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Breathe por Fleurie


A escuridão a confundia. Estaria ela de olhos abertos ou fechados? Por mais que tentasse os abrir parecia que nada mudava, então supôs que já estivesse com eles abertos.

O cheiro de madeira a incomodava, parecia estar numa cabana no meio do mato, suas paredes úmidas faziam o mofo crescer e isso deixava o ar do ambiente denso, sentia seu nariz coçar e o desejo de espirrar era forte.

Tudo parecia frio demais, estava deitada sobre uma cama e seu corpo se arrepiava sozinho, como se estivesse nua num dia de inverno rigoroso.

Escutou passos se aproximarem, o som ia crescendo e com isso as batidas do seu coração e ao sentir a mão quente em sua barriga jurou que era capaz de sentir sua pulsação batendo na garganta.

Finalmente acordou. Estava deitada de barriga para cima, a luz do sol tentava passar pela cortina, seu peito subindo e descendo com velocidade, por mais que tentasse controlar sua respiração, mas não conseguia.

Doía demais.

A dor era profunda, visceral, que a consumia dos pés à cabeça e a imobilizava na cama em meio ao seu suor. Sentiu as lágrimas começarem a escorrer pelo seu rosto e então se permitiu chorar.

Viu seu pai entrar no quarto desesperado, estava claro que havia acordado com o choro dela.

- Branca... – Ele sussurrava ao se aproximar dela.

Sentiu a mão quente de seu pai em sua canela e então gritou.

- Não me toca! – Como se seu corpo tivesse acordado, rolou para o lado na cama.

Seu pai a acompanhou e vendo o que ela não via a segurou quando ela estava prestes a cair e a puxou para seu colo.

A abraçou enquanto a sentia tremer.

- Tá tudo bem, estou aqui. – Ele dizia baixinho.

Pela primeira vez sentiu o conforto da proteção. Por mais que já tivesse chorado e muito no colo de sua tia, com seu pai foi diferente. Era capaz de sentir o amor dele, amor de pai.

- Me desculpa. – Sussurrou abraçando a cintura do senhor.

- Pelo que querida? – Ele alisou suas costas e então sentiu que aos poucos ela estava se acalmando. – Quer água? – Com um aceno de cabeça, ela sentou na cama e viu seu pai se afastar.

Sabia muito bem o que havia sido tudo aquilo, mas sentia medo até dessa ciência, queria esquecer e simplesmente parar de reviver aquele pesadelo de anos.

Não conseguia falar sobre isso, Tessa não fazia ideia disso e tinha certeza que deveria ter falado sobre há muito tempo, mas não tinha forças de chegar nessa profundeza.

- Aqui. – Ele entregou um copo com água e Branca bebeu um pouco.

Mal conseguia olhar nos olhos de seu pai, sentia vergonha daquilo que ele sequer sabia. Sua ansiedade estava alta e precisava tomar o remédio, mas teria que esperar até a hora certa para não se desregular.

- Obrigada, vou tomar um banho. – Devolveu o copo de vidro e se pôs de pé.

Sentiu os olhos de seu pai a observando até sair do quarto.

Branca só desejava chegar até o banheiro sem despencar. Não queria envolver seu pai mais do que já havia envolvido. Odiava se sentir fraca e demonstrar fragilidade.

O barulho da porta ecoou e então ela a trancou deixando seu corpo cair sobre seus joelhos. Sentiu o chão frio em sua canela causar um arrepio que subiu pela sua espinha em contraste ao corpo quente pelo calor do pesadelo.

Suas lágrimas, antes guardadas a sete chaves, se empurravam para sair umas sobre as outras, como se travassem uma guerra pela liberdade.

Tão forte o tempo todo. Imponente. Intocável.

Tão quebrada o tempo todo. Sozinha. Abandonada.

Apoiando suas mãos nos joelhos, se esforçou ao máximo para conseguir sair daquela posição.

Passou pelo espelho sem se dar a chance de se olhar, mesmo que sorrateiramente. Sabia que seria pior porque se veria e se odiaria. Por mais que tivesse com 23 anos, quando se via no espelho, só conseguia enxergar a Branca de 16 anos e se sentia suja.

A água caía no topo da sua cabeça e percorria seu corpo rapidamente como um acolhimento silencioso ao seu sofrimento. Permanecia parada de olhos fechados e boca aberta para poder continuar respirando.

Não havia pensamentos, não havia sentimentos. Estava no limbo e era o lugar que mais odiava no mundo.

- Está melhor?

- Acho que sim. – Passou as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans e as enfiou ali mesmo, sem jeito.

- Quer... – Ele parou envergonhado e então encheu um copo com o suco que segurava. – Conversar? Sei lá... – Sua voz foi abaixando de acordo com o que falava e ofereceu o copo à filha que o segurou e encarou o líquido.

- Amanhã tenho a consulta com a Tessa.

- Mas você não precisa falar só com a doutora Teresa.

