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41 | (IN)VERDADES

41
(IN)VERDADES
TATE

METADE DO INVERNO

Enfio mais uma colerada de massa de cookie cru na boca. O açúcar não amortece nada. Nem os programas de culinária ajudam a me distrair.

Agradeço por não esbarrar com nenhum programa de reforma. Droga. Tudo o que não queria era lembrar dele.

Tinha evitado até o álcool para não lembrar.

Ajeito meu corpo com as pernas cruzadas no sofá. Não está aconchegante, mas minha cama só serviu para revirar de um lado para o outro.

— Que droga você está fazendo? — a voz sonolenta quebra o silêncio do quase amanhecer.

Passando pelo corredor, encaro a loira com pijama branco com corações vermelhos estampados, coçando os olhos.

— Moro aqui, esqueceu — disparo irritada com a pergunta.

— Epa! Que tanta raiva é essa?

Alice atravessa a sala e joga o corpo no lugar vazio ao meu lado.

— Desculpa! — jogo a colher dentro da vasilha entre minhas pernas — Não quis.

Suspiro frustrada comigo mesmo. Não era culpa da Alice. Não era culpa da programação matutina de merda. Não era culpa da massa de cookie que estava quase no fim.

Voltar para casa no meio da noite tinha parecido uma boa ideia. Tinha. Porque quando cheguei no apartamento não me senti nem um pouco melhor.

— O que aconteceu? — a loira pega minha colher e enfia na boca — Comendo massa cru essa hora da manhã ?

Nem sabia que horas eram, mas ainda devia ser umas seis horas da manhã, porque o Sol não estava muito firme no céu.

— Nada — balbucio.

— Qual é Elizabeth Evans? — seu cotovelo cutuca meu braço — Vai começar a mentir para mim ?

O rosnar de frustração morre dentro da minha boca.

Não queria falar sobre aquilo. Não queria pensar sobre aquilo. Não queria pensar nele. Nem beber tive coragem, porque ou iria acabar lembrando dele ou fazendo alguma besteira.

Não que a massa de biscoito tivesse acalentado a vontade de matá-lo.

Ele tinha sido cruel. Mas, maldição, parte minha queria evitar dar razão para ele.

Será que eu queria mudá-lo? Não conseguia dizer que não com convicção. Não queria que ele fosse diferente. Mas queria que ele se abrisse. Que me deixasse entrar. Será que isso era querer mudá-lo?

— É o Sr. Rabugento, né? — Alice me instiga.

Mordo o interior do meu lábio.

— Ele acabou tudo — sussurro em voz alta aquilo que meus ouvidos não queriam ouvir.

— O que? — a loira quase dá um salto do meu lado — O sei lá de vocês acabou?

Suspiro.

— Acabou — arranco a colher da sua mão e enfio mais massa na minha boca.

Uma tentativa inútil de evitar aquela conversa.

— Ok — a resposta atônita impulsiona seu corpo a ficar em pé — Bom você sabia que uma hora ou outra.

Alice insinua com um dançar dos seus cenhos.

— É! Eu sei! — fecho os olhos e balanço a cabeça — Eu sabia.

O silêncio não me deixa ignorar o olhar instigativo e de compaixão que é lançado em minha direção.

— Você sabia e mesmo assim está sofrendo.

Alice volta a se acomodar ao meu lado, agora virada em minha direção e o braço apoiado no encosto.

— Não quero falar sobre isso — decreto, batendo a vasilha na mesa de centro e ficando em pé.

Não queria ir fundo naquela situação. Não queria saber o que significava. Eu sabia que tínhamos data de validade. Eu sabia. Mas uma pequena parte de mim esperava que ela nunca chegasse.

— Qual é Tate ?

Nego com a cabeça, andando de um lado para o outro.

— Chega! Acabou! Está acabado! — tento botar fim na conversa, deslizando meus pé dentro da meia sobre o piso laminado.

— Uhum.

— Ele foi cruel — as palavras transbordam do meu interior — Acabou! Terminou! — tento imitá-lo vergonhosamente — Simples assim! Fácil! — dou de ombros — Como se eu fosse qualquer uma.

