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45 | NÃO SE ATRASE

45
NÃO SE ATRASE
ADAM

FINAL DO INVERNO

O corredor do tribunal é um lugar estranho. É quieto demais, como se o peso das decisões tomadas aqui drenasse qualquer vida do ambiente. As paredes são bege, sem graça, e as cadeiras desconfortáveis espalhadas ao longo da sala não ajudam a melhorar o clima. Há cheiro de café frio misturado com algo metálico, provavelmente da ferrugem nos aquecedores antigos.

Estou sentado em uma dessas cadeiras, com os cotovelos apoiados nos joelhos e os olhos fixos no chão liso e encerado. Minha perna não para de tremer, como se meu corpo inteiro estivesse gritando para sair daqui. Mas não posso. Não até isso acabar.

Afrouxo o nó da gravata em torno do meu pescoço. Abro o primeiro botão da camisa. Estava ansioso para tudo acabar o mais rápido possível.

O som de passos firmes ecoa no corredor, e, quando levanto a cabeça, vejo Jack Daniels se aproximando. O terno dele é impecável, como sempre, e a expressão em seu rosto é uma mistura de cansaço e determinação. Ele para na minha frente e coloca as mãos nos bolsos, inclinando a cabeça como se tentasse medir meu estado de espírito.

— Está pronto, Adam? — ele pergunta, direto ao ponto, como sempre.

Engulo seco e dou de ombros, tentando não parecer tão inquieto quanto me sinto.

— Isso importa?

Ele esboça um sorriso breve, mas há algo de pesado em seus olhos. Ele senta na cadeira ao meu lado, deixando escapar um suspiro enquanto ajusta a gravata.

— O intervalo para o almoço está quase acabando. Assim que voltarmos, você será chamado. Eles querem que você feche o dia.
Eu assinto, mas não digo nada. Minhas mãos estão entrelaçadas, e não consigo parar de esfregar o polegar na palma da outra mão. Um gesto automático que não percebi até agora.
— Todos os assassinos de aluguel foram presos, Adam. Pelo menos um graças a você e o oficial Bob — Jack continua, inclinando-se para frente com os cotovelos nos joelhos, espelhando minha postura. — Não há mais ninguém solto. Você está seguro agora.

Seguro. A palavra soa estranha nos meus ouvidos. Depois de tudo o que aconteceu, parece quase um conceito fictício. Como se "seguro" fosse algo que as pessoas normais sentem, mas não eu.

Durante minha vida nunca me senti seguro. Nos últimos meses descobri um porto seguro em alguém. E agora cair de novo naquela imensidão de certeza era novo.

— Eles acham que Nigel vai pegar perpétua? — pergunto, desviando o olhar para as portas duplas à nossa frente.

Jack balança a cabeça devagar.

— Com o que temos, não tem como ele escapar. Mas seu depoimento vai selar o destino dele. Você sabe disso, certo?

Eu sei. Essa é a única razão pela qual estou aqui, me obrigando a enfrentar essa sala, esse lugar. Nigel não pode sair impune. Ele precisa pagar pelo que fez — não apenas com o meu pai, mas com todos os outros que ele destruiu no caminho.

— Você está preparado para ser livre? — Jack pergunta de repente, quebrando meu silêncio.

A pergunta me pega de surpresa. Livre. Outra palavra que parece... impossível. Sempre carreguei o fardo do meu velho. Depois carreguei o perigo de uma profissão. Quando voltei para casa tudo que não encontrei foi paz ou liberdade, mas agora. Agora não tinha meu pai, não tinha Nigel, logo seria dispensado dos fuzileiros.

Pela primeira vez seria livre para fazer as minhas escolhas.

— O que você quer dizer? — pergunto, tentando manter a voz firme.

Jack me olha, e, pela primeira vez, vejo algo quase como gentileza em sua expressão.

— Você passou anos olhando por cima do ombro. Vivendo com medo, se escondendo, esperando o próximo golpe. E agora, depois de hoje, isso pode acabar. Nigel vai para a cadeia. Você não terá mais que fugir. Não terá mais que lutar. Você vai ser livre, Adam. A questão é: o que você vai fazer com isso?

Minha garganta aperta. Não porque não tenho uma resposta, mas porque sei exatamente qual ela é. E, por algum motivo, dizê-la em voz alta parece torná-la real demais.

Olho para Jack, prendendo o ar por um segundo antes de soltar.

