*15*
Dan
Uma semana se passou, e outra e mais outra.
Liv ia para seu curso de manhã de carona com os gêmeos que iam para a faculdade, depois nos encontrávamos no almoço em casa, de onde eu seguia para a G&G com Ruan. E nos víamos a noite novamente... estava virando uma rotina boa e seria perfeito se não fosse pelas visitas que nossas irmãs estavam recebendo nesta semana na parte da tarde. Peter e Rick! E de quebra mais um rapaz, estudante do curso de dança. Na boa, pensei que mulher que gostava dessas coisas! Não sou preconceituoso ok... só um pouquinho ciumento, admito. E Ruan tão ciumento quanto eu, deixava isso mais claro! Transparente na verdade!
— Porque de todos os alunos dessa matéria você teve que fazer um trabalho em dupla logo com esse Peter!? Posso saber? — Ruan perguntou zangado, assim que sentamos na sala de estar, depois do jantar. Estava nítido o quanto ele esteve se segurando para não estourar na mesa perante meu avô e Bárbara.
— Não que eu te deva alguma explicação, mas Peter é o melhor nesta matéria, e não pensei duas vezes em unir o útil ao agradável quando "ele" me chamou para ser meu parceiro no trabalho.— Johana falou provocando. Ruan cerrou os punhos, e eu estava agradecido por ter um temperamento mais parecido com o da minha mãe.
— Ruan! Por favor, Johana sabe se cuidar, você está gastando energia à toa. — Liv fala calmamente sentada ao meu lado.
— Ah! E você também está se saindo melhor do que a encomenda hein, dona Olívia. Dois de uma só vez, vocês combinaram? Isto está me tirando do sério. — Ruan continua a dar o sermão, agora na minha irmã, e me olha em seguida. — E você Daniel, vê se fala alguma coisa, porque eu bem sei que também não gosta disso. — Ele termina. Johana e Liv me olham esperando minha reação.
— Eu não gosto da presença deles aqui, mas eu confio em Liv. — Minha irmã gira o corpo ao meu lado me encarando, não acreditando no que eu estava dizendo, bem, isso era o que sua expressão confirmava.
— Por que eu sinto que estou recebendo permissão sua, Dan? E Ruan, guarde seu ciúmes sem fundamento para sua irmã. Nós só estamos cumprindo com assuntos de faculdade, isso é muito importante para mim, os garotos vem aqui para estudar e ensaiar. E se fosse algo mais, vocês não poderiam fazer nada. Pelo menos no meu caso não. Então vê se cresce, que essa possessividade toda não vai te levar a lugar nenhum. Deve ser por isso que até agora não tem namorada, ninguém aguenta um cara assim! — Sério, minha irmã consegue desmontar alguém apenas com sua calma... o que se torna terrível quando ela a usa falando. Olhando para cara de Ruan agora, vejo que ele preferiria que ela o tivesse agredido fisicamente ou pelo menos gritado bem alto. Até Johana ficou boquiaberta.
— Liv, o que quis dizer é que sei que você tem capacidade de escolher o melhor para você, só que não posso negar, o quanto me incomoda a presença de três rapazes enquanto nenhum de nós está aqui, incluindo nosso avô. — Digo tentando parecer o mais neutro possível, buscando amenizar o clima tenso.
— Tudo bem Dan, eu sei que você está apenas expressando sua opinião de irmão, e fico feliz que não tenha pedido desculpas dessa vez. — Eu reviro os olhos e ela sorri. — Vamos fazer o seguinte? Vamos sair depois da minha apresentação no sábado?
— Você quer sair no Valentine's Day, com seu irmão? — Johana pergunta desacreditada.
— Não bobinha, quero sair com todos vocês... com as pessoas que tem iluminado minha vida a quase um mês. — Incrível como ela bate e assopra depois!
— Desculpe Liv, mas se eu for cortejada por alguém, gostaria de aproveitar isso, pelo menos nesse dia. —Johana diz decidida e antes de Ruan abrir a boca para despejar o sermão, eu falo.
— Certo, tenho uma proposta! — Consigo chamar a atenção. — Se cada um levar uma pessoa, podemos ir todos juntos, estaremos fazendo duas coisas em uma e ninguém briga. — Eu me senti um E.T assim que lancei a idéia. Os três me encaravam, e depois se entreolharam.
— Eu aceito! — Liv foi a primeira a concordar.
