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04🌷 Kim Namjoon tinha os mais belos olhos castanhos que já tinha visto na vida

"Bom dia, Boo!
Sei que tá tarde, e cê deve tá no hospital agora, né?
Tô morrendo de saudade.
Quando vou poder te ver?"

Bae Joohyun tinha acabado de prender o cabelo avermelhado com um elástico da mesma cor de suas madeixas quando o telefone vibrou em seu bolso. Ela deslizou o polegar de unha curta pela tela do smartphone, digitando o pin de desbloqueio e um sorriso instantâneo brotou em seus lábios estreitos quando seus olhos foram de encontro às mensagens enviadas pelo contato secreto cujo era o motivo de sua alegria em todas as manhãs — e algumas dores de cabeça pessoais que ela infelizmente não podia compartilhar com mais ninguém além de si mesma.

— Seu contatinho misterioso? — Hee Joey tinha inclinado a cabeça para a frente a fim de espiar as mensagens que sua amiga respondia no celular. — Esse coitado aí sabe onde está se metendo?

— Deixa de ser enxerida! — Joohyun empurrou levemente o braço da amiga, e as duas sorriram conforme saíam do elevador que as levava ao andar em que exerciam suas funções de enfermagem. — São umas mensagens da minha mãe.

Hee Joey, que já estava devidamente fardada, estreitou os olhos assim que observava a amiga digitar uma série de frases rápidas para o contato em seu telefone. Bae Joohyun disse que falava com a mãe. Mas Hee Joey tinha certeza que aquele número de telefone pertencia a um cara com quem ela conversava de vez em quando. No entanto, por mais que ambas fossem amigas há tempos, Joey não se sentia no direito de invadir a privacidade da ruiva só porque eram melhores amigas, e Bae nunca comentou quanto a identidade de seu contato secreto. Parecia errado de algum modo, e a Lee, apesar de seu semblante deixar claro para Joohyun que não tinha caído na conversa dela que as mensagens eram de sua mãe, decidiu deixar o assunto morrer no instante em que adentraram a sala anexa ao posto de enfermagem.

— Tá bom... — murmurou a Lee assim que a porta fora empurrada e ambas rumaram em direção ao armário, vasculhando-o em busca de seus itens de proteção como luvas, toucas e máscaras descartáveis que precisavam trocar urgentemente. — Você teve notícias do Jinyoung?

— Não hoje, mas ele falou algo sobre um encontro com um carinha mexicano, lembra? — Bae, que já estava com o cabelo vermelho preso com o elástico, apenas enrolou as pontas e prendeu-as com um grampo prateado, a touca cirúrgica sendo colocada sobre suas madeixas logo após. Hee Joey fez que sim, como tinha recordado. — Ele provavelmente ficou ocupado trepando a noite inteira para se preocupar em nos dar notícias.

Não seria de se estranhar, como Hee Joey e Bae sabiam, se tratando de Park Jinyoung. O melhor amigo das duas enfermeiras era tão desvairado quanto a própria Joohyun no quesito sair de casa e passar a noite "conhecendo" estranhos. Ele nunca pegava o celular para avisar onde estava durante seus passeios notívagos, e as mensagens do rapaz costumavam chegar apenas no dia seguinte, avisando que apareceria no apartamento de Joey para contar os detalhes de sua noite.

Hee Joey até que gostava de ouvir as histórias sobre a vida festeira de Jinyoung, porque sempre rendiam pérolas incríveis que, mais tarde, viravam motivo de piadas no trio de amigos. O ponto de encontro dos três adultos era sempre o apartamento da Lee. Todos sentiam-se mais confortáveis na casa dela do que na de Bae — até porque a mãe de Joohyun, apesar de ser uma senhorinha com quase setenta anos completos, ainda era capaz de dar uns belos cascudos na cabeça da filha e dos amigos se soubesse que tipo de coisa os três conversavam quando estavam juntos.

— Pelo menos a noite de alguém deve ter sido boa — disse Hee Joey, colocando uma touca em seu cabelo com cuidado para não deixar fios castanhos fora do item. — Não consigo dormir direito desde domingo.

— E os comprimidos para insônia? — Joohyun perguntou, preocupada. — Acha que precisa deles de novo?

Hee Joey balançou a cabeça em negativa.

— Não é esse tipo de insônia — dissera a Lee, respirando fundo ao olhar para trás e se certificar de que a porta da sala anexa estava fechada e que nenhum visitante repentino pudesse interromper as duas. — Não tem a ver com a Yi Jin. Quer dizer, nao dessa vez.

Joohyun franziu o cenho.

— Jura? — as sobrancelhas da ruiva se ergueram. — Sabe que pode contar comigo se estiver tendo crises de novo.

Com aquilo, Bae se referia às crises de insônia que Hee Joey teve após a overdose de sua irmã, a qual infelizmente acabou resultando na morte da garota que tinha acabado de se tornar adulta.

Lee Yi Jin possuía a vida inteira pela frente para conquistar tudo o que sempre almejou quando mais jovem: uma vaga no curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual, um emprego de meio período para ajudar a irmã nas despesas do apartamento e ajudar todos os animais abandonados nas ruas de Heavendland que pudesse.

