44 | (DI)LEMA
44
(DI)LEMA
TATE
FINAL DO INVERNO
CALIFÓRNIA
— Você está aqui, mas não está de verdade. — A voz da minha mãe corta o som das ondas.
Sair de Bayfield. Ou fugir. Tinha parecido uma boa ideia há duas semanas atrás, mas o que não esperava era que os problemas viriam junto na bagagem.
Ficar com minha mãe era bom. Ser paparicada era bom. Nossas conversas eram boas. Mas nada ofuscava meus pensamentos constantes.
Nem a bela vista da casa à beira mar ajudava.
Parecia um paraíso, mas ainda me sentia presa no inferno.
Desvio o olhar do mar. Recolho minhas pernas na espreguiçadeira de bambu. Noto a loira sorridente com seu vestido floral.
— Mãe...
— Finalmente me notou. — Ela estende uma xícara de chá, insistente. — Toma.
Aceito sem discutir, deixando o calor da cerâmica aquecer minhas mãos geladas.
— Não tem algo mais forte? — pergunto, sem encará-la.
— Café?
— Vinho.
Ela cruza os braços, estreitando os olhos.
— Elizabeth Francis Evans... o que aconteceu com minha filha?
Solto uma risada baixa, cansada, mas não tem humor nela.
— Chá está bom.
Dou um gole curto, tentando encontrar consolo no líquido quente, mas ele não toca a bagunça que está dentro de mim.
Anne senta do meu lado com aquele olhar sério. Como conhecia aquele olhar. Já o tinha presenciado no passado.
— Você acha que me engana? — a voz dela é firme, mas não dura. — Eu sou sua mãe, sabia?
Você nasceu de mim.
— Não estou tentando te enganar.
Ela se inclina para o lado , me encarando como se pudesse enxergar através de mim.
— Ah, não? E essas letras no seu braço? Você não para de tocá-las desde que chegou aqui. O que significam?
Elas já deviam ser apenas o reflexo de uma lembrança na minha pele, mas consciente ou não, não conseguia apagar por completo.
Era como um sussurro na noite que queria ouvir de uma pessoa.
Minha mão vai instintivamente para o pulso, cobrindo o rabisco com a manga do fino casaco de fio.
Acordar e ter aquelas três letras gravadas na minha pele tinha sido a última gota para minha confusão. Aquelas três malditas letras apenas me confundiam mais ainda.
TBM
O que um TBM significava? Eu sabia que era também, mas também a que?
Minha última conversa com Adam ...Minha última discussão com Adam não tinha sido das melhores. Disse tantas coisas, mas me lembrava de cada palavra, como se pudesse ver aquela noite em câmera lenta, até o clarão e os vidros quebrando, depois tudo parecia um borrão incompleto em minha mente.
Não tinha certeza se Adam tinha suplicado para ficar com ele. Não tinha certeza se ele tinha cantado para mim. As lembranças pareciam sonhos e talvez fosse um sonho formado pela minha mente.
Mas acordar e encontrar um pacote de jujubas e três letras no meu pulso tinha criado uma bagunça.
— Não significa nada.
Ela solta um suspiro longo, balançando a cabeça.
Sabia que deveria tê-las lavado da minha pele, mas enquanto não me convencesse do seu real significado, não podia fazer isso. Então as mantive intactas os máximo que pude.
— Nada... claro. Tate, eu já te vi triste antes. Quando terminou com Ian, você parecia uma menina perdida, mas vulnerável. Quando aquele... aquele outro te quebrou, você se perdeu completamente. Mas agora? Agora você está apagada. Como uma vela que nem tenta mais brilhar. E não foi por levar um tiro, porque você está sendo forte o bastante para superar isso.
Engulo em seco, sentindo o nó na garganta apertar.
— Não sei do que você está falando.
— Eu sei sobre você e o Adam.
Me viro para ela, o sangue congelando nas veias. Largo a caneca na banqueta ao lado. Inconscientemente meus dedos correm até a ferida, ainda, não cicatrizada no meu abdômen.
Ainda doía. Era desconfortável. Me deixava vulnerável. E talvez a única pessoa que entendesse o que era passar por aquilo não estava ao meu lado.
