*33*
Dan
Solto Peter lentamente impactado com o que ouço... meus olhos estão fixos num ponto qualquer, enquanto minha garganta seca me incomoda... não consigo dizer nada, estou em estado de choque, se isso for verdade, é o meu pior pesadelo se tornando realidade.
—O que? — A pergunta vem de Ruan, já que eu pareço estar em outra dimensão.
— Não era para ela descobrir agora... ela nos ouviu esta manhã enquanto falávamos no quarto de Johana... — Peter fala pesaroso... e eu começo a sentir um líquido quente encher meus olhos...
— Do que você está falando? De onde você tirou isso? — Ruan continua, vendo que eu não reajo.
Peter olha ao redor... então percebe que não é hora nem lugar para falarmos algo tão sério...
— Gente, vamos andando, não tem nada pra vocês aqui... — Ruan quem anuncia, e as pessoas começam a andar em direção de seus afazeres. — Pronto, mas mesmo assim acho que deveríamos ir para seu escritório Daniel. — Ele sugere, e eu ainda não me movo.
Sinto alguém tocar minha mão... é Nataly... de repente acordo para realidade, e com raiva retiro minha mão do toque dela...
— Acabou Nataly! — Digo entredentes.— Acabou a palhaçada... as ameças... tudo... quero que você vá imediatamente para o aeroporto e volte para onde nunca deveria ter saído.
— Você não pode... — Ela tenta contrariar.
— Eu posso... sempre pude, sabe por que? Porque eu sou o dono desta porra aqui... — Minha frieza a assusta mais do que se eu estivesse gritando. —E se você ousar, fazer qualquer coisa contra Liv, ou meu pai, ou minha mãe, ou qualquer pessoa que eu ame... pode se preparar para uma caçada infernal, eu não vou te deixar em paz nunca! —Falei o que deveria ter falado desde o começo, mesmo sabendo que talvez não evitaria o que eu ouvi minutos antes, mas tendo convicção que não seria desta maneira abrupta.
— Preciso arrumar minhas malas! —Ela diz derrotada. Fico a encarando de modo intimidador, para que ela saiba que eu não estou brincando. Todos os que ali estavam, se encontravam perplexos com que ouviram de mim.
— Eu posso levá-la até sua casa e deixá-la no aeroporto se permitir. — James disse constrangido.
— Eu só quero que ela suma da minha frente. — Disse olhando para o nada, enquanto ouvia o choro baixo de Nataly. Onde eu estava com a cabeça quando me permiti ser coagido por esta... esta... infeliz!
James se retira juntamente com Nataly. Ficando ali Hillary, Max, Ruan, Johana e Peter.
— Dan... o que devemos fazer? — Johana pergunta angustiada, enquanto Peter permanece quieto. — Eu a olho intensamente antes de responder.
— Hillary e Ruan vocês vão precisar assumir por aqui enquanto eu estiver fora... Johana você vai precisar ficar também... — Ela balança a cabeça afirmando, mas Ruan me corta...
— Eu vou com você Daniel... não vou conseguir trabalhar enquanto não saber se Liv está bem... — Eu o olho impassível.
— Não sou eu que vai atrás de Liv... — todos me olham tensos, eu apenas engulo seco — assim como ela eu preciso de um tempo pra pensar... no que acabei de ouvir... sozinho. — termino e levo a ponta dos dedos indicador e polegar aos olhos tentando regredir uma lágrima que já se formava. — Se quiser ir vá com Peter... — aponto para ele sem olhar. — Só arranje alguém para ficar no seu lugar já que Nataly foi embora. — Hillary só confirme se Summer e Kyle estão em seus postos... eu não os vi hoje. — Digo por fim me virando para sair do teatro, não sabia quanto tempo mais iria aguentar permanecer inabalável.
— Fique tranquilo, estará tudo sobre controle... — Foi a última coisa que ouvi antes de sumir dali.
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O céu azul, o sol brilhando intensamente, os pássaros gorjeando, o vento balançando as árvores, um fim de tarde tranquilo deitado em um dos parques de Boston... não imaginava que o inferno seria assim... sinto o gosto amargo do meu choro desconsolado. Tudo o que temia aconteceu... entendo agora a minha cisma com Peter, eu senti desde o primeiro momento que o vi, ele não está mentindo, ele é o irmão dela, isso quer dizer que eu não sou, quer dizer que meu pai não é o pai dela, quer dizer que eu não tenho nenhum laço de sangue com ela... perdi Liv, perdi a minha irmã, e agora estou desorientado, nada mais faz sentido, não quero mais fazer nada do que planejei, sinto como estivesse em outra dimensão, que nada mais importasse. E não importa...