Yi Jin era o tipo de pessoa que merecia o mundo na palma de sua mão. Mas o mesmo mundo que a garota, irmã mais nova de Hee Joey, adorava, fora o motivo de sua perdição, aquele que ao invés de lhe mostrar sua beleza, deixou que a jovem visse apenas seu lado mais grotesco, mais tenebroso.

Por muito tempo, Hee Joey se sentia culpada pela morte da irmã e, mesmo agora, após seu falecimento, não havia um só dia em que a Lee mais velha não fosse revestida por esse sentimento de impotência, de saber que não tinha sido presente o suficiente na vida de Yi Jin para perceber o que havia de errado com ela, que estava sofrendo e precisava de tanta ajuda quanto ela.

Os remédios que Joey tomava para dormir eram consequência daquela culpa. No entanto, fazia alguns meses que ela deixara de ter pesadelos com a irmã morta e, por conta disso, não precisava mais ingerir aqueles comprimidos para poder dormir.

Até o último domingo.

— Não é sobre isso. Eu não sei o que aconteceu. Só não tenho conseguido dormir direito desde o domingo. Com certeza é culpa sua.

Joohyun espalmou o peito com a destra, fingindo estar ofendida.

— Minha culpa uma vírgula! — bradou a ruiva. — Foi você quem quis sair comigo.

— Porque você me arrastou para aquele bar.

—É, mas eu não coloquei uma arma na sua cabeça e te obriguei a me acompanhar.

Hee Joey balançou a cabeça.

— Bom que da próxima vez você já sabe que não vai adiantar insistir — informou a Lee, higienizado as mãos com álcool em gel. — Como você foi para casa naquela noite?

— Peguei um táxi — respondeu Joohyun. Ela também já havia lavado as mãos, seguindo à risca o protocolo de saúde, e agora enxugava os dedos com papel toalha. — Namjoon disse que nos levaria em casa, mas eu recusei. E você? Como foi dividir o mesmo espaço com o amigo do Jackie?

Hee Joey sentiu o ar congelar nos pulmões. Ela tinha ficado surpresa no dia anterior, quando Joohyun não tinha perguntado absolutamente nada sobre os eventos de domingo à noite. Sabia que era porque ambas ficaram bastante sobrecarregadas no hospital na segunda-feira, por isso Bae e ela sequer tiveram tempo para almoçar direito. Mas naquela terça, um dos dias mais calmos do hospital, seria diferente. Hee Joey teria explicações a dar até que todas as dúvidas de sua melhor amiga fossem sanadas.

— Não aconteceu nada demais, ué — a de fios castanhos deu de ombros. — Ele só me deu uma carona até em casa e depois eu fui dormir. Ou pelo menos tentei.

Joohyun soltou um leve murmúrio, os olhos estreitos conforme examinavam Joey.

— Tá, mas sobre o que vocês conversaram? — conjecturou a ruiva, curiosa.

Se Bae Joohyun tivesse unhas grandes, certamente estaria roendo-as naquele momento.

— Nada importante. Maaaas... — a de fios castanhos arrastou a última palavra deliberadamente, incitando a curiosidade da amiga que a observava, sedenta por detalhes do trajeto que a Lee fizera no último domingo ao lado do até então misterioso Kim Namjoon. — Parece que ter amigos malucos é um ponto que temos em comum.

Hee Joey tinha segurado a mão de Joohyun, arrastando a de cabelos vermelhos fora da sala anexa, onde ambas puderam ter total visão do corredor.

Algumas enfermeiras que transitavam pelo espaço cumprimentavam as duas profissionais, que retribuíam cada bom dia e aceno de cabeça com repostas prontas e ditas com gentileza.

— Bom dia, meninas! — a enfermeira chefe as interceptou. — Hee Joey, preciso que dê uma olhada nessas fichas. Joohyun, preciso da sua ajuda na Sala Dois. Uma das enfermeiras não poderá vir, então você vai substituí-la, ok?

Bae forçou um sorriso.

— Trabalho em dobro! — exclamou a moça. — Que ótimo.

— Você sobrevive — disse a Lee, com ironia. — Te vejo mais tarde.

Joohyun deu meia volta no corredor, os passos rápidos ecoando no sentido contrário conforme seguia a chefe da enfermagem.

Hee Joey estava com uma pilha de papéis abaixo do braço, um conjunto de fichas com dados médicos dos pacientes infantis que seriam atendidos naquele dia.

Ela estava de cabeça baixa seguindo o trajeto até a Sala Um, seus olhos percorrendo as digitações impressas nas fichas recebidas pela chefe. Quando parou no meio do corredor a fim de visualizar os demais papéis em suas mãos, sua atenção perdeu o foco por um instante quando o ar fresco que adentrou o ambiente através de uma janela aberta que quase ia do chão ao teto, trouxe consigo um filete de aroma amadeirado.

Hee Joey sabia que era perfume masculino. Afinal, em algum lugar em seu interior ela tinha certeza que o conhecia. E ao erguer a visão à procura do dono de tal fragrância, ela o viu, o mesmo sentimento de surpresa de quando o encontrara no domingo atingindo todos os seus sentidos como um soco no estômago.

