*38*
Dan
Estar ali já era difícil o suficiente, mas ouvir verdades da boca de Peter era ainda pior. Ele não entende como me sinto, nem quero fazê-lo entender, não vou tentar medir quem está sofrendo mais com tudo isso. A idéia de Liv tratar Peter como irmão é inconcebível... eu não consigo imaginar isto de uma forma agradável, admito que é puro egoísmo, e uma atitude um tanto infantil, eu sei.
Peter resumiu a história de sua vida e nem mesmo isso me fez amolecer.
— Sei que Liv não tem culpa de nada, mas ainda não estou preparado para ter uma conversa com ela, eu já a magoei muito da última vez, e quero estar mais tranquilo ao lidar com ela desta vez. — expliquei de forma calma, esperando que ele fosse entender e terminasse aquele papo de irmão preocupado.
— Olha, eu sei que isto é difícil pra você... mas Liv não vai aguentar esta situação se você continuar sendo indiferente com ela. — Peter insiste.
— Ela parece estar indo bem — digo convencido— Ruan, Rick, Johana e você são suficientes para manterem ela sã... —digo friamente. Peter solta um suspiro ao ver que não teria êxito em seu pedido.
— Tudo bem Dan, espero de verdade que quando você ver o quanto está sendo incoerente, intransigente e intolerante, não seja tarde demais... — reprimi um acesso de raiva que se formava.
— Me diz uma coisa, Peter...— pergunto com uma ponta de soberba. — por que só agora? Seu pai faleceu á 5 anos atrás... por que não foi para França, por que não escreveu uma carta, mandou um e-mail qualquer coisa? — cuspi as perguntas como se fosse deixá-lo sem palavras.
— Porque ela não estava preparada pra ouvir e saber a verdade, não tinha estrutura para aguentar tamanha informação. Estar ao lado dela era tudo o que mais queria, ainda mais depois da morte do nosso pai... mas eu sei que ela não suportaria saber toda a verdade, estando longe de você... o sonho dela era estar ao seu lado, e eu estaria sendo egoísta se tirasse isso dela... — minha garganta fecha com as palavras de Peter. Eu sei que estou sendo um filha da mãe insensível, mas não consigo agir de outra forma. Ele percebendo minha resistência, franze o cenho e retoma a palavra.
— Daniel, eu não planejei nada disso, a forma como ela soube, como vocês descobriram, foi impensado. Mas... aconteceu... a bomba explodiu e você não foi o único atingido... você não parece querer amolecer e deixar o orgulho de lado. Então eu lamento... lamento muito, porque a partir deste momento eu sei que você vai fazer a Liv sofrer mais do que ela já está sofrendo, e eu não vou deixar... — cerro os olhos, o que ele pretende fazer? — vou protegê-la, vou amá-la, vou estar ao lado dela... nem que eu tenha que afastar ela de você! — olho para baixo, as palavras ousadas de Peter me intimidaram, porém permaneci quieto.
— Eu vou embora... deixo o meu apelo e meu recado... depende de você qual dos dois escolher! — Ele diz, levanta deixando o dinheiro do que consumiu em cima da mesa e sai do local.
Espalmo as mãos no rosto, esfregando compulsivamente e depois as levo em sinal de oração fazendo uma prece silenciosa, eu não posso perder Liv... mas não quero dividí-la... sou um egocêntrico filha da mãe... saio do café em direção ao carro... não vou e não posso voltar para casa agora, decido ir para casa da Summer que tem se tornado o caminho da roça ultimamente.
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Ao chegar lá encontro Summer chorando baixinho no jardim da parte de trás da casa... ver ela assim fez lembrar mais uma vez o quanto sou egoísta, vim pronto para falar dos meus problemas, sinto vergonha de mim mesmo...
— Loirinha... o que foi? — Quando ela me vê, levanta e corre até mim... me abraça forte e o choro uma vez baixo, se transforma em soluços altos. Deixe-a chorar por um tempo, fiquei alisando seus cabelos dourados que brilhavam com o sol do meio dia... quando ela se acalmou saiu dos meus braços limpando as lágrimas, mas eu afastei suas mãos e eu mesmo as limpei... ela estava triste, minha amiga tinha o olhar mais triste que vi desde que a conheci.