Meu celular vibra em notificação... depois de ter tocado várias vezes e eu não ter atendido nenhuma delas, levanto do gramado e me recosto na grande árvore atrás de mim... era uma mensagem do meu pai...
Pai - 18:23 — "Dan, filho... o que está acontecendo por aí? Nataly ligou para a matriz chorando pedindo que antecipassem seu vôo de volta."
Eu - 18:25 — "Eu te explico mais tarde pai... não estou num bom momento agora... mas não é nada demais - minto- , só confie em mim."
Pai - 18:26 — "Tudo bem, claro que confio em você, sempre confiei, se precisar de mim estou por aqui filho."
O nó na minha garganta aperta outra vez... eu quero gritar, correr e quebrar alguma coisa, mas meu corpo todo dói... minha cabeça lateja, queria poder abraçar minha mãe agora, mas nem cogito a idéia de incomodá-la, nem preocupá-la.
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Quando entro no meu carro já passa das 22:00hs, meu celular tocou mais vezes e eu não atendi nenhuma, até que a bateria arreou. Começo a dirigir mas não tenho coragem de voltar para casa... quando vejo estou na frente da casa de Summer e esta já sai de dentro de casa e corre até mim e me abraça.
—Graças á Deus Dan... onde esteve? — Ela pergunta, olhando bem dentro dos meus olhos... onde a resposta estava clara, tamanha dor que estava sentindo.
Liv
Chorei muito enquanto fiquei trancada no meu quarto até depois do almoço quando todos foram para o trabalho, ninguém sabia que eu estava ali, a não ser Ruan que só daria por minha falta mais tarde... eu queria sumir... eu queria fugir... mas para onde iria? O centro da minha vida era Dan, eu não tinha amigos que não fossem seus amigos também...exceto Rick... que não poderia perder a concentração agora... voltar para França ou ir para Jacksonville estava fora de cogitação porque envolvia dinheiro, e eu não conseguiria, sem falar com meu avô ou meu pai, o que também não aconteceria. Então resolvi ir para o lugar que mais sentia bem, sabendo que ficar bem seria quase impossível, porém respirar ar puro não era de todo ruim... o pomar era o lugar mais distante que conseguiria ir sem me perder... e ali permaneci, chorando, pensando, lembrando, chorando de novo... eu deveria estar um caos, um reflexo do que me sentia por dentro.
O sol já estava baixando quando escutei passos, não me incomodei com que pudesse ser, contanto que quem quer que fosse, não tentasse estourar a bolha onde eu tinha me enfiado. Alguém sentou ao meu lado, debaixo da pereira onde estava, não precisava olhar para saber quem era, seu perfume já estava impregnado em mim... fechei os olhos e aspirei fundo.
Ficou em silêncio por um tempo... respeitando meu momento. E eu o amei ainda mais por isso... mas, dado momento ouvi sua voz...
— Sabe... quando Johana e eu tínhamos uns 7 anos, comecei a questionar, primeiro para mim mesmo, depois para minha avó já que minha mãe não esteve presente metade da minha vida... — Ele dá uma parada como se lembrando dos momentos e continua...
— Questionei o por que de não conhecer meu pai, por que minha mãe não era presente, por que não podia ser igual os outros garotos, que eu considerava normais. — mais uma pausa e eu ainda não tinha o encarado, encarava o chão mas não chorava, acho que não havia mais o que chorar e ele prossegue...
—Depois de um tempo estes questionamentos, todos sem resposta, passaram a gerar em mim um senso de proteção com o que eu tinha, como se eu fosse perder também a qualquer momento... e uma delas era minha irmã... e isso só piorou quando minha vó morreu... Johana era minha única família... eu não queria e não podia perdê-la... — começava a compreender seus ciúmes descontrolados...
—Quando ela começou a me enfrentar e namorar Peter, e eu percebi que a vida é assim... não somos donos de ninguém, e ninguém é nosso dono... somos como pássaros Liv... precisamos voar, mas o bom é que somos livres, e o melhor de ser livre é poder ir e voltar quando quiser... deixei minha irmã livre, mas eu sei que ela nunca me sairá daqui... —ele aponta para o coração e é neste momento que eu olho pra ele... seus olhos estavam cheios de ternura, e logo a fonte que eu pensei estar seca, estava desaguando novamente, me puxou para ele e me abraçou forte, eu fiquei ali com meu rosto escondido em seu peito, molhando toda a sua camisa mas não consegui falar...