Kim Namjoon tinha acabado de sair do elevador no fim do corredor e caminhava em direção a ela — ou à sala onde seu filho recebia o tratamento quimioterápico, sua mente estava nublada demais para perceber a diferença. Usava a clássica combinação de jeans escuro e camiseta branca de mangas como o título de uma música que ela costumava ouvir há muito tempo.

Hee Joey sempre gostou de música, principalmente daqueles clipes famosos que a MTV exibia antigamente. E só naquele instante ela pôde entender um pouco do que Lana Del Rey quis dizer ao cantar Blue Jeans. Os pensamentos, apesar de não tão lúcidos quanto ela gostaria de apontar, faziam todo o sentido em sua mente, porque Namjoon era sim o homem de jeans azul e camiseta branca preso no rosto jovial de um menino com olhos cor de chocolate derretido. Assim como na canção de Lana, o pai de Kim Seokjin caminhava com as peças sutis contrastantando simplificadamente com os tênis também azuis, e faziam os olhos da jovem enfermeira queimar, entrar em combustão.

Aquele homem, cujas bochechas eram presenteadas com covinha arredondadas mesmo quando sorria ladino, não podia ser daquele mundo. Ele era divergente em suas próprias qualidades. Possuía uma singularidade da qual Hee Joey nunca tinha visto ou ouvido falar. Era como o anjo sobrevoando o paraíso com asas brancas lustrosas que faziam-na pensar em cisnes, tão belos e reconfortantes em um lago, e ao mesmo tempo em um demônio, que soltava chamas pelos olhos e possuía a beleza de uma obra renascentista.

Ele não podia ser uma pessoa de carne e osso. Porque ninguém no mundo era assim tão transcendental ao ponto de sua existência ser questionável.

Pareceu uma analogia meio bizarra de se fazer, no entanto, quando o pensamento criou forma em sua mente, Hee Joey já tinha aceitado que era verdade. Ele era como um fogo que queimava tudo ao seu redor. Afinal, todo mundo olhava quando o homem alto passava. Talvez fossem seus olhos que, como as ondas tempestuosas de um oceano, arrastavam qualquer partícula e matéria existente em seu entorno, pois onde quer que aquelas íris se fincassem, deixavam um rastro desconhecido de energia que podia queimar quem a tocasse. Não havia uma única pessoa que não ficasse babando por Kim Namjoon. Nunca haveria, Hee Joey teve certeza disso quando deu-se conta do que estava fazendo e praticamente forçou-se a mudar de ação, bloqueando o contato visual com o Kim mais velho, que seguia pelo corredor ladeado de paredes brancas com desenhos de crianças segurando a mão pequenina do filho.

— Olá, senhorita Lee — ele disse ao parar na frente dela.

O perfume amadeirado pertencia mesmo a ele, refletiu a mais baixa, fazendo o possível para não respirar fundo aquele agradável e suave cheiro.

— Olá — Joey disse, meio grogue, a voz tensa e intercalada configurando o típico sintoma de um arrependimento terrível por ter se comportado de maneira tão inconveniente na noite do último domingo. — E você, Super Kim. Pronto para salvar o mundo, hoje?

Kim Seokjin esboçou um sorriso tão grande e verdadeiro que fez o peito da moça se contorcer. Não havia nada mais precioso no universo do que o sorriso de uma criança.

— Estou sempre pronto — disse o menino. — Papai, posso brincar na sala de pintar?

Os olhos de Namjoon encontraram os de Joey antes de reponder o filho.

— Não vejo problemas. Ainda tem tempo de sobra até começarmos — disse Hee Joey, pegando o recado do Kim através de um único olhar.

— Pode ir. Depois vou buscar você.

— Tá bom, papai.

Seokjin seguiu sozinho em direção a sala de desenho e leitura que se localizava do outro lado do corredor.

Hee Joey ficou alguns segundos observando o percurso que o jovem Kim fizera até entrar na sala que servia como distração aos pequenos pacientes. As mãos dela estavam inseridas no bolso da calça. A única parte visível do rosto era os olhos. O restante recôndito pela máscara descartável.

— Muito trabalho por aí? — Namjoon perguntou, colocando ambas as mãos nos bolsos frontais do jeans assim como a enfermeira de uniforme azul royal. — Você parece meio atarefada.

— Mais ou menos, mas estou acostumada. É bom ter algo para ocupar a mente logo cedo — Hee Joey voltou à realidade como se sua bateria tivesse sido recarregada. Com os dedos escondidos no bolso da peça inferior, ela os apertou firmemente como se aquilo lhe desse alguma coragem para encarar a vergonha que lhe envolvia em uma bolha ao encarar o pai de seu paciente. — Escuta, eu sei que esse não é o melhor lugar para falarmos sobre isso, mas eu gostaria de me desculpar com o senhor por conta do que aconteceu domingo. Eu acho que não me comportei adequadamente.

Namjoon ajeitou a haste dos óculos de volta na ponte do nariz e cruzou os braços em frente ao peito malhado, as orbes abaixo das lentes do acessório de grau fitando as da mulher baixa.

— O que seria um comportamento inadequado para você? — sua conjectura era feita em voz baixa, suave como uma canção de ninar. — E por que está me me chamando de senhor? Não acho que eu seja assim tão velho.