Ele não tinha ficado ao meu lado. Eu sabia que ele tinha motivos maiores, Elliot tinha me contado, mas sua ausência não ficava menos insignificante.
— Você... sabe?
— Sei.
— Foi o Elliot que te contou?
Ela ri, mas não há leveza na risada.
— O Elliot? Não. Ele é péssimo para guardar segredos, mas dessa vez, não precisou.
— Então... foi quem?
— Ninguém. Eu sou sua mãe, Tate. Eu vi. Eu vejo você. Seus sumiços em Bayfield. O jeito que ele olhou para você quando entrou no seu quarto no hospital ...
Meu corpo enrijece. Aquelas palavras eram a confirmação de que ele esteve mesmo lá.
— Como ele me olhou?
A curiosidade é eminente.
— Além da culpa que carregava nos ombros — Ela me encara, como se as próximas palavras fossem óbvias — Ele te olhou com uma expressão que não via há anos. Com pura paixão.
Nego com a cabeça. Não quero me perder naquelas palavras que dariam significado as três letras desenhadas no meu pulso.
— E digo mais. Ele ama você.
— Ele me odeia, mãe.
Ela arqueia uma sobrancelha, como se desafiando.
— Então isso no seu braço também significa ódio?
Minha mão instintivamente cobre o pulso de novo, mas não digo nada.
— Ele não é de falar muito, — murmuro, desviando o olhar. — E eu não ando boa em entender silêncios.
— Não é questão de entender, Tate. É de sentir. — ela se aproxima, colocando uma mão suave sobre a minha — O que você sente?
O que eu sinto?
Eu comecei aquela noite odiando aquele ser rabugento. Como eu odiei o fato dele tentar tirar tudo de mim. Eu o odiei com todas as minhas forças. Porém, mesmo sem dizer, Elliot deu a entender que me afastar era uma forma de me proteger.
Aquilo só aumentava a confusão. Não sabia mais o que era real ou não. Todas as palavras dele tinham sido para me afastar? Tudo tinha sido uma mentira? Dizer que nosso relacionamento não significava nada para ele, era mentira? Ou era verdade?
As palavras na minha pele era a verdade?
As palavras da sua boca eram a mentira?
Eu não sabia. E não tinha como saber. Ele não estava lá para confronta-lo. E o pior. O que aumentava a angústia. Eu não sabia se e quando ele iria voltar.
Adam sabia se cuidar, mas não era invencível. Naquela noite que o consolei eu pude perceber toda sua fragilidade. E eu a amei. Amei o fato dele mostrá-la para mim. Talvez fosse ali que meu declínio tivesse começado.
Mas foi naquele dia, em Laguna Valley que nossa data de validade passou a ser ignorada por mim.
— Eu tenho medo, mãe.
Ela espera, paciente, porque sabe que tem mais.
Minha voz sai baixa, quase um sussurro.
— Medo de sofrer. Medo de acreditar em algo que não é real.
Ela aperta minha mão levemente, como um gesto de ancoragem.
— Dessa vez é diferente, mãe. Eu sei que vai doer mais — continuo.
Ela inclina a cabeça, analisando meu rosto com uma expressão que mistura compreensão e teimosia.
— Talvez. — a palavra paira entre nós por um segundo antes que ela continue. — Mas talvez, Tate, isso também signifique que vale mais a pena. E certamente o seu coração sabe mais as respostas para suas dúvidas do que a sua cabeça.
Meu coração pulsa incessantemente que aquelas três letras significavam algo que não podia, nem queria fugir.
Talvez estivesse certa: não tínhamos data de validade.
***
BOSTON
Um mês afastada parecia ter sido uma eternidade, mas, ao voltar para os escritórios da Stay Home, uma energia revigorante tomou conta de mim.
Meus passos ecoavam no corredor até o elevador, e a sensação de estar de volta me dava um alívio inesperado. A ferida estava cicatrizando, o médico dizia que estava no estágio esperado, mas ainda era estranho. Tinha uma cicatriz agora. Uma marca que contava uma história.
Eu sobrevivi a um tiro. Era difícil acreditar, mas ali estava eu.