— Se for para o bem geral, e ainda assim curtir os amigos e a noite de Liv, também aceito. — Johana disse.
— Vale convidar alguém desta sala? — Ruan pergunta debochado. E eu fecho a cara, quando percebo que ele falava de Liv. Ele gargalha e mesmo contrariado topa.
— Ok! Então temos três dias, para convidar alguém ou sermos convidados. — Assim que termino de falar percebo que talvez não tenha sido uma idéia muito boa... mas agora está feito. Ficamos conversando mais um pouco na sala sobre assuntos aleatórios e depois vencidos pelo cansaço cada um foi para seu quarto.
Rick e o outro cara são parceiros de Liv na apresentação do Valentine's Day * que será na sábado ás 16:00hs no auditório da faculdade. Dentre os detalhes que ela me contou sobre isso só lembro dos que achei relevantes, os trios ou pares foram sorteados, então não era escolha dela estar justo com o idiota do Rick, e que eles representariam um triângulo amoroso entre um homem uma mulher e um gay... e Rick atuaria como gay. Ótimo!
Ela me fez prometer que iria vê-la dançar, assim como meu avô, Bárbara, Justina e os gêmeos... chegou a ligar para o nosso pai, mas acho difícil ele vir, mesmo que tenha muita vontade. É claro que eu não perderia um evento desses por nada, representarei meu pai, sua mãe, e toda a família se for necessário, mas a farei feliz nesse dia, aplaudirei de pé da primeira fileira da platéia, levarei flores, e até suportarei quem quer que a convide para um encontro. Só espero não me arrepender depois!
Liv
Duas coisas estavam tirando um pouco a minha paz interior, a proposta de Dan... afinal por que cargas d'água ele a fez? Ele quer convidar alguém e não sabe como? E Peter! Eu tenho medo de estar paranoica, mas tenho quase certeza que ele escolheu fazer o trabalho com Johana para ter oportunidade de falar comigo. Eu quero muito estar equivocada. Sorte a casa ser grande e eu estar bem ocupada com os ensaios junto aos meninos. Que tem me tirado altas gargalhadas. No começo juro que eu fiquei além de suspeita, também com raiva de ter que dançar logo ao lado de Rick, mas depois que a Sra. Taglioni nos deu os papéis só consegui fazer rir... e resolvi dar uma trégua nas discussões com o filho dela, porque meu bom desempenho era o que importava agora.
A homenagem será ao amor e as diversas formas de amar em comemoração ao Valentine's Day... a maioria é dupla e os papéis entre amor lésbico, amor puro, primeiro amor, amor infinito entre outros e nós (Rick, Max e eu) estaríamos representando um triângulo amoroso, a mulher (no caso eu) que é apaixonada pelo gay (Rick), que ama o homem (Max) que é apaixonado pela mulher, e assim sucessivamente... seria trágico se não fosse cômico!
Escolhemos uma música tudo a ver com nosso tema, Bizarre Love Triangle na versão de New Order (mídea). Eu sinceramente estava adorando, Max arrasava na criação de passos, e nós três executávamos bem eles sem falhas.
— Ruivinha... já disse que essa casa é enorme? — Rick comentou enquanto descíamos para a academia, embora já fosse a quarta vez que ele e Max ensaiavam ali. Ignorei seu comentário.
— Eu ainda acho, que a sua mãe nos deu pouco tempo para ensaiar, devíamos ter ao menos uma semana a mais de vantagem. — Max indagou preocupado.
Max é um dançarino impressionante de 20 anos, afro-americano muito bonito, usa rastafari que é uma das coisas que sempre me chamou a atenção, para mim era arte. E diga-se de passagem eu amo arte.
— Relaxa cara! Você ficou com o melhor papel... — Rick argumenta.
— Melhor papel? Eu vou ter que fugir de um gay, e correr atrás de uma mulher que não me quer. — Rick fez um movimento estranho com as sobrancelhas sorrindo como o curinga do batman e pra variar, eclodi em gargalhadas, eu realmente tinha que me esforçar para não rir durante os ensaios para que no dia eu não me lembrasse disso e nos poupasse de um vexame.
— Richard! Você tem que parar com isso, eu não aguento mais rir... — Falei em meio as gargalhadas.
— Cara, você tem certeza que não está no curso errado? Deveria fazer cinema! Ou melhor teatro! — Max ria comigo.
