CAPÍTULO III
- Ela é minha, Clarence! - A voz grave, era Chadrian, ele conhecia o belo estranho de voz melodiosa.
- Outra irmão? - Perguntou o estranho ao qual Chadrian chamou de Clarence, e pelo visto eles eram irmãos.
Eu olhava de um para o outro com semblante de incredulidade.
Chadrian pensava mesmo que eu o pertencia como um objeto? Ele é louco ou o que?
De repente em um piscar de olhos o tal Clarence estava me segurando pelo braço.
- Vamos, eu vou retirá-la daqui senhorita - O belo rapaz me disse enquanto ia me puxando pelo braço.
Abruptamente senti um puxão em meu outro braço.
- Ela irá voltar comigo - Chadrian falou em um rosnado, com o maxilar cerrado e ódio estampado em sua face.
- Me soltem vocês dois! - Eu exclamou, dando um arranque em meus dois braços para me desvencilhar dos irmãos.
Quando me dou conta consegui me desvencilhar apenas de Clarence, mas Chadrian era tão forte que ainda estava com sua mão cravada em meu braço, a ponto de me causar dor.
- Você é mau irmão, você é mau! - exclamou o rapaz que parecia querer me ajudar de alguma forma, mas se viu vencido, virou as costas e foi embora, adentrando pela floresta fechada.
Ficamos somente eu e Chadrian ali, eu o estava olhando de baixo para cima devido a nossa notável diferença de estatura, provavelmente estava com o olhar de medo o olhando, não dava para acreditar que ele me capturou tão fácil.
Eu não sabia do que se tratava, mas alguma coisa me dizia que Chadrian queria algo de mim que não era apenas me conceder uma herança. Eu sentia que não era algo bom.
Ele levou sua mão que estava livre até minha testa e pronunciou uma palavras.
- Laberetur in somnum.
Após isso, tudo se escureceu.
Acordei em meu quarto, fui instintivamente até a porta que estava pela primeira vez trancada.
Trancada? Ele nunca havia me trancado antes. Agora eu tenho certeza! Sou sua prisioneira.
Lágrimas começam a escorrer por minha face.
- A janela!
Corro até a janela, ela está aberta, olho por ela, é muito alto daqui, mas é melhor morrer tentando do que ficar aqui sem saber o que esse bipolar psicopata irá fazer comigo.
Levanto a vidraça, saio com o máximo cuidado possível, vou andando pelo beiral da mansão, me deslizando pela parede. Minha intenção é encontrar uma outra janela aberta e entrar, encontrando assim um outro quarto que esteja com a porta aberta.
De repente um relâmpago ilumina o céu escuro, o cartando como uma navalha, logo desaparecendo no ar. Me assustou, fecho os olhos apertados, a chuva começa repentinamente e fortíssima, me encharcando por inteira, o beiral Sr torna escorregadio, preciso encontrar logo uma janela aberta.
Enquanto me esquivo, deslizando pela parede sou pega por lembranças de Chadrian pronunciando algo, me era familiar " Laberetur in somnum " , eu sabia o significado, sim eu sabia, forcei um pouco a memória das aulas que tive no orfanato já que eu estudava para me tornar uma freira, isso era latim, sim, latim puro, e significa " Adormecer".
Chadrian era algum tipo de demônio? Como suas palavras poderiam ter controle sobre mim? Ele não gosta quando faço minhas preces. Ao tocar em mim, teve queimaduras causadas em sua pele, lembrei-me de meu crucifixo agora perdido, era isso que me protegia, sim finalmente minha ficha caiu. Chadrian era de fato um demônio?
Encontrei uma janela aberta, entrei por ela, um quarto enorme , havia a enorme estante de livros que tomava toda uma parede, dava até o alto. Também notei haver uma cama muito grande, com dorcel de cortinas em tule escuro.
Me aproximei, e havia alguém dormindo ali, estava muito escuro para eu identificar quem, até que um relâmpago clareou tudo novamente, e e era Chadrian.
Fui me afastando de costas mesmo na intenção de chegar na porta, fui passo a passo, já estava tudo escuro novamente, mas tudo bem, ele estava dormindo afinal de contas, senti minhas costas se chocaram contra algo.
- Você é uma garota muito problemática, freirinha. - a voz de Chadrian, esse algo que me choquei foi na verdade alguém, era Chadrian. Mas como? Se ele estava deitado na cama dormindo?
- O que é você? - Ousei perguntar.
Minha resposta veio em forma de gargalhadas. Ele é um debochado filho da mãe.
- Não existe nenhuma herança, certo? - Pergunto novamente.
- Você é de fato uma herdeira, mas a herança não é do tipo que você pensou - Chadrian me responde com sarcasmo enquanto me rodeava, seus olhos brilhantes na penumbra do quarto eram penetrantes, estou paralisada pelo medo, pois sinto algo sinistro em relação a ele.
- Eu quero ir embora, nunca te fiz mal algum - Falei em tom de súplica.