— Eu estraguei tudo... — ela disse com a garganta embolada...
— Estragou o que? — Perguntei placidamente levando seu cabelo para trás da orelha.
— Rick esteve aqui hoje de manhã... tomou café comigo, conversou como nos velhos tempos... e não que não estivesse gostando, mas eu estranhei... á muito tempo ele não fazia isso, ele tinha se afastado completamente desde que conheceu Liv e principalmente agora tão envolvido com seu sonho... — Fiz sinal para que ela continuasse — Então eu perguntei porque ele veio aqui, ele estranhou e começou a dizer que eu tinha mudado desde que te conheci, que preferia você, e que o tinha deixado de lado... me ferveu o sangue... como ele podia jogar em cima de mim a culpa do nosso relacionamento estar destruído... depois de lutar tanto por ele, sem ser correspondida, naquele momento eu cansei e ... — ela volta a chorar... — eu acabei jogando na cara dele que Liv não o amava, e que além disso estava em um relacionamento com Ruan... — eu arco as sobrancelhas em sinal de espanto e só digo um "Uou" . A abraço tentando conter novas lágrimas, mas ela está arrasada.
— Como você sabe que Liv e Ruan estão... em um relacionamento? — Pergunto depois de um tempo...
— Só um cego pra não ver Dan... — de repente ela se dá conta — vai dizer que você também não sabia...? — dou de ombros, o relacionamento deles agora é o que menos me importa...
— E como... como Rick reagiu? — perguntei com cautela, eu sabia que Rick tinha um carinho por Liv, mas para mim eles não passavam de amigos como Summer e eu... ela me olha triste antes de falar.
— Ele disse que foi um erro ter vindo aqui... que se ele quisesse saber os sentimentos de Liv por ele, teria perguntado para ela, pois com certeza ela teria sido franca de uma forma delicada e amigável como eu nunca seria.
Abraço mais uma vez Summer, não importa o que eu fale agora, nada vai fazer o que ela sente desaparecer, e disso... bem disso eu entendo perfeitamente!
Liv
Como pode... a alegria e a tristeza disputarem tão fortemente por um espaço em meu coração... e por uma mesma pessoa?
As notícias que meu avô compartilhou no jantar me incentivaram a falar com Dan... mas o modo frio que ele me tratou após o jantar me acovardaram... voltei para a academia e só lembrei a presença de Rick, quando este me alcançou os passos tocando o meu ombro me fazendo voltar pra realidade.
— Ei, ei... — ele chama minha atenção — o que foi? O que está acontecendo Liv? — Toca meu rosto com as mãos e eu desabo em lágrima silenciosas... ele me abraça firme, tão firme que não creio que vá me largar tão cedo.
— Desculpe pela situação na mesa, não sabia que Summer viria jantar aqui também... — digo quando consigo me recompor. Ele me olha com ternura.
— Tenho certeza que o problema aqui não é este ruivinha... e eu não vou arredar o pé daqui enquanto você não me contar... — suspiro profundamente e pego sua mão o guiando até a sala de jogos... nos sentamos nas cadeiras altas do bar próximo a mesa de bilhar e ele faz menção que eu comece a falar. E eu falo... desabafo... desde Nataly, o suposto namoro e as consequências desse, até a frieza com que Dan me tratou hoje após o jantar. Deixei Ruan de fora.
— Você está ouvindo e falando com a pessoa mais complicada de Boston no momento Richard... — falo forçando um falso sorriso.
— Pois deveria ter falado desde o começo... Liv, não precisa me poupar de nada, eu lido com tempestades e situações difíceis faz muito tempo. — engulo seco, ele ainda nem sabe de Ruan, mas por outro lado estou sendo presunçosa, ele vem agindo como amigo ultimamente e eu pra não confundir as coisas e também poupá-lo o afastei quando mais precisava de um amigo.
— Desculpe... — eu o abraço sem medo, sentindo um conforto que acalma a minha alma.