As palavras do Kim soaram mais como um soco em seu estômago do que algo para lhe confortar. Se fazê-la se sentir pior do que já estava era sua intenção, Namjoon havia acertado em cheio.

— Na verdade é só tratamento padrão com todos os pacientes — segredou a Lee. — Sabe como são as coisas. O vínculo paciente-médico precisa ser o mais formal possível.

— Eu entendo, mas não precisa se sentir acuada perto de mim. Sabe, enfermeira Lee — Namjoon enfatizou o enfermeira assim que umas das técnicas de enfermagem passou próximo ao espaço entre eles no corredor, segurando um suporte de soro intravenoso rolante. A moça acenou para os dois, que cumprimentaram-na cordialmente de volta. — Seokjin gosta de você, diz que é a melhor amiga dele. Então, se você é amiga do meu filho, é minha amiga também, e amigos não precisam ser assim tão formais. Não sempre, pelo menos.

— Eu não estou acostumada com isso. É meio estranho tratar o familiar de um paciente apenas pelo primeiro nome. Principalmente quando nem nos conhecemos direito.

Namjoon sorriu. Aqueles detalhes redondos surgindo em seu rosto novamente.

Hee Joey sentiu algo formigando em seus braços.

— Quando não tiver ninguém por perto, pode me chamar só de Namjoon — o maior segredou após uma olhada discreta no espaço pequeno ao redor deles. — Achei que depois da última noite não precisasse de formalidades comigo.

Os olhos da moça se fecharam brevemente. Quando ela os abriu, sentiu como se nunca mais tivesse coragem para encarar Namjoon outra vez.

— Por favor, não me lembre disso. Aquele foi o pior dia da minha vida. Me desculpe por ter bebido daquele jeito. Eu não sou assim, eu só...

— Está se desculpando por ter se divertido? — Namjoon, de alguma forma, estava se divertindo com o nervosismo de Hee Joey. Ela ficava sempre procurando as palavras corretas para dizer mesmo quando ele já tinha dito que não precisa ser assim tão formal. — Por quê?

— Porque é isso que as pessoas normais fazem quando deixam os amigos envergonhados — respondeu rapidamente a enfermeira. — Além do mais, eu sou mais velha que você, e devia ser um bom exemplo.

Namjoon riu, um riso alto, porém breve. Ele atirou a cabeça para trás e penteou as madeixas loiras com os dedos num movimento que todas as mulheres de Heavenland pagariam para ver. O Kim tinha quase certeza que ela tinha descoberto sua idade graças aos dados médicos de Seokjin.

— Você é um bom exemplo. É uma mulher com uma vida bem estruturada e trabalhando naquilo que gosta ao invés de seguir a carreira por dinheiro e status — havia compreensão transbordando das palavras alheias e Hee Joey sentiu algo formigante invadir seu corpo. — Você é um ótimo exemplo de pessoa em quem se espelhar, e quem não reconhece isso com certeza é um idiota.

Passou-se algum tempo até que a jovem conseguisse dizer algo novamente. Ela tinha ficado surpresa com a pose dele. Em sua cabeça, qualquer outra pessoa certamente teria dito para ela maneirar no álcool, embora Joey nem tivesse consumido toda a garrafa.

— Tudo bem, agora é você quem está me deixando vermelha. Eu retiro o que disse — a mulher sorriu, e Namjoon desejou tê-lovisto. — Não peço mais desculpas.

— Assim está melhor — ambos concordaram. — Você presumiu mesmo que eu me importaria com o seu comportamento só porque você é mais velha, ou por ser mulher? Qual é! Eu não faço parte do clube dos babacas machistas que acham que uma mulher não pode beber ou se divertir, e você nem é tão velha assim.

— Qual o seu palpite? — indagou a Lee.

— Quarenta e dois — Namjon brincou apenas para arrancar um sorriso dela.

Ele sabia que seria como o paraíso. Não podia enxergá-lo. Mas tinha noção do quanto era bonito.

— Agora você acabou comigo! — devolveu a mais baixa, acompanhando-o naquele jogo de ironias. — Tenho vinte e nove.

— Eu vinte e cinco e você vinte e nove. Não temos tanta diferença de idade assim.

Era verdade. Mas por que ele parecia tão diferente dela?

Não era pela profissão ou nada parecido. Mas Hee Joey jamais saberia explicar o porquê.

🌷

— Vamos? — Hee Joey cutucou o braço da amiga.

As duas estavam na área externa do hospital, o ar fresco da tarde soprando em seus rostos e trazendo consigo o aroma cálido de chuva e flores naturais.

— Para onde? — perguntou Bae enquanto mexia na bolsa, distraída.

— A menos que você tenha outro compromisso, para casa, imagino.

— Ah, sabe o que é, Joey... — Joohyun coçou a nuca, os olhos castanhos examinando cada ponto do espaço arborizado na área externa do hospital. Ela estava tão nervosa que quase podia sentir o sangue nos ouvidos. — Eu preciso encontrar uma pessoa.

— Vai a um encontro? — Joey uniu as sobrancelhas. — Quem é o azarado da vez?

