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17 | NÃO ME QUEBRE

17
     NÃO ME QUEBRE
ADAM

4 MESES ANTES
O DIA QUE TUDO RUIU
METADE DO OUTONO EM BAYFIELD

Cacete

Jim já tinha achado meu pai. Ótimo? Não. As escapadelas de Tomás Baylor não eram novidades e nunca resultavam em algo bom. Normalmente fodia com a vida de alguém. Ou envolvia dívidas e mais dívidas, ou ameaças. Um ciclo que volta. Volta. E voltava.

Aperto o maldito volante entre os meus dedos. O pé afunda no acelerador. O motor desgraçado não corre.

Quero beber. Sinto ânsia de vontade de beber. Preciso esmurrar algo. Detesto cada sensação de culpa que fazem os meus dentes rangerem.

É recordo que é apenas mais um dia na minha merda de vida que parece não ter fim.

Sinto raiva. Sinto culpa. Sinto ódio. Sinto rancor. Sinto tantas coisas que um dos meus punhos se fecha longe do volante. Minha mão cerrada treme de ódio. Soco o teto da velha caminhonete.

— Caralho

Soco.

Soco toda a minha fúria.

— Caralho.

Soco.

Soco toda a minha frustração.

— Caralho

Soco.

Soco toda a maldita culpa que agoniza meu interior.

Soco.

Os sons dos socos ecoam pelo ambiente silencioso em movimento.

— Maldição — rosno entre os dentes.

Ofego.

Paro de socar e volto a agarrar o maldito volante. O alívio não vem. O alívio some quando me recordo que não estou sozinho e sendo assistido pelo par de olhos cor de mel. Meus lábios tremem minha fúria.

E a confusão só aumenta. Evito encara-la. Evito olhar para a garota em silêncio ao meu lado, não precisava encontrar medo, repulsa ou compaixão em seus olhos. Não. Não queria aquilo estampado naqueles olhos cheios de vida. Naqueles olhos que atormentavam a minha mente nos últimos dias.

Minha irritação aumenta com aquele maldito sentimento de importância. Não queria me importar. Não devia me importar com a sua presença. Não queria me importar a ponto de já não a ter jogado para fora da caminhonete.

Uma parte fodidamente estranha queria que Sunshine assistisse minha vida fodida, que se assustasse e fugisse. Outra parte – essa desconhecida – precisava da sua permanência como uma âncora que não me deixaria afundar. Era como em meus pesadelos, em que ela aparecia pergunta se eu estava bem e me arrancava do inferno.

Entro na rua da casa do meu pai. De longe posso ver mais uma cena típica da minha vida: o velhote sendo arrastado.

Mal desligo o motor ao me deparar com o meu tio arrastando meu pai completamente bêbado em direção a porta.

Bufo. Bato a porta com força e disparo em direção aos dois homens. Não digo nada, apenas agarro o braço do mais velho e passo sobre o meu ombro. Não consigo ignoro o roxo na lateral do rosto e a boca ferida. Ranjo os dentes. Meu sague ferve.

Lá estava o ciclo dando voltas: Tomás Baylor, bêbado em algum beco após perder os últimos centavos do seu dinheiro e gotas da sua dignidade.

Os olhos perdidos do homem com as roupas amarrotadas, sujas e cheirando uma mistura deprimente de lixo com álcool, encontram os meus. Seu rosto se fecha em repulsa.

— Me solta moleque — sua língua enrolada rosna com raiva.

O velhote tenta puxar seu braço, sem sucesso, porque seu equilíbrio era fodidamente péssimo. Tomás resmunga durante todo o caminho, tentando me afastar. Tate abre a porta, o que não torna a tarefa mais simples.

—  Me solta moleque — o velho bêbado resmunga.

—  Eu estou ajudando —  digo entre dentes.

Ganho um olhar do meu tio que pedia calma, sabendo que nós dois éramos uma granada sem pino. 

— Agora você quer ajudar? — a língua enrolada e cheia de deboche do meu pai solta, ao me encarar bem — Quando precisei você não quis, seu ingrato — novamente puxa seu braço com força — Então me solta.

Tomás consegue se soltar, fazendo o corpo enorme de Jim cambalear alguns passos com o excesso de peso inesperado. Bufo. Assisto a ridícula cena do velhote teimoso.

