12 - Tudo junto e misturado
4268 words
Pessoas mudam sim.
E muito, as vezes pra pior ou melhor dependendo do seu ponto de vista e o que deseja delas; por exemplo: Um pai que para de ser mão aberta para seus filhos maiores de idade e exige que sejam auto suficientes, teve uma mudança boa ou ruim? No ponto de vista dos filhos é ruim.
Então eu não posso dizer que mudei para melhor. Mas... esse relato é para mostrar a minha trajetória e como eu mudei para quem sou hoje, e vai de você decidir se melhorei ou piorei. Combinado?
― Você é... Muito, mais muito estranha mesmo. ― Ele diz inconformado com as minhas palavras. ― Sério, é anormal ouvir como você pensa.
― Jura? Te impressiono é. ― Digo o vendo se sentar sobre a mureta que acompanha a escadaria principal de entrada do colégio.
Que mania de subir nas coisas...
― Sim, mas não de uma forma boa. ― Diz ao jogar o corpo para trás e olhar o céu que aquele dia estava realmente lindo cheio de nuvens fofas e branquinhas em meio a todo o azul forte. Parecia um quadro. ― Você... olha. Você pode até escrever um livro tentando se explicar e nem assim as pessoas vão ficar do teu lado. Saca?
Na hora eu fiquei bem puta com essa fala dele.
Mas hoje...
Digamos que agora você entendeu por que estou escrevendo isso.
Não.
Não é para que você fique do meu lado ou me entenda. Mas para que veja que... pessoas como tem um ponto de vista que pode ser contado e também podem mudar, e essa foi a minha trajetória. Cada um terá a sua, mas também podem ficar como estão.
Mas a real é que faltou eu contar mais uma coisa importante.
Você já deve ter se dado conta de uma coisa até esta altura.
Meu nome está errado.
O correto até onde sei é se escrever Chloe, mas muitas pessoas também escrevem Cloue.
Mas não, minha família escreveu Cloe mesmo; que é como se fala, sem dar a mínima para qualquer tipo de pesquisa, fazendo de qualquer geito como as pessoas analfabetas nomeiam seus filhos.
Esse é o nível de importância e consideração que eles dão pra mim. Acho que não tem pais piores que os meus...
E sim. Hoje eu mudei meu nome legalmente. Qual é? Mais pra frente eu conto.
― O que está fazendo ai gata? ― Ela vem até mim perplexa por me ver conversando com ele assim. Quase como um guarda que vê um criminoso cometendo um delito abertamente.
O que no nosso mundo era exatamente o que eu estava fazendo.
― Esqueceu que estou de "baba" digo... kouhai dele? ― Falo ao olhar por sobre os ombros como se a menosprezasse por ter esquecido uma coisa que já expliquei e voltei a dar atenção a ele.
― Verdade. Ta certo. ― Corresponde seria ao parar ao meu lado. ― E como está indo?
― Quer tentar? ― Digo olhando para ela com um sorriso de desafio. ― O objetivo é uma "total". Será que tem como? ― Falo o nosso código particular para uma transformação, como estávamos fazendo com a Loren; e ela prende os olhos nele analisando seriamente.
― Vix. Vai dar trabalho, mas pode ser divertido. ― Responde me olhando e já saco o celular mostrando a rede social dele.
― Olha isso.
― Nossa. Até que ele é gostoso. ― Diz franca ao olhar as fotos, bem entretida sem dar a mínima para a presença do cara ouvindo tudo; logo voltando sua atenção a ele que parecia desconfortável com o elogio. ― Por que esconde caralho? Você é burro?
― Eu só não gosto de me expor. ― Responde em baixo tom visivelmente desconfortável; e pelo pouco que conhecia ele e o que já conhecia dela apenas espero a colisão dos titans.
― Aff. Vai ficar de mimimi mesmo? Para com essa bosta. ― Impõe como se fosse a rainha da verdade como sempre fez e vejo que isso o irrita demasiadamente e ele desce do muro pondo a mochila nas costas como se fosse sair dali.
― Olha. Eu não gosto de me expor, isso não vai mudar. E não consigo ficar mostrando o corpo assim. ― Fala se virando e saindo.
