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10 | NÃO ENTRE

10
     NÃO ENTRE
ADAM

5 MESES ANTES
O DIA QUE ELA ENTROU SEM BATER
COMEÇO DO OUTONO EM BAYFIELD

Agarro a embalagem de carnes entregada pelo açougueiro do outro lado do refrigerador. Era péssimo em fazer compras. Os meus armários tinham só poeira e uma ou outra garrafa de bebida guardada. A geladeira só recebia cervejas e leite. Não tinha tempo para aquilo. Em toda a minha vida adulta nunca tive um endereço físico ou uma lista de compras semanais para fazer. Comia o que dava, onde dava e quando podia.

Essa era a realidade de um homem solteiro. Ou fodido que mais enfiava álcool na goela do que alimentos. Tomás Baylor não era muito diferente. Tinha puxado ele naquilo: ser péssimo. Ser péssimo em muitas coisas. Detestava ter que escolher o que comprar. Odiava as intermináveis filas. Ficava entediado com a longa lista de perguntas no caixa, que iam desde a forma de pagamento, oferta para me associar a algum programa de fidelidade ou qualquer outra oferta que não queria saber.

Os caixas rápidos e sem atendente só aceitavam e merda de um cartão. E o único dinheiro que tinha ficava no meu bolso.

Porém, nas últimas semanas as coisas tinham mudado um pouco. Os jantares de domingos tinham se estendidos para a semana. Vigiar um viciado em apostas estava sendo uma tarefa que bagunçou toda a minha miserável rotina. E lá estava eu, no mercado, em um dia da semana, comprando filés para assar na churrasqueira.

Vou até o corredor de bebidas. Enfiando dois fardos de cerveja dentro da cesta. Caminho por mais alguns corredores principais a procura do homem alto, cabelos grisalhos penteados para trás, usando uma camisa xadrez. Passar mais noites com o meu velho, significava fazer mais compras com ele.

Chego no corredor dos congelados. O último corredor. O corredor com refrigeradores nas paredes. Paro. Estreito os olhos com o que encontro.

— Essa marca de comida congelada é uma delicia — uma voz familiar ecoa em minha direção — Parece comida caseira.

Reconheceria aquela voz de olhos fechados. Malditamente. Aquela voz estava começando a impregnar nos meus sonhos. Fechava os olhos e lá estava aquela voz com perguntas, sugestões e ordens. Aquela garota estava em todos os lugares.

Agora estava lá, ao lado do meu pai, com as madeixas claras soltas sobre as suas costas. O vestido floral com fundo vermelho escuro e uma jaqueta de couro preta sobre os ombros.

Sunshine.

— Gostei — meu pai responde todo sorridente e enfiando três caixas de comida dentro da cesta pendurada na sua mão — Vou experimentar.

Ela sorri satisfeita em ajudar. Bufo. Marcho até eles irritado.

— Já peguei os files, pai — anuncio minha chegada.

Meu velho sorri. Os olhos cor de mel que tinham me observado boa parte do dia param em mim surpresos.

— Adam!? — a surpresa está na sua voz e rosto.

Comprimo os lábios sem humor e impaciente. Tudo que eu precisava estava diante dos meus olhos, a minha chefe falando com o meu pai. O cara que sabia pouco ou quase nada sobre o Hell's Reform. A garota tagarela que soltava múltiplas palavras em segundos.

— Tate — devolvo desgostoso.

Os olhos castanhos do meu pai me encaram surpresos. Com um tremulo sorriso que revira meu estômago.

— Vocês se conhecem? — seu indicador balança entre nós.

— Ela é a irmã do Elliot — antecipo desgostoso.

— A pequena Evans?

Sunshine sorri. Um sorriso largo que comprime suas bochechas e deixa seus malditos olhos menos redondos.

— Eu mesma, senhor Baylor.

Ele a analisa dos pés a cabeça.

— Pode me chamar de Tomás — o homem grisalho ordena todo sorridente — Lembro quando era pequena e andava por aí com o seu pai.

Até parece que ela cresceu muito.