— Como se não significasse nada para ele — a figura amigável incentiva.

— Isso mesmo — jogo a mão espalmada em seu direção — Como se não significasse nada.

Ando de um lado para o outro mais impaciente que o normal. Talvez fosse o açúcar. Talvez fosse a conversa.

— Como se você fosse mais uma !

— Exatamente — concordo agradecida pela compreensão.

— Como se ele não se importasse que você está apaixonada por ele.

— É! Como se eu — paro.

As palavras morrem na minha boca assim que meu cérebro as compreendem.

Paro. Encaro a loira com o cenho arqueado sentada no sofá. Seu olhar me desafia.

— Não — nego firmemente.

— Sim! — ela balança a cabeça afirmativamente.

Droga!

Não! Eu não estava apaixonada por ele. Não podia! Não iria cometer esse erro mais uma vez. Prometi que ninguém mais quebraria o meu coração.

— Eu prometi que jamais ninguém voltaria a me magoar — dou voz aos meus pensamentos.

— Você achou que iria apenas conseguir transar com um cara. Invadir a sua vida. Passar as noites com ele. E não iria sentir nada? — sua testa se franze em um tom irônico.

Mordo o interior do meu lábio. Cruzo meus braços.

— Com você falando assim — a amaldiçoo amargamente — Não! — reluto — Eu não! — volto a andar de um lado para o outro — Não !

— Tate

Aperto os olhos. Paro. Meus ombros murcham exaustos. Eu tinha. Eu tinha me apaixonado. Não podia. Não devia. Depois do Gus prometi que eu mais ninguém entraria. Me achava forte.

— O que eu estava pensando? — balbucio.

Sinto algo quente escorrer pela minha bochecha. Um soluço escapa por entre os meus lábios. E a dor agonizante no meu peito transborda em forma de lágrimas.

— Alice — choramingo.

Mal enxergo os braços abertos da loira sentada no sofá. Me arrasto para o colo que me acolhe apertadamente.

Encolho minhas pernas contra meu corpo. Aperto com força a figura familiar. Choro de raiva. Choro de frustração. Choro de mágoa. Choro pelo que perdi e não sabia que queria.

Eu queria o Adam. Droga. Até aquele momento tinha ignorando, mas eu o queria. Ele tinha razão, uma parte escondida de mim tinha falsas ilusões. Uma parte de mim pensava que aquilo podia nunca acabar. Uma grande parte de mim esperava que ele se apegasse tanto a mim, mas tanto, que me soltar fosse doloroso.

Jamais tinha sentido aquela dor. Com Ian tinha sido uma nova página, um saudades imensurável. Com Guster foi a decepção que tomou conta, juntamente com um certo alívio.

Contudo agora. Com Adam. Parecia que tinha levado uma facada no peito.

Soluço.

Cada centelha do meu corpo doía. Me sentia arrasada. Sentia raiva dele. Sentia raiva de mim.

— Eu fui burra — tento esboçar entre lágrimas — O que eu pensei?

Os dedos de Alice penteia meu cabelo em um gesto carinhoso.

— Você foi humana amiga. Você entrou em um jogo e achou que podia ganhar.

— Eu sabia que ele não queria nada sério — digo me afastando e limpando a água da minha bochecha — Eu não queria nada sério. Eu juro.

— Eu sei — Alice acaricia meu rosto.

Encolhida feito uma criança, deito a minha cabeça em sua perna. Seus dedos voltam a tarefa de acariciar meu cabelo, não era um consolo, porém era reconfortante. Não estava sozinha.

— Ele me magoou. Aquele idiota rabugento. Ele conseguiu.

Alice nada diz. Apenas me acaricia.

***

Voltar para Bayfield após duas semanas não tinha sido uma escolha. Não tinha sido uma escolha que Malori tinha me dado. Era uma ordem. Não podia simplesmente argumentar que não podia fazer o meu serviço porque estava
apaixonada pelo astro do programa.

Ela me mandaria embora.

Parte de mim queria ir embora e não ter o corpo acolhido pela atmosfera da cervejaria completamente destruída, empoeirada e barulhenta.