Por mais que quisesse se abrir com seu pai e viver o relacionamento cinematográfico de pai e filha, não conseguiria se sentir confortável justamente por não poder contar para ele sua maior vergonha.

- Obrigada pai. – Ela bebeu o suco e então houve silêncio.

Sentiu que ele realmente esperava que ela se abrisse com ele, a aura de preocupação o rondava e às vezes o homem a checava rapidamente para saber se ela estava bem, com medo dela ter outra crise.

- Seria pedir demais para irmos juntos à faculdade? - Ele desconversou na tentativa de tirá-la dos seus pensamentos.

- Que? – Erguendo os olhos da tela do celular onde lia sua grade horária, sorriu. – Não, lógico que não seria.

- Então vou de carona.

- Verdade, eu não vi seu carro no estacionamento. Cadê ele?

- Eu vendi para comprar aqui.

- Sério?

- Lógico, não sou rico como a sua mãe.

Flora Sartre realmente era quem colocava a grande quantia de dinheiro naquela família graças ao banco dos pais dela que havia crescido muito desde sua fundação.

Odiava o fato de ser filha de uma mulher tão abastada e ignorante, a quantia de dinheiro disponível numa conta bancária faz a pessoa achar que pode tudo graças àqueles números e ela era uma pessoa nesse nível.

Muitas vezes o dinheiro foi jogado na cara de Branca para ela parar de ser "uma garota rebelde sem causa que tem tudo que quer e nunca falta nada graças à mãe dela que é rica e pode tudo. Deveria ser eternamente grata por ter nascido naquela família e ter estudado em uma escola que poucos são capazes de entrar, porque se dependesse do seu pai ela não chegaria a lugar algum.".

Bela bosta.

Suas memórias do ensino médio eram o que mais a causava pesadelos. Dias intermináveis de agonia e angústia sem poder falar nada para ninguém. Catástrofe sucedida por catástrofe.

Fora que foi lá que viveu seu pesadelo. Graças àquela escola havia conhecido seu pior inimigo e ele havia a destruído como se ela fosse feita de gravetos.

- Vamos? – Seu pai transpassou a alça da bolsa de couro em seu peito e ajeitou os óculos de grau com o dedo indicador.

- Sim. – Abriu o bolso da mochila guardando o celular e pegando as chaves do carro.

15 minutos de viagem não dava tempo de conversar muita coisa, mas seu pai parecia empolgado pela nova fase da vida da filha.

- Você vai adorar o ambiente, é bem amplo e tranquilo. Acho que nunca vi alunos tão serenos desde os meus dias de escola privada.

- Espero que os professores sejam bons, sempre tenho problemas com eles.

- Eles são. Eu pesquisei.

- Vou acreditar.

- Sabe, quero que goste e que seja tudo que espera.

- Eu também quero isso. – E como queria.

Via na universidade uma porta aberta para se desvincular do passado e poder construir seu futuro. Aos poucos estava saindo de algumas amarras como morar com Flora.

Artes visuais: seu sonho estava a alguns passos de começar.

As brigas desde que se matriculara nesse curso viviam voltando aos pés do seu ouvido como se fosse um aviso para não esquecer o quanto havia batalhado para estar ali, inclusive com seu pai que não parecia confortável com o futuro que esse curso poderia dar à filha.

Foram momentos de muita gritaria, por parte de Flora como sempre, mas com o tempo seu pai acabou entendendo o leque de possibilidades e viu que a filha realmente amava esse ramo e que não seria possível a separar desse sonho.

Desde que se descobriu uma pessoa 'problemática', a arte havia sido uma âncora para sua sanidade. Quando havia brigas em casa ela simplesmente se entregava a um livro sobre algum pintor, ou editava as fotos que tirava, montava um site com sua galeria, procurava aprender sobre iluminação e cores e assim foi se especializando.

Tessa sempre a apoiara, principalmente ao ver seu journal onde desenhava sentimentos e colava as fotos que mais se orgulhava.

Fotografia era sua paixão e achava que havia algo mágico nesses momentos congelados no tempo. Uma foto poderia contar a história de uma vida, mostrar o momento exato de uma mudança, representava sentimentos ocultos que a lente conseguia transbordar.

Era colocar para fora o que estava escondido lá dentro.

E se tudo desse certo, seria como se reencontrar.

- Bom, seu prédio é para a direita.

- Ok.

- Se precisar de algo a sala dos professores fica perto do hall principal e meu prédio fica à esquerda.

- Ou eu simplesmente te mando mensagem e a gente se acha.

- Também. – Ele riu e então se encararam. – Tenha um bom primeiro dia, filha.

- Obrigada.

Observou seu pai caminhar lentamente para a escadaria da entrada principal do prédio, a caminho da sala dos professores, e algo nisso a fez sentir o impulso de chamá-lo.

- Pai! – Ele parou e se virou com os olhos arregalados.

- Oi?