Engulo a observação. Coço minha barba impaciente e tenso, temendo pelo momento que a verdade viria à tona e arruinaria a minha vida. Tudo que Tomás não precisava saber era que eu tinha chances de ganhar mais dinheiro. Seria como um comichão na sua mente. Um comichão que aumentaria até ele não aguentar mais. E foderia com a minha vida de novo.

— Vamos pai?

— Claro — ele assente.

Seu pé da um passo para frente. Ele para. Retrocede dois malditos passos de volta ao lado da garota que ainda escolhia algum tipo de comida congelada.

— Tate — a jovem de cabelos castanhos se vira com o chamado — Que jantar com nós ? — ranjo os dentes. Ela me encara. Ela volta a olhar para o meu pai todo sorridente e simpático — Noite dos files e posso garantir que o Adam faz os melhores na churrasqueira.

Ótimo. Trinco os dentes. Os nós dos meus dedos doem em torno da alça da cesta azul.

— Não. Ela não quer — disparo, ambos lançam me olhares confusos. Bufo — Ela deve ter coisas melhores para fazer, pai — tento justificar a minha maldita reação.

Sunshine arqueia o cenho. Seus olhos me analisam. Posso senti-los pelo meu corpo que se enrijece. E fofidamente toda aquela sensação não era pânico por meu pai saber que teria mais dinheiro no futuro. Era algo que não queria analisar. Não parado em frente ao corredor de frios.

— Se você tiver outros planos, não tem problema — e o velhote simpático continua distribuindo sua detestável simpatia que fodia com a minha vida.

Tate me olha. Seus olhos fogem pensativos. Ela morde o interior da boca, aquilo era sinal da sua mente inquieta maquinando. E tudo o que eu quero é arrastar o meu pai pelo braço para fora dali.

— Quer saber? — seus lábios pintados de vermelhos se alargam — Eu amo files — e a resposta é dada ao meu pai.

Tomás sorri.

— Ama? — não consigo controlar a minha incredulidade após vê-la devorar pratos saladas, bandejas nojentas de peixe cru e sanduíches de frango e atum.

Ou ama foder com a minha vida e paz?

Não disparo com os lábios. Lanço um olhar descrente.

— Amo — confirma com um balançar de cabeça.

— Perfeito — exclama o homem de meia idade extasiado — Sabe como chegar a nossa casa?

— Eu acho a caminho.

A fuzilo. Quero esgana-la. Preciso que ela reconsidere a ideia.

— Qualquer coisa o Adam te ajuda — declara meu pai, ao se aproximar e dar um tapinha no meu ombro — Vou comprar sorvete de creme para sobremesa.

— Meu preferido— agora ela sorri em minha direção.

E não consigo acreditar em nenhuma palavra.

Meu pai se afasta. A pirralha de cabelos castanhos continua estática diante de mim, com os olhos fixos aos meus. Sua cabeça inclina-se para o lado, vitoriosa. Ranjo os dentes.

— O que você acha que está fazendo? — disparo rispidamente.

Ela não se abala e dá de ombros.

— Indo jantar na casa dos Baylor.

O ar tremula para fora dos meus lábios. Dou alguns passos para frente tentando fugir dos olhos e ouvidos curiosos. Cacete. Um erro. Minhas narinas são invadidas por aquele aroma floral que consome minha irritação. Aquela pirralha me deixava confuso.

— Por que? — pergunto com a boca seca.

— Porque ele convidou — seus olhos redondos arregalam-se, como se a resposta fosse óbvia.

Aperto os lábios trazendo à tona a irritação a superfície. Inclino-me um pouco mais para frente quando mais e mais curiosos acumulam-se em um único corredor.

— Você poderia ter recusado — rosno outra obviedade.

Sunshine volta a morder o interior do seu lábio. Não consigo deixar de prestar atenção. Era uma mania irritante impossível de não olhar. Não queria ficar olhando para os seus lábios. Não queria a imagem da sua maldita bunda pendurada em uma janela na minha mente. Nem a sensação do seu corpo pequeno e quente colado ao meu.

— Para de fazer isso — cuspo engolindo a saliva amarga cheia de arrependimento.

— Fazer o que? — seus olhos estreitam-se confusos.

Danço o dedo diante dos seus lábios.

