... — Ele é o irmão de Olívia!
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