Capítulo 6: Perseguição
Após se trocar, ela vestiu um pijama limpo. A blusa fazia parte de um conjunto de seda que havia ganhado, ela nunca usava os dois juntos, pois ficava com um tom maduro e sexy. Não queria dormir daquele jeito, por isso costumava sempre permutar a camisa e shorts daquele conjunto para que fizessem par com outras roupas. Hoje ela estava usando a blusa vermelha e preta de seda com uma calça moletom cinza e rosa.
Helena também prendeu seu cabelo curto com uma xuxinha. Não era tão fácil prender aquele cabelo, já que ela nunca deixava crescer no tanto suficiente em que coubesse na presilha, mas conseguia dar seu jeito para amarrar.
Algum tempo depois Melanie, que terminou de lavar as louças, entra no quarto.
- Oi, oi, Heleninha. E aí, já pensou em trazer o Greg aqui? - Falou Melanie.
- Tá maluca? A gente nem se conhece direito. - Respondeu Helena zangada.
- Bom, mas ele é bem visado na escola. Você pode não estar tão interessada, mas tem gente que tá. - A amiga falou.
- Eu não estou nem aí. - Falou a Helena fazendo uma careta.
Melanie começou a fazer cócegas na amiga e o assunto se encerrou para dar lugar a uma Helena morrendo de rir e tentando fugir de Melanie. O dia continuou, as duas assistiram um filme de terror e pintaram as unhas. Melanie escolheu um amarelo bem vibrante e Helena usou o roxo. Brincaram de verdade ou desafio, mas não sobrava muitas "verdades" não ditas dentro daquela amizade.
O dia se estendeu até a noite. Melanie ja tinha colocado seu pijama, as duas já haviam tomado banho, comido besteiras, que a mãe de Helena liberou, e também escovados os dentes. Não podiam demorar muito para dormir, pois ainda teriam mais um dia de aula na manhã seguinte.
- Você pode me emprestar seu edredom de Arco-íris? Eu acho tão fofo. - Perguntou Melanie.
- Claro, claro.
Helena tinha um edredom de Arco-íris, ganhara há alguns anos e usava normalmente, mas parou de utiliza-lo quando começou sua adolescência mais rebelde, abandonara as cores claras fazia anos. Entretanto, Melanie adorava esse tipo de coisa, sempre pedia o mesmo edredom quando dormia lá.
As duas se juntaram na mesma cama. Helena tinha uma cama de casal, não fazia ideia do motivo de terem comprado uma cama tão grande, mas gostava dela. Ficava encostada em uma das paredes do quarto, embaixo dela havia um tapete de cor verde-musgo. Um guarda-roupa de madeira escura também compunha a decoração do quarto, junto com pôsteres de banda, uma cômoda lilás que guardava alguns livros e bagunças da jovem. Ela também tinha o privilégio de uma tomada ao lado da cama.
Melanie adormeceu facilmente, já Helena não tinha tanta facilidade com esse tipo de coisa. Ela poderia ficar uma ou até duas horas rolando em sua cama até conseguir pegar no sono. Enquanto isso, avistou, em um dos momentos, seu padrasto interferir na luz avermelhada do abajur do quarto, abrindo a porta, deixando a luz do corredor invadir o cômodo e encarar Helena por alguns segundos. Ela fechou bem os olhos, mas não o suficiente para não enxergar, apenas para que o padrasto não soubesse que ela estava acordada o encarando. Ele não suspeitou que ela havia o visto e como tinha dito antes, Melanie estava dormindo no quarto. Ele fechou a porta sem fazer algum barulho e foi embora pelo corredor.
Helena não se mexeu em momento nenhum diante da cena. Não se sentia bem, mas não causou nenhum alarde, só decidiu que iria continuar na cama até conseguir dormir. Sem notar, pegou no sono no meio da madrugada.
O dia amanheceu. Helena acordou primeiro, como sempre. Teve de sacudir Melanie até que ela tivesse coragem para levantar. As duas tomaram seus banhos, fizeram um lanche, escovaram os dentes e se vestiram. Ao se vestir, Melanie pegou a roupa do dia anterior, era um casaco lilás e rosa com uma calça preta. Helena preferiu pegar sua calça vermelha e seu casaco preto, bem quente.