— Droga, Tomás — o homem com uniforme de polícia resmunga.

— Tira esse moleque daqui.

— Deixa que eu ajudo — a figura pequena da garota de cabelos presos em um rabo passa por mim.

Bufo.

Tate assume o meu lugar sem tremer, sustentando parte do corpo do homem que sorri quando a vê.

— Pequena Evans — a simpatia brota em seus lábios.

— Tomás — ela devolve o comprimento.

— Fiquei pensando quando você voltaria.

Esfrego a mão na cabeça, tentando engolir a irritação e frustração que não somem. Jim e Tate arrastam meu pai para o quarto. Em silêncio, os sigo. O corpo do homem bêbado machucado é jogado sobre a cama de casal que range, no centro do velho quarto cor de creme.

— Eu estava ganhando sabe — o velhote conta sua lorota para a jovem que o ajuda — E isso incomoda algumas pessoas.

— Acontece, logo você estará melhor — a jovem sorridente pisca para o homem deitado.

— Preciso da caixa de curativos, pega para mim? — Jim pede para Tate.

Fico afastado.         

Meu tio tira as suas botas. Tate parece estar no banheiro em busca da caixa de primeiros socorros.

— Está embaixo da pia — o homem alto que acomoda o velhote, grita — É uma caixa vermelha.

Paro na porta. Não ouso invadir o ambiente. Era capaz de terminar o serviço que outros tinham começado naquele homem.

— Isso tudo é culpa sua — mas minha presença parece ser notada, e os olhos claros do meu tio, lançados em minha direção só aumentam a minha certeza — Se não fosse tão egoísta — resmunga com a língua enrolada e os olhos semicerrados — Sempre um pirralho egoísta. Vai embora daqui.

— Tommy — a repreensão do meu tio é imediata ao acomodar as almofadas.

Sinto os olhos cor de mel queimarem em minha direção ao saírem do banheiro e ouvirem a última frase. Ranjo os dentes.

— É verdade. Sempre arruinando os meus sonhos. Um ingrato.

— Tomás — Jim volta a repreende-lo.

— Deixa ele falar o que sente — peço, nem um pouco surpreso.

— Vai embora — meu pai grita mais uma vez.

Balanço a cabeça, aceitando aquelas palavras nada novas.

Tate se aproxima da cama em silêncio. Evito seu olhar. Não sei o que ela faz em seguida, dou as costas para aquela cena e para o velhote. Engulo toda a minha raiva e frustração e saio andando pelo estreito corredor. Ele não me queria ali.

Tomás Baylor só queria o filho capaz de gera dinheiro. O garoto obediente e cego. Um pequeno cofrinho para as suas necessidades. Era o que eu sempre tinha sido. Sinto meus olhos arderem de fúria.

— Adam — ignoro o chamado do meu tio.

Seus passos me seguem até a porta. Sua mão agarra meu bíceps virando o meu corpo. Encontro seus olhos cheios de conforto.

— Ele não sabe o que está falando — o homem tenta justificar o irmão.

Balanço a cabeça, acostumado com aquela desculpa que vinha sempre de terceiros.

Bufo.

— Ele sabe — rosno.

— Adam — insiste.

Solto meu braço dos dedos de Jim.

— Não, tio — suspiro — Eu vou ficar longe, como ele quer. Só cuida dele — ainda não conseguia deixa-lo se afundar — E leva a Tate para casa, por favor.

Os olhos claros do policial diante de mim me olham contrariados, mas sua cabeça balança em afirmação ao meu pedido. Finalmente passo pela porta, sendo absorvido pela brisa gélida que não alivia minhas emoções. Olho ao redor. Sem rumo. Marcho até a velha Ford 100. Bato a porta e ligo o motor, cedendo a necessidade de me afastar daquela casa e daquelas palavras.

Envolvo com força o stick entre os meus dedos e acerto o puck que chacoalha a rede a metros de distância. Minha fúria não é arremessada junto com o disco. Agarro a garrafa de uísque – ainda cheia – esquecida sobre o gelo.

Bebo. O gosto não afoga meus demônios, nem apagam as palavras do meu pai.

— Foda-se — rosno, abandonado a garrafa sobre o gelo do rinque do ginásio dos Angels.

Meu refúgio.

Bufo.