— Palhaça — Bae deu de ombros. Ela tinha retirado um pó compacto da bolsa e examinava seu rosto no espelho arredondado. — O cara com quem vou encontrar é só alguém que conheci por aí. Não estou preparada para apresentá-lo a alguém.

— Por aí você quer dizer na internet? — conjecturou a Lee. — Em um daqueles aplicativos idiotas de relacionamento?

— Não conheci esse homem em um aplicativo. Foi só alguém que... eu vi e senti uma atração não momentânea.

Hee Jeoy ficou preocupada. Ela cruzou os braços e mirou as orbes castanhas na amiga, sua voz firme como a de uma irmã mais velha dando ordens à menor.

— O que você sabe sobre esse homem? Quanto ele pesa? Onde mora? E as fotos? Tem muitas fotos mostrando o braço?

Ela pirou de vez!, disse Bae a si mesma.

— O peso não faz diferença, e eu sei sim onde ele mora. Mas não sei se entendi por que as fotos do braço importam.

— O peso faz diferença sim, porque se ele for grande em comparação a você, já pode praticar boas táticas de defesa caso ele tente te agarrar à força — Joey deu um tapinha no braço da ruiva. — E as fotos do braço servem para você saber se ele é forte demais ou só tem um corpo atlético. Acredite, Bae, informações como essas são cruciais quando você conhece um cara por aplicativo. Ele pode ser um maníaco de mulheres ou traficante de órgãos

— Eu acho que aqueles documentários de casos criminais no YouTube estão deixando você neurótica, Hee Joey. Vê se não viaja na maionese. Eu sei me cuidar muito bem, viu? Lembra de quando eu namorei aquele policial por dois anos, o Jaebum? Ele podia ser um escroto em certas coisas, mas me ensinou bastante tática de defesa pessoal, então vê se fica tranquila pelo menos uma vez na vida.

Essa é uma péssima ideia, a voz mental sussurrou nos ouvidos da de fios castanhos.

— Você ainda nem saiu e eu já estou preocupada — Lee engoliu em seco. —  Onde vocês marcaram de se encontrar?

— Na cafeteria da esquina. Relaxa, Jô. Eu vou ficar bem.

— Bom, pelo menos é perto do hospital. Isso me deixa bem mais aliviada do que se fosse em um motel.

Joohyun riu, deslumbrada com o quão fértil a mente de sua melhor amiga podia ser.

— Até que o motel não seria má ideia — disse a ruiva.

— Não se você estiver afim de pegar uma doença sexualmente transmissível.

As duas se despediram normalmente depois de Bae insistir que Hee Joey deveria ir para casa. Antes de finalizarem a conversa, a Lee tinha perguntado se Joohyun não se sentiria mais segura caso ela fosse junto, ficando ao lado de fora como uma garantia de proteção se tudo desse errado naquele fatídico encontro. Mas Bae felizmente conseguiu fazer com que ela mudasse de ideia e, depois que Hee Joey desapareceu na rua à sua frente, indo em direção à parada de ônibus, a ruiva finalmente sentiu que poderia respirar aliviada durante alguns minutos.

Quando tudo o que restou em seu campo de visão fora apenas a rua vazia o céu nublado, Bae Joohyun começou a caminhar até a cafeteira da esquina.

Ao adentrar o espaço convidativo, o cheiro de café quente inundou suas narinas junto ao aroma de alguns waffles.

Joohyun vasculhou o ambiente à procura da conhecida cabeleira amarelada, e ao encontrá-lo, percebeu que o cheiro de café puro vinha da mesa onde o homem estava.

Dizer que estava indo se encontrar com o tal cara do aplicativo de relacionamentos que Hee Joey tanto odiava fez Bae se sentir menos mal do que já estava por dentro. Ela acreditava que era tão complicado esconder a verdade quando já havia contado parte dela.

— Já disse para não nos encontrarmos perto do hospital — ela disse ao sentar-se na cadeira vazia à frente do rapaz. — Você quer me meter em problemas?

Os olhos do jovem de fios amarelos — não loiros, mas amarelos como um girassol — encontraram os de Joohyun com um brilho de luar derretido em suas íris, e ele sorriu enquanto esperava a mulher se acomodar.

— Oi para você também — ele respondeu. — Que cara é essa? Está brava?

Joohyun fez o que sim.

— Você ainda pergunta? — exclamou a ruiva. — Sabe com quem eu estava quando nos falamos agora há pouco? Com a Hee Joey! Você não tem nada na cabeça? Como pode pedir para nos vermos perto do lugar onde ela trabalha?

Kim Yugyeom a observou firmemente por segundos, sem entender onde Bae queria chegar.

Ele não compreendia por que os dias deveriam agir como se fossem dois ladrões fugindo da polícia. Eram adultos e solteiros, então ninguém tinha absolutamente nada a ver com o que faziam ou onde se encontravam.

— E daí? — o ex-namorado de Hee Joey deu de ombros.

— E daí? — Bae o imitou, consternada. — Como assim e daí? Eu disse que tínhamos que ser cautelosos. A Hee Joey ainda não sabe sobre nós.

— Você ainda não contou?

Os olhos de Yugyeom estavam arregalados. Bae tinha prometido contar tudo à amiga meses atrás.

