18 - O iceberg
2033 Words
Minha conta como Dyanna era tão popular quanto a minha como Cloe.
Tudo que ela dizia era aceito e repostado.
Então não foi difícil usar essa conta para disparar mais pessoas contra o colégio. Usei o acesso que eu tinha e consegui provas com nomes e fotos das pessoas que mandam e desmandam em tudo que ocorria ali; os espus nus como são. Covardes que se escondem atrás de seus ternos caros e toda opulência para se achar superiores a qualquer um que não tenha a mesma aparência, comportamentos, gostos e pensamentos.
Estava tão furiosa. Queria fazer como a mãe de Dylan e ajudar... entretanto tudo ruiu de uma forma que foi inesperada para mim.
De repente, ataques começaram em suas casas e empregos.
Depredaram seus veículos e vandalizaram suas casas.
Isso também estava errado.
Me deu uma agonia ver tudo isso. Não era pra ser assim.
Não é só por que eles estão errados que fazer tudo isso está certo! Isso só faz quem tenta defender e mudar algo parecer tão errado ou até mais do que esses cretinos.
Eu tinha conseguido provas de coisas que estavam fazendo para dificultar a entrada de outras etnias no colégio deles, regras que puniam quem não seguisse o padrão sexual, etc etc. Tudo foi exposto para qualquer um ver. Eu só esqueci de calcular isso... "qualquer um" isso inclui pessoas sem escrúpulos ou noção. Pessoas que só precisavam de uma desculpa qualquer para fazer mal.
Não demorou para que vandalismos começassem a ser feitos em suas mansões já que seus endereços foram divulgados.
Aquilo me deu medo
Ok que eles mereciam alguma punição pelo que faziam, mas era criminoso, assim como terem matado o pedofilo espancado.
Me senti totalmente tomada por essa culpa.
Como alguém aí falou: "com grandes poderes se vem grandes responsabilidades". E eu não soube como lidar com o meu, brinquei como uma criança faz com massinha de modelar ao misturar todas as cores e não saber como separar depois; chorando para que seus pais resolvem isso mágicamente sem entender que não tem mais como separar. Eu não tinha como desfazer o mal que fiz, mas sentia que iria fazer de novo sem aprender como brincar com a massinha sem misturar tudo.
...
......
............
― O amor da mídia não reflete a realidade assim como qualquer outra coisa. Por ex você já viu uma casa estar sempre impecável como se vêem em filmes, séries ou novelas? Um set de filmagem dá muito trabalho deixar realista. ― Kenny explica, estava concentrado no papo antes dos clientes lotarem o bar e ele não ter mais tempo de ajudar seu novo amigo.
Saio de meus pensamentos que mais pareciam uma punição pelo que fiz sem pensar, me deixando concentrar no papo que parecia muito legal.
Ton estava ali com ele.
Logicamente o garoto não me reconheceu e conversava ali tímido por estar em um lugar que não deveria. Fofinho como sempre sorvia goles curtos do suco que ganhou do dono do bar.
― Uma vez me contaram uma história assim: Um peixe perguntou ao barqueiro --- Oi, onde fica o mar? E o barqueiro confuso respondeu. --- Ora pequeno. Você está nele. Mas incrédulo o peixe respondeu: --- O mar? Não, isso é só água. O mar é uma vastidão. ― Kenny explicava concentrado em seu relato com olhos sonhadores reflexivos. ― Entende o que digo? O mar pode ser tudo aquilo que você busca grandiosidade por que a mídia mostra ele imenso em sua vastidão como o sucesso de uma carreira ou uma amizade de desenho animado. No dia a dia é só trabalhar, e uma amizade são momentos; a mesma coisa é o amor: ele é como a água que o peixe esnoba, é o mar; mas de perto é apenas água. Entende?
Achei tal relato profundo, mesmo que não servisse para mim neste momento e para o que eu estava pensando e tentando resolver era um boa lição. Afinal era a lição para o que Ton estava vivendo não eu.
Aparentemente o garoto estava confuso sobre seus sentimentos.