Aperto os olhos. Foco nos meus objetivos naquela manhã: fazer meu trabalho.

Caminho entre a poeira de gesso. Parte de mim tenta, mas falha. Tento senti-lo. Tento procurá-lo. Minhas narinas buscam seu cheiro.

Nada.

Parte de mim agradece por não encontrar nada. É um pequeno alívio no aperto que me acompanha nas últimas semanas.

Paro um dos funcionários que faz uma pausa no remendo da parede. O esconderijo do meu irmão e o seu sócio é revelado, me poupando alguns minutos de busca. Chego no cômodo do fundo, o que parecia ser um antigo depósito escuro que agora servia como uma espécie de escritório improvisado.

Paro. Escuto a voz do Adam. Escuto a voz do Elliot. Não presto atenção no que conversam. E pela primeira em semanas percebo que não estou pronta para aquele confronto.

Ignorando a vontade gritante de dar meia volta, cruzo a porta. Adam e Elliot estão de costas para mim, debruçados sobre uma mesa cheia de papéis e materiais.

— Bom dia ! — anúncio minha chegada.

Meu irmão abre um sorriso acolhedor, assim como os seus braços, quando me veem. Contudo não é o calor familiar que prende minha atenção, mas não ignoro o homem de camiseta cinza de costas para mim.

Ele me ignora.

Aquilo machuca. Uma parte de mim quer agarra-ló e esmurra-ló com toda a minha fúria. Fazer o que não tinha feito naquela noite. Mas não podia culpá-lo por um erro meu.

Meu erro foi esperar que ele sentisse o mesmo.

— É — pigarreio sem vontade de começar o que vim fazer — Preciso falar com vocês — minha voz não sai tão confiante como queria.

Não ignoro as costas largas em minha frente que se enrijecem. Sei que ele está desconfortável ou irritado. Talvez seja irritação. Chego a conclusão de que está irritado com a minha presença.

— Pode falar irmãzinha — com os braços sobre os meus ombros, Elliot me guia até a mesa.

Adam não me olha. A junção da sua mandíbula pulsa. Seus dedos se fincam contra o tampo de madeira improvisado.

— Bom — limpo minha garganta — Vocês são líder em audiência na Stay Home.

— Sério?— meu irmão se desvencilha de mim incrédulo — Ual! Quem diria que nossa merda de vida poderia ser interessante — Elliot bate no ombro de Adam, que evita me olhar.

— Diante desse sucesso, minha chefe quer renovar com vocês por mais duas temporadas.

Meu anúncio tem como resposta o silêncio entre os dois homens que apenas se olham. Não ignoro o suspirar do Adam. Elliot o encara como se ambos se entendessem com o olhar. Aquilo é irritante. Suas cabeças pendem de um lado para o outro em um gesto que não compreendo. Seus cenhos dançam incompreensivelmente.

— Você sabe — a voz rouca que não queria ouvir se pronuncia.

— Se vocês aceitarem ela sugeriu para expandirmos para cidades vizinhas, quem sabe Boston — disparo a parte que tinha esquecido, ou preferido deixar por último.

Os dois homens se entreolham novamente. Suas expressões não são das melhores. Não tenho esperança. Droga! Eu sabia que seria uma tarefa impossível. Adam aceitou a primeira vez porque precisava, mas agora? Bom! Agora ele queria distância de mim.

Então talvez eu já soubesse a resposta.

— Vocês vão receber por capítulo, ou seja, vão ganhar mais do que por temporada.

Suas expressões mudam. Se suavizam quase em surpresa. O silêncio continua arrancando um suspiro de impaciência dos meus lábios.

— Você sabe — finalmente alguém quebra o silêncio.

E é o Adam.

Mesmo não sendo o que eu esperava. Talvez um NÃO imediato fosse mais lógico. Sabia que teria que argumentar, mesmo não querendo. Não estava com ânimo para enfrentar Adam. Meu emocional estava muito abalado.

— Eu sei — Elliot concorda.