— Não tenho coragem — os ombros da ruiva baixaram, murchando como uma flor que não é regada há dias. — Toda vez que vejo a Hee Joey e penso na gente, me sinto mal. Não consigo encarar ela sabendo que ela vai me odiar quando descobrir que estamos juntos.

— Ei, espera aí. Também não é como se eu a estivesse traindo ou algo assim. Eu fiz o que era certo — Joohyun sentia um peso caindo sobre suas costas especialmente quando Yugyeom verbalizava cada palavra. — Terminei com a Hee Joey antes de ter algo com você, não lembra? Ela não tem que te odiar.

— Você a namorou por anos e nunca chegou a conhecê-la de fato, né? — a ruiva chegou a sentir náuseas ao imaginar o rosto decepcionado de Joey ao descobrir que seu ex-namorado tinha se apaixonado por sua melhor amiga, e que o sentimento fora recíproco. — Hee Joey vai ficar magoada. Ela nunca vai me perdoar.

Yugyeom segurou a mão dela acima da mesa. Podia vislumbrar uma lágrima se formando nos olhos da mulher à sua frente.

— Hee Joey não é assim. Ela vai te perdoar, você sabe.

— Você pensa que é fácil assim?

Yugyeom balançou a cabeça.

— Sei que não é, mas você está complicando tudo desde o começo. Eu disse que poderia falar com ela e contar como as coisas foram acontecendo entre nós. Se a Hee Joey não sabe de nada, é porque você não quer contar.

— Preciso de mais tempo — avisou Joohyun, soltando a mão do homem de fios amarelos de supetão. — Até eu criar coragem, não vamos mais nos ver aqui, entendeu? E não faça nenhuma besteira sem me consultar, ok? Uma hora ou outra ela vai descobrir que estamos juntos, mas quando eu quiser contar, entendeu?

Kim Yugyeom limitou-se a ficar calado.

O que ele poderia dizer, se Bae Joohyun dera o veredito? A única coisa que lhe restava era apenas obedecer e esperar.

🌷

Joohyun tinha batido na porta do apartamento de Hee Joey meia hora depois de deixar Yugyeom sozinho na cafeteira próxima do Hospital do Câncer de Heavenland.

Joey abriu-a na quinta batida. Usava calça rosa larga, um blusão de frio cinza e chinelos de borracha em seus pés. O cabelo estava solto e em suas mãos havia uma xícara grande de café  sem leite.

— Bae? — Hee Joey perguntou quando Joohyun passou por ela como um furacão. Percebeu que os lábios e mãos da outra tremiam. — Tudo bem? Que cara é essa?

Bae retirou mechas do cabelo vermelho do rosto e prendeu-os atrás das orelhas. Ela pegou o celular guardado no bolso da calça e abriu a tela de aplicativos.

— A cara de uma pessoa que fez uma coisa ruim e boa ao mesmo tempo, e veio aqui em busca de misericórdia antes que você surte e tente me matar.

A Lee ficara preocupada. Bae Joohyun estava pálida, os lábios trêmulos, e parecia que estava prestes a cair dura no chão a qualquer momento.

— Pelo amor de Deus, não me deixa nervosa! — vociferou Joey, arrastando o corpo tenso da amiga até o sofá da sala. Quando as duas se sentaram, Hee Joey percebeu que a ruiva evitava contato visual. — Quem morreu?

Joohyun levou alguns segundos para respondê-la.

Ela girou o corpo o bastante para ficar de frente a Lee, respirando fundo em seguida.

— Ninguém especialmente, mas talvez  eu tenha feito algo meio inusitado por você de modo não proposital.

Hee Joey deixou a xícara de cerâmica no chão, ao lado do soda, e enterrou os olhos em Bae.

— O que aconteceu? — Joey sacudiu os ombros da amiga. — Desembucha!

— Tá bom, lá vai... Eu criei um perfil para você no Amor 2.0.

Sabe quando você está no alto da montanha russa, a poucos segundos de descer em alta velocidade? Bae Joohyun tinha aquela mesma sensação. Era como se tivesse um ninho de passarinhos fazendo morada em seu estômago.

Já Hee Joey apenas encarou a amiga em silêncio, esperando que seu cérebro digerisse as palavras que ela dissera.

— Fala alguma coisa! — Bae pediu, o coração martelando o peito.

— Estou esperando você dizer que isso não passa de uma brincadeira. Jinyoung também está por trás disso, não é?

Os olhos da mulher de fios vermelhos desviaram-se dos dela brevemente. Em seguida, Joohyun fitou o teto, depois os porta-retratos de Joey e sua família na estante do outro lado da sala de estar. Aquele ato fora suficiente para a Lee perceber que não se tratava de uma brincadeira.

Bae Joohyun realmente tinha aprontado com ela.

— Dessa vez, não — repondeu Joohyun — Por mais que Jinyoung também seja cara de pau a esse ponto, a ideia foi minha.

— E aí você decidiu criar uma conta para mim num maldito aplicativo sem antes me consultar? — Hee Joey tinha se levantado, e as mãos da jovem estavam pousadas em sua cintura. — Eu sei que somos amigas, mas você não pode sair por aí me inscrevendo em sites ou seja lá o que tenha relação com namoro, casamento, enfim!

— Eu sei disso, e juro que não fiz com má intenção, eu só... Só queria te ajudar.

