A Herança
Meu nome é Genevieve Hall, tenho 17 anos. Nesse momento me encontro sentada no banco de espera da recepção do orfanato onde vivi toda minha vida, no cesto onde me encontraram havia um colar com um crucifixo de ouro e um bilhete escrito o nome o qual eu deveria me chamar, Genevieve Hall . Há uma semana, a madre superior do orfanato recebeu a visita de um procurador vindo da Inglaterra, ele disse que eu tinha uma tia por parte de mãe, que faleceu recentemente e estava a minha procura, a madre superiora não deixou ele me levar de vez, primeiro pediu para a polícia de Nova York investigar a veracidade dessa história, ao ser constatado que se trata da mais pura verdade, então aqui estou eu feliz da vida porque a sorte finalmente sorriu para mim, e hoje é o dia que esse procurador vem me buscar. A madre Louise, é muito gentil e amorosa, todos os ensinamentos aqui são católicos.
- Querida, vou sentir muita saudade. Não se esqueça que sempre estarei aqui para qualquer coisa que precisar. Disse a madre superiora, ao me abraçar com a voz embargada, ela sempre foi uma verdadeira mãe.
- Nunca irei me esquecer de seus ensinamentos, madre Louise. -Respondi, levando a mão até a cruz em meu colar , com os olhos marejados e a voz também embargada pelo choro iminente.
O procurador senhor Clark acabou de chegar, madre Louise! Grita a outra madre ao abrir a porta da recepção que dava para o corredor. Meu coração acelera, estou nervosa.
Eu e madre Louise seguimos até o fim do corredor, saímos pela porta principal, estou parada na escadaria que dá para a rua.
Pensei que o senhor Clark fosse mais velho, olho para madre Louise, abro a boca na intenção de perguntar se ele era mesmo o procurador, mas a madre entendeu minha reação, e respondeu antes mesmo que eu começasse a falar.
- Sim, Gene. - Gene é como a madre e as pessoas mais próximas me chamam. - Ele é o procurador, se chama Chadrian Clark e ficará responsável por você até completar sua maior idade. - Completou madre Louise.
Aquela figura masculina deslumbrante caminhou em nossa direção, eu digo deslumbrante porque ele usava um sobretodo preto e roupas sociais por baixo, era alto e esbelto, cabelos muito lisos e negros, olhos extremamente azuis, pele muito pálida, parecia não pegar sol a anos, definitivamente parecia não ser desse mundo.
Quando Sr. Clark se posicionou em nossa frente, a madre estendeu a mão no intuíto de um aperto de mão, o mesmo só a cumprimentou com a cabeça, ela recolheu a mão desconcertada, logo ele se voltou para mim.
- Não tem muita semelhança com sua mãe - ele disse em um tom de afirmação, sua voz é grave e aquele sotaque inglês. - Ela era dona de uma beleza singular - Completou.
Ele quis dizer que sou feia ou entendi mal? Que deselegante, arrogante e prepotente. Quem ele pensa que é? Claro! Algum riquinho mimado. Olhei de esguelha para madre Louise e engoli em seco, achei aquilo muito estranho, pois ele não é tão mais velho assim do que eu para ter conhecido minha mãe, ele aparenta ter entre uns 24 ou 26 anos, não sei ao certo.
- Não exite em me telefonar se precisar de qualquer coisa, minha querida Gene. - Disse a madre.
Como resposta lhe dei um abraço apertado de despedida na madre, deixei escapar algumas lágrimas.
O homem misterioso e um completo estranho para mim, pigarreou, girou nos calcanhares e começou a caminhar tão elegantemente que chegava ser irritante.
- Vamos! Não tenho tempo para momentos sentimentais. - Disse o sr. Clarck olhando por cima dos ombros.
Logo fui andando atrás daquele homem que demonstrava ser tão insensível, carregava uma minuscula mala, onde tinha todos meus pertences. Ao chegar no carro, um homem como aqueles choferes de filmes de terno e chapéu preto e luvas brancas, saiu do carro, pegou a mala de minha mão e abriu a porta.
- Por favor senhorita, entre. - Disse o chofer.
Entrei e sentei ao lado daquele homem tão prepotente, eu em uma extremidade na janela e ele na outra. Até sentado, ele não saia daquela postura ereta e séria, parecia não querer baixar a guarda.