Adam balança a cabeça e gira os calcanhares parando em minha direção. Meu ar some. Seus olhos me alcançam. Meus olhos alcançam os dele. Todo meu corpo queima, não sei se de ódio, não sei se por outro motivo que preferia ignorar.

Um nó se forma em minha garganta. Suas âmbares estão pousadas em mim. Seu peito sobe e desce. Posso toca-lo ou afastá-lo com um esticar de braço. Prefiro dar dois passo para trás como se saísse do seu caminho. Não ignoro o fechar dos seus punhos. Não ignoro seu trincar de dentes, como se me odiasse. Como se sofresse por estar perto de mim.

Quero esmurra-lo. Quero quebrar sua muralha com os meus punhos. Quero dizer o quanto o odeio por ter entrado no meu coração.

Mas não faço.

Nada faço.

Não tenho tempo, porque o idiota se afasta e sai do espaço pequeno.

Suspiro apertando os olhos.

— Ele me odeia — balbucio para mim mesma.

— Não acho que seja isso — Elliot me recorda de que não estou sozinha.

— Elliot — forço um sorriso para o meu irmão — O que vai ser? Isso significa um não ?

O braço acolhedor do meu irmão me acolhe.

— O que acha de jantarmos junto hoje?

— É

Seu cenho arqueia-se junto com seu olhar analítico.

— Você já vai embora?

— Pretendia — revelo me sentindo meio culpada naquele momento.

Seu braço me aperta contra seu corpo.

— Pois não vai mais. Vamos ter uma noite de irmãos. Apenas eu e você — sua cabeça pende para os lados — E uma deliciosa pizza.

***

Enfio um pedaço de pizza de queijo e calabresa na boca. Estava uma delícia. Uma coisa que Bayfield tinha melhor de que Boston era aquela
pizza de massa fininha e exagerada quantidade de molho.

— Quando você disse que era apenas nós dois não levei a sério — revelo com a boca cheia para o homem do outro lado da mesa.

Elliot da de ombros, com um sorriso que deixa sua boca cheia mais fofa.

Não lembrava a última vez que tínhamos estado sozinhos. Talvez na adolescência em algum jantar requentado em casa. Às vezes parecia outra vida.

— Faz tempo que não conversamos.

Suspiro. Limpando meus dedos grudentos no guardanapo de papel ao lado.

— Esse é o seu jeito de me amaciar antes de dar o golpe final? — o cutuco, trazendo o assunto do meu interesse.

Bebo um gole da cerveja quente. Don's estava cheia como sempre. Na maioria crianças que corriam de um lado para o outro. A maioria era família, a minoria grupo de amigos e poucas mesas tinham os casais.

As mesas com toalhas xadrez e os bancos de corino eram nostálgicos, como se aquele lugar tivesse parado no tempo.

— Seria tão cruel assim? — insinua reclinando-se para frente com um olhar inquisitivo e provocador.

Dou de ombros.

— Já fui um irmão cruel? — sua testa franze.

Jogo meu corpo para trás fazendo drama. Pondero com a cabeça, aumentando a tensão do meu irmão.

— Não — sorrio o desarmando.

— Ufa — suspira.

— Então? Qual é a resposta?

Elliot fica tenso. Droga! Já sabia a minha resposta. Não precisava das palavras para ler a tensão do meu irmão ao limpar o excesso de molho no canto do seus lábios. Suas mãos afastam o prato com meia pizza, somente para os seus braços repousarem sobre o tampo.

— Já sei! Não precisa nem dizer — bufo frustrada — O que posso fazer para vocês mudarem de opinião?

— Nós aceitamos — as palavras são calmas.

Calmas demais para processar.

— O que? — disparo supresa.

— Aceitamos renovar o contrato — suas palavras continuam calmas, mas seu rosto parece dizer o contrário — Mas

Posso ver seu pomo de adão se movimentar.

— Mas..? — incentivo impaciente, batendo o pé debaixo da mesa.

Elliot joga seu corpo para trás, penteando seu cabelo arrumadinho com os dedos. Seus lábios se comprimem em uma linha reta.

— Queremos que você não faça da produção para as próximas temporadas — as palavra suaves e calmas não diminuem o impacto.