Não vou mentir, não foi fácil. O trauma, a recuperação... Tudo isso ainda estava fresco em minha mente. Mas agora? Agora, eu estava bem. Ou pelo menos, era isso que eu queria acreditar. Não podia negar, porém, a pequena agonia que se formava dentro de mim quando as portas do elevador começaram a abrir. Meu estômago revirava, um tipo de ansiedade antiga. O primeiro dia de aula. Eu não sabia o que esperar. Eu sabia que tudo poderia ser igual, mas será que seria igual para mim?
Quando o elevador parou, as portas se abriram devagar, e a primeira coisa que ouvi foi um coro de vozes.
— Bem-vinda!
O som encheu o ar, e por um segundo fiquei paralisada. Os balões coloridos eram uma surpresa, e o bolo de chantilly com "Bem Vinda Tate" escrito de forma caprichosa me fez sorrir.
Dei um passo à frente e, antes que eu pudesse processar, braços calorosos me envolveram.
Palavras de boas-vindas, saudades, energias boas, estavam por toda parte. Eu agradecia automaticamente, sem saber quantas vezes, enquanto retribuía os abraços. A sensação era reconfortante, mas ao mesmo tempo, algo em mim ainda se sentia deslocado.
Foi então que eu a vi.
Malori, com seu cabelo loiro e seu porte elegante, apareceu no final da fila. Ela estava com os braços cruzados, observando tudo com uma expressão que misturava seriedade e um toque de curiosidade. O ambiente festivo foi engolido por um silêncio sutil, mas pesado, como se todos soubessem que a presença dela alterava a dinâmica.
Malori não era de abraços, e isso nunca foi segredo. Em vez disso, ela ofereceu um sorriso suave, quase imperceptível. Retribui o sorriso, tentando disfarçar o nó que se formava na minha garganta.
— Senhorita Evans, — ela disse com a voz firme e controlada, como sempre. — Sentimos sua falta.
Senti meu peito apertar. Eu sabia que ela não era de demonstrações, mas precisava ouvir isso. Eu precisava de algum sinal de que meu retorno estava sendo bem-vindo.
— Espero que sim, — respondi, mais ansiosa do que gostaria de admitir.
Perder meu emprego dos sonhos não estava nos meus planos. Eu tinha lutado tanto para chegar ali, e a Stay Home tinha sido a minha maior realização. O sucesso de Hell's Reform tinha sido a porta de entrada para minha carreira, e eu não estava disposta a deixá-la escapar.
Malori não parecia tão afetuosa quanto os outros, mas ela se manteve atenta.
— Podemos conversar na minha sala.
Aqueles simples e curtos seis segundos de silêncio me fizeram perceber o peso das palavras dela. Mas não era o momento de pensar em algo além. Eu estava ali para fazer o que sabia fazer de melhor.
— Claro — eu disse, tentando manter a voz firme, mas não consegui esconder a leveza que eu sentia por dentro.
Entrei atrás dela na sala, e a porta se fechou suavemente atrás de nós.
Malori se sentou em sua cadeira e, enquanto olhava para mim com uma expressão séria, a tensão no ar era palpável. Eu podia sentir meu coração bater mais rápido.
Ela respirou fundo antes de falar, e a pausa prolongada me fez engolir em seco.
— Tate, — ela começou, sua voz firme. — Eu sei o que aconteceu. Mas também sei que você superou. A Stay Home tem muito a agradecer por sua volta.
Eu olhei para ela, sentindo a ansiedade aumentar. O que ela estava tentando dizer?
Ela fez uma pausa, observando minha reação antes de continuar:
— Quero te informar que, o senhor Evans e o senhor Baylor aceitaram renovar para segunda temporada, sem nenhuma outra exigência.
Como!? Ela falou com o Adam? Ele tinha entrado em contato?
Minha cabeça gira.
— Eles aceitaram? — balbucio incrédula
— Aceitaram! Seu irmão me informou há duas semanas atrás.
— Você falou com o Elliot — continuo instigar
— Ele deu a resposta pelos dois.