- Para onde vamos, Chadrian? - Perguntei.
- Em primeiro lugar, me trate por: senhor Clarck. Segundo, iremos para o aeroporto, rumo à Inglaterra. Terceiro, se dirija a mim o mínimo possível, não gosto de ser incomodado. - Nesse momento seu semblante era tenso, havia um vinco entre suas sobrancelhas, parecia ter ódio de mim. Mas porque se tinha acabado de me conhecer?
Assenti com a cabeça, abaixando-a, me encolhi apertando as mão em meus joelhos. Fiquei tensa durante toda a viagem, mas ainda o olhava de esguelha, ele lia o tempo todo um livro, mas por não o olhar diretamente, não consegui identificar sobre o que era.
Finalmente chegamos até o aeroporto. O senhor Clarck parecia não me dar a mínima, sempre estava à frente e mal falava comigo. O chofer era sempre muiro gentil, carregou minha mala. Meu queixo caiu, pois iremos de jatinho particular, pensei em uma primeira classe, mas jatinho particular, eu não imaginava.
Essa viagem parecia não acabar nunca, aquele arrogante não podia ser meu tutor e procurador até eu completar maior idade, não me dava uma gota de atenção, sentou-se numa poltrona do outro lado, e permanecia sempre compenetrado naquele maldito livro.
- Esse livro é sobre o que? - Ousei perguntar.
- Parece mesmo que não sabe cumprir regras, senhorita Hall. - Disse Chadrian, levantando a cabeça desviando o olhar do livro para minha direção, nesse momento aqueles olhos azuis profundos pareciam penetrar a minha alma, mas havia ódio em seu semblante, senti minha espinha dorsal enregelar.
Já estava farta daquela viajem lado a lado com aquele homem desconhecido, incrivelmente bonito, porém tão hostil. Não havia percebido que peguei no sono, senti alguns cutucões em meu ombro, abri os olhos gradativamente, era ele, Chadrian Clarck, a figura do homem tão imponente de pé ao lado de minha poltrona, e me cutucava com o livro em sua mão, não me tocou uma única vez desde que nos encontramos, de fato ele era muito estranho.
- Vamos, já chegamos em Londres. - Disse ele.
- Já Chegamos? Nossa eu apaguei. - O fitei nos olhos, e ele ainda mantinha aquele semblante pesado de raiva. Mas o que eu fiz de mal para ele? Talvez fosse por ser um jovem rico e mimado que agora é obrigado a se tornar tutor e procurador de uma jovem desconhecida, não sei, mas tudo no senhor Clarck me soa enigmático.
[...]
Já estamos a cerca de uns 15 minutos a espera do chofer trazer o carro que nos levaria ao destino glamouroso que me aguarda, pelo menos é assim que quero encarar o fato de ser herdeira de uma mansão e de uma fortuna. Estou tremendo de frio, parada em frente da entrada principal do aeroporto de Londres, há uma pequena agitação de pessoas, carros e taxis, o sr Clarck está próximo a mim, de costas para mim, fingindo não me notar, parece que sou invisível para ele. Como pode ser tão hostil comigo e por que? Bem... Eu já imaginava que Londres pudesse ser frio desse jeito, cruzo meus braços na intenção de aquecer-me, estou batendo o queixo.
De repente o sr Clarck retira o sobretudo, e coloca sobre meus ombros, tudo é muito rápido, quando menos espero seu rosto está a milímetros do meu, e ele segura a cada lado da gola do sobretudo em volta do meu pescoço unindo os dois primeiros botões.
- Primeiro: Espero que agora pare com essa tremedeira toda perto de mim. - Ele diz abotoando o primeiro botão, e olhando fundo em meus olhos, posso sentir seu hálito de menta, é inebriante.
- Obriga... - Começo minha tentativa em agradecer, mas sou interrompida. Ele então dá um leve puxão nas extremidades do sobretudo, fazendo nossos narizes quase encostarem as pontas.
- Segundo: Não faça eu me arrepender disso, e permaneça calada. - Ele fala, não deixando eu terminar de falar, e abotoando o outro botão. Por estar tão perto posso sentir seu cheiro, que é irritantemente bom.
O carro finalmente chega.
Espera aí!