- Quer almoçar comigo? – Ele pareceu confuso, mas feliz com a surpresa e então sorriu, o sim mais sincero que Branca havia visto.

- Sempre. – Ele acenou e então passou pelas portas da madeira.

Aos poucos, mais pessoas chegavam e criavam aglomerados nas escadas, calçadas e entrada do prédio. Se estivesse correto, antes da primeira aula teriam as boas vindas no auditório do prédio central.

Assim que entrou se deparou com o teto alto e paredes brancas como se tivessem acabado de pintar. Havia armários de vidro com as conquistas daquela Universidade, quadros de antigos reitores e do fundador, alunos excepcionais e que marcaram a história de alguma forma.

De frente à porta de entrada havia outra porta grande com duas aberturas de madeira escura e aparência pesada com o letreiro Auditório Principal gravado nela. Por isso todos estavam ali. Seriam eles os novatos?

Ao lado dessa porta duas escadas, uma de cada lado, que os levaria para o prédio A que era o de seu pai e o prédio B que seria o dela por 4 anos. Encostou-se ao corrimão e observou o celular novamente, começaria às 9, daqui exatos 20 minutos.

Quanto mais os minutos se desdobravam, mais pessoas chegavam. Algumas em grupos de amigos que tiveram a sorte de frequentar a mesma universidade, outros tão solitários quanto ela que usavam fones de ouvido para se isolarem mais ainda.

Ela observava os movimentos como se aquilo fosse a apresentação de um filme clichê americano. A maior parte das mulheres usavam roupas que expunham o máximo possível de seu corpo, a grande maioria dos homens passava a mão no cabelo e disputavam o corpo mais musculoso.

Sentia-se muito velha para estar ali. Havia enrolado para entrar na faculdade por causa da Flora. Por mais que seu pai tivesse conseguido uma bolsa de 50% para Branca por ser professor ali, o valor era alto demais para ele bancar, então trabalhou o máximo possível na Circus e em eventos como fotógrafa. Chegou até a participar de concursos de banda para juntar o dinheiro.

As portas do destino foram abertas e todos pareciam querer entrar ali o mais rápido possível, ao contrário dela que queria estar o mais afastada possível daquela multidão.

Sentando na poltrona mais próxima da porta para poder sair correndo assim que aquilo acabasse, viu a agitação tomar o ambiente e então o teste de microfonia começou e logo a reitora da vez surgiu por trás do pedestal.

Uma senhora de cabelos brancos num penteado estilo anos 60, com ouro tanto nas orelhas quanto no pescoço, pulsos e dedos. Vestia um vestido preto sem graça e tinha um olhar sereno que gritava por ordem.

Esperou pacientemente todos se aquietarem sem dizer um A. Parada com as mãos sobre o pedestal, olhava para a renca de novos alunos que frequentariam a sua universidade, um por um. Às vezes sorria quando seu olhar encontrava o de alguém e isso pareceu assustar rapidamente a todos.

- Bom dia a todos. – Ela pausou e então abriu um sorriso largo como uma boa política sabe fazer. – Me chamo Julia Francis e sou a responsável por essa Universidade. Quero agradecer a todos pelos seus esforços de estarem aqui e que o mérito é todo de vocês. Somos um grupo universitário que preza por respeito e dedicação, não toleramos brincadeiras e estamos ao seu dispor para levá-los rumo a melhor vida que vocês poderiam ter.

Nossos professores são selecionados a dedo e supervisionados para exercerem o melhor que eles podem oferecer e por isso é o dever de vocês, como alunos, procurarem retribuir os esforços da nossa equipe com bons resultados e ampla participação.

Agora nesse primeiro semestre teremos eventos em que todos devem participar de acordo com seus cursos e na interdisciplinaridade oferecida pelos professores. Esses eventos compõem a nota de todos e é bom que saibam agora, pois é necessário se dedicar a eles.

Branca afundava cada vez mais na poltrona preta como se estivesse tendo sua energia sugada por aquela senhora e logo sabia que seu apelido seria vampira.

- Pensei que era pra ser um discurso motivador. – A garota ao seu lado sussurrou com o grampo de cabelo nos dentes e os olhos vidrados na reitora, mas completamente absorta em seus pensamentos.

Ela era miúda em comparação a Branca, seu cabelo castanho era tão claro que no sol deveria ser loiro, seu corte era pixie curtíssimo e isso combinava tão bem com ela que sua aparência era a de uma boneca de porcelana.

- Parece que entrei em um clã secreto... Quem ouve pensa que todos aqui são tapados. – Ela continuava murmurando suas injúrias completamente alheia de que não eram silenciosas.

- Qual o seu nome? – Branca se ajeitou na poltrona e a garota a olhou surpresa.

- Desculpa, não queria incomodar.

- Não incomodou, eu concordo com tudo o que você falou. – Estendeu a mão e sorriu. – Branca, Artes Visuais.

A loira sorriu timidamente e segurou a sua mão.

- Mary, Artes Visuais.

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