— Ficar mordendo o lábio. É uma mania irritante.

Ela sopra o ar para fora. Reclina-se suavemente para frente apoiando a cesta em sua mão no chão. Seus braços se cruzam na altura dos seios.

— Você ainda está irritado comigo?

—Você precisa ser mais especifica sobre o porquê deveria estar irritado com você — declaro, olhando para os lados a procura de intrusos.

Nada.

— Por eu ter ficar entalada na janela do banheiro

Balanço a cabeça para frente.

Ela entalada em uma janela tinha sido a coisa menos enfureceradora e desconcertante que tinha feito diante de mim. Se fosse listar as coisas que me irritavam, esta estaria no final da lista.

— Se você não quer que eu vá jantar com vocês é só dizer — seus ombros dançam diante da simples solução.

Não tão simples. Pois desconvida-la acarretaria em inúmeras perguntas de Tomás Baylor. O que me faria cair em um buraco perigoso dos meus segredos e falsas verdades.

Esvazio os meus pulmões, sem opção. Umedeço meus lábios, descontente com o que estava prestes a fazer.

— O meu pai não sabe muita coisa sobre o programa — sussurro a verdade, evitando seus olhos redondos e invasivos — Ele não sabe que já ganhei dinheiro — revelo — Eu contei que era apenas um piloto, parte de algo experimental sem futuro.

Sinto a veia do meu pescoço pulsar. Ela não diz nada. Silêncio total. Evito seus olhos. Esperando a enxurrada de perguntas.

— E você quer que eu mantenha a sua versão? — sua pergunta me surpreende.

A encaro. Seus olhos curiosos são indagativos.

—  Quero

Ela balança a cabeça para frente, mais pensativa do que concordando.

—  Tudo bem —  e para a minha surpresa tudo se resolve de forma simples.

E a desconcertante sensação de que algo se quebra invade o meu interior. Aquela maldita mulher me quebra com a facilidade que aceita tudo. Dou alguns passos para trás. Recuo. Me afasto daquele aroma. Balanço a cabeça.

—  Ok —   murmuro antes de me afastar.

—  O sonho do Adam era ser lutador de luta livre — consigo ouvir do cômodo ao lado a revelação do meu pai.

Agarro três cervejas. Bato a porta da geladeira. As duas pessoas do outro lado da parede, em torno da mesa redonda não, se incomodam comigo e continuam a falar da minha infância. Ignorando a minha descartável presença na pequena casa com papeis em tons de cremes. Cozinha, sala e lavabo no andar debaixo. Dois quartos e um banheiro no andar de cima.

Sunshine tinha se dado bem com o meu pai. Tomás tinha adorado ela. E mesmo odiando cada minuto daquela noite. Ter eu como tema central das estórias tinha evitado perguntas sobre o meu presente e minhas atividades. Não tinha certeza do quanto ele sabia que Tate estava envolvida, porém morávamos em uma cidade pequena e com pessoas fofoqueiras.

—   Sério? —  a jovem de cabelos castanhos ri, jogando seu corpo contra o encosto da cadeira revestido por sua jaqueta.

Uma risada genuína. Algo contagiante que vibra em meu peito. Aperto as pálpebras, espantando aquela sensação. Afastando a certeza de que poderia ouvir aquele som mais uma vez.

Pigarreio.

Ambos me ignoram. Torço as tampas das garrafas e as distribuo sobre a mesa redonda de madeira, com pratos e tigelas vazias.

—   Ele tinha até uma coleção de máscaras de lutadores mexicanos — e mais um pouco dos meus vergonhosos gostos são revelados.

Jogo meu corpo na cadeira. Abocanho o gargalo da cerveja. Bebo uma generosa quantidade de álcool.

— Não acredito —   aqueles olhos redondos arregalam-se, suas palmas chocam-se em um som que se mescla com sua risada humorada.

Aquele humor quase afasta o meu mau humor. Tê-la ali era estranho e natural ao mesmo tempo. Aquela pirralha ria, tinha um repertorio surpreendente de assuntos aleatórios e devorava um file como ninguém. Mesmo obrigando cada pedaço do meu ser a se sentir desconfortável, estava difícil. Era estranhamente confortável tê-la ali rindo.

