Capítulo II
Tudo que eu queria era que aquele dia acabasse rápido.
- Cuide dessa criança, mal chegou e já está arrumando muitos problemas - disse Chadrian lançando um último olhar em minha direção, me olhou a partir dos joelhos, subiu seu olhar por todo meu corpo, até parar em meu rosto, seu maxilar se enrigeceu no mesmo instante, virou-se rapidamente e foi embora.
Ah que ódio, começo a odiá-lo, ele é um maníaco depravado ou o que?
- Rápido menina, se vista. Você vai ter que arcar com as consequências - disse a senhora Virgínia, com um tom de voz mais áspero do que as outras vezes que falou comigo.
Minutos depois, ali estava eu com o esfregão, vassoura e balde que ela arrumou pra mim. Meu banho havia sido em vão, eu estava a abaixada de joelhos encharcada e suada, secando o chão e torcendo o pano no balde. Já havia terminado de secar em meu quarto, agira já estava no corredor.
- Vou esfregar esse pano na cara daquele maníaco. Ele vai se ver
comigo - Eu cochichava comigo mesma entre os dentes.
- O que disse? - A voz grave atrás de mim de repente, enregelei no mesmo instante, dando um sobressalto de susto. Era Chadrian de novo ali. Parece mágico, aparece em todos os lugares que estou tão de repente.
-E...eu só...só estava pensando alto - respondi dando um sorriso sem graça, ainda de joelhos, o olhei por cima dos ombros.
- Levante-se daí agora! o que você acha que está fazendo? - Disse Chadrian e segurou em meu antebraço, me fazendo levantar de uma vez - Você é uma herdeira, e não uma faxineira! - concluiu exaltado.
Eu estava rígida de frente para Chadrian, outra vez muito próximos, fechei os olhos bem apertados, pensando que ele iria me bater.
- Senhora Virgínia venha aqui imediatamente! Agora! - Chadrian gritou literalmente a ponto de sua voz grave ecoar pelo corredor, parecia haver rancor em sua voz, abri os olhos gradualmente para o fitar ele estava distraído com a cabeça inclinada em direção ao corredor, olhei para mão que estava segurando meu antebraço, pois ele segurava tão apertado a ponto de doer, parecia estar ferida, uma ferida igual uma queimadura e estava se alastrando diante de meus olhos gradualmente.
- A sua mão, olhe! - Eu disse em tom de surpresa, pois não entendi o que estava acontecendo.
Chadrian começou a me puxar em direção ao meu quarto, com a mão que estava livre abriu a porta, me empurrou para dentro e me trancou no quarto, bati algumas vezes pedindo para ele me deixar sair, o que foi em vão.
Ao desistir de pedir para sair um silêncio se instalou, então pude ouvir sem querer a conversa de Chadrian com a senhora Virgínia.
- Ela não é uma empregada para fazer qualquer tipo de serviço, ela é a próxima herdeira. Não pode ser danificada e apresentar algum defeito até o dia do sacrifício! Entendeu bem!? - a Voz de Chadrian soava com rancor.
- Peço mil perdões senhor Chadrian, não se repetirá- Era a voz da senhora Virgínia se desculpando - Mas senhor Chadrian, isso nunca terá fim? Nunca poderemos descansar em paz? - Era a Senhora Virgínia ainda a falar.
- Não podemos falar nada disso aqui agora, cale-se senhora Virgínia! - Dessa vez a voz de Chadrian estava ainda mais irritada.
E aqui escutando toda essa briga que parece ser por minha causa. Mas afinal de contas que história é essa de próxima herdeira... de sacrifício? - Eu não conseguia compreender do que estavam de fato conversando.
- É muito feio ouvir a conversa dos outros. Não te ensinaram isso? - A voz infantil atrás de mim, me virei era a garotinha irmã de Chadrian.
- Como você entrou aqui? - perguntei assustada.
- É uma longa história, mais cedo ou mais tarde você irá entender - respondeu a linda garotinha.
A maçaneta da porta se mexeu, eu só tive tempo de tirar os meus olhos de Cléa e fitar a porta, que se abriu imediatamente.
- Com quem está falando? - A figura iponente se mostrou ao abrir a porta, era Chadrian ali novamente.
- Com a Cle... - comecei a falar me virando em direção a Cléa, mas não havia mais ninguém ali, somente eu e Chadrian. Se isso aqui não fosse a vida real, se fosse um filme ou livro, eu até diria que tanto Chadrian como Cléa eram mágicos, pois sumiam e apareciam tão de repente.