― Mas é muita frescura pra um cu só. ― Argumenta como se ele falasse contra a fé dela.
O que de fato era.
― Quer saber mesmo o porquê? ― Ele para de andar e olha para nós aproveitando que não tinha mais ninguém ali no momento. ― Eu já fui estrupado. Beleza? Agora que já sabe pode enfiar uma espiga nesse teu rabo e me deixar em paz.
Ficamos até sem reação.
Nós sabemos que essas coisas acontecem.
Ate ajudei o Macos da escola rival, mas a forma que ele falou foi tão...!
Eu nem sei explicar.
Logicamente passamos o resto do dia e da semana falando disso; mesmo sem ter o que falar.
― Você acha que é verdade? ― Ela questiona ao olhar para ele no canto do refeitório ao ouvir musica em seus redfones como em todos os dias. ― Analisando bem... faz sentido. Pela forma que ele se comporta.
― Eu acho que é verdade sim. Ele é muito sincero. ― Respondo sem saber como agir perto dele agora que sabia disso; e logo vejo uma mensagem chegar no meu celular.
*~~* Está me encarando a semana toda. Pergunta de uma vez.*~~*
Tinha que ser.
Como ele era direto e reto.
Chegava a doer essa honestidade dele; ela como levar flexadas.
*~~* Eu não sei se devo perguntar. O que eu faria com essa resposta?*~~*
*~~* Isso é verdade. Não tem o que fazer, é isso que eu penso. O que foi já foi; só não pode rolar de novo. Deixo no passado e tento aceitar e superar; só isso. *~~*
*~~* Entendi.*~~*
Não tinha o que responder. O que ele disse fez sentido: aceitar o passado que não pode mudar e seguir em frente; e até que foi uma mensagem valorosa.
Mas saber que algo assim aconteceu com ele... eu não sei nem o que sentir.
Não conseguia o tirar da cabeça.
Durante o meu tempo no bar muita coisa acontece.
Kenny é um barman e por conta disso está sempre correndo para os lados, mas tem sempre um tempinho para conversar comigo e eu passei a amar de verdade ficar trocando ideias com ele. O cara está no primeiro semestre da faculdade de arquitetura, e namora firme a alguns meses com uma garota do colegial; então tudo é as escondidas por que seria preso por pedofilia. Mesmo eles tendo apenas 1 ano e alguns meses de diferença, ela ainda tem 17 anos e é considerada de menor, enquanto ele já tem seus 19; e com isso comecei a problematizar mais essas questões de idade. Como é o caso da Cartney com o tal guri.
Mas o ponto é que a vida continua mesmo que a minha mente estivesse uma zona, e como uma pessoa popular eu tinha a obrigação de acompanhar todos os roles.
A galera queria em peso conhecer esse bar de safadezas, o nome já era estranho: "Aquilo deu Nisso". Eu nem sabia o que pensar deste lugar e o nome já me dava mil ideias que eu só queria tirar da cabeça.
Mas não teve outra, pelo menos convenci a irmos de segunda feira, que além de ser minha folga também era o dia mais vazio ali, e poderíamos ver coisas com calma e fugir de um tumulto "estranho e assustador".
Com isso cada um se arrumou na casa do Adrien que de novo estava sem os pais e saímos. Desta vez pus a peruca vermelha e me sentir uma ruiva de cabelos cacheados foi muito bom; a roupa escolhida era uma bori preta com um crânio estampado, uma saia xadrez, coturnos pretos e uma meia calça arrastão. Todos me acharam linda com esse figurino bem diferente e elogiaram como eu conseguia me fantasiar perfeitamente.
Com isso cada um sacou seu documento falso e adentramos aquele lugar desconhecido.
Eu tremia de medo com a ideia do que poderia ver sem querer e logo de cara um atendente já pede nossos documentos. Ele nos olha como quem diz: nem fodendo vocês são de maior; dá um sorriso torto e aperta um botãozinho. Nessa hora já pensei: --"Fodeu!" -- Por que veio um "armário" em forma humana.
― Posso ajudar... crianças? ― A voz dele era normal, mas ele era tão grande que ouvi um trovão só pelo medo. E aquela pausa deu na cara que nosso esquema furou.
Ninguém conseguia se mover imagina falar?
