16 - Nossa primeira briga
2755 Words
Ele deitou na cama e pois o braço sobre o rosto como se estivesse refletindo em como lidar com um grande problema.
Mas... que ...
Babaca!
― Fora daqui! ― Gritei de um jeito que ele até se assustou e quase caiu da cama ao dar um pulo.
Me olhou como se eu fosse uma onça e de fato eu creio ter me transformado em uma naquele momento.
― Por que esta tão brava? ― Perguntou com a maior cara de pau que uma pessoa pode ter e isso só me enfureceu ainda mais.
― Some daqui agora mesmo! ― Gritei que até doeu a minha garganta e ele se levantou ficando em pé ao lado da cama me olhando sério.
― Não. ― Me respondeu sério e firme. ― Se eu sair agora você só vai continuar brava. ― Completou com um tom quase didático, como se eu não entendesse as coisas. ― É o que você quer? Continuar brava comigo? Ou quer resolver?
― Resolver? ― Surtei de vez. ― Não tem nada para se resolver! ― Gritei andando pelo quarto lutando entre a vontade de partir pra cima dele e sair correndo para longe dele. ― Você é um babaca cretino! Eu não sei como sempre caio nessa sua lábia.
― Você pode pelo menos dizer o que eu fiz?
Ai que filho de uma puta.
― Já que é pra terminar. Quero pelo menos saber o que fiz de tão errado e imperdoável em três segundos. Por que estava tudo ótimo agora a pouco.
Cínico desgraçado!
Ele ficou me olhando sério com as mãos nos bolsos da calça de moletom aguardando pacientemente a minha resposta.
Que ódio que eu senti.
Meu Deus.
Esses olhos frios dele nunca me deram tanta raiva na vida.
― Jura que você não sabe?
― Sim. Já disse e até acreditei que você tinha entendido que eu não tenho super poderes, não posso ler sua mente e nem comprei a minha bola de cristal ainda.
― Cínico!
― Sim. Mas... sério. O que te deu? ― Pergunta com o mesmo tom de sempre, mas logo seu olhar muda para um de preocupação e ternura. ― Esta chorando? Caramba. O que está havendo como você?
― Comigo? Eu sou o problema aqui?
― Claro! Ta me vendo mudar de humor a cada segundo? Você tem alguma síndrome? É bipolar? Toma remédios?
Mano.
― Some... ― Disse em baixo tom indo sair do quarto e ele me segurou. ― Me larga! ― Gritei. ― Eu vou te denunciar se tocar em mim! ― Ameacei e ele me soltou no mesmo segundo erguendo as mãos rendido.
― Está bem. Se é o seu desejo, não posso fazer nada. ― Diz ao se virar pegar a costumeira jaqueta sobre a cama e sair pela porta.
Me sentei na cama gritando de raiva e sem conseguir conter as lágrimas.
Estava mesmo sendo louca?
Não.
Ele foi o maior babaca!
Mas... uma coisa ele tinha razão no fim das contas, ele sair não resolveu nada. Só me deixou parada ali curtindo minhas emoções tortuosas. Eu queria mesmo ficar com raiva ou resolver? Como ele pode não entender o que fez?
Ele estava mentindo sendo cínico ou dizendo a verdade?
Ele era um grade filho da puta, e isso não posso negar; mas eu já sabia disso e gostei. Mas ele nunca foi de mentir por isso arrumava tantos problemas.
Respirei fundo e desci as escadas, mas era lógico que ele não estava mais ali. Voltei para o meu quarto tomei um longo banho para me acalmar e assim pus a minha roupa de banho e sai.
Não queria o encontrar só queria espairecer.
Mas se ele queria conversar tudo bem. Vamos ser madura e dizer o quanto ele foi um merda.
Fui até a livraria local sabendo que ele estaria por ali e não demorei a o encontrar enfiado dentro de um livro. Sério... por que ele não pegava online? Tão mais prático do que vir até estes lugares. E tinha tanta coisa mais legal para se fazer em uma praia, eu nem sei por que tinha esse tipo de coisa ali.