Isso não é um carro qualquer, é uma limousine, sim, era uma limousine preta. Sem eu menos esperar o chofer já havia guardado minha pequena mala. O sr Clarck dessa vez abriu a porta e pigarreou fazendo sinal com a mão livre para que eu entrasse, passei por ele desconfiada, entrei e me sentei, ele sentou-se de frente para mim.
De frente para mim, não acredito nisso!
A limousine era extremamente luxuosa por dentro, mas é claro, não poderia ser de outra forma. O carro agora estava em movimento. Estou muito desconsertada dele estar sentado de frente para mim.
Fingi estar distraída, e desviava meu olhar a todo instante. Olhava para fora da janela, já estava escurecendo, e a cidade começava a ficar bonita toda iluminada, olhava para baixo, para minhas mãos, mas evitava olhar na direção dele. Mas de repente, foi inevitável não olhar, quando o fitei percebi que seu olhar era fixo na direção de meu crucifixo. Instintivamente levei uma das mãos até o crucifixo, então ele se deu conta que eu o olhava, fitou imediatamente meus olhos.
- Você nunca o tira? - Ele disse, dando um sorriso torto e malicioso.
- Não, nunca o tiro, faz parte de quem eu sou. - Respondo convicta e sem entender o motivo dele querer manter um diálogo agora, depois de ter sido tão hostil.
- Então quer dizer que eu terei um problema para resolver. - Ele diz em tom de afirmação com aquele sorriso debochado, porém parecia que falava mais consigo mesmo do que comigo dessa vez, desviou o olhar para a janela e não tocou mais no assunto.
Talvez ele fosse desses ricos ateus que querem que todos a seu redor sejam ateus também, mas comigo isso não ia rolar, pode tirar o cavalinho da chuva querido.
A viajem é longa, muito longa, parece nunca acabar. Conforme o carro corre pela estrada, de repente percebo que já está muito escuro, se não fosse pelas luzes da iluminação pública a iluminar a cidade e a estrada, também percebo que estou com muita fome. Lá fora começa uma forte chuva, chovia torrencialmente.
Sr Clarck se debruça sobre o banco do carro e abre um pequeno compartimento, de onde tira uma garrafa de vinho, puxa um suporte onde tem duas taças, coloca vinho.
Ele estende uma das taças para mim.
- Tome! Para enganar esse bicho barulhento que tem no seu estõmago até chegarmos e você puder comer algo. - Ele disse, dessa vez sério.
- Eu nã...não bebo bebidas alcoólicas sr Clarck, obrrigada. - Disse e pigarreei na intenção de desfazer o nó em minha garganta.
Seu olhar é de surpresa, há agora um v formado no meio de suas sobrancelhas, parecia querer me decifrar como se eu fosse alguma coisa estranha.
- Ah, é claro - Ele ri. - , você é praticamente uma freira. Pura e imaculada, por sinal. Não é como as moças da sua idade costumam ser, estou certo?
Sinto novamente aquele nó insistente formar-se em minha garganta, tudo nele soava malicioso. O fito nos olhos, e minha boca se abre em um 'O' e um vinco se forma em minha testa, pois não consigo acreditar que esse homem que conheci a menos de 24 horas já tenha criado um pré julgamento sobre mim, sem ao menos me conhecer de fato.
- O gato comeu sua língua, freirinha? Ele diz, com aquele sorriso de canto, havia malícia em seu tom de voz, ele está debochando de mim. Que imaturo.
Sacudi minha cabeça em negativa querendo dizer que não, que o gato não comeu minha língua, mas preferi ficar quieta o resto do percurso. Fiquei de cabeça baixa e olhava apenas de esguelha pela janela. Quando me dei conta percebi que o que parecia ruim poderia ficar pior, o carro adentrou por uma trilha, em uma floresta, nem sequer luz de iluminação pública havia mais, estava extremamente escuro. Agora meu coração estava aos pulos, e me dei conta que estava em um carro, na escuridão total com dois homens estranhos, e o pior deles não era o que dirigia, mas sim aquele homem jovem, extremamente bonito, debochado e malicioso que ocupava o mesmo espaço na parte de trás de um carro comigo. Fiquei tensa e rígida repentinamente.
Levei uma de minhas mãos até o crucifixo e rezei em pensamentos.
- Arg, pare de rezar! - Ele apertava os ouvidos com as mãos, parecendo ouvir minhas preces, que na verdade eu fazia em silencio, só em pensamentos, e seu semblante era de dor, como se aquilo lhe causasse dor.