O alívio com aquela afirmação é imediato. Ela não tinha falado com Adam. Isso era bom. Ou isso era preocupante. Ainda sem nenhuma notícia dele.
— Bom — Malori pigarreia entrelaçando os dedos — Devido ao seu desempenho e dedicação, você vai continuar à frente do Hell' Reform , mas agora como nossa nova Produtora.
O impacto das palavras dela quase me deixou sem fôlego. Eu não consegui evitar o sorriso que surgiu espontaneamente.
— O que? — Pergunto, quase sem acreditar.
Malori acena com a cabeça.
— Você é a pessoa certa para o cargo. Sei que você vai fazer o nosso time brilhar ainda mais.
Aquele momento é um turbilhão de emoções. A gratidão, o alívio, o orgulho... Eu não sabia o que sentir primeiro. Mas, mais do que tudo, eu sabia que, apesar de todos os obstáculos, eu havia conseguido. Eu tinha superado não apenas a dor física, mas também minhas próprias limitações.
— Eu... obrigado, — disse finalmente, com a voz falha. Não conseguia encontrar palavras melhores para expressar o que sentia.
Malori sorriu, mas de uma forma que parecia quase imperceptível. Ela parecia satisfeita com a decisão, mas não tinha muito a acrescentar.
— Agora, vá e mostre a todos do que você é capaz.
Saí da sala dela com o coração disparado, mas dessa vez, com uma sensação de conquistas alcançadas e um futuro promissor à frente.
***
A música alta do bar pulsava no ar como uma segunda pele, mas, para mim, soava como um incômodo distante. Alice sorria ao meu lado, claramente em seu elemento, enquanto eu me sentia completamente deslocada naquela noite. Ela sempre teve essa energia que irradiava para onde quer que fosse, mas hoje à noite eu não conseguia me deixar levar por isso.
— Estou te dizendo, Tate, você vai me agradecer por ter te arrastado pra cá, — ela diz, enquanto segura dois copos de alguma bebida colorida. — Essa é a sua noite, e você não vai passar em branco.
— Eu estava bem passando em branco, — murmurei, tentando me fazer ouvir em meio ao caos ao nosso redor.
Alice revirou os olhos e empurrou o copo em minha direção.
— Isso não é opcional. Além disso, você foi promovida! Produtora, Tate. Isso não é qualquer coisa. É a coisa. Você deveria estar explodindo de felicidade agora.
Eu sabia que ela estava certa. A promoção era tudo pelo que eu tinha trabalhado. Tudo pelo que tinha sacrificado. Mas, de alguma forma, ainda me sentia vazia. Uma parte de mim ainda estava amortecida e distante.
— Eu sei. Obrigada, Alice. De verdade, — respondo, tentando transmitir gratidão genuína. Eu não queria ser ingrata, não depois de tudo o que ela fez por mim nas últimas semanas. — É só que... é muito pra processar.
Ela não parecia satisfeita, mas deu um pequeno sorriso antes de puxar minha mão.
— Tá bom, senhorita Produtora, chega de desculpas. Você merece comemorar. Agora vem! — E, antes que eu pudesse protestar, ela me arrastou para o centro do bar.
O ambiente era caótico, mas de uma maneira vibrante. Pessoas conversavam alto, riam, batiam copos. No fundo, um palco pequeno e mal iluminado abrigava um karaokê. Uma mulher animada estava terminando uma versão sofrível de "Like a Virgin", e o público aplaudia mais pela diversão do que pela performance.
— Me diz que você vai cantar, — Alice diz com os olhos brilhando, apontando para o palco.
— Nem morta.
Não naquela noite. Não estava com vontade. Pela primeira vez queria passar desapercebida.
Ela gargalhou.
— Você está se divertindo, não está? — pergunto, tentando tirar o foco de mim.
— Claro que sim! E você também deveria. — Alice toma um gole longo da bebida, depois balança o dedo para mim. — Olha, vou dizer uma coisa. Eu te conheço melhor do que você mesma. Sei que você está pensando nele.
Senti meu corpo endurecer.
— Quem?
Ela me lançou um olhar exasperado. Seus cenhos dançam em direção ao meu pulso ainda com uma tatuagem opaca de três letras: TBM.