― Quantos anos vocês tem de verdade? ― O atendente pergunta amistoso.
― Dezessete. ― Digo ao mostrar meu documento verdadeiro. E ele analisa seriamente.
― Olha. Eu sei como é ter dezessete e ver tudo e ficar curioso. Vocês "não" podem entrar aqui legalmente, mas... vou pedir para o King aqui fazer um tour pra matar a curiosidade. E daqui a uns meses quando fizerem o aniversário, ta limpo entrar e até frequentar. Ok?
Quando ele falou isso eu morri de alegria e os demais até deram um pulo e gritaram. Queria abraçar o atendente, mas não pude deixar de lembrar o que o Dd disse sobre essa cidade estar toda errada.
Ele não deveria ter sido tão legal, né?
De toda forma nós entramos junto desta tal de King que deve ser apelido de King kong, por que meu deus do céu! Que homem enorme.
― Por aqui temos o bar comum. ― Ele diz apontando reto e seguindo nos mostrando uma área escura com mesas nos cantos das paredes com bancos circulares e acolchoados, que deixavam o centro livre para uma linda pista de dança. Também podia ver dois bares sendo um em cada ponta exatamente idênticos. ― As outras duas portas que viram tem exatamente o mesmo design que este. A única coisa que muda é que um é para pessoas heteronormativas e o outro para homossexuais e todas as escalas existentes sem preconceitos. Nesta ala é proibido qualquer prática, já nas demais a uma escadaria em cada uma que da para o andar superior; os casais pegam a chave com os bartenders e podem subir pagando uma taxa da limpeza.
― Então tem um motel lá em cima? ― Adrien pergunta mais animado do que gostaria de mostrar.
― Sim. Ele é voltado ao público BDSM. ― Responde sério ao voltar pelo corredor subindo uma escada que ficava atrás de uma porta invisível. ― Vou mostrar um quarto vazio. ― Diz ao chegar ao segundo andar e abrir uma porta que tinha uma linda decoração cheia de quadros decorativos como todos os demais lugares que passamos. ― As coisas para uso dos clientes ficam guardadas nos armários. ― Explica ao fechar a porta. ― Fim do tour garotada. ― Impõe ao nos guiar de volta pelo corredor até o andar de baixo e por fim para fora.
― Muito obrigada. ― Agradeci ao receber um sorriso daquele monstro enorme.
Até que sorrido ele era fofo.
― Caraca! Esse povo é muito legal! ― Adrien diz surtado de alegria.
Ninguém acreditava no que tinha rolado.
Voltamos para a casa do Adrien onde voltamos a nos vestir normal e ficamos a debater o que achamos daquele lugar exotico.
Todos não paravam de falar e logo percebo uma mensagem chegar, e logicamente nunca deixava de ver.
*~~* Então a "minha namorada" gosta de bares safados é? Bom saber. *~~*
Eu nem precisava das aspas para sentir o tom irônico dele.
*~~* Ta me seguindo?*~~*
*~~* Não meu amor. Eu tenho informantes e você foi vista e reconhecida. Só isso./=/ To avisando para tomar cuidado. Este lugar está "limpo", mas peço que antes de se aventurar me avise. Ok? Não quero que se machuque atoa e tem muitos lugares perigosos e que não parecem ser.*~~*
Sou trouxa de mais de achar fofa a mensagem?
Foi meio possessivo para quem não tem nada de verdade, mas também foi muito fofo por que ele estar preocupado comigo.
*~~* Obrigada./ =/ Que lugares está perigoso e não devo ir?*~~*
*~~* Lembra do lazer teg? Não vai lá por nada. Tá cheio de marginal que usa os cantos escuros pra tranzar, e se você ver, eles ficam muito violentos e podem te agredir muito. Já houve casos de a pessoa ser espancada a nível de ser internada./=/ A pista de Skate no centro virou domínio de traficantes, e a praça de frente do seu trabalho só tem policial filho da puta e comprado pelos criminosos. Eles chegam a agredir civis inocentes por nada de tão chapados*~~*
― Que isso gata? Perdendo tempo trocando mensagens com o esquisito? ― Ela senta do meu lado, mas não deixo ler o que escreviamos. ― Me diz? Você perguntou sobre "aquele lance"?
