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Ocean eyes por Billie Eilish

A sala era quadrada e em 3 níveis onde uma mesa de madeira clara e levemente curva 5 alunos poderiam sentar sem ficarem um em cima do outro. A escada de degraus azul marinho ficava no meio da sala entre as mesas formando assim um corredor. Totalizando a capacidade de 30 alunos na sala onde todos estavam presentes.

Graças à sua introdução, Mary e Branca acabaram se unindo para não ficarem à mercê da má sorte de ter que ficar próximas de pessoas desagradáveis.

Mary havia dito que tinha 20 anos e que só estava ali por conta de uma carta de indicação de seu professor de artes que já havia trabalho nessa universidade.

- Nada melhor do que contatos que realmente funcionam.

Moraria nos dormitórios e estava decidida a fugir de qualquer grupo acadêmico.

Branca sorriu, só a ideia de que as universidades forçam o convívio alegando que mais para frente você conseguiria contatos era desesperador. Não era boa em se enturmar, principalmente quando o medo da solidão era o motivo, o que era a causa de várias pessoas que procuravam um grupo.

Sabia que contatos era apenas sorte e que seu sobrenome ajudaria um pouco nisso. Como não estava longe de casa e não moraria nos dormitórios, grupos acadêmicos eram um não delicioso.

- Bom dia. – O professor entrou todo de preto, será que era a cor padrão daquele lugar?

Era incrivelmente alto, seus cabelos estavam presos numa trança que chegava um pouco acima da cintura. Seus olhos eram pequenos, puxados e de uma expressão graciosa. Seus lábios curvados em um doce sorriso.

Movia-se com grande familiaridade, parecia que ensinava naquela sala há anos e isso deixou a mulher confortável. A certeza do que estava fazendo era tão grande que não havia espaço para temer.

- Me chamo Kou Nakahara, e a matéria é Arte e Vida: A ética na Arte, dentro da Arte Contemporânea. - Sua voz era suave e baixa, o que forçava o silêncio de todos ali presentes.

Nakahara era um professor tranquilo e severo. Deixava clara a hierarquia dentro daquela sala de aula e exigia atenção. Com pouco material, seu objeto de estudo daquela aula era uma pasta sanfonada de onde tirou um livro já surrado de tanto usar.

- Nós utilizaremos este livro como um dos que irei pedir no decorrer de nossos encontros. – Um fitilho vermelho caía do meio do livro e ao puxá-lo pigarreou. – Garry L. Hagberg, Arte e a Crítica Ética.

Quanto mais ele falava mais era possível absorver. Seus olhos corriam pelas linhas, mas sua explicação ia para além das linhas lidas. Estava claro que ele dominava o assunto. Sua mão livre movia no ar e em suas pausas para beber água ninguém sentia vontade de quebrar o silêncio.

Por mais que o conteúdo fosse algo que Branca sequer imaginou que iria estudar, estava sendo a aula mais gostosa que havia presenciado.

Enquanto muitos digitavam em seus notebooks, ela escrevia em seu caderno sem pauta. Havia uma liberdade secreta de escrever sem as linhas, principalmente quando conseguia desenhar o que estava ouvindo, mania dela desde que se conhecia por gente.

O sinal bateu e Branca se espreguiçou estralando o pescoço e os dedos.

- Já se inscreveu nas eletivas?

- Sim. – Disse pegando a mochila.

- Quais?

- Cinema, fotografia e estética na arte.

- Parece que nosso foco é diferente, mas nada nos impede de se falar. – Chacoalhando o celular, pararam uma ao lado da outra perto das escadas.

Ao trocar os números, acenaram e rumaram para áreas diferentes. Procurava a tal sala dos professores, mas acabou se apaixonando pelas grandes janelas daquela construção.

Encostada à batente seus olhos viam as pessoas saindo em grupos, animadas e às vezes era até capaz de entender algumas das conversas.

Sentia-se isolada do mundo, dentro de uma bolha densa que a fazia quase transparente a todos e por mais que desejasse mudar isso, ao observar as pessoas sabia que não teria energia suficiente para levar uma vida como a deles.

Pacata demais como uma pessoa gravemente doente e que precisava ser isolada, vivia poucas coisas depois de tudo que já havia vivido. Evitava qualquer contato com seu passado e viver como eles seria um gatilho assustador.

- Esperando por seu pai?

Arrepiada pelo susto, olhou o homem que havia parado no meio do corredor agora vazio a observando. Seu professor segurava alguns livros que pareciam recém tirados da biblioteca já que sua bolsa era pequena demais para carregar a pequena pilha.

- Sim. – Disse se preparando para andar novamente.

- Venha, ele deve estar na sala dos professores.

Não se atreveu a olhá-lo, quanto mais puxar conversa, mas seu professor parecia mais confortável que ela, talvez por sempre ter esse contato com os alunos.

- Seu pai fez grandes elogios sobre você.

- É?

- Disse que seu olhar para a arte é algo único. – Segurando a porta de madeira com o pé e sorrindo para que ela entrasse na frente, complementou. – Saiba que exigirei mais de você. Adoraria conhecer seus talentos.

- Por que não? – Sorriu enquanto seus olhos procuravam pelo pai, o achando acenando e se levantando de uma mesa de madeira. – Obrigada professor. – Acenando com a cabeça para a aluna, passou por seu pai e foi para outra porta, desaparecendo da sala.