— Não tenho nenhum plano — rio secamente.
Ele levanta uma sobrancelha, intrigado.

— Talvez um plano seja começar a viver um dia de cada vez — sugere amigavelmente.

Ele se levanta, alisando o terno, e olha para mim uma última vez antes de se afastar.

— Então se prepare para o primeiro dia do resto da sua vida Baylor.

Eu observo enquanto ele se afasta pelo corredor, desaparecendo pelas portas ao final dele. Minhas mãos ainda estão apertadas, mas algo dentro de mim começa a se soltar.

Hoje, eu termino isso. Hoje, eu começo de novo.

E isso me assustava mais do que qualquer desafio que já tinha enfrentado nos últimos anos.

***

O som dos meus dedos batendo contra o balcão ecoa no silêncio do bar quase vazio. Flannigan está quieto como nunca. Só o farfalhar suave das garrafas na prateleira e o estalo ocasional do gelo derretendo no copo quebram o silêncio.
Pippa desliza outra dose de uísque para mim com a eficiência de quem sabe exatamente o que faz. Ela me dá um sorriso breve, mas não tenta puxar conversa. Não hoje. Acho que minha cara já diz o suficiente. Eu giro o zipo de metal entre os dedos, o metal frio se aquecendo com o calor da minha pele.

O nome dela não está gravado no metal, mas em minha mente e em meu coração.
Caralho! Estava fodido.

Tate.

Meu peito aperta só de pensar nela. Eu queria que fosse fácil não pensar, mas ela está em tudo. Está no isqueiro que dei uma desculpa ridícula para trazer, está nas músicas que tocavam em todo lugar, na forma como o uísque queima minha garganta. Está até no maldito relógio na parede. São nove horas agora, e eu não consigo parar de olhar.

Me livrei de Nigel, para me prender a aquela pirralha.

Ela estava atrasada. Aquilo era uma maldita agonia. Podia significar tudo. Podia significar nada.

Ela podia ter tido dificuldade em fechar o maldito vestido. Ela era péssima. Eu lembrava. A como eu lembrava daquela noite que meus dedos queimaram de vontade de tocar a maldita tatuagem em suas costas.

Esfrego a mão no rosto.

Eu não queria ir embora. Caralho. Se ela chegasse e eu não estivesse ali não iria me perdoar.

Mas entenderia se ela não viesse. Ela estava com ódio de mim. Talvez... ainda estivesse.
Eu entenderia e respeitaria.

— Mais alguma coisa? — Pippa pergunta, encostada no balcão me arrancando dos meus pensamentos.

— Não, estou bem.

Ela só ergue as sobrancelhas, como se dissesse que "bem" não é exatamente a palavra certa para o meu estado atual. E ela estaria certa. Mas Pippa não insiste. Ela me conhece o suficiente para saber quando me deixar em paz.

Por mais algumas horas, eu fico ali. Observo a bebida no copo, mas não a termino. Observo a porta, mas ela não abre. Tate não aparece.
Digo para mim mesmo que está tudo bem.

O relógio marca onze. Depois meia-noite.
Eu passo a mão no cabelo, soltando um suspiro baixo. Não deveria ser surpresa. Não depois de tudo que aconteceu. Não depois das escolhas que fiz, das consequências que ela teve que carregar. Mas, droga, eu queria que ela viesse.

Queria que ela me desse algum sinal.

Mas ela não vem.

— Adam — Pippa chama minha atenção. A voz dela é suave, mas firme, como se estivesse tentando não me acordar de um sonho bom — Eu vou fechar.

Olho ao redor e percebo que o bar está vazio. As cadeiras já estão viradas sobre as mesas, e só eu continuo aqui, ainda preso à minha bebida. O relógio agora marca duas da manhã.
Não me resta mais nada além de aceitar.

— Desculpa — digo, deixando algumas notas no balcão antes que ela possa recusar.

— Não precisa se desculpar — Pippa responde, pegando o dinheiro — Mas vá pra casa, Adam. Já é tarde.

Tarde. Isso parece mais carregado de significado do que deveria. Aceno para ela, guardo o isqueiro no bolso e saio.

A noite lá fora está gelada. O ar preenche meus pulmões de forma cortante, e eu aperto o casaco ao redor do corpo enquanto ando pela rua vazia. As luzes dos postes lançam sombras estranhas sobre o asfalto rachado, e o som das minhas botas é a única coisa que preenche o silêncio.

Eu tento afastar o pensamento dela, mas ele volta com força total.