― Diz. ― Ordenei ao cruzar os braços. Ele me olhou sem tirar o rosto do livro, voltando apenas os olhos para cima.
Como ele ficava intimidador e lindo deste ângulo eu nunca serei capas de narrar.
― Já se acalmou?
― Não.
― Unf. Tudo bem. ― Diz ao fechar o livro e se levantar indo até o lado de fora da livraria já que muito provavelmente eu iria gritar. ― Então vai me explicar o que fiz de errado para resolvermos ou só quer oficializar o término? ― Diz ao se sentar nos degraus.
― Não se importa?
― Em terminarmos? Ou com sua raiva imaginária?
― Imaginária?
― Sim. Veio do nada e sem um único motivo. Como posso lidar com "isso". Você realmente faz jus a fama negativa das mulheres.
― Você não sabe o ódio que está me dando neste momento. ― Digo furiosa quase rosnando. Como alguém que sempre foi tão legal podia virar uma metralhadora de babaquice em segundos?
― Sim eu sei. Essa frase que falei agora eu tenho noção e foi de propósito. O que não sei é o que fiz para iniciar tudo isso. ― Diz claramente se irritando com a conversa. Finalmente um pouco de emoção.
― Ok. Senhor "gênio". Diz ser um gênio incrível, mas não entende algo tão simples! ― Sim eu estava gritando como ele previu. ― Você disse que eu ser pura é um problema pra você, agiu como se eu fosse obrigada a não ser mais virgem. ― Nessa hora ele arregalou os olhos, como nunca vi ele fazer antes.
― Nossa. Foi... isso que pareceu? Desculpa eu real não me dei conta.
Serio que ele simplesmente pediu desculpas?
O filho da puta não pede desculpas por nada nessa terra. Até me espantei.
― Olha. Na moral eu jurei que quando falou de privacidade tinha falado disso. Você não é obrigada a nada, eu que imaginei que não fosse por causa das suas amigas, nenhuma delas é, então todos imaginam que todas vocês das lideres de torcidas são ativas sexualmente afinal você namorava o Adrien não? Como eu iria imaginar que não?
― Serio? Achou que eu fosse uma vadia?
― Que? Não. Não tem nada de errado em ser ativa sexualmente ou não ser. Só achei que fosse. Não tinha motivos para imaginar que não era.
― Belo discurso.Você fala tanto de naturalizar o ato sexual, que não liga mas... agiu daquela forma.
― Tudo bem venceu essa. ― Diz passando a mão nos cabelos. ― Mas eu realmente pensei que seria complicado. Não tenho pratica alguma com virgens... teria de pesquisar.
― Quer que eu te agrida no meio da rua?
― Desculpa. Mas... não é uma preocupação sua? Tipo... doer?
― Vai à merda. ― Saio andando. ― Não tem que se preocupar com isso. ― Digo furiosa ele bufa e vem atrás de mim.
― Você é dessas? Gosta que fique atrás de você? Fala sério. Aja como adulta não tem mais dose anos. ― Diz caminhando atrás de mim. ― Quer terminar ou quer ficar fazendo essa frescura ai? Já disse que não tenho paciência para essas coisas.
― Se não tem paciência para as minhas emoções, melhor terminar mesmo! ― Gritei. Não estava nem ai para o mico que estava ficando milionário às minhas custas.
― Emoções é uma coisa. Não saber lidar com elas é outra. ― Diz ainda serio. ― Você quem me mandou sair, ai veio ate aqui e agora está correndo. Quer conversar ou fazer uma cena?
― Você é um babaca!
― Por que? Diz isso só por que estou sendo racional enquanto você surta? Ou é por que eu não corro atrás de você como um cachorrinho implorando perdão? Eu já assumi que errei o que mais você quer?
― Que entenda o que eu sinto porra! É tão difícil assim?
― Na real não. O que eu não entendo é sua atitude não o que sente. ― Diz ao por as mãos nos bolsos. ― Fui muito direto com algo que pra você é intimo e você tem vergonha. Entendo isso. Te comparei a pessoas e isso te magoou. Também entendo isso. Mas o que não entendo é o que você quer... Quer só gritar? Ficar brigando? Que eu peça desculpas? Já fiz. Ou quer que eu volte no tempo antes de ter dito? Isso eu não consigo.
