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Medicine man por Dorothy


As duas se encararam com o peso da eternidade, crianças poderiam ver e pensar que era uma competição de quem fica mais tempo sem piscar, tudo graças a esse bloqueio que Branca tinha, formulava várias explicações sobre o que vivia e sentia, mas nenhuma resposta passava pela sua garganta. Odiava fazer terapia por ter que ficar cavando dentro de si sentidos e significados que ela costumava enterrar.

Sabia como a terapia funcionava, não era estúpida, mas não gostava do passado, na realidade ela o odiava, ter que reviver as lembranças em sua mente e as transformar em palavras como uma narrativa era doloroso e cansativo, a doutora Tessa sabia disso e a forçava a reviver uma lembrança em todas as sessões.

Ia até o consultório dela 3 vezes por semana. Seu relatório médico se baseava em depressão, porém para a surpresa de todos Branca tinha a depressão da fúria: Raiva, irritabilidade e inquietação. Ao contrário da maior percentagem da doença que sofria com tristeza profunda e apatia, a versão que vivia era a da fúria.

Quando chegou aos cuidados de Tessa estava na classificação grave que foi cuidada com doses altas de tarja preta e esportes, ou seja, acordava e ficava dopada ou acordava e praticava corrida e artes marciais.

Depois de 6 meses de acompanhamento, Branca foi classificada como moderada, os remédios foram trocados e ela abriu mão das lutas para se dedicar somente às corridas.

E então houve o boom!

- Branca?

- Eu sinto nojo. – limpou a garganta com um pigarro e então parou de encarar sua psiquiatra.

- Do que?

- Da Flora.

- Por quê? – ela sabia o porquê.

- Ela traiu meu pai na cama deles comigo em casa.

- O que se lembra disso?

- Me lembro de tudo. – infelizmente ela tinha a capacidade de se lembrar do passado de uma maneira vívida, tão realista que era capaz de ouvir o que havia vivido sempre que tinha que relembrar, fechava os olhos e se sentia ali, naquele momento eternizado pelo trauma.

- Quer falar?

- Não? – sorriu sarcástica, se ajeitou na poltrona cruzando as pernas, estalou os dedos e revirou os olhos fazendo o possível para não se render.

Inclinou-se para alcançar o coturno de couro plástico, passou o dedo na marca de gasto na ponta do sapato, onde havia chutado um poste ao vir para a consulta, amarrou o cadarço e então cruzou as mãos em seu colo.

- Sou obrigada né? – estalou a língua nos dentes e então puxou na memória como havia começado. – Então vamos lá.

Tinha 17 anos quando seu pai viajou para 5 estados diferentes para dar sua palestra sobre a nova administração de grandes empresas como a Google.

Sua tese havia sido reconhecida pelas maiores universidades nacionais e internacionais, estava recebendo uma bela grana para poder se apresentar durante 1 hora e meia, era o auge da sua carreira até o momento.

Enquanto estava nômade pelos Estados Unidos, sua mãe se viu livre do homem que não sentia amor por, mais ou menos, 2 meses. 2 meses regados a happy hour frequentes do trabalho.

Saía cedo para trabalhar em uma das maiores redes bancárias americanas: Sartre, que por coincidência era o seu sobrenome, e voltava quase com o raiar do sol.

O ano letivo estava acabando e Branca completava as últimas provas da escola, se formaria um ano mais nova que todos e isso era animador.

No meio de uma noite de bebedeira, Flora trouxe um homem para casa e não parecia se lembrar de que sua filha ainda morava lá.

Escondida na cozinha por ter ido beber água, os viu chegar e se pegarem loucamente. Transaram na sala por algumas horas, até que resolveram ir tomar um banho e seguiram transando no quarto de casal. Na cama do seu pai.

Branca ficou congelada em frente à geladeira. Olhava para seu reflexo opaco e negro com os olhos arregalados e o coração na garganta, sentiu ânsia de vômito a cada gemido alto que sua mãe dava no andar de cima.