Melanie se despediu de toda a família e saiu mais cedo que Helena, pois precisava deixar seu novo gatinho em casa antes de ir para a escola. Helena não demorou muito para sair, foi logo em seguida. Sabia que chegaria cedo na escola, mas se sentiria mais confortável do que ficando acordada em casa. Além disso, ela precisava, também, passar em alguns lugares antes.
Caminhou por alguns minutos no caminho contrário da instituição. Precisava falar com Bruce logo na manhã cedo, era um ótimo horário, as pessoas ainda não tinham se acumulado diante das ruas e era fácil se esconder. Não demorou para que chegasse a uma rua deserta que abrigava uma casa pequena no meio de muitas outras.
Era a casa de Bruce. Tinha um cercado branco que quase nunca ficava trancado, Helena já passava sem dificuldade por ele. Após o primeiro obstáculo, se encontrava "Tritus", o PitBull da casa, ele era selvagem, mas conhecido de Helena. Ela sempre o afagava antes de entrar na residência.
Passando por isso, chega até um gramado meio mal cuidado que cercava a pequena casa de paredes azul claro. Helena batia duas vezes na janela de manhã cedo quando queria algo, era o sinal que Bruce entendia. Ele a avistava e abria a porta.
- E aí, amiguinha. Como estão as coisas? - Perguntou Bruce sorridente.
Sua pele negra suada se iluminava em meio ao sol. Havia resquícios de que Bruce havia acordado bem cedo para trabalhar naquele dia.
- Tá trampando? - Perguntou Helena.
- Sim, sim. Tô dando um jeito em umas coisas quebradas lá no meu porão, mas o que traz você aqui? Quer alguma parada?
- Ah, sim. Uns doces, tá foda de aguentar esses dias. - Disse Helena
- Entendo, Menina. Olha, não sei o que cê tá passando mas se o Bruce puder ajudar, chama aí. Você já é brother. - Ele respondeu
- Não, não é nada demais. - Disse a menina forçando um sorriso.
- Tô ligado, então vou pegar as paradas, o preço é o mesmo de sempre.
Ele entrou pela casa enquanto Helena esperava na sala. Rapidamente retornou com um saquinho embrulhado.
- Tá aqui, eu não vou nem te abraçar. - Falou mostrando as marcas de suor no corpo. - Espero que aproveite... Ah, aliás, pode fazer um favor?
Falou ele enquanto caminhou até a cozinha rapidamente.
- Pode entregar isso pra Lily por mim? Ela esqueceu. - Disse ele, entregando um saco plástico de padaria com dois sanduíches caseiros dentro.
Helena concordou com a cabeça e pegou o lanche. Bruce não estudava mais, porém sua irmã mais nova, Lily, sim. Ela e Helena não eram da mesma sala e se conheciam por conta das frequentes idas até a casa de Bruce que a jovem fazia.
Enquanto ia saindo, Helena avistou um garoto entrando pelo portão branco sem autorização. Tritus rapidamente começou a rosnar e latir para o novo intruso. Sem olhar para quem era, Helena berrou o nome de Bruce para que ele fosse até a entrada.
O homem forte correu com uma pistola muito mal escondida entre as calças.
- Sou eu cara. - Falou uma voz conhecida, enquanto levantava suas duas mãos se fingindo de "refém".
Era Greg Foster. Só depois de tudo isso, Helena havia percebido quem era.
- Mas que porra... Você só pode está me seguindo. - Rosnou a garota.
- Cachorro mal! Não pode ficar acordando a vizinhança assim, eles já passam pano demais pras nossas atividades. - Se ouvia Bruce passando uma lição em seu animal.
- Opa, olá de novo, My Lady. - Disse o debochador Greg.
- Não é possível, você deve estar me perseguindo.- Disse Helena.
- Meu último fornecedor... Digamos, não está mais entre nós e não tem tantos na cidade, nao é? - Disse Greg mostrando seu sorriso brilhoso.
- Seu canalha...- Falou Helena baixinho, mas em tom suficiente para se fazer ouvida.
- Então, molecada, se vão ficar por aqui preciso insistir que vocês entrem. Não podem ficar brincando no meu quintal, aqui a parada é séria. - Advertiu Bruce.