― Como você consegue ser assim?
― Lógico e racional?
― Não. Frio e sem emoções.
― Unf. Eu... tenho emoções.
― Então por que eu não vejo isso?
― E eu sei lá. ― Diz ao dar de ombros. Serio... dar de ombros? Eu quero arrancar a cara dele na unha! ― Talvez você reaja assim por que é a única forma de você ver uma emoção. Você não consegue ver uma emoção mais... "menos" eufórica. Tudo tem de ser grande para você ver. Gritar ou chorar. Mas como as minhas emoções não são elevadas como as suas e você julga que eu não tenho.
― Isso é mentira! ― Gritei de novo. Claro que eu sabia ver as emoções das pessoas.
Meus pais eram a prova disso.
Suas emoções eram tão mínimas que tinha que pegar migalhas para os compreender.
― Você fala de terminar como se não fosse nada de mais para você. Então seria bom mesmo terminar de uma vez. ― Gritei e novamente sua expressão não mudou.
― Se é o que deseja...
― E o que você quer? Em? Da pra dizer isso pelo menos! ― Falei e vi seus olhos darem um vestígio de emoção.
Mas como ele mesmo disse, eu fui incapaz de entender.
― Você... me ama? ― Perguntei seca afinal não conseguiria responder a tal pergunta se fosse dirigida a mim. ― Tudo bem se dizer que não. O Adrien com toda certeza nunca me amou, meus pais também não se amam... ― Disse pensativa. Eu e Adrien estamos nos dando bem melhor agora que terminamos.
― E você? Se ama? ― Ele retruca de uma forma estranha como sempre.
― Mas é lógico que eu me amo. Eu sou incrível, fantástica. Não. Extraordinária. ― Respondo convicta e ele sorri.
― Amo esse seu jeitinho de me tirar do serio. Me perdoa por não saber como lidar com ele? ― O jeito que ele falou até que foi bem fofo. ― Mas... você também tem que aprender a lidar com o meu. É uma via de mãos duplas.
― Unf. Tudo bem. ― Murmuro desistente.
É verdade.
Tudo que ele me disse.
Tinha de partir de mim ter um objetivo, assim como enxergar as pessoas como elas são e não como eu espero que sejam. Isso só me faria bater de frente com cada pessoa que eu me relacionasse.
E assim voltamos para a casa onde o guri já havia chego e todos se preparavam pra ir até algum dos quiosques. Não pensou que iríamos entrar na água, né? Fala sério.
― Bora chegou quem faltava. ― Ela diz ao pegar uma esteira e seguir em direção a porta passando por mim e logo encarnado ele. ― Fala sério. Você "ainda" não se trocou? Ninguém merece. ― Reclama com certa lógica, afinal estavamos enrolando o role do grupo todo.
― Calma. ― Corresponde ao arrancar as roupas ali mesmo na frente de todos.
Gelei.
Corei
Morri
Tive um pequeno infarto.
― Pratico. Vamos. ― Bumbum parece ser o único a reagir e não ter se espantado ao ver que ele já tinha vindo com o traje por baixo da roupa, logo calçando os chinelos e saindo junto do brazileiro para fora da casa.
Olhei para Adrien e esse estava cor de rosa de tanta vergonha.
― Gostou do material foi? ― Comentei sapeca e ele tentou disfarçar ao pegar outra sacola. ― Não me diz que ficou todo animado com tão pouco?
― Não me enche. O cara arranca tudo do nada. Tomei foi um susto.
― Sei. ― Brinco e ele me encara e eu me acabo de rir.
Realmente tínhamos nos tornado bons amigos.
E desta forma tivemos um dia de praia perfeito.
Só era estranho ver como a Cartiney ficava tratando o namoradinho dela, o abraçando, dando comida, brincando de cosquinhas só pra ficarem se tocando em publico etc.
Quem via de longe poderia até achar ser um modo carinhoso de irmãos, mas eu sabia muito bem que não. Então esta inocência aparente deixava tudo muito pior.