Aperto os dentes.

Acerto mais um disco em direção a rede. Acerto com força. Acerto outro. E outro. E outro. E outro disco de uma fileira de dez discos. Mando o último disco para o fundo da rede. Meus braços não estão exaustos. Bufo. Arrumo uma nova fileira.

Bebo.

O gelo do ambiente mantem minha mente menos sombria. Queria odiar Tomás Baylor com todas as minhas forças. Queria não me importar. Queria poder virar as costas e nunca mais olhar para trás. Queria ser forte o bastante para ser um filho da mãe egoísta, como ele me acusava.

E falhava feito um idiota miserável.

Me importava. Me culpava. A doutora Chata Fode me diria algo do tipo: você não tem culpa pelo que não pode mudar.

Podia ouvia-la dizendo aquelas palavras. Agarro a carteira de cigarro amassada no meu bolso de trás. Enfio o papelote na boca e queimo sua ponta, deixando a nicotina invadir meu corpo. Meus dedos envolvem o taco com força.

Aquelas palavras de nada me serviam. Estavam na minha mente, mas não na merda da minha corrente sanguínea que vibrava ódio e culpa.

Lanço um disco.

Sopro a fumaça por uma das laterais dos lábios, seguro o cigarro com a outra lateral.

Lanço outro disco.

Tento não pensar.

Acerto outro puck.

Limpo a mente. Fumo.

Balanço a rede com força outra vez.

Tudo continua confuso.

Lanço outro disco.

Alguém me observa detrás da proteção de acrílico. Eu sei. Eu não vejo, apenas sinto. Eu conheço aquela maldita sensação. Era a sensação única que um par de olhos cor de mel inquietava meu corpo. Não me sinto mais confortável, mas o desconforto não chega. Quero gritar porque caralhos ela está ali.

Mas, não o faço.

Ela está lá em silêncio. Um silêncio confortante. Quase como uma maldita projeção da minha mente doentia que não parava de pensar em seu aroma floral, seu cabelo sedoso ou seu sorriso nos últimos dias.

Lanço outro puck para o fundo da rede, junto com todas as emoções.

Provavelmente eu deveria manda-la embora. Mas uma parte doentia de mim a queria ali, como uma âncora. Aquilo era assustador. Ela me assustava. Ela me desarmava.

Suspiro, irritado com o que estou prestes a fazer.

— Larguei o hóquei por culpa dele — murmuro sem fita-la, não queria encontrar aqueles olhos cristalinos capazes de mostrar meu monstruoso reflexo — Ele estava devendo para um apostador — não tenho certeza porque começo a contar aquilo.

Tiro o cigarro dos meus lábios e o afundo dentro da tampa do uísque, levo a garrafa a boca. Talvez fosse um erro colocar aquilo para fora, mas era capaz de me abrir com aquela pirralha. Era fofidamente estranho. Mas era o que era. E se tudo fosse merda demais, preferia que ela soubesse para sair correndo, antes que fosse tarde demais.

Abandono a garrafa sobre o gelo. Seguro o taco entre as mãos, apenas o balançando feito um pêndulo, sem objetivo qualquer. Foco no hipnotizante balançar.

— E para pagar a dívida eu teria que entregar o jogo — concluo amargamente aquela lembrança do meu maldito passado.

Um ódio enterrado dentro de mim.

Ainda podia ouvir as súplicas do meu velho implorando que entregasse o jogo. Que fingisse uma contusão – nada grave, para não estragar o meu futuro – e a dívida seria paga. Eu já tinha duas propostas para jogar por universidades. Eu optei por não jogar naquela noite.

Ele não tinha o direito de me pedir aquilo. Não tinha o direito de me usar para apostas esportivas. Eu era apenas um objeto.

Bato com força em mais um puck. Lanço junto todas aquelas lembranças que ainda doem.

— Eles perderam — a voz feminina recorda.

E tenho certeza que a sensação da sua presença não é algo da minha cabeça, mais real. Rio com aquela observação. Gargalho balançando a cabeça diante da ironia do sádico destino.

— Nessas horas o filho da mãe é sortudo pra caralho — disparo junto com as palavras mais um disco — E não foi graças a mim, porque naquela noite bebi até cai e me alistei na marinha na manhã seguinte.