— Estou no curso errado sim, mas faço isso para poder estudar o que quero! — Ele fala sério pela primeira vez, paramos de rir e eu vejo seu semblante incomodado.
— Ok! Ok! Vamos ensaiar, estamos perdendo tempo aqui. — Falei disfarçando. Claramente algo incomodava Rick, por trás daquela máscara patética de comediante que ele usava, existia um rapaz sério que lutava por um ideal, e parecia estar exausto emocionalmente. Naquele momento mesmo não demonstrando tive compaixão dele.
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Na sexta, no curso cada equipe em particular discutia o rumo de suas apresentações, era nosso último ensaio, mas Max estava inseguro.
— Precisamos ensaiar mais duas vezes pelo menos... — Max insistia.
— Tudo bem, o que acham de dormirem na minha casa hoje? Desta forma podemos ensaiar até mais tarde e amanhã levantamos cedo para ensaiar mais. — Pergunto.
— Ruivinha, eu topo, mas só se puder dormir no seu quarto. — Lhe dou um tapa no ombro e franzo o cenho.
— Olívia, isso ajudará bastante, desculpe minha insegurança, é que nunca fiz um papel tão difícil. Não costumo ter que correr atrás de mulher sabe... — Ele fala e lança um olhar sedutor. Agora Rick que franze a testa e eu arregalo os olhos. — Falando nisso, você já tem um acompanhante para a noite de sábado? — Max pergunta, e eu me pergunto em pensamento... cadê a insegurança agora?
— Estamos falando da mesma coisa ainda? — Rick dá um tapa na cabeça de Max. — Pode esquecer, sábado a noite o papel vai virar... e eu falo só de mim, pra ficar claro.
— Oiiii, ei, ainda estou aqui, e acho que eu preciso aceitar antes de vocês disputarem a vaga. Então esquece, vamos nos concentrar no nosso ensaio. — Digo sustentando um sorriso. Não é sempre que dois gatos disputam a minha atenção.
— Ruivinha, você não me conhece ainda né? Sou muito persuasivo, e eu não aceito não como resposta. — Ficamos nos encarando para ver quem cedia primeiro, até Max limpar a garganta com um barulho típico.
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— Ok, ok... hora do intervalo. — Justina entrou na academia com uma bandeja de suco de laranja e barras de cereal. Dançar exigia energia, mas não podíamos comer nada calórico.
— Eu dispenso, mas preciso ir ao banheiro.— Max disse, já saindo apurado.
Rick e eu comemos em silêncio e de repente tive uma idéia. Peguei a mão dele e o guiei em silêncio até a sala ao lado da academia. Abria a porta e acendi as luzes. O estúdio estava equipado para a gravação de uma banda inteira se fosse preciso. Rick nem piscava, olhava ao redor como se estivesse no paraíso. Eu o contemplava maravilhado, e percebi que seu sonho estava bem diante de seus olhos, ele ansiava poder realizá-lo. Peguei novamente sua mão, fazendo-o me encarar.
— Lute pelo que você quer Rick, não importa o quanto você tenha que sofrer no processo, vale a pena se no final você chegar aonde tanto deseja. Mas continue sendo esse ser feliz enquanto ainda não chegou lá. A sua alegria contagia outras pessoas as motivando para também realizarem seus sonhos. — Seus olhos brilham enquanto falo, ele parece estar emocionado, e o que faz em seguir comprova isso.
Ele diminui o espaço entre nós e suavemente me beija. No começo arregalo os olhos, assustada, mas sinto carinho através do seu beijo, e passo a corresponder, e antes que o ar acabe, mais uma vez um barulho típico de garganta nos trás de volta a realidade. Me afasto dele assim que olho quem está na porta... e não, não é Max.
*Valentine's Day: Dia dos namorados nos Estados Unidos dia 14 de Fevereiro.
Oi lindas e lindos do meu core!
Saibam que amo vcs... só o fato de tirarem um tempo para lerem até os meus comentários no final do livro, me faz amá-los. Uhum... eu amo fácil sim... sou canceriana... kkkk
Tretas, tretas e mais tretas é o que acontecerá daqui para frente... ai ai... Rick beijou Liv... será que foi impulso, ou realmente ele queria fazer isso? Quem manda ela ser tão maravilhosa né?
Sexta, vamos ter um encontro dos bons... digamos que explosivo... uhulll não vejo a hora...
agora vou porque tenho que almoçar ainda...
beijinhos da Gra.
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