Não se lembrava de quando Danette apareceu e colocou as mãos em seus ombros, a puxando para seu quarto, mas aceitou a ajuda. Dan ligou a TV no volume alto para que pudesse abafar o constrangimento da situação e ambas assistiram um filme barato e ruim.

Isso se repetiu durante o final de semana.

Chegavam em casa por volta da meia noite, transavam até umas 4 da manhã e então ele saía escondido às 5.

O que ninguém esperava era uma das universidades ter de cancelar a palestra e seu pai voltar de surpresa e os pegar transando na cama dele.

Para a surpresa de todo mundo ele não gritou, ele sentou numa poltrona do quarto e esperou ambos se vestirem. Pediu para que o cara fosse embora e então escutou sua esposa.

Flora apontou os dedos: Disse que ele era um marido insuportável, que ele era entediante e cansativo. Não sentia mais nada por ele. A ideia de deitar na cama com ele a dava nojo, não era homem suficiente para ela. Sempre quieto com o nariz na matemática, se não estava na universidade, estava trabalhando na escola que Branca estudava. Não se importava com a família, não se importava com ela.

"Esperava o que? Que eu ficasse te chupando quando você sequer me toca? Por que você não volta e come alguma professora da universidade que você tanto ama."

E então veio o tapa na cara que ele deu nela.

Branca viu tudo da porta do seu quarto.

Sentia nojo da sua mãe, a via como prostituta, vulgar nos atos e linguajar.

Desde então não acreditava no amor. Não havia sido criada em um ambiente que tivesse muitas demonstrações de carinho. Seus pais sequer conversavam com ela.

Seu pai era mais presente por se verem na escola, ele era professor de matemática avançada e ela tinha aula com ele 3 vezes na semana, muitas vezes a levava para almoçar no restaurante mais próximo e era confortável, por mais que não houvesse conversas profundas.

Ele não era nada do que Flora gritou a todo pulmão.

Fez as malas e em questão de 30 minutos havia ido embora. Nem se despediu quando passou por Branca, parecia que ela não existia naquele momento.

A mulher também saiu de casa e não olhou para a filha.

Voltando para seu quarto, Branca passou os próximos dias deitada sem comer. Não sabia como se sentia, não sabia o que pensar, não sabia como entender a situação.

Em momento algum seus pais vieram conversar com ela. As férias chegaram e seu pai sumiu, mandava presentes nas datas comemorativas, poucas vezes a ligava.

Flora não fez questão de estar presente para a garota, passava seus dias trabalhando e viajando com o amante.

Então chegou o dia do divórcio e a emanciparam para não terem que dividir a guarda, principalmente por ela estar com os pés na maioridade.

Carl, seu pai, se mudou para outro estado ao receber uma proposta de trabalho melhor.

Flora, sua mãe, sempre dava indiretas que Branca deveria sair de casa.

E assim ela fez, quando completou 18 anos: pintou os cabelos, fez as malas e saiu de casa.

Tessa a observava, cada movimento que dava era motivo para ela a analisar. Não podia negar que ela era incrível e realmente conseguia ler Branca como se a mulher fosse a palma de sua mão.

- Como está sendo morar com seu pai agora?

- É algo recente ainda, 4 dias, não tenho muito o que falar. Cada um respeita seu espaço. Às vezes comemos juntos, mas não costumamos dividir o mesmo ambiente. Ele fica no escritório do quarto e eu na sacada.

- Tem se sentido pressionada?

- Não.

- Isso é bom.

- Com certeza. – o relógio soou e então o encontro havia acabado.

- Te vejo na terça?

- Como sempre. – Branca se pôs de pé, ajeitando a mochila no ombro. – Ah, antes de ir, pode me ver uma receita nova? Tive que usar a do meu pai.