Remexo meu corpo na cadeira desconfortável. Não entendia o que estava acontecendo. Porém, desde que ficamos trancados no banheiro, que ela bebeu uísque e fumou um cigarro, sua imagem perfeita se ruiu diante dos meus olhos. E brevemente percebi: não éramos tão diferentes assim.

O homem de cabelos grisalhos, pele pálida, olheiras e usando uma camisa xadrez bebe.

—   Ele chamava todos os coleguinhas para lutar — e minha maldita vida parecia ser o único assunto da noite —  Qual era o nome daquele lutador mexicano que você amava? — os olhos castanhos do meu pai param em mim, seus dedos estalam como se o barulho estimulasse a sua memória.

Suspiro. Afasto o gargalo da garrafa dos meus lábios.

— Rey Mysterio — recordo sem vontade.

— Rey Mysterio — o home grisalho cantarola como uma velha melodia animada — Então fui obrigado a ensina-lo a patinar e a jogar hóquei — ele continua, voltando a encarar Tate.

— E nada mais de luta livre?

— Não.

Todo sorridente o Baylor mais velho na mesa bebe. Aquele homem era assim. Simpático. Poderia vender qualquer coisa com a sua lábia. Poderia passar a noite entretendo com suas intermináveis estórias. Em seus bons dias e dias normais ele era incrível. Porém poucas pessoas o conheciam em seus péssimos dias. Eu o conhecia. Conhecia sua melhor e pior face. E as vezes a pior face fazia a melhor parecer uma farsa.

As risadas diminuem. As risadas morrem. E todos bebericamos a cerveja não muito gelada.

Meu velho pigarreia. Sunshine gira a garrafa entre os seus dedos.

— E você, Tate? O que tem feito?

Aqueles olhos cor de mel me encaram de esguelha. Seus lábios curvam-se confortáveis com a situação. Empertigo meu corpo. Abocanho o gargalo da garrafa e bebo até o último gole. Ao meu lado, ela reclina-se para frente.

— Eu trabalho com produção de programas de entretenimento.

Bato o casco vazio de vidro sobre o tampo redondo. Ninguém se incomoda.

— Tipo roda da fortuna?— curioso, meu pai apoia seus braços na mesa.

Meus dedos rodam impacientes a garrafa vazia. Alongo meu pescoço para o lado, preparando os músculos para qualquer intervenção.

— Tipo assim — Sunshine pondera com a cabeça — Minha chefe produz programas de culinária, sobrevivência e reformas.

Os lábios do meu velho curvam-se pensativos. Inspiro. Expiro. De esguelha fitando a garota sentada ao meu lado.

— Deve ter várias histórias de bastidores — o homem de xadrez aponta envolvido no assunto.

— Olha que antes da edição as coisas são bem feias — revela em um humorado.

Tomás ri. Seu riso é ofuscado pelo bico da garrafa que despeja bebida em sua boca. Meus dedos continuam a rodar a garrafa impacientes.

— Eu vou cuidar da louça — ofego tenso.

Os olhos castanhos do homem ao meu lado estreitam-se em minha direção.

— Pode deixar que cuido disso depois — com um jogar de mão descarta minha oferta.

Empurro a cadeira com os joelhos. Ignoro suas palavras. Estendo meu braço sobre a mesa e empilho a louça suja.

— Eu posso cuidar disso.

— Você quem sabe, filho — ele dá de ombros — Então, Tate, você está cuidando do programa dos meninos?

Paro. Seguro o ar. Encaro, a jovem inabalável, com o canto dos olhos. Sem opção continuo a minha tarefa.

— Não chega a ser um programa — suas palavras não me deixam mais aliviado — Minha chefe está procurando opções para as próximas temporadas, nada definitivo ainda.

Sem opção, rumo para o cômodo ao lado, sem conseguir ouvir o desfecho da conversa. Quero jogar os pratos na pia, mas não o faço. Apoio meu corpo na borda da cuba de inox. Fecho os olhos com força. Cacete. Caralho. Merda. Bufo. Finco os dedos contra o inox gelado.