— Por favor meu amor... não estou suportando te ver assim, fala pra mim o que você quer, qualquer coisa... e eu faço... — Ele fala carinhosamente com suas mãos segurando meu rosto. Eu olho para cima e vejo que já está escurecendo, sei que não podemos ficar ali por mais tempo, mas também sei que não quero encarar agora o que preciso enfrentar. Não sei como Ruan soube, nem sei se ele soube de algo afinal, mas é com ele que quero estar agora...
— Só me tira daqui Ru... eu só quero sair daqui por uma noite... — Ele beija minha testa e logo me ajuda a levantar.
— Tudo bem... já sei para onde vou te levar... eu vou cuidar de você! — Caminhamos juntos até um dos carros que a gravadora tinha alugado para facilitar a vida dos funcionários neste período de shows, ele deu partida e saímos deixando a mansão do meu avô para trás.
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—Que prédio é este? —Pergunto no elevador quebrando o silêncio. Ele sorriu.
— Desde que comecei a trabalhar na gravadora vim juntando um dinheiro, e um mês atrás dei entrada em um apartamento neste prédio. — O encaro surpresa... e logo franzo a sobrancelha...
— Por que? E por que não contou que iria se mudar? — Perguntei chateada.
— Porque nunca quis ficar a mercê de Bárbara — cerra os dentes — e também porque não está mobiliado ainda, só tem um sofá, um colchão de solteiro, um fogão e uma geladeira. — Diz e abre a porta me convidando a entrar... É muito bonito, todo branco com elevações e baixadas em gesso, não era grande, mas também não era pequeno... com os móveis certos ficaria perfeito, a cara de Ruan. — E também quero sair de lá, porque seu avô não permite namorar na mesma casa... — Sinto o vermelho do meu rosto e ele sorri pra mim, me puxa pela cintura e me beija no rosto, sinto mais carinho e aconchego no seu gesto do que outra coisa, ele me encara nos olhos e em seguida minha barriga ronca... — quebrei o clima, me permiti rir com ele pela primeira vez no dia...
— Princesa...— diz ofegante... — você comeu alguma coisa hoje? — Pergunta ainda com resquícios de lágrimas nos olhos de tanto rir...
—Sim... o café da manhã que você me levou! — Ele fica sério e balança a cabeça desaprovando.
— Então, faz assim... — puxa minha mão me guiando pelo corredor... — você toma um banho— me faz entrar num cômodo que creio ser o seu quarto, e é porque o colchão está lá, e em um canto algumas roupas e toalhas sobre uma cadeira. — Tem toalhas ali no canto e o chuveiro funciona perfeitamente... vou preparar algo pra nós jantarmos. — Diz e me dá outro beijo no rosto saindo do quarto logo em seguida.
No banho deixo mais algumas lágrimas caírem, prometendo a mim mesma que seriam as últimas, porque precisaria ser forte para conversar com Peter, revelar a verdade para o meu pai, desabafar com minha mãe e encarar Dan... nesta ordem!
E aí gente, muitas emoções né... gostaram dos especiais? E este capítulo? Eles precisavam de amparo, teve muita treta nos últimos capítulos...
O que acharam da revelação de Peter, e da Selena? Eu mesma fiquei impactada, e a moral é ... não importa o quanto demore, a verdade sempre vem á tona.
Vou tentar postar umas três vezes por semana, como semana passada, o que acham?
Vou indo gente, leiam a divulgação abaixo... beijinhos da Gra.
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Divulgação do Capítulo
Nome do livro: Cariel
Autor: @AndersonAnjos
Categoria: Fantasia
Sinopse: " Em uma terra onde a desconfiança e a paz andam lado a lado, dois povos vivem separados por um único pacto, selando a boa nova entre homens e bruxos, mas também a prosperidade e a boa vontade de um Deus. A cada 500 longos anos este pacto tem de ser refeito, mas desta vês um antigo inimigo espreita da escuridão sedento por sangue com um único propósito cria problemas irreversíveis, batalhas, guerras e medo. Mais um jovem foi levado a atravessar em seus caminhos. Intrico apaixonado e sonhador ele terá de lutar contra seus próprios desejos e sonhos para viver longe do que ama mesmo que isso se torne uma batalha impossível pois seu destino se tornou incerto e suas ações duvidosas."
Nota da leitora: Muito bem escrito, o autor sabe muito bem o que está fazendo. Não é a toa que sempre está entre os #500 em fantasia. Indico para quem gosta do gênero.
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