- Voce está bem? - Soltei o crucifixo, e estiquei a mão na direção de sua face, mas antes de tocá-lo, ele me segurou forte no pulso, a ponto de me causar dor.
- Nunca mais faça essas suas rezas enquanto estiver sobre o meu teto! - Ele disse num rosnado, parecia sentir ódio de mim, seu semblante era totalmente de raiva.
O carro finalmente parou, nem percebi quando chegamos, olhei para fora e a visão era surreal, me fazendo esquecer por hora esse ocorrido tão desagradável. A casa era imensa.
Não! Aquilo não era uma casa, era um castelo, literalmente um castelo, era sombrio, mas ainda assim era lindo. Era sombrio como tudo que era relacionado ao senhor Chadrian Clarck.
Eu definitivamente estava de queixo caído com tamanha luxuria.
- Ande! Ou vai ficar aí embasbacada com a boca aberta? - o senhor Clarck chama, sobressaltando-me.
Olho para ele, que já está parado de pé fora do carro, dois homens vestidos de preto vem em direção a ele o cumprimentando. Um deles abre a porta e desço, pelo minha mala.
- Senhor Clarck, estávamos preocupados. - Disse um dos homens para ele, sinalizando em minha direção com a cabeça. - essa é a garota? Ela já sabe?
Logo o fitei estreitando os olhos, tentando entender. Já sabe do que ? Comecei a pensar.
- Não é hora e nem local para falarmos sobre isso! O senhor Clarck exclamou - Saiam imbecis, vão fazer a ronda, já passa da meia noite! Andem!
Percebi naquele momento que o senhor Clarck era realmente o manda chuva dali, os homens se retiraram imediatamente, foi dada a partida na limousine e de repente a mesma não estava mais ali.
Ficamos somente nós dois e minha pequena mala.
Ele começou a caminhar, subindo a enorme escadaria que dava a uma enorme sacada com pilastras arredondadas , onde havia uma porta dupla, fiquei aquele tempo todo o observando subir escadaria naquele caminhar elegante que ele possuía, ao passar do último degrau, ele olhou por cima dos ombros.
- Venha, suba as escadas! Você é uma marionete? - Sua posição era imponente, de pé com as mãos no bolso - Tudo tenho que mandar você fazer - concluiu.
- Nã... não - Respondi e comecei a me mover imediatamente para alcançá-lo, consegui subir os degraus com minha pequena mala, afinal não era muito pesada, mas ele também não foi nem um pouco cavalheiro dessa vez. Aquele arrogante.
Ele abriu a porta, que rangia alto ao ser aberta. Precisava de um óleo nas dobradiças isso sim, pensei.
As luzes se acenderam automaticamente, tudo ali dentro era diferente do que era do lado de fora, havia uma bela decoração, um lustre enorme e luminoso no centro daquela saleta, os moveis eram finos, tudo de cor marfim com vermelho e detalhes dourados. No fundo da enorme sala, havia uma escadaria, no outro canto uma porta, de onde vi sair uma senhora.
- Senhor clarck, a senhorita que o senhor trouxe deve estar com fome. Cuidarei dela. - A aparencia dela era estranha, sua pele era de um palido quase cinza, seu rosto muito magro, fazia furos em sua pele já enrrugada, e havia olheiras profundas em seus olhos, seu olhar era triste.
- Sim, faça isso por mim, senhora Virginia, estou exausto pela viagem, vou descasar. - Disse o sr Clarck, notei que pelo visto todos naquela casa se tratavam muito formalmente, pareciam estar ainda no século XIX ou XIII, exceto por alguns rompantes do sr clarck é claro. - O quarto dela é aquele ao lado do meu, leve-a a seus aposentos depois.
[...]
Agora já com barriga forrada. Aquela senhora magricela, chamada Virgínia, havia se apresentado como a governanta da residência. Logo em seguida subimos aquela imensa escadaria e chegamos ao segundo andas, mas notei que a escadaria sobe ainda a outro ou outros andares, afinal ali é um castelo. No segundo andar passamos por um corredor, há um várias portas, que acredito serem quartos, mas uma em especial me chama a atenção, pois há o símbolo de uma estrela de cinco pontas, e a porta é diferente das outras, enquanto as outras são de simples entalhação e retangulares, essa parece ter sido entalhada rusticamente é arredondada na parte superior, e é preta enquanto as outras são cor de mógno. Paro de frente para essa tal porta, e sou puxada pelo braço bruscamente.