Um toque quente e suave nas minhas costas obrigam os meus olhos a se abrirem. Meu estômago se revira. Olho para o lado. Encontro um sorriso suave e gentil que rouba o ar dos meus pulmões. Que caralhos ela está fazendo? As palavras ficam entaladas na minha garganta. Aqueles olhos redondos cor de mel parecem me enxergar. Corro até seus lábios que ainda sustentam o resquício de um sorriso. Minha boca fica seca. Meus lábios formigam. Volto para os seus olhos. A sensação me assusta. Me apavora. Finco com força meus dedos contra o inox.

Empertigo meu corpo afastando o seu toque. Ela pigarreia. O sorriso inabalável volta para os seus lábios.

— Não se preocupe — Sunshine dá um passo para trás. Um alívio para a minha sanidade — Ele não desconfia de nada — sussurra.

Balanço a cabeça para frente. Comprimo os lábios. Com nós dois parados diante da pia da velha cozinha com armários beges e uma bancada de rodinhas improvisada no meio do ambiente.

— Ok

Tate retrocede mais dois passos.

— Ele foi tomar um remédio — revela, inclinando a cabeça para um dos lados — E eu vim ajuda-lo — suas palmas se esfregam uma na outra — Você lava e eu seco — seus olhos correm ao nosso redor em busca do que deveria ser o pano.

Estreito os olhos. Nego com a cabeça.

— Nem pensar — disparo unindo as sobrancelhas — Não preciso de ajuda.

— Não estou perguntando — ela rebate, agarrando um elástico esquecido no seu pulso e o levando até suas madeixas, as unindo em um coque improvisado — Eu posso lavar se você quiser — dá de ombros, encarando os pratos dentro da cuba em frente a janela com uma persiana branca erguida.

Bufo.

— Você é teimosa.

— Você já sabe disso.

Cuspo o ar para fora. Irritado. Aquela pirralha era a teimosia e a insistência em pessoa. Mesmo que quisesse arranca-la da minha vida, ela não saia. Ela ficava. Ela empacava.

— Foda-se — rosno — Quer secar. Seque.

Me viro. Encho a cuba. Despejo sabão na esponja e começo a silenciosa tarefa de lavar a louça. E mesmo em silêncio, era impossível ignorar os olhos redondos queimando na direção da tarefa das minhas mãos. Coloco o primeiro prato do escorredor. Tate pega o primeiro. Coloco o segundo prato. Ela pega. Iniciando uma sonora pilha na bancada atrás de nós. E o silêncio some com aqueles lábios pintados e inquietados.

Minhas mãos param.

Giro o pescoço e encaro os lábios balbuciantes, mal consigo compreender, mas posso vê-los movimentar em uma melodia que parecia: Shake it off. Repetidas e repetidas vezes.

— Que porra você está fazendo?

Seus lábios curvam-se na maior inocência infantil.

— Cantando — seu cenho arqueia-se como se a resposta fosse óbvia. Aquilo já estava me irritando —  Alice e eu sempre cantamos quando lavamos louça.

Balanço a cabeça para frente. Tentando não processar a imagem das suas segurando a escova de lavar copos diante das bocas.

— Gosto de trabalhar em silêncio.

Seus olhos cor de mel reviram-se dentro da orbe.

— Você é um chato, sr. Rabugento — observa amargamente — Você não canta?

Retomo minha tarefa metódica de lavar e colocar sobre o escorredor.

— Não.

— Em nenhum lugar? — a jovem questiona ao agarrar a travessa.

— Não.

Enfio os talheres no suporte.

— Nem no chuveiro? — o ar de frustração está em suas palavras.

— Não.

— Em nenhum lugar, mesmo?

Paro. Engulo a amarga saliva com uma dose de irritação que faziam os meus dentes rangerem.

— Não sei se você percebeu — a encaro sobre os ombros e as mãos cheias de sabão — Mas não sou o tipo de cara que saí cantando por aí aleatoriamente.

— Hum — ela geme com os olhos estreitados — Você gosta de música pelo menos?

Reviro os olhos. Encaro a cuba quase vazia.

— Gosto — revelo amargamente.

— De que tipo? — a pergunta animada me atinge.