Os meninos logo se juntaram a um grupo e foram jogar volei e eu fiquei com ela caminhando na areia por que as nossas crianças queriam brincar na água.
― Fala sério. Eu não acredito que o Dd correu para a água assim que pisou o pé na areia e me largou aqui.
― Que tipo de apelido é este?
― Sei la. Eu não dei, já veio assim. ― Brinco e ela ri.
― Mas então me diz; como está? ― Pergunta preocupada olhando o romper das ondas.
― Do que está falando?
― Não seja retardada. Eu sei que está rolando algo entre vocês de verdade. Como você escapou das fofocas foi genial mas... isso pode não durar. Sabe disso né? ― Diz meio preocupada e por um segundo também me preocupo muito e engulo seco. Mas não me lembro dos meus planos de deixar tudo isso pra traz e me acalmo. ― Como esta as coisas? Já deu pra ele? Ele é bom?
― Meu deus! Você só pensa nisso?
― Vou ter de explicar minha filosofia de novo? Fala sério garota que desperdício; ele é brasileiro como o da Reader certo? Para de ser burra e cai matando logo.
― Eu não vou debater isso com você de novo. ― Impus voltando ao nosso quiosque e pedi um caldo de cana com essência de maracujá.
Era muito stress para algo que deveria ser fofo e fácil.
Mas essa relação seria de longe o meu maior desafio.
Não éramos somente de mundos diferentes, mas tínhamos pensamentos fortes sobre o mundo e como viver nele. Sem falar que as pessoas que já faziam parte das nossas vidas eram extremamente complicadas de lidar.
Minha mãe ainda tratava a minha troca como a maior burrice que fiz na vida, enquanto o meu pai tentava não demonstrar o quanto achava o Dd inferior apenas pelo fato de ele ser brasileiro. Sempre o tratava como se ele fosse um trombadinha; checava o relógio sempre que o cumprimentava pra ver se não tinha roubado, ou sua carteira.
Nem comento o que ele fazia quando Dd ia em casa.
Então acabou sendo natural ele deixar de ir a qualquer lugar que meu pai estivesse.
Foi nesse fim de semana na praia que a grande notícia que nos libertava foi dada.
Meu tio havia sido preso.
Eu passei ao ver as notícias nos jornais e redes sociais contando de sua prisão assim como de todos os seus associados e com meu pai estava sob investigação severa.
Não consegui me segurar e fui até o quarto dele.
[Tok toc]
[― Entra.]
Nem esperei.
― Você... ― Mal falei isso ele já me olhou sério.
― Foi a única forma de te manter segura. ― Responde ao me cortar. ― Seu pai será investigado, mas se ele não tiver feito nada de errado não tem de se preocupar. O tempo de investigação vai garantir que você fique bem.
Como assim?
Essa enrolação não garante nada!
― Mas e se ele tiver? ― Pergunto furiosa com a ideia de ele ter mandado meu pai pra cadeia, e ele mantém o tom sério e o olhar frio.
― Você quer que ele fique impune? Só por que é seu pai? ― Questiona duro e áspero e eu fico sem saber como responder isso. Lógico que eu queria, mas não se diz isso. ― Desculpe, não posso deixar isso acontecer. ― Completa impondo-se.
Eu queria ficar brava com ele, mas não podia.
Ele estava certo no fim das contas.
Se meu pai fosse um criminoso teria de pagar.
E ele estava no meio dessa patifaria toda como ele diz...
Mas o que eu faria sem ele? Sem a forma que ele me bancava e me protegia de tudo?
Foi nessa hora foi que me dei conta.
De todos os detalhes.
Do quanto "sim" meu pai me amava.
O quanto me mimou e me deu tudo que eu quis.
Um cap com muitos aprendizados para o nosso casal o que acham?
Como eu sempre digo cada casal decide entre si; não existe formula perfeita do que deve ser feito. Por ex eu não tenho ciúme de porno, apesar de ele ter ciumes de obras hot no começo da nossa relação. Na época eu ri tanto dele que agora passou. Na minha opinião vai de cada casal definir seus limites e obrigações.
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