O queijo e calabresa se reviram no meu estômago.

— O que? — dou voz a minha indignação, chamando a atenção de algumas mesas ao nosso redor, me reclino mais para frente — Como é? — solto algumas oitavas mais baixo que antes.

A expressão de compaixão no rosto do meu irmão não ajuda.

— Por que? — insisto diante do silêncio.

Elliot dá de ombros.

— É melhor assim.

— Para quem? — ele nada responde — Para o Adam? — ranjo os dentes, arriscando o óbvio.

— Para nós dois — suas palavras são calmas.

Ele reclina-se para frente, diminuindo a distância entre nossos rostos, tornando a conversa mais privada.

— Para vocês dois? — repito em um sussurro gritado — Para você também?

Meu irmão suspira com uma expressão amarga.

— Ele me contou sobre vocês — a bomba é soltada.

— Contou o que? — piso em ovos, confusa.

— Sobre vocês dois terem uma relação ou sei lá o que — seus olhos se apertam e sua cabeça balança como se estivesse se esquivando de uma abelha — Eu não quero pensar sobre isso.

— Ele contou?

Elliot se recosta em um balançar de cabeça lento.

— Contou.

Droga ! Aquele idiota estava em uma missão suicida e parecia estar me querendo levar junto.

Me recosto com raiva do Adam. Com raiva do Elliot. Com vergonha do Elliot. Não era de conversar sobre relacionamentos com o meu irmão. Droga! Minha mãe tinha sido a pessoa mais próxima a saber de alguma coisa da minha trágica vida amorosa.

Viro a garrafa de cerveja em um gole. Bato o casco de vidro sobre o tampo de madeira. Precisava de um incentivo para aquela conversa.

— Preciso de algo mais forte — estendo a mão e chamo o rapaz de colete vermelho, uns 10 anos mais novo que eu — Qual a bebida mais forte que vocês tem?

— Éééé— ele gagueja com a caderneta em uma mão e a caneta em outra — Acho que vinho.

— Mais forte — peço.

O rapaz cheio de espinhas começa a ficar vermelho.

— Vou ver no bar — anuncia dando meia volta.

Ignoro o olhar inquisitivo do outro lado da mesa.

— Você está parecendo o Adam agora — observa — Como não percebi isso antes?

Aperto os olhos. Fecho o punho.

— Não diz o nome daquele idiota — rosno — E ainda estou brava com você por querer me tirar do meu programa.

O garçom volta com uma taça na mão e uma garrafa em outra.

— Temos conhaque

Balanço a cabeça mandando servir.

— Vai ter que servir.

A taça é colocada na minha frente e enchida até a metade. Bato com o dedo na borda de vidro.

— Até a boca — ordeno.

O rapaz busca refúgio no meu irmão. Que apenas balança a cabeça em um sinal claro para me obedecer. Antes que a criança possa se afastar, viro um gole da bebida que desce queimando.

Faço careta.

Nunca tinha bebido conhaque. Aquilo era horrível. Porém forte o suficiente para servir.

— Já acabou — disparo quebrando o silêncio. Elliot me lança um olhar confuso — Eu e o Adam. Já acabou.

Finalmente me sinto melhor para ter aquela conversa.

— Eu sei — revela, agarrando uma calabresa da pizza esquecida em seu prato e enfiando na boca.

— Claro que sabe — reviro os olhos.

Afinal aquele idiota estava indo ladeira abaixo e me arrastando. Tenho medo de perguntar o que mais ele sabe.

— Você e o Adam — a cara de nojo não ajuda.

— Ele é o seu amigo.

— Exatamente! Por ser, que eu conheço.

— Ele pode ser seu amigo, mas não pode ser o meu tipo?

— Irmãos esperam alguém mais como um príncipe para as irmãs — revela — Não alguém que detesta relacionamentos.

Solto uma risada sem humor.

— E qual deveria ser o meu tipo?

Ele dá de ombros.

— Alguém como o Ian.

Curvo meus lábios para baixo, antes de virar mais um gole da bebida quente.