— Com certeza não do mesmo tipo que o seu

Posso ouvi-la gemer de insatisfação. Aquele som não me irrita. Caralho. O seu gemido não me irrita.

— Gosta dos clássicos? — ela arrisca próxima.

— É

— Interessante — observa como se algo passasse em sua mente — Hoje em dia tem músicas boas também.

— A maioria é irritante — disparo rispidamente, apoiando mais louça sobre o escorredor.

— Você está irritado por que vim jantar?

Bufo. Se não estava. Estava começando a ficar.

— Por que você aceitou vir? — questiono uma pequena curiosidade, com o olhar fixo nas tigelas de sorvete.

— Talvez por ser uma oportunidade de saber um pouco mais sobre você — sinto a sinceridade em suas palavras — E vamos trabalhar juntos por um bom tempo, não quero que você continue a me ver como sua inimiga.

Assinto. Sem entender como processar aquilo.

— E no fim ajudei com o seu pai — Sunshine conclui, um fato que não deixava de ser mentira — Apesar de não entender o porque de esconder isso dele. Ele se orgulha de você.

Algo nada humorado queima em minha garganta.

— Demorou você perguntar — observo amargamente.

Desligo a torneira, sem realmente terminar de lavar o interior da cuba. Apoio minhas mãos no inox. Era enfurecedor, mas aquela garota estava quebrando muitas barreiras.

— Não estou perguntando, apenas observando.

Suspiro. Sunshine tinha mantido a minha mentira mesmo sem precisar. Se quisesse foder comigo poderia ter feito em um piscar de olhos. Aquilo me assustava. Na minha vida poucas pessoas estavam dispostas a me ajudar, poderia contar nos dedos de uma mão. E essas poucas pessoas me toleravam e suportavam como eu era, ou tinha me tornado. Não merecia nada daquilo. Não merecia que me ajudassem, mas mesmo assim faziam quando menos esperava e aquela pirralha parecia estar querendo entrar na fila.

Um fato que não afastava a minha desconfiança. Ninguém era bom por simplesmente ser. Até o mais inocente poderia ser cruel. Tinha aprendido aquilo da pior forma.

Engulo a amarga saliva, nada confortável com o que estava disposto a fazer.

— Ele é viciado em apostas — balbucio em direção da pia, reclinando meu corpo para frente. Era difícil revelar aquilo — Se ele souber do programa ou do dinheiro, isso só o deixaria mais confiante em apostar dinheiro que não temos.

Não tenho certeza se ela me ouviu. Não tinha certeza se tinha dito aquelas palavras em voz alta ou fodidamente as citado na minha mente.

Silêncio. A garota tagarela não diz nada. Sem vontade a encaro sobre os ombros. Encontro suas esferas cor de mel cheias de compreensão. Por um momento me fixos nelas. Nada de compaixão. Nada de pena. Nada daqueles malditos sentimentos revoltantes. Nada de: coitadinho do Adam.

Me assusto. Empertigo meu corpo.

— Ele não vai saber de nada por mim — finalmente seus lábios se movem.

Balanço a cabeça. Ela me olha. Seu olhar me acolhe formigando algo por trás das minhas costelas. E uma sensação desconhecida passeia pelo meu corpo. Como se estivesse vivo. Merda. Pigarreio, engulo tudo para baixo.

— Terminamos — Tate observa sorridente balançando o pano úmido em direção ao escorredor vazio — É só guardar

Eu guardo — me viro, terminando de enxaguar a cuba.

— Terminaram? — a pergunta da porta ecoa pelo ambiente.

Pelo ombro vejo o homem de cabelos grisalhos molhados e penteados para trás. Ele tinha tomado banho. Ele tinha demorado. Envolvo com força a esponja entre os dedos. Ciente daquilo que não podia controlar e o que temia: meu pai foder com tudo. Vê-lo era a constante lembrança que a calmaria sempre teria fim.

— Já —  Sunshine responde animada —  Eu vou indo.

—  Eu te acompanho —  meu pai se prontifica.

E lá estava as duas caras. O cara simpático. E o que deveria estar escondendo algo. Eu não engolia que ele tinha parado com as apostas. Hoje em dia um celular fazia o serviço. Já tinha revistado toda a casa e não tinha achado nada. 