- Ai! Isso dói! - Olho para meu braço e em seguida ergo o olhar e ali está a figura do homem imponente, vestindo um roupão felpudo preto e com os cabelos molhados, sim era ele, o senhor Chadrian Clarck. Ao meu lado com um semblante de susto está, a senhora Virgínia.
- Essa criança já devia estar em seus aposentos dormindo, pensei que ia cuidar dela, sra Virgínia! - sua voz sai rude demais com a pobre senhora.
- Isso não irá se repetir, sr Clarck Ela abaixa a cabeça. - Me perdoe, por favor.
- Você me machucou - falei em um tom mais alto do que desejava Me esvencilhando da mão dele, na qual noto estar enfaixada - A culpa é toda minha, fui eu que parei aqui.
- Que direito você acha que tem nesta casa? Eu sou dono de tudo e de todos aqui! Nunca, nunca mesmo, em hipótese alguma, se aproxime desse quarto! - falou, estava com as mãos no bolso do roupão, queixo erguido, tórax estudo, pude ver parte de seu tórax exposto, ruborizei instantâneamente. - Entendeu? - pegou meu queixo com uma das mãos e se inclinou para ficar da minha altura, pois devia ser umas duas cabeças mais alto que eu, com os olhos semi cerrados, seu rosto muito próximo do meu de novo, tentei desviar o olhar.
-Olhe para mim quando eu estiver falando com você! - disse autoritário e precionou meu queixo. - Isso é uma ordem! - ele concluiu.
Meu fora acelorou a ponto de doer e imediatamente o obedeci, olhei profundamente naqueles olhos extremamente azuis, eu estava trêmula. Estava com frio ou sentia medo dele?
Eu definitivamente tinha medo dele!
- ham ham. - forcei para conseguir responder.
- Sra Virgínia, leve-a imediatamente para seus aposentos! - disse autoritário, me soltou, e se foi na direção oposta para a qual eu estava virada, não tive coragem de me virar para olhar, só escutei os passos ficarem cada vez mais distante até não ouvir mais nada.
- Esse é seu quarto. - disse ela abrindo a porta e indicando com a não para que eu entrasse.
Todo rosa?
- O senhor Clarck, escolheu e participou pessoalmente da decoração desse quarto para a senhorita. - disse a Sra enquanto fechava a porta atrás de mim. - A senhorita deve ser muito importante para ele, pois com nenhuma das outras que vieram antes de você ele agiu dessa forma.
Fiquei tão perplexa com a cor do quarto ser rosa em quase sua totalidade, mas ao mesmo tempo quis entender aquela parte sobre outras antes de mim. Do que ela estava falando?
- Outras antes de mim? - não resisti e acabei perguntando.
- Oh, pobrezinha... Você ainda não sabe? Ele ainda não te contou? - Havia espanto em seu semblante, e ficou ali parada olhando em meus olhos. - Tenho que ir, agora durma senhorita - Comcluiu, virou e saiu, me deixando com uma pulga atrás da orelha e um frio na barriga. Eu sentia medo, não estava entendendo nada.
Me deito na cama exausta pela viagem e fico olhando para o teto, da forma que estou acabo dormindo, sem ao menos perceber. Dormir igual a uma pedra durante toda a noite.
- Vim ditar algumas regras, senhorita. Hora de acordar, já passa das 06:00h da manhã! -escutei aquela voz grave, enquanto ouvia também o arrastar brusco das cortinas, senti o incômodo da claridade em meus olhos, embora ainda não os tivesse aberto.
Eu não acredito! Abri meus olhos lentamente, os sentindo arder por causa da claridade repentina, ainda com os olhos semi cerrados, pude vê-lo em frente da janela com a luz do dia toda em suas costas, estou aliviada, pelo menos ele não é um vampiro.
- Ande! Levante-se, todo dia às 06:00 h esteja pronta para o desjejum e corrida pelo bosque.
- hã? - Meu semblante era de incredulidade - o segui com a cabeça, enquanto ele atravessava o quarto até a porta, não acredito que serei obrigada a acordar tão cedo para o desjejum e ainda para correr, me exercitar nunca foi o meu forte.