Tate.

Ela não veio, e eu entendo. Talvez ela não queira mais me ver. Talvez ela ainda me odeie. Talvez ela tenha seguido em frente. E eu não a culparia por nenhuma dessas coisas.

Mas, ao mesmo tempo, a ideia de que ela pode estar tentando me esquecer, de que ela pode estar vivendo sem mim, me destrói de uma forma que eu não consigo descrever.

A tal da liberdade não me parece uma boa.
Eu paro no meio da rua, olho para o céu escuro e deixo o ar escapar dos meus pulmões.

Ela tinha fodido comigo.

E isso é a coisa mais simples e mais complicada que já senti na vida.

Se ela decidir nunca mais cruzar o meu caminho, eu vou respeitar. Eu vou aceitar. Mesmo que isso me mate. Porque, acima de tudo, eu só quero que ela esteja bem.

Mas, droga, eu queria que ela estivesse bem ao meu lado.

Pela primeira vez queria alguém ao meu lado.
Minha Sunshine.

***

A caminhonete geme como um velho cansado quando desligo o motor. A F-4000, com seus anos de batalhas e ferrugem, é o reflexo perfeito da minha vida: sobrevivendo aos trancos. Seguro a garrafa de uísque na mão direita e desço devagar, sentindo o peso da noite que Tate não preencheu.

O ar está gelado, mas não sinto. Minha mente está entorpecida. Cada passo em direção à porta da minha casa parece um ato de resistência. Me arrasto até a entrada, o uísque quase escorrega dos meus dedos suados. Tate não veio. Não me deve nada, eu sei disso. Mas o vazio que ela deixou me consome como ácido.

Pela primeira vez na vida queria alguma coisa. Nunca quis nada. Talvez por isso a vida estava me castigando e me negando a única coisa.... A única pessoa que queria.

Suspiro frustrado e resignado.

Eu merecia aquilo. Depois de tudo. Depois de ser um maldito idiota. Depois de jurar que não merecia nada. Eu merecia aquilo.

Imaginar entrar naquela maldita casa e não encontrá-la cantando na cozinha, ou fazendo palavras cruzadas no sofá, talvez queimando alguma coisa no meu fogão e roubando as minhas roupas que ficavam enorme no seu pequeno corpo.

Aquilo iria ser uma tortura.

Fecho os olhos e considero dormir na caminhonete. Aperto com força as pálpebras ao lembrar que lá também não daria certo. Não depois do que fizemos lá.

— Maldição — rosno irritado por não ter para onde fugir.

Paro na frente da porta, tentando enfiar a chave na fechadura. Meus dedos tremem mais do que deveriam. Não por causa do frio. Por dentro, algo vibra, desmorona. Talvez fosse a pouca vontade de entrar. Quando finalmente a chave cai no chão, praguejo baixinho e me ajoelho, sentindo a calçada áspera arranhar minha pele. Volta a tentar. Destravo a velha porta que range.

É aí que ouço.

— Você demorou.

Congelo. Levanto a cabeça devagar, surpreso em voltar a ouvir aquela voz depois de tanto tempo.

Me viro e encontro a mulher morena, dentro de um casaco até a altura dos joelhos, as mãos no bolsos, os cabelos cobrindo os ombros.

Sinceramente não sabia se aquilo era bom ou ruim. Talvez fosse a fuga que precisava. Talvez fosse minha ruína.

— Teresa? — Minha voz sai seca, sem convicção. Ela está ali, parada no meio da rua, envolta na luz pálida do poste. Seus cabelos despenteados caem sobre os ombros, mas é o olhar vazio que me atinge.

Ela sorri, mas o sorriso não chega aos olhos.
Conhecia aqueles olhos. Conhecia aquele sorriso. Lembrava até do cheiro enebriante da sua pele. Teresa não tinha sido a mulher da minha vida, mas tinha feito parte dela.

— Sinto muito, Adam. Nunca quis te machucar.

Me endireito confuso, segurando a garrafa com mais firmeza.

A analiso e não entendo nada. Seus ombros estão rígidos. Seus olhos estavam vermelho.

Mas não consigo encontrar nenhum outro sinal.

— O que está acontecendo? — minha pergunta sai lenta, como se eu precisasse mastigar cada palavra.

— A vida é uma merda. A minha, pelo menos. E você nunca quis saber nada sobre ela. — sua voz quebra no final, e algo em mim estremece.