— Isto tudo é bem assustador Liv, e você parece estar lidando bem com tudo na medida do possível, mas como ainda não conversou com Peter, com Dan, sua mãe, seu pai... e enfim nem seu avô sabe, você precisa desabafar com alguém, não pode guardar tudo pra si, isto pode deixar você beirando a loucura... por favor não passe por isso sozinha. — Meneio a cabeça em concordância... ele parece entender da questão.
Mas eu não quero mais falar sobre isso e assim que surge uma oportunidade na medida que vou me acalmando mudo de assunto.
— Rick... e você? Como está lidando com tudo... a sua mãe, como tem te tratado? — pergunto.
— Eu estou... radiante, me sinto cada vez mais no lugar certo, já recebi inúmeras propostas de contratos, independente se eu ganhar ou não a competição — sorrio largamente com o que escuto — eu me encontrei ruivinha... e devo muito a você... — balanço a cabeça negativamente.
— Até parece... — falo sem jeito — você já tem até fã clube que eu sei... os seus vídeos viralizaram no youtube e redes sociais de forma esmagadora... você é incrível Richard Taglioni Coleman! — Ele sorri maroto. — Você merece tudo isso!
— Obrigada musa inspiradora... — sorrio tímida, mas nego com a cabeça.
— Você sabe que não sou eu sua musa Rick... sou sim uma grande amiga e fã número um de carteirinha... mas a pessoa que te inspirou a vida toda, que esteve ao seu lado quando seu sonho ainda eram meras palavras e mesmo assim acreditou em você e te incentivou a prosseguir... — paro de falar quando o vejo engolir seco — não sou eu... e não é justo eu tomar este lugar! — ele balança a cabeça concordando e sorri fraco.
— Ela precisa de você, tanto quanto você dela Rick... por que você acha que ela ainda não foi embora daqui? Pense bem... a mãe e o pai dela estão longe, e ela ficou por você...
— Eu... eu só achei que ela precisava de espaço... por causa do seu irmão... — balanço a cabeça em negação. Homens!!!
— O Dan é lindo, e eu já ouvi da boca dela, o quanto seria mais fácil gostar dele... mas os dois são apenas bons amigos... nenhum dos dois nutre nada pelo outro a não ser uma amizade linda e saudável. — ele baixa a cabeça envergonhado. — Fale com ela Rick, não a prive da sua presença, você meio que vicia... — ele soltou uma gargalhada gostosa, me fazendo sorrir também... depois disso o levei até lá fora e acenei quando deu partida em seu carro.
Entrei e percebi o quanto a casa estava silenciosa... fui até a cozinha, bebi um copo de água e olhando no relógio vi que já passava das 22:00hs. Mas eu não podia dormir sem antes falar com uma pessoinha extremamente ciumenta... se você pensou em Ruan, parabéns você acertou!
Ironia á parte, subi as escadas silenciosamente e sem bater fui ousada o suficiente para abrir a porta do quarto de Ruan... ele dormia, um sono inquieto... sentei-me perto do seu tronco e me inclinei sobre ele distribuindo beijinhos por todo seu rosto... isto estava virando uma mania gostosa pra mim, abriu os olhos lentamente... lhe dei um sorriso bobo enquanto acariciava seu rosto, até que senti suas mãos me agarrarem pela cintura me fazendo deitar ao seu lado, me permiti ficar por um tempo ali nos braços dele... sentindo proteção e amor sem pronunciar uma só palavra.
Hello people... capítulo da madrugada de sexta... porque durante o dia será bem corrido... aliás o fim de semana todo...
O que estão achando dos acontecimentos... alguns leitores estão bem preocupados com a Liv, mas sinceramente eu estou com Dan... Liv além de ter bom senso e saber controlar melhor seus sentimentos ainda que confusos, agora tem Ruan... mas e o Dan? Pois é... comentem o que acham...
Fico por aqui... beijinhos da Gra e bom findi.
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Divulgação EXTRA!
Uma das minhas primeiras amigas no wattpad, e também leitora... está pensando seriamente em tornar seu livro físico... eu tive o privilégio de ler e super recomendo...
Um sonho, Muitas Surpresas de Fabii_7
Inclusive ela tem uma página do livro no face e precisa de sua curtida... quem puder ajudar me chama inbox que eu mando o link... obrigada!
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