Eu não tenho isso. sei exatamente o que eu sinto e por que!
Minha mãe sempre disse que o amor é uma terrível ilusão criada pela mídia; e que nós mulheres podíamos o usar para conquistar tudo, desde que não caíssemos, mas eu sempre acreditei que ele realmente existia.
Só era algo raro.
Tão raro que estava tranquila em nunca o sentir na minha vida.
Só que agora eu me pegava confusa. Sim, sei assumir que estava começando a gostar de Dd; mas tinha noção de como o amor é algo tão frágil que uma desilusão pode o despedaçar.
Eu sei que dizem que o amor é uma coisa poderosa e que nada o desfaz, mas minha concepção é outra: Existem muitos tipos de amor, um amor entre mãe e filho (quando essa não é uma cadela feito a minha) ou irmãos ( quando estes não tem uma relação tóxica de posse e disputa por bens materiais) esse amor pode ser praticamente indestrutível. Mas amor entre amigos pode se partir com as desilusões e decepções.
Meu ponto é: o amor é algo construído e se você constrói ele muito bem ele fica mais resistente e se você fica o atacando ele vai quebrando a medida dos ataques e conforme sua resistência. Pegou meu ponto?
E o meu lance com Dd ainda era isso. Um lance em base de atração e interesse, não podia chamar de amor.
― Creio que sim. Muito obrigado! ― Diz o abraçando e saindo dali. Falei que era fofo.
― Você parece um velho sábio às vezes. ― Digo e Ton me olha brevemente como se me reconhecesse naquele momento e desvio o olhar.
Droga!
Não seja burra! Assim vai estragar tudo.
Sim. Eu me preocupava muito em ser flagrada e ter minha reputação no colégio destruída. Faltava tão pouco para me formar e ser livre de tudo isso; tão pouco que me sentiria como esses policiais que tomam um tiro antes de se aposentar.
Tudo que eu me montei me fazia ter a chave de muitas coisas. Um poder que eu ainda estava aprendendo a usar; mas que não estava disposta a me desfazer.
Fala sério que iria?
― Experiência faz isso. ― Me responde vindo até mim; estava realmente no início do nosso turno e tinhamos tempo. ― E você? Como está com Dd? ― Pergunta direto.
Mal nos beijamos.
Posso chamar isso de relação?
― Tenho tanta coisa na cabeça que to sem tempo pra isso. ― Respondo seca vendo um grupo chegar e ele volta a atender as mesas. E o pior é que não era uma mentira.
Eu devia dedicar um pouco mais de tempo para o romance...
....
......
.......
― E se... ― Ele para de falar ficando pensativo demais para o meu gosto. Já o conhecia o suficiente para saber que nada de bom viria quando ele ficava com essa cara. ― Dormirmos juntos? Calma! Digo dormir mesmo. Só deitar. Pra você se acostumar com a ideia de uma presença masculina com você.
Estávamos no meu quarto novamente.
Era a época de entrega de trabalhos e provas então eu estava atolada com as revisões. Não podia me dar ao luxo de deixar passar algum erro e perder nota; eu estava contando com isso para ir a uma boa faculdade.
― E depois? ― Já perguntei na lata e ele ri sem graça, pois sabia que eu tinha "manjado" seus planos.
Ele é como um iceberg.
A sua totalidade nunca está à mostra, e ele aparenta estar sozinho e sem vida no meio da imensidão, mas se não tomar cuidado ao passar por ele, ele pode destruir a sua vida sem nem mesmo se sentir afetado.
Mas eu aprendi a olhar debaixo das ondas que ele formava a seu redor e perceber o que se escondia na imensidão.
― Podemos ir ... Aumentando o "nível" aos poucos? ― Diz meio sem graça ao amarrar os longos cabelos com o próprio cabelo.
Sempre me perguntava como ele conseguia fazer isso e não detonar o cabelo todo. Deixa eu tentar pra você ver o que acontece.