― Sim. Le só aqui. ― Disse ao mostrar as mensagens especificas e ela leu somente elas, por que evitei de que rolasse a tela.
― Nossa. Sei nem o que falar.
― Estão falando de que? ― Bumbum "brota" atrás do sofá e eu quase infarto.
― Do mudo. Ele é o kouhai dela. ― Responde como se não fosse nada. ― Estamos vendo como ajudar ele a se enturmar com pessoas.
― Caraca. Vai dar trabalho. O cara é pancada. Está na minha turma de espanhol; outro dia surtou com o professor e foi um puta bate boca mas em espanhol. Ninguém entendeu nada. Ai quando outro prof veio se meter falando pra eles falarem na nossa língua pelo menos por que ele não entendia espanhol o cara surtou chamou ele de racista xenobobico e mais umas quarenta coisas por que eles estavam falando em portugues não espanhol; gritou que não são a mesma língua. Mano. Foi lindo de ver.
― Ele foi pra diretoria na certa pegou uma suspensão. ― Dylan fala folgado no sofá como se não ligasse para a nossa conversa.
― Que nada. O prof pediu desculpas pelo erro. E o outro explicou o motivo do debate fervoroso: ele falou uma coisa do Brazil e o mudo ficou ofendidíssimo e ele estava tentando se desculpar no idioma dele para se retratar.
― Caralho. Dois profs pedindo desculpas pra esse mano? Ai paguei pal em. ― Dylan responde se levantando mais interessado. ― Agora quero trocar umas ideias com esse mano. Cloe. traz ele aqui na próxima? Já que ele é teu apadrinhado na socialização faz parte.
― Beleza. Vou ver se ele pode vir agora. Ele tem uma moto muito maneira. ― Comento e o Adrien dá um pulo.
― Verdade! Muito pica mesmo!
*~~* Ta ocupado? /=/ Se não estiver cola aqui pra eu já te "assumir" para a galera.*~~*
*~~* Pra que envolver seus amigos nisso? Não precisamos de tanto, só preciso me aproximar dos alvos./=/ Estou vendo aqui o que fazer, pois ele exigiu conhecer minha família. Não posso os envolver nisso, então estão vendo atores para ir no tal jantar.*~~*
Eu sei que tudo entre nós não passava de um acordo, mas ler isso me doeu.
Não consegui evitar de pensar que: ele não me levava a sério ou que estava querendo mentir para o meu pai. Logico que estava, ele era um espião da cia contratado para prender meu tio. Tudo na nossa relação era fachada; lógico que ele não me levava a sério.
Mas isso me doeu da mesma forma.
Pela primeira vez na vida deixei o aparelho de lado e fui conversar com a galera. Não queria mais nem ver o contato dele que me dava asco.
Entretanto fiquei pensando como seriam os atores, e o que o meu pai iria querer falar com eles.
Então logicamente que dei uma de espiã mirim e fui xeretar na conversa.
Eu sabia que meu pai tinha seus horários muito corridos, então só podia ser no seu horário de almoço, ou seja meio dia, por que depois ele voltava para casa e tinha seus rituais de beleza. E também sabia qual restaurante ele ia para tratar de cada assunto, e como ele queria intimidar o garoto seria o Le Vitta, o restaurante mais caro da cidade e ele sempre pagava toda a conta como forma de demonstrar seu poder.
No dia marcado cheguei antes ao restaurante e fiquei pedindo chás e sucos para embromar enquanto vigiava as atitudes do meu pai sem ser percebida; e logo "o" vi chegar.
Claro, ele era uma pessoa bem marcante.
Ele estava com seu longo cabelo preso em um rado de cavalo alto como se fosse um samurai, deixando umas madeixas soltas de propósito para cair no rosto. As roupas sempre largas de moletom sem se importar com o ambiente que estava e um tênis velho bem surrado como se dissesse ao meu pai: "Você não vai conseguir me intimidar com dinheiro por que eu to cagando pra isso". Adorei.
Ele veio acompanhado de um casal e uma garota mais nova.
A garota tinha os olhos verdes, assim como o pai e a mãe tinha os olhos azuis; todos de cabelos negros e lizos. O pai parecia ter ascendência coreana e a mãe indigena o que dava a mistura perfeita que ele tinha. Já a garota se destacava mesmo que as roupas ajudassem a enganar.