Bae passou a mão no rosto como se pudesse retirar toda a culpa pesando sobre si. Ela reconhecia que estava agindo de má fé, ocultando parte dos fatos de sua melhor amiga, a Lee Hee Joey que compartilhava com ela todos os bons e maus momentos de sua vida, a pessoa que ela sabia que estaria ao seu lado não importava o que pudesse acontecer. E era essa mesma Lee Hee Joey que nem imaginava que sua única melhor amiga tinha se apaixonado por seu ex-namorado.

Se Bae pudesse voltar atrás, certamente teria feito o possível para não se apaixonar por ele. Mas havia uma voz dentro de si que dizia que as coisas não funcionam desse jeito. Gostar ou não de alguém nem sempre é uma escolha, e quando menos se imagina, você está pensando demais numa certa pessoa até que cada batida do seu coração tenha o nome dela, e não importa o quão impossível seja, você vai sempre querer estar ao lado dessa pessoa.

E era por isso que Bae desejava que sua amiga conhecesse alguém legal, que a fizesse esquecer Yugyeom e que também ajudasse a ruiva a não se sentir péssima consigo mesma.

Tecnicamente, Hee Joey não estava namorando Yugyeom, o que meio que facilitava as coisas para Joohyun em alguns aspectos. Primeiro porque não precisava se sentir culpada de estar saindo às escondidas com o ex-namorado da amiga, e uma vez que ainda não havia sério entre os dois, Bae não precisaria sentir-se nervosa e agoniada todas às vezes que ambos encontravam-se na cafeteria da esquina, próximo ao hospital, para tomar  enquanto pensavam numa forma de contar a verdade a Joey e seus amigos, e faziam planos para o futuro relacionamento que teriam pela frente, como era esperado.

— Tá bom, esquece isso — Hee Joey respirou fundo, sentando-se novamente ao lado de Bae. — Você vai excluir essa conta e eu vou fingir que não estou irritada, ok?

— Tem mais uma coisa que ainda não contei.

Hee Joey vislumbrou o rosto pálido da amiga, e não sabia se a esganava naquele momento ou esperava ouvir o ela tinha a dizer.

— O quê? — Joey arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços.

Nem imaginava o que estaria por vir.

— Um perfil interessado em você solicitou contato.


🌷

— Então quer dizer que você vai mesmo encontrar a bibliotecária? — Namjoon questionou Jackson enquanto observava Seokjin brincando em um escorregado infantil na praça da cidade.

Ele e o amigo estavam no local há algum tempo, quando Namjoon decidiu tirar o filho de casa com a ideia de que o menino tivesse uma das raras tardes de lazer.

Seokjin era uma criança brincalhona como todas as outras. Mas nos últimos dias o garoto já não se entusiasmava quando o pai mencionava passeios que acabariam no playground da Heaven Square. E Namjoon se preocupava com aquilo. Tinha medo que toda essa história de câncer estivesse mexendo com o psicológico de seu filho. Ele tinha medo de não saber como agir diante daquela situação.

— Um homem jamais deve dar um bolo numa mulher quando se trata de encontro, meu amigo — disse o Wang — Sem falar que esses aplicativos de encontros pela internet ajudam bastante caras como eu e você, que não sabem como chegar numa garota sem parecerem babacas.

Jackson estava certo. Em seus tempos como calouro do curso de História da Universidade de Heavenland, Namjoon nem precisava se esforçar para conseguir um encontro com as estudantes do campus. Era tão fácil quanto pentear o cabelo. Ele só precisava sorrir e tinha quem quisesse e como quisesse.

Fora assim que conheceu Moonbyul, a mãe de Seokjin. Ela era uma das garotas mais bonitas do campus, e sempre vencia os concursos de beleza na faculdade. Ele achava que ela era o anjo que todos imaginavam, e nem passava por sua cabeça o lado obscuro por trás da pose de boa menina que exibia como caloura do curso de História; o envolvimento com drogas dentro da Universidade, a venda de produtos roubados no campus... A beleza da jovem tinha cegado Namjoon, e quando ele menos esperou, Seokjin estava vindo ao mundo.

Ele ainda se lembrava de quando as notícias do envolvimento de Moonbyul se espalharam pelo campus, sendo confirmadas depois que a polícia começou a procurá-la para esclarecer o assunto. A gravidez tinha pegado-a de surpresa, e para evitar que ela interrompesse a gestação, Namjoon decidiu deixar a faculdade de lado e prometeu que nunca mais a procuraria se ela tivesse a criança, e deixasse o bebê em seus cuidados.

Quando o menino nasceu, Namjoon tinha dado uma quantia exorbitante de dinheiro a Moonbyul, e desde então a única coisa que sabia a respeito da mãe de seu filho era que tinha viajado para o exterior.

O senhor Kim, pai de Namjoon, ficara decepcionado com o rumo que a vida de seu filho havia tomado. Mas ele era adulto, e assim como tinha envergonhado o nome da família em toda a cidade, deveria aprender com seus erros e arcar com eles.