― Desenrola esse carretel. ― Ordenei e ele apenas riu, um riso sem graça de criança que aprontou uma das grandes.
De um tempo para cá estava pegando cada "trejeito" ou mania linguística que eu nem sabia dizer de onde saíam. Acredito ser da minha nova roda social online; só sei que ele se divertia muito e eu tinha de me segurar quando estava com o meu grupinho.
― Tudo bem. Mas não tenta me matar até eu terminar o raciocinio. Combinado?― Ele fala de forma pontual; claramente preocupado em cometer algum erro.
O porquê disso era simples até.
Nao era eu era a minha louca família, que desde aquele evento tem ficado cada vez mais insana e me deixando com picos de emoção completamente instáveis.
É bem complicado quando a ação de outras pessoas te afeta tanto.
― Não te prometo nada. ― Respondo e ele só ri, me olha com um tom carinhoso e pensativo, vira o corpo se recostando sobre o beiral da sacada e começa a falar olhando para o céu e não para mim.
― O seu medo. Estava pensando em como trabalhar isso... ― Murmura ao fitar as estrelas. ― Pensei em agir como quem aprende a andar de bicicleta, e por "rodinhas" na nossa relação. Assim você se sentiria melhor não?
― E o que seriam essas rodinhas? ― Já fui ao ponto, não iria deixar ele me fazer de trouxa não. Afinal quando ele disse relaçao não esta estava falando do nosso namoro e sim sobre fazermos sexo.
Pervertido.
― É só uma ideia essa coisa de dormirmos juntos. ― Ele pareceu voltar atrás em suas ideias por conta da minha postura. ― Tinha pensado em você passar o fim de semana em casa. ― Diz ao pôr a mão no bolso tirar o celular que havia vibrado com uma mensagem e por no bolso novamente. ― Assim conheceria a minha família.
Ser fofo é uma jogada suja!
― Você quer... tipo... oficializar?
Não sei por que isso me deixou tão nervosa.
Deve ser porque quando ele conheceu minha família, tudo ainda era fingimento e no caso dele seria real. Mas eu já fui apresentada antes quando namorava Adrien.
Tentava entender essa minha reação insana. Só podia ser culpa desta instabilidade emocional gerada pela minha família tóxica.
― Acho que isso pode diminuir seu medo. Mesmo que seu medo não seja social ou de abandono e sim físico. ― Diz ao finalmente me olhar. ― Tem medo de doer, certo?
Essa porra lia mentes?
― E como resolveria isso em? Vai me dar algum tipo de anestésico? ― Pergunto ao pôr as mãos na cintura e ele gargalha alto.
― E se eu disser que sim? ― Comenta entre risos. ― Se eu te dizer que planejo um tipo de anestésico para você. O que diz?
Porra. Assim tu me... fode.
Mas acho que a cara que eu fiz foi mais do que minhas palavras de negação. Afinal ele era gostoso e eu tinha vontades sim. Se ele pudesse resolver "isso" de alguma forma, por que não?
Ele caminha até mim com esse gingado brazileiro dele que me deixa com as pernas bambas e já respira fundo esperando o que iria dizer.
― Então... e se "só" na primeira noite dormimos juntos? ― Comentar deixando dúvidas em abertos pelo tom e ênfase posto logo completando, ― E conforme você for se sentindo mais tranquila perto de mim formos aumentando o nível?
― O que seria isso? ― Já digo nervosa com a forma de ele se aproxima. Como ele conseguia ser tão sexy assim?
― Eu pensei em... Bem só eu ficar nu; assim você se acostuma com o meu corpo e se sente no controle por estar vestida. O que acha?
O que eu acho???
Me diz. O que você responderia?
Sim. A frase vem do tio Ben do Homen-Aranha, mas ela não manja de HQ eu sim kkk e ela ouviu do Rodrigo que é um geek assumido.
As notas no prox cap serão bem longas, pfv n ignore ok?
Tem até um aviso importante no final.
E explico algumas ideologias que vc pode sim pular; neste mundo compartilhado, olhos são coisas muito importantes.
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