— Eu sinto muito, Adam — aquelas palavras dissolvem o meu não humor.

Curvo os lábios, sem encara-la. Não queria pena por ter um pai viciado e uma vida de merda. Sopro o ar para fora. Olho para a armação com rede na minha frente. A rede não balança. Finalmente a exaustão chega. Largo o stick sobre o rinque.

Ergo a cabeça. Encontro a jovem de cabelos castanhos soltos, dentro de uma camisa amarela larga, com os olhos em minha direção. Não queria mais ela ali, mas não tinha forças para manda-la embora. Sem escolha agarro a garrafa de uísque ainda cheia e patino em sua direção, raspando o gelo sonoramente, toco o cimento com as lâminas afiadas.

Os olhos de mel param em mim. Não a olho. Não quero olha-la e me ver o meu reflexo.

— Não sinta, Sunshine — murmuro secamente — Esse é o preço por viver no inferno.

Marcho até as grandes portas duplas que davam para o vestiário, as empurro com força. O baque seco do seu fechar não vem, trazendo a certeza de que estava sendo seguido pela pirralha intrometida.

Suspiro meu cansaço, irritação e frustração

— Você não deveria ter vindo atrás de mim — rosno — Vai embora, Sunshine.

Caminho até o banco de madeira, em frente a armários azuis que preenchiam a maioria das paredes. Bato a garrafa ao meu lado. Desfaço com um puxão o nó do cadarço.

— Não vou te deixar sozinho — a voz familiar decreta.

Bufo. Arranco os patins dos pés.

— Por que?

— Você não está bem

Rio sem humor. Eu nunca estava bem, então aquela desculpa parecia cheia de ironia para os meus ouvidos.

— Eu estou ótimo — ironizo, balançando meu velho amigo Jack no ar — Bem acompanhado, pode ir.

Ela continua parada a poucos passos de mim, mas não o suficiente para toca-la. E caralho, como eu queria toca-la. Queria toca-la com a mesma intensidade que precisava que ela fosse embora. Seu aroma naquele ambiente pequeno estava me impregnando. E mesmo não me importando com a sua presença mais cedo, não queria que ela assistisse o monstro que estava prestes a me tornar. Como a muito tempo não fazia, queria beber até cair. 

— Você não precisa passar por tudo sozinho.

Afundo meu rosto entre as minhas mãos. Esfrego meu cabelo.

— Não preciso? — sussurro o sarcasmo — Não?

Fico em pé. A pequena garota se torna menor ainda diante dos meus olhos, mas seu queixo empina-se não vacilando em sustentar a sua afirmação. Gostaria de ver o mundo pelos olhos dela. Gostaria de saber pelo que ela tinha realmente passado e achado que tinha superado. Talvez a terapeuta dela fosse mais maluca que a minha.

— Eu estou sozinho desde que me lembro — dou voz a rancorosa verdade — Eu entrei no inferno sozinho. Cacete. Eu saí do inferno sozinho. Eu seguro a barra de um pai viciado sozinho. Eu sou sozinho.

Sunshine engole a saliva ao receber a amarga verdade. Não vejo pena crua em seus olhos, mas um pesar que me atinge e traz o arrependimento por confessar aquilo em voz alta. De uma forma estranha e assustadora ela me entende.

Sopro o ar para fora. Meu estômago se embrulha diante dos seus olhos.

— Me deixa sozinho, Sunshine — aponto em direção a porta — O velhote tem razão, eu sou um merda egoísta. Eu não sou bom.

A pirralha não se move.

— Você está errado — dispara firmemente — Ele está errado.

Ofego. Fecho meu punho. Fecho os olhos.

— Vai embora — suplico.

Meu sangue ferve. A veia no meu pescoço pulsa compulsivamente. E tudo que eu quero é destruir tudo e me destruir junto. Aperto os olhos com força. Dedos finos e suaves deslizam por minha barba. Aperto meus olhos. Eu não tinha percebido era se aproximar, mas não conseguia ignorar mais o calor do seu corpo. Seu toque me quebra, arrancando o ar dos meus pulmões. Ofego.

— Por favor, não faz isso.

Sinto que posso fraquejar. O seu toque é como um soco em tudo que tentava erguer para me esconder. Odiava a sua ousadia. Odiava sua falta de medo. Odiava como me sentia com o seu toque.