Beleza nem sempre era sinônimo de bom caráter. E sua história com Moonbyul era a prova disso. Ele tinha se apaixonado pela garota ideal, e a garota ideal era lobo na pele de um cordeiro. Alguma coisa nessa confusão toda de seis anos atrás tinha feito o Kim se fechar para o mundo amoroso. Ele sabia que uma hora ou outra iria se apaixonar novamente, mas queria fazer as coisas do jeito certo dessa vez.

— Eu não uso minha conta faz muito tempo. Nem sei se ela ainda está ativa.

Se aquela fosse uma cena de desenho animado, uma lâmpada estaria brilhando acima da cabeça de Jackson.

— Você ainda lembra o email? Nome de usuário?

Namjoon ficou pensativo.

— Como eu vou saber? — disse o Kim — Criei aquela conta quando tinha uns dezoito anos mais ou menos.

— Faz um esforço, cara.

Namjoon fechou os olhos e vasculhou a mente, forçando o cérebro a fornecer a informação que queria.

— Acho que foi meu email secundário. É, certeza que foi. Eu tinha dois naquela época; um para a faculdade e o outro era uma conta pessoal.

— Tá bom. Me empresta seu telefone.

O Kim retirou o aparelho do bolso e entregou ao amigo. Deu uma rotineira checada em Seokjin e depois virou-se para Jackson novamente.

— Vai fazer o quê?

— Resgatar a senha pelo seu número de telefone — confirmou o Wang. — É moleza! Vai levar só uns dois minutos.

E realmente tinha levado.

Quando o tempo de resgate da senha terminou, o antigo perfil de Namjoon no Amor2.0 foi aberto e Jackson riu ao perceber que a conta realmente não era usada há anos. A foto de perfil do aplicativo era uma de Namjoon observando uma pintura exposta no museu. Estava de costas, usava camiseta xadrez vermelha e preta e calça bege larga. Um chapéu amarronzado cobria os cabelos castanhos na época, antes que fossem tingidos com o atual loiro. A data de aniversário estava preenchida corretamente, assim como a cidade, mas fora aquilo, o perfil do Kim era praticamente um terreno baldio, sem fotos extras, sem biografia nem nada.

— Eu te disse — Namjoon riu brevemente. — Perfil antigo.

— A gente pode consertar isso depois. Você tem que adicionar uma foto de perfil atual e biografia. Mas primeiro vamos dar uma olhada nas contas novas.

Namjoon inclinou a cabeça para espiar o celular do amigo. Ele já nem sabia mais como usar aquele treco.

— Tem alguma que seja da cidade? — conjecturou o Kim.

— Espera aí — Jackson, afoito, digitou rapidamente o nome da cidade no mecanismo de busca, e em menos de cinco segundos os perfis começavam a aparecer. O primeiro deles atraiu a atenção de ambos. — Olha essa aqui. Diz que foi criado há meia hora, e é da cidade.

— Mesmo? — Namjoon penteou o cabelo com as mãos e mirou a tela do celular novamente. Não sabia se estava tão interessado no assunto. — O que diz aí?

Jackson levou o celular mais próximo ao rosto e leu as informações dispostas em cada campo do perfil da usuária nova.

— Aqui diz que é uma mulher nascida em trinta de dezembro. Gosta de leituras rápidas e de Ópera. Também diz que é formada com honras na Universidade de Heavenland. Ou seja, a pessoa é o puro conceito igualzinho a você.

— Isso esclarece muita coisa — disse Namjoon, irônico.

— Mas pelo menos dá para ver que combina com você. Fora as coisas que ela gosta, não tem mais nada. E ela colocou o nome de usuário no lugar do nome completo. O que você acha?

— Pode ser qualquer pessoa — Namjoon deu de ombros. — Eu não gosto muito dessas coisas de conhecer as pessoas pela internet, sei lá. Não é confiável.

Ele sabia que a internet era uma terra sem lei, e que gente maldosa se escondia por trás de perfis aparentemente inofensivos. Claro que havia um lado bom nela. Mas também havia muita coisa ruim, do tipo que tirava o sono alheio e colocava a saúde mental de muita gente em risco.

— Deixa de ser tão medroso, cara — Jackson empurrou o ombro do rapaz. — Não é como se fosse sair com a pesaoa logo de cara. Vai conhecendo primeiro, trocando uma ideia aqui, outra ali...

Namjoon coçou a nuca.

— E o que acontece depois? — o Kim questionou, observando Seokjin com os olhos atentos.

Jackson pensou alto.

— Foca em conhecer a dona do perfil. Aí você vê se ela for legal, quem sabe podem marcar um encontro ou algo assim. Vai depender muito de como você vai sustentar a conversa.

Se eu conversar — disse Namjoon, observando as próprias mãos. E sem perceber, uma onda de desânimo recaiu sobre suas costas. — Vai depender muito disso também.

Jackson, que torcia pela felicidade do melhor amigo mais do que a sua própria, segurou o ombro do mais alto como se aquele ato deixasse claro o quanto ele merecia aquela parcela de regozijo da qual muitas pessoas desfrutavam em suas vidas.

— Para de ser pessimista, cara. Você consegue.

— E se não conseguir?

Os dois jovens se olharam. E Wang deu um sorrisinho sarcástico.

— Nesse caso, meu amigo, você vai se tornar o próximo virgem não-virgem de quarenta anos.

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