— Você sabe quem.
Eu desvio o olhar, concentrando-me no palco como se fosse a coisa mais interessante do mundo. A próxima música começa, e um homem começa a cantar "Summer of '69". Ele não era ruim, mas minha mente já estava longe.
— Você não precisa falar sobre ele, se não quiser, — Alice continua, sua voz mais suave agora. — Mas, Tate, eu estou aqui para você amiga.
— Eu sei. — Minha resposta foi rápida, cheia de gratidão.
Alice suspira e dá de ombros, decidindo me dar um tempo. Ela vira para o palco, vibrando com a performance do homem, enquanto eu mergulho no meu copo, tentando encontrar alguma paz no fundo dele.
Foi então que a introdução de uma música começou a tocar. Uma melodia que eu conhecia bem demais.
Total Eclipse of the Heart.
Meu corpo inteiro ficou tenso.
No instante em que os primeiros acordes tocaram, tudo volta. A noite do tiro. Adam. Sua voz rouca cantando enquanto suplicava para mim. Ele nunca cantava. Nem sabia que era fã -ou se era fã- de Bonnie Tyler.
Mas naquela noite ele fez tudo que jurou nunca fazer. Me lembrava da sua lista: Não namoro. Não durmo agarradinho. Não dou flores. Não organizo jantares românticos. Não sinto ciúmes.
Parte de mim começava a se questionar se talvez tivesse feito ele quebrar alguma dessas regras por mim.
Ele dançou comigo. Nós dormimos abraçados. Ele me deu jujubas, isso poderia ser melhor que flores. Ele fez o jantar. E bom! Ele não gostava de me ver com o Ian, apesar de dizer que meu lugar era ao lado dele.
Eu fecho os olhos, incapaz de evitar que as lembranças me inundassem. Aquele único sorriso torto, o olhar intenso, a forma como ele me fez sentir especial, como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, exceto por nós dois.
E como talvez o tivesse feito quebrar todas as suas regras.
— Tate?
Abro os olhos, piscando para afastar as emoções que ameaçavam transbordar. Alice me olha com preocupação.
— Eu tô bem, — minto.
Ela não parece convencida, mas não insiste.
No palco, uma mulher canta a música, sua voz emocional, mas trêmula. Eu não conseguia evitar; cada palavra me atingia como uma lâmina.
"There's nothing I can do, a total eclipse of the heart..."
Não podia evitar lembrar daquela noite e o turbilhão de emoções. Eu tinha odiado ele. Eu tinha dito que o amava. Ele tinha cantado para mim. Eu tinha acordado com um também tatuado na minha pele.
Não sabia o que tudo significava. Ou talvez soubesse, mas fazia semanas que buscava evitar pensar. Era difícil não ter ele ali.
Era mais difícil não saber se iria voltar ou como.
Era difícil não me preocupar toda noite, apesar de fingir que não.
— Eu preciso de ar, — murmuro, levantando antes que Alice pudesse me parar.
Atravesso a multidão de pessoas e atravesso a porta de vidro, sendo acolhida pelo ar da noite.
O ar da noite estava frio, cortante, mas era exatamente o que eu precisava. Encosto-me na parede de tijolos do lado de fora do bar, tentando recuperar o fôlego. Meu peito estava apertado, e, pela primeira vez em semanas, me sento à beira do colapso.
Por que ele ainda estava tão presente em mim? Eu sabia que não deveria sentir falta dele. Ele era um caos, um furacão. Mas, ao mesmo tempo, ele era o único que me fazia sentir viva. O único que me entendia. O único que entendia minhas cicatrizes.
Eu não sabia quanto tempo fiquei ali, perdida nos meus próprios pensamentos. Foi só quando senti o celular vibrar no bolso que voltei ao presente.
Peguei o aparelho, esperando que fosse Alice, mas a tela mostrava um número desconhecido.
A mensagem era curta, mas cada palavra era um golpe direto no meu peito:
"Flannigan. Quinta. As 8 horas."
PREPARADOS PARA O FIM?
Agora só falta mais um capítulo e o epílogo. 😢
COMENTEM!
Assim posto logo o capítulo final
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