— Olha para mim, Adam.

Nego com a cabeça.

— Para

Ofego. A raiva começa a perder sentido. A fúria se dilui em algo diferente, uma fome nova que alimenta meu peito. Cacete. Eu queria olha-la.

— Eu não vou a lugar algum — seus dedos inclinam meu pescoço para frente.

— Eu sou destrutivo

— Você é um idiota, babaca e rabugento.

Aquelas palavras arrancam um suspiro humorado dos meus lábios, me quebrando de diversas formas. Abro os olhos. E o que encontro é como um soco no estômago. Meu punho se abre. E os olhos cor de mel me recebem com uma ternura assustadora. Aquela garota me assustava.

— Tate — seu nome vibra na minha língua.

Ofego. A necessidade primitiva de algo diferente de fúria aumenta em meu interior.

— O que?

— Você deveria ir

Como um lobo mau à espreita da Chapeuzinho dou a chance dela fugir. Preciso que ela fuja. Preciso que ela saiba que estou prestes a todos os limites que deveria manter entre nós. Tento resumir naquela frase tudo. Seus malditos lábios pálidos curvam-se gentis e atrativos.

Eu me perco.

— Eu estou onde quero estar — ela decreta seu destino.

Seus lábios se entreabrem em um convite que me cega. Um sopro de vida que me convida a afastar a minha escuridão. Uma tentação irresistível.

— Por favor, Tate — suplico sem forças.

— Eu não vou te deixar sozinho. Você não precisa passar por mais isso sozinho, Adam.

— Você não entend[...]

— Eu entendo — ela me interrompe — E ficar sozinho faz mal.

— Você

Ofego com os olhos fixos em seus lábios. Eu estava completamente perdido naquele toque e naquela boca que não parava de tagarelar.

— Tate — suspiro uma última vez.

Minhas mãos agarram aquele pequeno rosto. Sem uma palavra tomo seus lábios. Minha língua invade a sua boca. Sinto seu corpo surpreso, que não recua. Não consigo parar. Sou rude. Sou faminto. Ela finalmente retribui. Sua língua movimenta-se com timidez. Cacete. Eu me perco. Aquilo é demais. Seu sabor doce, vivo e gentil me quebra.

Sinto que posso enfiar toda a minha dor em sua boca. Sinto que posso engolir toda a sua dor. Me sinto perdido.

Suas unhas fincam-se em meus ombros. Sua língua sincroniza com a minha em uma dança agonizante. Tudo se quebra dentro de mim. Quanto mais quero, mais quero me afastar. Não sou gentil. Não consigo me controlar.

Ofego.

Arranco meus lábios daquela maldita boca viciante. Respiro. Encaro seus lábios vermelhos e ofegante. Suas bochechas rosadas contrastam com seus olhos negros.

— Tate — quase gemo seu nome.

Me sinto zonzo. Suas mãos deslizam pelo meu pescoço, sem nenhuma palavra, sua pele toca a minha, ascendendo a necessidade daquele toque em todas as partes do meu corpo. Seus olhos cor de mel focam nos meus em silêncio. Pela primeira vez sua língua tagarela não diz nada. Seu lábio inferior roça no meu, me fazendo engolir os pedidos de desculpas.

Eu me perco. Eu não penso.

Agarro suas coxas erguendo seu pequeno corpo no ar. Seu nariz roça no meu. Seus braços agarram o meu pescoço. Sua boca solta lufadas de ar que engulo com prazer. Em passadas largas bato suas costas contra os armários de metal, arrancando um gemido que vibra contra a minha boca. Olho os seus olhos. Olho sua boca vermelha, inchada e aberta. Suas pernas apertam-se contra o meu corpo. Sua testa cola na minha.

— Tate — dou voz ao membro duro dentro da minha calça.

Seus olhos cor de mel me encaram perdidos em um desejo que entendia. E sem dizer nada são os seus lábios famintos que tomam o meu. A pirralha dita o ritmo faminto, mas lento. Pressiono seu corpo entre o meu e o armário. Ela geme dentro de minha boca. Eu devolvo o gemido. E pela primeira me sinto vivo. A porra daqueles lábios me fazem sentir vivo. É agonizante e viciante ao mesmo tempo aquela sensação. Preciso que ela pare, mas não quero.