- Ah! E antes que eu me esqueça. - parou em frente a porta de saída. - Segunda começam suas aulas no Colégio.
Saiu fechando a porta atrás de si após ter despejado todas aquelas informações sobre mim. Fiz minha higiene matinal, abri minha mala e peguei o primeiro conjunto de moletom e tênis que vi. Saí por aquele enorme corredor, ao dar meus primeiros passos pensando em ir em direção da escada, escutei risadinhas atrás de mim, girei de uma vez no calcanhar, mas não vi nada. Girei novamente e comecei a caminhar na direção das escadas na intenção de descer, mas ouvi novamente risadas, pareciam risadas de criança, girei novamente, e novamente não havia ninguém. Será que estou ficando louca, pensei comigo mesma, e girei novamente em meus calcanhares decidida a descer rápido dessa vez, mas dessa vez havia uma garota.
- Aaah! Exclamei levando as mãos ao peito já taquicárdico pelo susto - Você me assustou - Eu disse aliviada soltando um suspiro de alívio.
A garotinha parecia ter uns 10 anos, muito branca cabelos pretos e enormes olhos azuis com cílios tambémenormes, era tão linda que parecia uma boneca.
- A senhorita é a nova Herdeira? - Me perguntou a garotinha.
- Como assim, nova herdeira, havia uma antiga herdeira? - Questionei franzindo o cenho.
- Clea! Volte imediatamente para o seu quarto! - A voz grave exclamou atrás de mim, eu já conhecia bem aquela voz, mas me virei para me certificar, sim era ele, aquele arrogante, Chadrian Clarck parecia ter se materializado ali, já que antes não havia ninguém. Meu coração estava aos saltos, parecia estar falhando algumas batidas.
Seu semblante era de ódio, maxilar rígido, olhar injetado em minha direção e punhos cerrados na lateral de seu corpo, a pobre garotinha correu imediatamente para um dos quartos do lado oposto ao meu.
- E quanto a você - Disse Chadrian, meneando a cabeça em minha direção como se eu fosse algo desprezível. - Fique bem longe de Clea.
Assenti com a cabeça e fiquei estática, Chadrian caminhou em minha direção, ficou com seu rosto a centímetros do meu, olhou profundamente em meus olhos, um olhar azul como o oceano profundo penetrante como um mar revolto, conseguia sentir sua respiração em minha face.
- Você entendeu? Isso é uma ordem! - Disse com a face tão próxima da minha que fui me afastando até sentir a parede atrás de mim, ele colocou uma mão de cada lado de minha cabeça, fechei os olhos bem forte e lateralizei a cabeça esperando o pior que talvez ele fosse me bater, não sei... esperei por alguns segundos, então abrir os olhos e não havia mais ninguém no corredor.
Lágrimas rolaram por meu rosto, eu estava sentindo muita falta da madre, por mais que eu passasse dificuldades no orfanato, pelo menos tinha amor, carinho e compreensão, não imaginava que aquele homem tão bem arrumado pudesse ser tão rude daquela forma. Voltei para meu quarto arrasada, chorava de soluçar, pois não estava acostumada a ser tratada assim. Me atirei de bruços apertei o travesseiro . Resolvo tomar um banho, havia um banheiro em meu quarto com uma banheira. Enchi com água quente e coloquei sabão para fazer bastante espuma como nos filmes, deixei a água ligada para que ficasse bem cheia e eu pudesse relaxar. Entrei na banheira e continuei a chorar muito. Não percebi quando dormir na banheira.
- Olhe o que você fez!!! Está pensando que está onde? - acordei com gritos. De novo não, era a voz de Chadrian gritando comigo novamente.
E ao olhar em redor a banheira havia extravasado, inundado todo o banheiro
Eu ainda estava imersa na água , e de pé ali no banheiro estavam Chadrian e a senhora Virginia,
olhei além deles pela porta e o estrago parecia ser pior do que eu imaginava, o quarto estava inundado a acredito que o corredor também.
Chadriam estava ali de braços cruzados parecia querer abraçar a si próprio
desceu seu olhar azul como o oceano até meu colo, pigarreou e se virou, sorte minha eu estar imersa ainda na água, pois nunca nenhum homem havia me visto nua, e aquele arrogante seria não seria esse homem, nem se fosse o último na face da terra.
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