Um arrependimento bate em mim com aquelas palavras. Nosso acordo era simples: sexo sem intimidade.

Ela não sabia nada de mim ou por mim, eu não perguntava nada a ela. Sim! Eu era... Eu sou um merda.

Me arrependo. Ela é mais um erro que não posso consertar, apenas acumular.

— Teresa, vamos conversar. — tento dar um passo em sua direção, mas ela ergue uma arma.

Tudo congela. O mundo fica em silêncio. Não sei o que fazer. Paraliso. Não estou com medo. Fico alarmado. Espalmo as mãos no ar, tentando controlar a situação.

— Teresa... — o nome sai como um sussurro.

Minha mente entra em alerta, mas meu corpo parece travado. Seguro a garrafa de uísque como se fosse um escudo inútil entre nós.

— Eu fiz um pacto com o diabo, Adam. — sua voz treme junto com a arma em sua mão — E o preço foi minha alma. E a sua vida.

Engulo em seco. Não sei o que fazer. Se correr até ela pode ser um erro incalculável. Se tentar recuar e me esconder atrás da porta, pode ser um trajeto muito longo.

— Você não precisa fazer isso. — minha voz falha no final.

Larguei balas e bombas antes, mas a vulnerabilidade desse momento me desmonta. Não sei o que fazer. O inimigo é diferente. É alguém que conheço.

E eu reconheço o desespero em seus olhos e o vazio de quem estava à beira de um precipício.
E talvez eu tivesse ajudado a empurra-la até ele.

— Tenho que fazer. — ela engole em seco, os olhos brilhando com algo entre arrependimento e determinação. — Já está feito. Desculpa.

De repente, um som estridente explode no ar.

A bala atinge minha perna. A garrafa de uísque escapa das minhas mãos e quebra na calçada, espalhando vidro e álcool pelo chão.

— Cara... Caralho. — cambaleio para trás, minhas mãos buscando apoio na porta que cede e se abre. O sangue escorre quente pela perna, manchando minha calça, e a dor vem como uma onda que toma conta de tudo.

Me arrasto para dentro, tropeçando no batente.

— Teresa! — grito, minha voz ecoando pelo corredor vazio. — Eu posso ajudar você! Podemos resolver isso juntos! Vamos conversar — tento negociar.

Escuto o som da sua bota batucar em minha direção.

— Não tem mais jeito, Adam. — Ouço seus passos cada um mais próximo do que o anterior — Você acha que pode consertar tudo, não é? Como se fosse fácil. Mas o Nigel já resolveu os meus problemas. E o preço foi você. O preço é mandar você para o inferno junto com ele.

Eu a vejo parada ali, a arma apontada para mim como se fosse uma extensão de seu corpo. Tento me erguer, mas minha perna não me obedece.

— Teresa... você não precisa fazer isso. — minha voz sai arranhada, cheia de desespero. — Por favor.

— Já está feito. — ela sussurra.

Olho para a saída da arma. Não é a primeira vez que vejo uma. E como nas outras vezes minha vida não passa diante dos meus olhos. E como nas outras vezes não tenho medo.

Sempre joguei com a vida e agora ela estava jogando comigo.
Eu merecia.

Os olhos de Teresa se enchem de lágrima.

— Eu gostava de você Adam — confessa —
Gostei desde a primeira vez que te vi. Foi uma pena você não ter retribuído. Talvez tudo fosse diferente.

A emoção em sua voz embargada é perceptível.

— Sinto muito.

Ela apenas balança a cabeça, com uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Minha sentença já estava dada.

Outra bala. Meu peito explode em dor. Depois, mais uma. E mais uma.

Caio de costas no chão, a dor me prendendo ali. A visão fica turva, mas consigo vê-la se aproximar. Ela se ajoelha ao meu lado, lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Me desculpa, Adam. — Sua voz é um fio de arrependimento.

Minha respiração falha. O mundo parece se apagar aos poucos, mas a dor continua presente. Caralho. Como doía morrer.

— Teresa... — tento dizer algo, mas as palavras não saem.

Ela se levanta, deixando-me ali no chão. A porta se abre e se fecha com um baque surdo.
E o silêncio toma conta. Meu corpo fica inútil e não responde a nenhuma vontade de se movimentar.

Meus olhos se fecham cansados. Aquilo era fodidamente solitário. Não consigo segurar minhas pálpebras abertas. Mal consigo respirar.

— Adam — um chamado distante parece irreal.

Mas não tenho forças para atender ao chamado.

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