Novamente ele gargalhou.
- Não posso deixar você ir, eu preciso de você, freirinha, você me pertence agora - Ele respondeu com mais seriedade do que eu gostaria, agora estava parado de frente para mim, eu podia sentir sua respiração em minha face, arrisquei levantar meu olhar, e o olhei nos olhos, engoli em seco.
- Eu vou embora, e se você não me deixar ir, então irei denunciá-lo às autoridades! - Gritei para tentar impor medo e autoridade sobre ele.
- Entenda de uma vez por todas, freirinha! - Gritou em resposta, me empurrando, fazendo minhas costas se chocarem contra a grande estante de livros me pressionando contra a mesma com seu corpo, minha fina camisola estava transparente devido ao fato de estar molhada, segurava meus braços, muitos livros caíram no chão devido ao impacto.
- Amanhã é seu primeiro dia de aula, não se atreva a dar um pio sobre qualquer coisa e não se atreva a fugir, ou eu irei destruir aquele orfanato e todos que moram nele, e se alguém vier atrás de mim, eu destruirei também. Você não me conhece, não sabe o que eu sou, e não sabe com o que está lidando! Entendeu bem!? - Chadrian concluiu, parecia querer me devorar de tanto ódio que parecia nutrir contra mim.
Finalmente ele me soltou, lançou seu olhar por toda a extensão do meu corpo, me fazendo sentir vulnerável devido a roupa extremamente translúcida por causa da água da chuva. Cruzei meus braços, parecendo querer abraçar a mim mesma, caí de joelhos e fiquei ali chorando.
- O que houve senhor Clarck? - entrou duas empregadas que eu não sabia o nome ainda e a senhora Virgínia.
- Tirem essa criança de meus aposentos, lhe dêem roupas adequadas e leite quente para evitar que adoeça - Chadrian ordenou às criadas fazendo gestos com uma das mãos para que saíssemos, ele era louco ou o que? A minutos parecia me odiar completamente, agora estava preocupado com minha saúde?
Senhora Virgínia me apoiou de um lado, uma das criadas do outro, a terceira foi buscar o leite quente.
No quarto começaram a tirar minhas roupas.
- Minina, toma juízo. O que a senhorita estava fazendo no quarto do senhor Chadrian a essas horas da madrugada? - A senhora Virgínia me advertia - Nenhuma outra nunca tentou esse método antes, mas acredito que ele não vai mudar de ideia mesmo se a senhorita se entregar a ele, o senhor Chadrian é muito sério, não se dá a prazeres mundanos - Concluiu ela.
Abri minha boca em 'O' , não acredito que a senhora Virgínia está pensando que fui até o quarto de Chadrian para seduzí-lo.
- Mas e...eu n...não queria... sedu... - Comecei tentar minha defesa, mas batidas na porta me interromperam, era a outra criada com o leite e biscoitos em uma bandeja.
- Essas moças de hoje em dia... já não existem moças como antigamente - resmungou a senhora Virgínia e saiu meneando a cabeça acompanhada da criada, me deixando a sós com a que trouxe o leite.
Essa que trouxe o leite com os biscoitos, embora tivesse a mesma aparência de mortos de todos os outros da casa, pele muito pálida, olheiras arroxeadas, ainda sim, parecia ter uns 20 ou 25 anos, talvez eu pudesse fazer amizade.
- Não vá, por favor - eu pedi - Não gosto de comer sozinha, me faça companhia até eu terminar - conclui.
A mesma assentiu com a cabeça, ficando parada de frente para mim, fiz sinal para ela se sentar e foi o que ela fez.
- Qual seu nome? - Perguntei, tentando ser simpática.
- Marrie, senhorita. - ela respondeu.
- O meu é Genevieve, e por favor me chame só de Gene, sem o 'senhorita' - Falei dando uma piscadela de olho.
Finalmente ela abriu um pequeno sorriso. Ufa, acho que estou ganhando a confiança dela.
- Eu preciso de sua ajuda Marrie.
Ela ficou assustada e se levantou indo em direção à porta.
- Não há nada que eu possa fazer por você, jovem Gene - Respondeu Marrie.
- Por favor, só me dê algumas respostas, por favor eu te imploro. Por que todos tem medo? O senhor Clarck é mesmo um demônio? É isso? - falei rápido com a voz embargada.
- Ele não é um demônio, ele apenas faz o mal para manter o bem - Respondeu Marrie.
Se eu já não entendia nada antes, muito menos agora. Se eu já tinha medo antes, principalmente agora.
Marrie se foi, deitei-me mas demorei pregar meus olhos. Logo o dia amanheceu. Me arrumei para o desjejum e corrida matinal antes da escola, como eram as ordens de Chadrian, era melhor eu obedecer.
Passei em frente daquela porta misteriosa que era tão diferente das outras. Talvez ali dentro houvesse alguma resposta ou solução para eu conhecer um pouco mais sobre Chadrian.
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