
XIV
Logo após a saída de Albert, Karl precisou ir embora. Helene queria que ele permanecesse, mas ele insistiu que precisava ir para terminar de resolver as coisas, já que passaria o natal em Viena. Ficou feliz em saber que ele tinha resolvido ir por causa dela, seria uma festa bem melhor do que as anteriores.
Ainda estava pensando sobre a explosão do marido, não podia ser considerado um comportamento normal. Parecia que estava bêbado, mas não sentiu o cheiro de bebida nele. Tentaria não pensar muito sobre isso, queria descansar um pouco, conversar com Anne.
Ouviu um barulho desconhecido, desconfiou que fosse Anne.
— Anne querida, é você?
— Não, não é seu cão de guarda. — ouviu a voz de Albert.
Helene ficou alarmada e se recompôs.
— Então é você. O que faz aqui?
— Esperei até ele ir embora para falarmos a sós.
— Não temos nenhum assunto a ser tratado.
— Helene, sou renegado há anos por você, respeitei...
Deu uma pequena gargalhada.
Respirou fundo três vezes antes encará-lo.
— Se vamos mais uma vez ter uma daquelas conversas insuportáveis, sente-se. Nunca se cansa?
— Nunca me cansarei de você.
Helene odiava fortemente a determinação dele.
— Estou doente.
Começou a rir.
Transformou-se em uma gargalhada, e sua barriga começou a doer.
— Não posso acreditar que está com essa mentira novamente. — limpou uma lágrima que descia por seu rosto. — Quase me matou de rir. Essa foi muito boa, mas deixe eu lhe informar uma coisa: não acredito mais em você.
— Agora estou dizendo a verdade, Helene.
— Esse número novamente? Estou farta dessa situação, Albert.
— Preciso de um filho, Helene.
— Não posso fazer nada quanto a isso.
— Pode! É minha esposa! — levantou-se alterado. — Deve-me obediência.
— Não abuse da minha paciência! — ela também se levantou alterada. — Pedi mil vezes para anular nosso casamento, nós nem deveríamos ter casado. Manteve essa união porque quis, agora aguente as consequências. — tirou a aliança do dedo. — Podemos ter essa maldita aliança que nos une, podemos ter assinado aqueles malditos papéis, mas eu não pertenço a você! Nunca irei pertencer! Eu o odeio tanto por ter destruído a minha vida.
— A vida que queria ao lado do meu irmão? — perguntou ainda mais irado.
— Sim, exatamente essa vida. Quando vai aceitar que eu amo Karl?
— Não ouse falar nunca mais isso em minha frente! — apontou o dedo no rosto dela.
— Ouso! — tirou o dedo do rosto dela. — Não aponte seu dedo gordo no meu rosto.
— Sempre ousada. — segurou o punho dela. — Eu deveria ter dado um jeito em você há muito tempo, mas sempre fui paciente. Não serei mais.
Aquela frase fez Helene estremecer.
Estava com medo.
— Solte-me.
— Não soltarei você. — apertou ainda mais o pulso dela.
— Está machucando meu pulso, seu animal!
— Insulta-me como se eu não fosse nada.
— Um maldito arquiduque! Sua Alteza quer ouvir isso?
— Pare com isso!
— Não, não vou parar!
— Sua insolente. — a empurrou violentamente, fazendo com que ela tropeçasse. — Como eu gostaria de odiá-la, assim como você afirma me odiar.
— Eu poderia cair e bater minha cabeça nessa mesa, seu imbecil. — Helene começou a respirar com dificuldade. — Não acredito que consegue ficar tão baixo a cada dia. Sempre me machucando de alguma forma.
— Apenas fico fora de mim quando diz que ama Karl.
— Eu o amo, sempre amarei ele.
— Não posso aceitar isso.
— Não tem que aceitar nada, são os meus sentimentos. — passou a mão pelo cabelo nervosamente, tentando manter a calma. — Vá embora.
— Não irei embora até me responder o que Karl estava fazendo aqui.
— Estava me visitando.
— Não veio apenas fazer isso.
— O que está insinuando? — cruzou os braços e encarou Albert pela primeira vez nos olhos.
— Procurei saber quando ele chegou aqui.
— Como? Não posso acreditar que tenha feito isso.
— Sim, eu fiz. Jamais me diria a verdade. Ele chegou ontem, não hoje. Presumo que ele não tenha dormido em um quarto diferente do seu. — começou a se aproximar dela. — Estou relutando em acreditar que tenham ido para cama. Porque apesar de tudo, não acredito que tenham feito algo tão sujo. Não acredito que tenha cometido adultério.
Helene começou a rir novamente.
— Quer realmente falar sobre adultério, Albert? — colocou a mão na cintura. — Recebi o convite da sua amante para assisti-la. Confirmei minha presença com o maior prazer. Vou adorar ver a mulher que roubou o coração do herdeiro do trono. — e com o resto de coragem que ainda lhe restava, encarou os olhos de Albert novamente, percebendo a surpresa dele. — Nós não fomos para cama, preferimos o tapete da biblioteca. Fizemos amor a noite inteira, e quando acordamos, estávamos tão sedentos por mais, que fizemos novamente. Sabe, eu jamais pude imaginar como poderia ser tão bom ser tocada de maneiras diferentes. Eu senti o amor, é muito bom. E, comprovando o que eu já sabia, só poderia conhecer esse amor com Karl.
Não soube quando ele se aproximou tão rápido, apenas sentiu seu rosto arder e perder o equilíbrio. Bateu a cabeça com força na pequena mesa perto sofá em que estava sentada. Sentia muita dor, e sua visão estava ficando turva. Conseguiu distinguir o grito de Anne, queria chamar por ela, pedir ajuda, mas sua voz não conseguia sair, estava embargada.
Antes de enxergar tudo preto e fechar os olhos, conseguiu ouvir a voz de Anne:
— O que você fez com ela seu demônio?
ஜ
Lentamente tentou abrir seus olhos, mas sua cabeça doía tanto; uma dor que jamais tinha sentido. Ainda se lembrava da mão de Albert acertando seu rosto com força, fazendo com que se desequilibrasse e caísse, batendo a cabeça na mesa com força. Tudo era muito confuso, perturbador e humilhante.
Então começou a chorar.
Chorou muito.
Sua vida era um completo inferno, era casada com um homem sem escrúpulos, não podia viver o amor da vida dela, e agora estava machucada em cima de uma cama.
— Oh, Helene, finalmente acordou. — percebeu o alívio na voz de Anne. — Chamei um médico para vê-la, ele disse que ficaria bem. Sua cabeça está com um grande inchaço, devido a pancada. Tive tanto medo, ele nunca tinha chegado a esse extremo.
— Nunca, porque nunca enfrentei ele dessa forma.
— O que disse a ele?
— A verdade.
— Sobre você e Karl?
— Sim.
— Santo Deus! — colocou a mão sobre o rosto. — Não devia ter feito isso.
— Sim, eu devia.
— O que vai acontecer?
— Não faço a mínima ideia.
— Vou pedir para trazerem alguma coisa para você comer.
— Por favor.
— Helene, não comuniquei a Karl porque não sei em qual lugar ele está hospedado.
— Graças ao bom Deus não disse nada a ele.
— O que está querendo dizer?
— Não direi nada a Karl, Anne. Seria um completo inferno.
— Não pode simplesmente deixar isso apenas entre nós, Helene! Ele quase a matou.
— Eu sei. — fechou os olhos.
— Vou providenciar sua alimentação.
Anne saiu do quarto e a deixou sozinha.
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