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Capítulo 31

Safira

Conheci Enrico a alguns anos a trás, ele nunca para em nenhum  lugar. Ele se considera um andarilho que vive intensamente sem seguir nenhuma regra. Sei apenas isso em relação a ele. Quando conheci ele nunca imaginava que seria um ômega, ele é bem diferente deles.

- Tudo bem, já que você conhece ele. - meu pai diz e se vira. Ele me encarava e eu pedia mentalmente que ele não visse nada além da minha aparência horrível. - Depois vem na minha sala. Quero conversar com você.

Sem brincadeira nenhuma...Isso me arrepiou. Ele e meu tio sai da sala me deixando com Enrico.

- Veio visitar New York? - pergunto e ele sorri.

- É...e aproveitei para ver minha amiga. - ele diz sorrindo.

- Péssima hora pra vir me visitar. - digo.

- Percebi pelo seu estado. Acho que não está muito bem. - ele diz me analisando.

- Não mesmo. - suspiro. - Não se preocupe, você pode ficar aqui em casa. Meus pais não vão te chutar daqui. - ele ri. - Vem, vou te mostrar a casa.

Mostrei todos os cômodos para ele e sempre que via Gabi eu evitava passar perto dela. Eu quase perdi o controle e ia machucar minha própria irmã...Não quero que isso aconteça novamente.

- Sua casa é linda. - diz Enrico.

- Não é minha. É dos meus pais. - digo e ele sorri. - Me fala de você...Você não é da França é?

- Não. Na verdade sou da Itália. Mas faz muito tempo que não pareço por lá. Meu alfa já deve ter me desertado. - ele suspira.

- Entendo. - digo.

- O que há de errado com você Safira? - ele me encara. - Quando te conheci você era mais alegre.

- Eu só estou passando por um momento muito ruim. - digo. - Sabe, você pode ficar a vontade. Meu pai pediu pra ir falar com ele.

- Tudo bem. Obrigado. - ele diz e eu sorrio.

Me viro e vou até o escritório do meu pai. Dou duas batidas e entro ele vira a cadeira me olhando.

- Eu vou ir direto ao ponto Safira. - ele estava muito sério e isso faz com que eu fique preocupada com o que vai sair da boca dele. - Onde está o Heitor? - droga.

Eu conto? Ou espero mais um pouco pra ver se ele volta? Só faz quatro dias...Se eu esperar mais eu irei enlouquecer de vez?

- Ele está em uma missão individual. - eu vou esperar mais um pouco.

- Por quê você está tão...deprimente? - meu pai me encara.

- Nossa pai, você elevou meu auto estima lá em cima com esse comentário. - reviro olho.

- Desculpa filha. Mas eu só estou falando o que vejo aqui. - ele sorri.

- Eu acho melhor o senhor reparar as coisas e guardar pra si mesmo. - digo e ele suspira.

- Você acha que ele está bem? - aquela pergunta me assombrava desde o momento que vi que ele não estava mais presente.

- Eu realmente espero que sim. Heitor é forte e esperto...Ele com certeza está bem. - digo tentando acreditar em minhas palavras.

- Uau...- ele me olhava surpreso. - Eu estava falando do seu amigo, mas...- ele ri. - Que evolução é essa Safira? Espera...Você está preocupada com Heitor? Com o delinquente? O abruti?

Levanto uma sobrancelha quando ouço ele falar alguns do "apelidos" do Heitor.

- E se eu estiver? - ele arregala os olhos.

- Safira Lattanzi Norato preocupada com o cara que ela mais odeia na terra? - nessa hora minha mãe entra no escritório.

- Talvez...- olho para baixo. - Talvez eu não odeie ele.

- O QUE? - ouço minha mãe ri.

- Qual é pai? Não era o senhor que sempre me falava para me dar bem com seu discípulo? Por quê está assim agora? - pergunto olhando ele e ele não parecia ter uma resposta.

- Bom...Vocês estão próximos? - meu pai não me responde e já faz outra pergunta.

- Fiquei sabendo que está ficando no apartamento dele. - minha mãe parecia querer colocar lenha na fogueira.

- SAFIRA. - tampo o ouvido. - O que é isso?

- Pai o senhor acha que tenho quantos anos? - bufo. - Acho que já passou a fase do senhor ficar bravo por sua filha estar de "paquerinha" com um cara.

- Você...Você ouviu isso Sofia? - meu pai levanta revoltado.

- Acho melhor você aceitar que sua filha cresceu Diogo. - minha mãe diz. - Ela sempre gostou do Heitor e agora que está acordando pra vida você quer que ela volte a dormir?

- Mãe..Eu não afirmei nada disso que a senhora falou. - ela revira o olho e vem para meu lado.

- Então você não gosta dele? - meu pai e ela me encaravam.

- Por quê diabos estamos tendo uma conversas dessa? - digo e minha mãe ri.

- Ela gosta dele. - ela confirma e meu pai me encara.

- Que foi?...A mãe que está confirmando isso. - digo.

- E você não vai nem negar? - ele pergunta.

- Negar o que? - não tinha nada para negar mas não vou falar nada.

- Essa é minha filha. - minha mãe sorri e meu pai coloca a mão na cabeça.

- Eu vou ficar louco com vocês duas. - minha mãe ri mais ainda.

- Não se esqueça que tem a Gabriele também Ok? - meu pai fecha o olho com uma expressão nada boa.

Hoje resolvi ficar em casa por conta do Enrico. Quando estava no escritório com meus pais eu tentava disfarçar a dor que sentia na nuca. Quando cheguei no quarto passei a mão e saiu sangue. Limpei e quando vi no espelho tinha sumido a linha que dividia o triângulo. Eu preciso saber o que era aquilo.

Me olho no espelho mais uma vez e não consigo mais me reconhecer. Eu estava péssima. E tenho medo disso só piorar. 

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