― Que bom que vieram. ― Ele diz saudoso mostrando a mesa opulenta, passando os olhos por todos a sua frente e parando sobre Dd e seus trajes completamente deselegantes. Posso ver um asco pulsar em sua têmpora pela desfeita nítida. ― Sou o pai da Cloe.
― Ainda bem que avisou, achei que fosse a mãe. ― Ele diz desbocado ao puxar uma cadeira e se sentar. ― Então... O que queria? ― Fala logo levando um tapa na nuca do pai falso.
― Mil perdões. Ele é folgado demais. ― O homem que usava um terno simples diz envergonhado pela atitude do "filho".
― Estava quase tratando como criança em casa e o trocando eu mesma. ― A "mae" diz envergonhada pelo traje usado por ele. ― Mas já vi que brigar só piora.
― Já falei. Roupa é roupa. Pagar uma fortuna só pra vir a um restaurante comer e conversar é idiotice. Podíamos ir a um carrinho de hotdog que dava no mesmo. ― Emboça ao olhar o cardápio fazendo careta. ― Retiro o que eu disse. A comida no carrinho seria melhor que esse troço. Credo. Tem algo que não seja frescura e não custe a nossa casa?
― Não se preocupe com o preço de nada meu rapaz. Hoje estou pagando. ― Meu pai diz pomposo sentindo que teria o domínio de tudo como havia planejado.
― Então você nos chamou no lugar mais "facada" que tem no coreto, pra pagar a conta? Você já pensou em passar em analista? Ele pode indicar se é caso de psicólogo ou psiquiatra mesmo.
― Mas... que... ― Meu pai até engasga de raiva e eu de rir.
― David! Eu não te eduquei assim!
― Jura? Não eram vocês que estavam falando a viagem toda que isso era um desperdício de dinheiro e como a classe abastada faz opulência com tudo e que são coisas triviais e ridículas. Que se as pessoas se importassem menos com essas merdas muita coisa iria melhorar?
Mano... eu nem acreditei nisso.
Ele falava cada coisa com um tom de "nada de mais", que eu me sentia em meio a um show.
A reação do meu pai foi impagável.
Até parecia que ele nunca tinha escutado isso na vida dele. Bem... pelo menos não diretamente na cara dele.
― Filho. ― O "pai" pontua sério e irritado. ― Vai dar uma olhada no restaurante com sua irmã. Agora vai ser papo de adultos ok. ― E assim ele apenas faz que sim se levanta e sai. ― Sinto muito por isso, David não é normal como já deve ter percebido. Ele tem toret, isso quer dizer que não tem filtro algum e fala o que pensa como pensa e na ordem que pensa. Viemos aqui hoje porque entendemos que o senhor não queria a sua menina com alguém que tenha um transtorno mental como esse. Planejamos conversar com ele na volta com calma e por isso já fomos preparando o terreno para ele pensar mal da sua familia e não se magoar com o rompimento e a nossa proibição.
― Acreditamos que isso será melhor para todos. ― A mãe completa. ― Me desculpe, mas fui ver o perfil da sua filha nas redes sociais e não achamos uma pessoa "descente". Ela tem muitas fotos vulgares e não achamos uma boa pessoa para o nosso filho. Ele pode ter toret, mas é um bom menino e não merece se decepcionar ou acabar sendo traído.
― O que estão querendo insinuar sobre a minha filha!? ― Meu pai já se exalta e bate na mesa; e os dois o olham de uma forma que inverte completamente os papéis. Agora ele era o deselegante ali.
Os caras eram bons.
Que chance meu pai tinha contra atores profissionais da cia?
― Sinto muito, mas se o senhor não entende deveria ver você mesmo as coisas vulgares que ela e os amigos postam abertamente como se fosse normal. ― A mãe volta a pontuar e eu não podia acreditar que estavam falando isso de mim.
Respirei fundo e pensei que fazia parte do plano, para pegar essa coisa de psicologia reversa.
― Então, em resumo, o filho de vocês é bom demais para a minha filha? ― Ele pontua extremamente ofendido.