- Não faço ideia do que está falando, senhorita Genevieve, mas caso não tenha entendido vim deixar claro para você - Disse Chadrian com o mesmo tom autoritário de sempre.
Engoli em seco, fiquei de pé imóvel o observando falar, parecia que eu não podia me mexer, isso era medo? Chadrian começara a exercer uma influência sobre mim, desconhecida, seu olhar era altivo, seu tom de voz autoritário, e eu não estava gostando nada nada daquilo.
- Hoje você perdeu o horário de se exercitar e o desjejum, agora só terá o almoço. Espero que nada disso se repita, pois aqui nesta casa existem regras a serem seguidas e horários a serem cumpridos. Aqui eu sou o senhor absoluto e você me deve total obediência e respeito. Entendido agora?
Abri a boca em 'O' com a intenção de contrariar as palavras desse arrogante, mas inconscientemente minha cabeça assentiu concordando.
- Ótimo que tenha entendido! - Disse Chadrian, deu meia volta se retirando quarto e fechando a porta.
[...]
Batidas fortes na porta, me fizeram pular de susto, acabei pegando no sono após todos aqueles acontecimentos de cedo. A porta se abriu, era a Senhora Virgínia.
- Menina, já está na hora do almoço, o senhor Clarck não gosta de ficar esperando. Quanto menos o irritar é melhor, não brinque com ele, senhorita.
- Não fiz de propósito, eu apenas peguei no sono sem querer.
Minutos depois, lá estava eu na imensa sala onde havia uma enorme mesa, com inúmeras cadeiras, parecia a sala de jantar de um castelo, haviam mordomos posicionados perto da mesa, pareciam estar prontos a servir.
Um deles puxou a cadeira para eu me sentar, como se eu fosse uma princesa, Chadrian já estava sentado na outra extremidade da mesa, estava muito distante de mim. Cléa estava em uma da cadeiras do meio. Como a mesa era muito grande, todos estávamos muito distantes uns dos outros.
Não ousei pronunciar uma sequer palavra. Fiquei cabisbaixa, com os punhos cerrados sobre minhas pernas, me mantive fitando minhas mãos.
Um dos mordomos veio e serviu um tipo de sopa verde para mim. Foi inevitável notar que Chadrian e Cléa comiam comida de verdade, frango, arroz e outros acompanhamentos que pareciam saborosos. E eu somente a sopa?
- Eu também quero frango - Ousei pedir.
Todos olharam para mim, como se eu fosse de outro planeta, os mordomos que pareciam mortos, Cléa e Chadrian, todos sem exceção olharam para mim.
- Não sabe aceitar nada de bom grado! O grito raivoso ecoou por toda a sala de jantar acompanhado em um soco estridente na imensa mesa a fazendo tremer os talheres e louças tilintarem.
- Você é mau, irmão! Você é mau! - Cléa tomou as minhas dores, e começou a chorar enquanto acusava Chadrian de ser mau.
- Não se meta, Cléa! - Chadrian respondeu em tom de aviso.
- Vocês são todos loucos, eu vou embora! - Gritei também, já que isso parecia ser normal ali, levantei-me e comecei a correr.
Corri, corri e corri mais. O mais rápido que conseguia. Até me encontrar do lado de fora daquela imensa e sombria mansão.
Olhei em direção às floresta, então comecei a correr em até lá. Adentrei àquela floresta como se isso fosse a minha carta de alforria.
Quando percebi estar totalmente escondida pelas árvores, parei em uma clareira, havia um tronco onde me abriguei atrás para descansar e fazer minhas preces.
Levei minha mão até o pescoço no intuito de tocar meu crucifixo e nada. Não, ele não estava lá. Eu o havia perdido. No mesmo instante me senti tão desprotegida, mas mesmo assim elevei minha preces.
Com os olhos fechados, escutei o som do quebrar de galhos e folhas a serem amassadas pelo que pareciam passos. Abri meus olhos imediatamente, havia uma figura deslumbrante ali de pé a me encarar, o fiquei fitando inerte e meu coração acelerou em sinal de alerta, pois eu estava em um local isolado com um estranho a poucos passos de mim.
- O que faz aqui sozinha bela senhorita? - Perguntou-me o estranho com sua que era inebriante assim como seu olhar dourado e seus cabelos em tom castanho claro.
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