- Eu já estou indo embora. - Disse Helena.
Enquanto estava passando pelo portão foi parada pelo garoto, que segurou, sem forçar muito, seu braço.
- Me larga, idiota. - Disse Helena, soltando seu braço bruscamente.
- Calminha, eu só ia pedir para você me esperar. - Disse Greg.
- Por que eu esperaria você? - Disse Helena com as sobrancelhas arqueadas.
- Por que sim... Por favor. - Disse Greg sorrindo e depois fazendo um biquinho, que fingia estar triste.
Helena o esperou e os dois foram para dentro da casa. Ela parou para pensar que tinha tido uma primeira impressão bem diferente de quem Greg realmente era, isso a deixava confortável, já que ele não era um garoto completamente intimidador e psicopata, aparentemente. E também não era idiota ao ponto de ignora-la totalmente. Helena ficava satisfeita com isso, mas não gostava tanto assim, pessoas que não demonstram ser quem são de primeira a deixavam temerosa por conta de experiências ruins vividas.
Mas, por enquanto, tudo parece indo bem, mesmo ela não querendo ter uma aparência entregue para o novato.
Greg terminou sua compra, a jovem nem se deu ao trabalho de prestar atenção no que ele tinha ido fazer ali. Apenas esperou terminar e os dois foram caminhando em silêncio para a escola. Mesmo com as negociações de manhã cedo, tinham chego a tempo na escola.
Greg não ficou com Helena, tinha conhecido algumas pessoas na escola e feito algumas amizades, mas se despediu da moça. Helena falou com Melanie, mas se desvencilhou para entregar o lanche de Lily.
Após achar a garota, entregou.
- Ah, muito obrigada. Você é mesmo um anjo. - Disse Lily abraçando fortemente a menina.
Apesar do tipo de comércio de Bruce e ele ser praticamente um pai para sua irmã, Lily, eles eram pessoas boas e muito carismáticas.
- Meu deus, adorei seu casaco. É novo? - Disse Lily enquanto tocava no tecido do casaco preto de Helena.
- Ah, não, mas acho que não usei muito. - Disse Helena meio sem jeito. - Ah propósito, seu cabelo está incrível hoje. Na verdade eu acho que sempre tá. - Completou.
- Ah, imagina. - Disse Lily, enquanto pegava no seu cabelo. Estava amarrado em formato "Maria chiquinha", ele era no estilo blackpower e de cor castanho perolado.
Lily era muito carinhosa e sempre tocava nos outros para falar. Helena não gostava muito desse estilo de afeto, mas jamais incomodaria Lily com seus caprichos, pois mesmo não gostando desse jeito sabia que a meninas era uma boa pessoa e não a magoaria. Porém, os dois estilos de conversa diferente das duas não rendia muito assunto, o que fez Helena conseguir ir embora depois de alguns minutos.
Voltando para sua melhor amiga, conversaram sobre assuntos de bandas. Greg falou com as duas, estava um pouco menos enjuriado dos assuntos de Melanie, mas ainda não gostava tanto assim da menina. Entretanto, naquele dia, o menino preferiu ficar com outros e focar em novas amizades, não falava com muita gente, mas também não tinha o interesse de ser o excluído.
A aula passou rapidamente naquele dia. Helena estava feliz já que seria o último dia da semana, o que a deixava furiosa é saber que mesmo em um final de semana, ela não se sentiria confortável para ficar sem fazer nada em casa. Planejou uma desculpa para manter-se no quarto trancada o fim de semana inteiro, inventaria alguma doença misteriosa e rotineira e a mãe a deixaria ficar em seu quarto com paz, consequentemente, seu padrasto também.
Voltando para casa fez o que havia planejado. Comeu pouco menos que o normal, avisou a mãe que não estava se sentindo bem e permaneceu trancada no quarto, saberia que assim ninguém, e principalmente não o Paul, a incomodaria.
Ficou mandando algumas mensagens de textos para Melanie, mas nada muito interessante. Era mais um final de semana sem nada para fazer, então se concentrou nas coisas de sempre: jogos no celular, músicas no YouTube e filmes de terror na Netflix.
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