Seus dedos sobem, abrindo caminho no meu couro cabeludo. A minha mão sobe na lateral do seu corpo, levando junto o tecido leve e permitindo que meus dedos tocassem sua pele. Caralho. Como sua pele era macia, suave e fresca. Deslizo por suas costas. Ela geme. Seus lábios são exigentes. Seus dentes mordem o meu lábio inferior.

Gemo.

Meus dedos tocam o seu sutiã. Enfio os dedos por debaixo do tecido, acariciando a lateral da base do seu seio. Seu corpo treme e suas pernas se fecha contra o meu corpo. Seu quadril movimenta-se para frente, em um roçar cheio de necessidade.

Eu entendo aquela necessidade. Eu quero senti-la em todo lugar. É algo urgente.

— Baylor — um chamado distante invade nosso momento — Baylor? É você garoto?

Arranco meus lábios dos vermelhos famintos. Seus olhos me olham confusos.

— Adam? — reconheço aquele chamado.

— Porra — rosno ofegante.

Era Hank.

Os lábios vermelhos diante de mim ameaçam se movimentarem. Em um movimento brusco abandono o toque da sua pele e tapo a sua boca. Seus olhos abandonam o desejo para a surpresa.

— Sou eu Capitão — grito — Estou tomando um banho — minto, sabendo que aquilo o deteria.

Mesmo assim não tiro os olhos da porta ao nosso lado.

— Que bom que é você garoto — o homem grita do outro lado da porta — Queria conversar.

Os olhos cor de mel agora me encaram raivosos.

— Vou me vestir e já vou — grito.

— Estou esperando com pizza e cerveja.

Finalmente escuto os passos do Capitão Hank se arrastarem pelo corredor silencioso. Tombo minha cabeça no ombro a minha frente. Tiro a mão da boca da Tate. Minha cabeça gira perdida com o que acaba de acontecer. A respiração ofegante na minha orelha não ajuda. Nem a caricia em meu cabelo. Seu toque é suave e aconchegante. Quero ficar ali.

— Tate — ergo a cabeça, encontrando um olhar cheio de algo que não consigo decifrar.

— Adam — murmura.

Para minha surpresa seus lábios voltam a roçar nos meus. Suave, como se também temesse se perder.

— Tate

— Shi — ela sopra contra a minha boca.

Sua mão tapa a minha boca.

— Não ouse, sr. Rabugento — suas palavras ainda estão sem fôlego — Você me beijou. Eu te beijei. Já somos grandinhos para qualquer arrependimento. E você não precisa me pedir em casamento só porque nossos lábios — ela para e considera — E nossas línguas se tocaram. Não vamos pirar. Certo?

Em movimentos lentos balanço a cabeça para frente.

Ela sorri. A vontade de beijar aquele sorriso volta. Sua mão desliza por sobre os meus lábios sem pressa, acariciando a pele molhada a sensível que ela acabará de beijar. Seus dedos afundam-se em minha barba, como se aquilo fosse interessante. 

— Agora me coloca no chão — seus olhos correm até minhas mãos que seguram as suas coxas — Eu preciso me recompor e você comer pizza.

Concordo com a cabeça. Percebendo que ainda a segurava, abaixo seu pequeno corpo. Seu queixo inclina-se como de costume, seus olhos fogem perdidos e quase posso concluir que a Sunshine está nervosa.

— Você vai ficar bem? — a sinceridade em sua voz é acolhedora.

— Vou.

— Ótimo — sorri, olhando para os lados.

Seus olhos correm até os meus, como se esperasse algo, um gesto ou autorização. Seus olhos correm até os meus lábios. E a vontade de beija-la volta. Que merda. Não me movo, ainda confuso.

— Eu vou indo — decreta, saindo de entre mim e o armário — Fica bem, Adam.

Pede uma última vez antes de sumir.

*STICK: taco de hóquei 🏒
* PUCK: disco de hóquei 🏒
* RINQUE: é com "q" mesmo, a palavra que se refere ao rinque de gelo.

***
FINALMENTE SAIU
Empaquei legal nesse beijo. Espero que vocês gostem 😬.

TERÇA-FEIRA sai capítulo novo. FIQUEM LIGADAS

E AÍ? Gostaram? Gostaram da reação da Tate? Gostaram do beijo? Teorias?

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