Esperou ao lado da porta de entrada, vendo que era um ambiente muito organizado e limpo, havia pouca conversa e muitos pareciam atentos ao material em suas mesas. Sentia que estava onde não deveria estar.

- Vamos? – Seu pai sorriu ao se aproximar e então saíram.

- É um espaço gostoso.

- É bom para preparar as aulas. – Ele batia nos bolsos de sua roupa checando se havia pegado tudo que precisava. - Vi que veio acompanhada.

- Meu professor de hoje.

- O que achou?

- Muito bom. A matéria dele é interessante e fazia tempo que eu não tinha uma aula tão cativante.

- Que maravilha! – Seu pai parecia mais agitado que ela em si e isso era admirador. – Quer comer o que?

- Não estou com muita fome, qualquer coisa.

- Bom, tem um café logo na esquina, podemos ir, se estou lembrado vende saladas...

- Ok.

Havia algo dentro dela que parecia estar diferente e em conflito com todos aqueles sentimentos rotineiros que vinha vivenciando desde seus 16 anos.

Seu pai ia à frente guiando o caminho e às vezes ria enquanto falava algo que Branca apenas correspondia com sorrisos quando ele se virava para mostrar que estava feliz.

Algo nele estava diferente daquele homem que foi embora a deixando acomodada no fundo do poço, e não o culpava, aos 18 anos também havia ido embora e entendia como era bom simplesmente ir.

O café era amplo com dois andares, tudo à base de madeira e as paredes decoradas com desenhos feitos a mão como num sketch industrial.

Assim que pediram a comida, sentaram frente a um balcão lado a lado. Houve silêncio e pela primeira vez isso a incomodou. Brincava com as folhas em seu prato enquanto ouvia a música ambiente, mas sentia que algo estava errado.

Olhou seu pai fazendo o possível para não ser percebida. Ele estava mais velho, não porque os anos haviam se passado, mas sua aparência era algo que havia mudado bastante.

Seus olhos agora eram rodeados por marcas de expressão que ficavam nítidas ao sorrir, a cor azul parecia estar mais clara do que Branca se lembrava, o óculos em seu nariz escorregava e costumava ficar próximo a ponta, o que a causava certa agonia.

O grisalho do seu cabelo engolia o castanho claro de antigamente, principalmente nas laterais. Seu corte já não era mais curto, era quase possível colocar mechas atrás de sua orelha e isso caía bem nele.

Por mais que tenha envelhecido, sua beleza irradiava de uma maneira tão natural que o seu desejo de não ser pega o observando havia sumido de sua cabeça e agora ambos se olhavam nos olhos.

- Tudo bem? – Ele sussurrou.

- Eu senti sua falta. – Disse sem pensar e quando se deu conta das palavras que saíram da sua boca, desviou seu olhar e voltou a comer forçadamente.

- Me perdoa. – Carl girou o banco alto e então agora estava de frente para a filha, que arrumou sua postura soltando o garfo.

Branca estava com medo de o olhar.

- Eu errei anos atrás e me arrependo todos os dias. Eu não devia ter ido e te deixado. Espero que um dia, com o tempo, eu consiga conquistar o seu perdão, até lá eu continuarei consertando o meu erro.

Algo dentro de seu peito se revirava e borbulhava. Não encontrava palavras que pudessem representar o que sentia por ser um sentimento desconhecido. Uma mistura de dor, de alívio, de medo e esperança.

Muitas vezes havia se perguntado o porquê dele não a ter tirado daquele inferno, mas sabia que era um inferno para todos. Trabalhou muito para não o culpar já que sabia que a culpa era de Flora, e mesmo assim não conseguia dizer que havia o perdoado.

Era a primeira vez que enxergava o problema que tinha com seu pai e ela não sabia o que fazer com essa informação nova.

- Obrigada. – Viu que seu pai parecia aliviado por ela ter dito qualquer coisa.

- Pelo que?

- Por tentar de novo.

De volta à universidade se despediram novamente no hall e então Branca se aventurou pelos corredores, claramente perdida.

Supostamente sua aula eletiva seria Cinema agora e até ter conseguido encontrar a sala passou por diversas salas e encontrou escadas que não sabia para onde levaria, até pelo estúdio de música onde os instrumentos ficavam para as aulas.

Em uma sala que mais parecia um cinema graças à tela para a apresentação, se deparou novamente com o mesmo professor que já estava explicando algo, mas agora usando imagens.

Sentou no primeiro lugar vago ao lado de um rapaz que estava quase deitando na cadeira. Ele tamborilava o lápis na mesa com leveza e de um jeito muito lerdo, que é o oposto de quem tem esse tique.

Cinema e Pintura. Novamente um tema que Branca não acreditava que estaria tendo com um professor fascinante.

Nakahara seguia muito reservado e ao mesmo tempo tão cativante, era algo na excentricidade dele que o fazia parecer tão incrível.

Fazendo suas anotações de sempre, acabou distraída com seu professor, passando a desenhá-lo. Ele estava encostado na mesa de madeira que ficava na lateral da sala para não atrapalhar a tela. Suas pernas cruzadas e suas mãos sobre a mesa apoiando seu corpo. O rosto virado para a tela, onde também acompanhava um vídeo sobre a história do cinema.

Perdida em seu mundo, a tosse falsa do rapaz ao seu lado a fez ver que todos estavam se levantando para sair, então passou a se ajeitar para fazer o mesmo.

- Muito bom. – Ele disse apontando para o caderno.

- Obrigada. – Se pondo de pé, o olhou e então saiu junto à multidão.

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