― Não precisa fingir que não pensa o mesmo sobre o nosso filho. ― Ela retruca como uma mãe mega protetora. Que atris boa. ― Se estamos de acordo. Não temos mais nada a discutir e o senhor não precisa gastar conosco", como meu filho acabou deixando claro. Esse tipo de demonstração não nos impressiona.
Gente. Que mulher é essa.
― Eu "nunca" menosprezei o filho de vocês. ― Se exalta sem se importar com as pessoas ao redor.
― Não falou. Mas seu olhar foi o suficiente. ― O pai completa. ― Mas tudo bem. Complete o teatro que deve ter ensaiado a semana toda para nos intimidar. ― Diz ao cruzar os braços e eu só sei pagar pal pra esse homem.
De fato eles passavam bem o tom de serem os pais de Dd. Ninguém diria que não eram, até eu fiquei em duvidas se ele me enganou e falou que viriam atores. Até me questionei sobre a descendência que ele me contou ser real.
Mas a verdade é que eles o desarmaram completamente.
Ele não tinha mais o que dizer e apenas pediu a conta e logo Dd voltou junto da irmã.
― Já acabou? Que rápido. ― Ela diz com uma voz meiga de uma garotinha de no máximo onze anos. ― Ganhei a aposta. Então você vai ter de me ajudar com o trabalho esse fim de semana.
― Me fodi. Ok. ― Murmura sem se sentar ou olhar para o meu pai direito. ― E o que foi decidido? ― Só então olha para o meu pai e volta a olhar para a mesa. ― Pelo jeito que foi rápido, posso assumir que brigam e vão querer mandar na nossa vida em base disso. To certo? Pais clássicos. ― Diz ao se virar junto da "irmã". ― Depois quando os filhos saem de casa e não visitam mais, acham ruim e não entendem o motivo. ― Comenta ao se afastar deixando a fala no ar enquanto dava atenção à "irmã".
― De fato ele diz tudo o que pensa mesmo. ― Meu pai comenta sério ao se levantar encarando o casal a sua frente. ― Mas ele consegue guardar segredos? Minha preocupação é esta.
― Que tipo de segredos, senhor? ― A mãe pergunta seria, e ele volta a se sentar.
― Estou com um problema grave em casa que pode destruir minha carreira. A uns meses participei de um happy hour e me drogaram, e agora tem uma moça alegando estar esperando meu filho e caso eu não ceda às chantagens, ela vai destruir a minha reputação. Ele ouviu sobre isso e pode se envolver nestes casos. Me preocupo com isso. ― Ele diz branco de medo e logo um sorriso amistoso se faz no rosto do casal.
― Mas o senhor é um ótimo advogado. Assim que a criança nascer poderá provar e revidar as ameaças.
― Sim, mas enquanto ela se nega a fazer os exames estou preso.
― Entendo. É uma brecha terrível na lei. De toda forma nosso menino solta os "pensamentos dele", mas segredo ele acaba não revelando por não dar importancia. Por ex: ele e a irmã vivem de segredinhos bobos, ou o fato de não dizer que estava gostando dessa garota.
― Compreendo. ― Meu pai volta a se levantar, como quem tenta fugir dali várias e várias vezes. ― Então estamos de acordo com o "não" mas eles deixaram claro que vão teimar. ― Sorri meio de lado, como se lembrasse de algo bom. ― Bem. De toda forma foi bom conhecê-los. Foi muito diferente do que esperava, mas consegui conhecê-los muito melhor do que imaginei.
― Certo. Então confiamos nos dois e ficaremos de olho para que nada saia "errado". ― A mãe diz cheia de insinuações antes de se virar e sair, e o pai apenas aperta a mão firme do meu pai e se vai.
De fato meu pai não tinha chance alguma.
Achou que era o rei.
Mas foi levado por esse furacão e agora nem sabe onde está e ninguém nem mesmo contou que ele precisa de um par de sapatos para voltar.
Curiosidades: na obra Terekin esse bar e o restaurante aparecem e fala que pertencem ao mesmo dono tendo a mesma decoração cheia de quadros.
Tirei o nome do bar de um que fica próximo a praia que acabei vendo sem querer a placa e amei o nome. É um bar normal kkk \o agora virou um especial pq neste dia fui pedida em casamento. S2
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