— Lamento — pigarreio enquanto termino de engolir — Aconteceu.

Elliot volta a se reclinar para frente. Deslizando seus braços sobre a toalha xadrez.

— Por isso é melhor você ficar longe — diz contrariado.

— Por causa da minha não relação com ele?

Elliot balança a cabeça comprimindo os lábios.

— Tate. É melhor assim para vocês dois

— Eu não vou abrir mão do meu programa por causa do que vocês acham ou não melhor para mim — esbravejo voltando a ficar irritada com o meu irmão.

Eu tinha lutado por aquele programa com unhas e dentes. Eu tinha enfrentado o Adam para que aquele programa acontecesse. Não iria agora abrir mão só porque meu irmão me queria ver longe do seu amigo. E seu amigo me queria ver longe dele.

Elliot se recosta e dá de ombros

— Então não vai ter próximas temporadas.

***

Me despeço do meu irmão com fúria. Ignoro suas palavras de que não deveria dirigir. Disse que estava com raiva demais dele para ficar perto naquele momento.

Juro! A como eu juro! Eu tentei com todas as minhas forças pegar a estrada para Boston, até minha cama, até a segurança do meu lar, até a segurança dos braços de Alice. Porém algo me impediu.

Minha fúria me impediu.

Estava com tanta raiva do Elliot. Queria matá-lo. Ele estava arruinando minha carreira por achar que era melhor ficar longe daquele idiota.

Mas minha fúria era maior contra aquele idiota. Quem ele pensava que era? Me largou. Contou tudo para o meu irmão. Quer me afastar do meu projeto. Me fez me apaixonar. Partiu meu coração de inimagináveis formas.

Sério! Quando terminei com Ian a nostalgia tinha ficado junto com um carinho eterno. Com Guster tinha sido um alívio, uma libertação cheia de traumas. E agora? Agora com aquele ser rabugento. Me sentia arrasada e sem forças, mas com um fúria que não me deixava render a nenhum outro sentimento.

Invado o grande espaço que estive mais cedo. Não tinha poeira, nem tantas pessoas. Na verdade estava vazio. Apenas um cheiro forte de massa. Sabia onde ele estaria. Mesmo não querendo ouvi quando Adam avisou Elliot que iria instalar o piso à noite.

Não demoro muito para encontrar a figura masculina de joelhos sobre o piso, encaixando delicadamente uma lajota no meio de outras duas.

Suas âmbares correm até mim como um felino pressentindo o perigo.

— Tate — ignoro sua voz, apenas leio seus lábios.

— Seu idiota — disparo.

Minha mão agarra uma lajota dentro da caixa ao meu lado e atiro em direção do homem abaixado, que desvia com facilidade, aumentando a minha fúria.

— Ficou maluca — ele fica em pé com as mãos no ar.

— O que você pensa que está fazendo? — atiro outra lajota em sua direção, que se espatifa no chão.

Ele pula para o lado.

— O que você pensa que está fazendo?

— Estou me vingando

— Por que?

— Porque você é um idiota que contou sobre nós para o meu irmão. Pediu para eu deixar meu programa. Me largou como se eu não fosse nada. Como se o que vivemos não significasse nada.

Meu peito sobe e desce sob a blusa de lã. Aperto os olhos brevemente, amaldiçoando a última parte do meu discurso.

Adam apenas me olha. Ele apenas me olha sem dizer uma palavra. Seu queixo fica rígido.

— Por que você me odeia tanto? — meu tom é mais amargurado do que o esperado.

Ofego. Ignoro meus olhos que queimam.

Nada. Ele não diz nada. Apenas me olha em total silêncio e calma. Nem compaixão tem em seus olhos.

Marcho em sua direção.

— Responde ! — ordeno empurrando seu ombro.

Seu corpo permanece imóvel. Assim como seus olhos que apenas acompanham minha mão. O empurro de novo.

— Anda! Responde! Por que você me odeia tanto? — sinto uma lágrima de fúria escorrer pelo meu rosto.

Seco a lágrima fujona com os dedos.

Minhas lágrimas não são por sofrer por ele me odiar. Minhas lágrimas são de fúria por ter me apaixonado por ele.