- Por quê? Não era para ter usado tão cedo.

- Eu perdi meus medicamentos na mudança.

- Ah. – alguns cliques no computador e então ela estava imprimindo duas receitas. – Uma pra você e outra para o seu pai.

- Obrigada. – colocou os óculos de sol e foi em direção ao elevador.

Sábado era dia de trabalhar na Circus, o pub do seu tio James. Era garçonete noturna desde os 18. Foi graças a ele que teve dinheiro suficiente para rachar um flat com uma amiga da escola.

Pior escolha da sua vida... Mas não tinha tempo, nem psicológico, para reviver duas merdas no mesmo dia.

Vendo que teria que entrar em 1 hora e estava a exatos 10 minutos de distância, resolveu andar pela área musical de Minneapolis.

Black Tar brilhava em neon na vitrine. O estabelecimento tinha dois andares e era uma loja de música. Vendia CD's, instrumentos e era um estúdio no segundo andar.

Assim que entrou recebeu um folheto sobre um concurso de guitarristas: Quem conseguir o primeiro lugar ganharia uma Charvel Pro-Mod So-Cal Style 2. Tá aí uma coisa que seria interessante de ter. Sentia falta de tocar.

- Aonde me inscrevo? - apontou para o folheto e o funcionário sorriu.

- Legal, me segue. - assim que chegaram ao balcão de vendas, preencheu o formulário, agendou um evento no calendário do celular e saiu.

Entrando pela porta dos funcionários, correu para o balcão de bebidas mirando na cozinha, estava com fome e seu tio era o chefe de cozinha mais habilidoso nas fritas que já havia conhecido.

- Cheguei! – gritou e o casal se apoiou na janela da cozinha.

- Pink! – Tia Let correu para fora e a abraçou. – Tá bem?

- Acabei de sair da Tessa, tô pronta para atender macho escroto.

- É isso que eu gosto de ouvir. – ambas riram e então Branca foi de encontro com seu tio.

- Com fome?

- Sempre.

- Tem fritas.

- Graças a Deus. – pegou uma cesta de porção e esperou seu tio a encher.

James e Letitia eram as pessoas que mais amava no mundo. Foram eles que a salvaram da merda que havia se envolvido, devia a vida a eles e estava disposta a pagar todos os dias por isso.

- Vai cantar hoje? - Let perguntou como quem não quer nada, mas havia esperança em sua voz.

- Como sempre.

- Então vai pegar seu avental e dar um jeito nessas mesas.

- Sim, senhora.

No quartinho dos funcionários, amarrou o avental roxo escuro com o nome Circus bordado e então procurou pelo elástico que deixava no bolso do avental, queria amarrar o cabelo também, ele estava grande, maior do que esperava conseguir aguentar. Precisava retocar as duas cores, o preto na metade de cima e o rosa pink na metade debaixo, daí vinha seu apelido tão famoso: Pink.

Com o pano e o álcool nas mãos, passava de mesa em mesa limpando o tampo. Seu tio estava aumentando a música no pub e então o clima já estava se tornando familiar. Era ali que Branca se sentia normal de novo, como se não estivesse quebrada. Graças aos tios conseguia se sentir assim por algumas horas.

Estar viva.

Já no andar de cima, terminava de limpar a mesa e montaria o karaokê. Odiava ter de lidar com as fiações, mas amava aquele palco.

- Há certas coisas que não têm como mudar, né Branca? – Com um salto, Branca se virou para ver o homem que estava falando com ela e então se deparou com Aaron.

- Não... – Sorriu emocionada e pulou do palco correndo para seus braços. – Não acredito!

- Calma, foram só 4 anos.

- Só?

- É, realmente, tempo pra caramba.

- Desde quando está aqui?

- Faz uma semana, mas só descobri hoje que você também está.

- Pra ficar?

- Pra ficar. – Ele sorriu e então ela voltou a abraçá-lo.

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