Seus punhos se fecham ao lado do corpo, como de manhã. Seu queixo se enrijece ainda mais.

— Por que você me confunde? Um dia me pede para ficar do seu lado. No outro dia está ao meu lado quando acho que vou cair. Me dá a chave da sua casa. Me faz me sentir viva de volta. Me faz me apaixonar — jogo as mãos para o ar — Para depois me odiar tanto assim e querer tirar tudo de mim.

Ele me encara. Eu o encaro. Seu peito sobre e desce perceptivelmente. Meu peito queima ao subir e descer. Sinto uma lágrima de raiva, fujona, escorrer pela minha bochecha.

— Eu não te odeio — as coisas palavras são quase um sussurro.

Aquelas âmbares me encaram. Apenas me encaram. Não consigo ler suas emoções. Não consigo ler seus sentimentos. Pela primeira vez não sei o que ele está pensando. Estava tudo uma confusão.

— Não é o que parece — finalmente consigo quebrar o silêncio, antes de engolir o nó na minha garganta e olhar para cima, preciso fugir de suas âmbares — Eu não sei o que eu fiz de errado para merecer tanto desprezo. Você me magoou. Você está me magoando. Achei que jamais fosse me magoar assim de volta. Me achava imune a tudo. Afinal depois de tantas feridas. Depois de conhecer o inferno. O que de pior poderia acontecer? — volto a encarar seus punhos estão cerrados — Sabe o que de pior poderia acontecer na minha vida?

— O que?

— Você! Você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Sabe porque?

Sua mandíbula está tensa. O ódio está presente em todo o seu corpo. O ódio está em seus olhos que se escurecem.

— Por que?

Agradeço quando ele finalmente pergunta. Não queria guardar tudo aquilo para mim. Estava me afogando em tantos sentimentos confusos. Estava me afogando a ponto de sentir que não podia mais.

— Porque! Porque você quebrou as minhas muralhas. Você me fez sentir viva de volta. Com você não me senti mais sozinha. Achei que tinha encontrado alguém que me entendia. Alguém que eu podia entender. Saber o que esperar. E acredite eu nunca quis nada de você. Absolutamente nada. Eu queria você como era: bruto, insensível, cheio de segredos, com suas regras de relacionamento e com aquele mau humor irritante. Eu quis você assim — soluço. Mordo o interior dos meus lábios. Sugo o ar ao tentar nadar para a superfície — Eu me apaixonei por você assim — Adam dá um passo para trás como se acabasse de dar um soco em seu rosto — Eu amei você assim — seus olhos se apertam como se não quisessem ouvir aquilo.

Balanço a cabeça mais magoada do que quando comecei aquele discurso. É a minha vez de apertar as pálpebras e cerrar o punho. Não sentia ódio do Adam. Sentia ódio de mim. Odiava cada centelha do meu corpo impregnada por aquele sentimento que agora me causava tanta dor.

Giro os calcanhares. Limpo minha bochecha molhada. Sugo o ar pela última vez. Me sentia mais leve, apesar do peso em meu peito.

Caminho em direção da porta que parece tão distante.

— Sunshine

Fecho os olhos ao me deter. Ouvi-lo me chamar assim dói mais do que podia prever.

Não consigo compreender a palavra seguinte. Não sei se tem mais alguma palavra. O espaço é invadido por estampidos ensurdecedores. Um clarão toma conta, enquanto as paredes de vidro desmoronam em cacos.

Fico imóvel. Entro em pânico. Não sei como agir. Meus pés não conseguem correr. Mal entendo o que está acontecendo.

É tudo tão rápido.

Apenas sinto meu corpo ser jogado no chão. O peso de uma pilha de músculos me mantém colada contra o cimento. Só consigo levar as mãos para cabeça.

E a noite vira dia. O silêncio vira estampidos. Como vários foguetes sendo soltados de uma só vez. Fecho os olhos.

— Eu estou aqui — aquela voz familiar sussurra contra a minha orelha.

Mesmo em pânico e confusa eu acredito naquelas palavras

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