Meu corpo fica rígido, minha mão paralisa com um toque suave no meu ombro. Não preciso me virar para saber quem é. E mesmo assim o faço. As grandes esferas de mel me analisam.

— Obrigado pelo jantar, Adam — as palavras vêm acompanhadas do toque dos seus lábios na minha bochecha, arrancando o ar dos meus pulmões — Até amanhã — as palavras calorosas são sussurradas contra a minha orelha.

Fecho os olhos. E a maldita sensação de algo se quebrando dentro de mim me invade, abalando todos os sentimentos, emoções e armadura que tinha nutrido em torno de mim.

A brisa gélida da noite de outono envolve meu corpo, usando apenas uma calça de moletom, camiseta e tênis de corrida. Irritado, encaro a pista de corrida em torno do lago BayBay. Ponto de exercício nas épocas mais quentes e pista de patinação no inverno.

— O que estamos fazendo aqui? — rosno, para a responsável por me trazer ali.

Alongando as pernas sobre o banco fixo de material, a mulher de cabelos curtos grisalhos, usando uma legging extremamente florescente, uma jaqueta com faixas que quase me cegavam e tênis cor de rosa, dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia.

—Você não fala. Continua bebendo. Vamos experimentar algo novo — não tenho certeza aonde ela quer chegar — Essa é a minha nova proposta. Vamos sair do consultório, você vai tentar se abrir um pouco, vai diminuir com a bebida e eu posso considerar em assinar a sua liberação.

Enfio as mãos dentro do bolso da calça preta. Balanço a cabeça uma vez para frente. Em resposta, os lábios pálidos da psicóloga nada convencional, curvam-se.

— Tenho escolha? — questiono mesmo sabendo a resposta.

— Ou é isso, ou vamos morrer os dois no meu consultório.

Ranjo os dentes encurralado. Eu sabia disso. Ela sabia disso.

— Ótimo — sua resposta é insuportavelmente animada — Então hoje vamos começar pelo básico, curando a sua insônia, sair do consultório e ainda você me ajuda a perder alguns quilinhos — ela pisca, dando pulinhos rápidos de aquecimento.

Não sei se passo os olhos por seu corpo, extremamente magro – o que tornava a última afirmação uma mentira – ou refaço os meus passos até a caminhonete. Aquilo era um absurdo. Loucura. Quem fazia terapia em uma pista de corrida? Eu nem queria correr. Já exercitava meus músculos o dia todo, correr não estava na lista de prioridades para o final do dia.

Saltitando feito uma garça maluca, com os cabelos grisalhos bagunçados pelo vento, Charlie balança a mão, mais em uma ordem do que convite.

— Vamos grandalhão — cantarola em minha direção — Tente acompanhar a velhota aqui — desafia-me, entrando na pista e misturando-se no meio das poucas pessoas que insistiam ainda em permanecer naquele lugar.

Bufo. Sem alternativa. Tiro minhas mãos dos bolsos. Marchando atrás do rastro da doutora Chata. Em poucas passadas a alcanço. Mantenho o seu ritmo, evitando acelerar o passo e deixa-la para trás.

— Isso é ridículo — rosno, meus músculos afastam a brisa fresca, que começa a ser um alívio.

Não recordava a última vez que tinha corrido. Quando jogava, fazia parte dos treinos correr. Na marinha era uma rotina. Depois um hábito. Até que comecei a deixar o prazer apenas para a bebida, algo menos saudável, para alguém que não se importava em viver ou morrer.

Ela parece não me ouvir, mantendo sua postura inabalável, até fora do consultório. Quando chegamos quase a completar a primeira volta, a velhota ao meu lado permanece firme e forte para a minha surpresa.

— Vamos lá — sem ofegar, Charlie anuncia o começo da segunda parte da sessão de tortura — Relaxe, aproveite e tente se abrir — seus olhos resvalam em mim, brevemente.

Estreito os olhos em sua direção indignado.

— Você quer que eu corra e fale ao mesmo tempo? — pestanejo, pouco à vontade com aquele exercício e em responder perguntas.

Seus ombros dançam sobre a jaqueta florida com faixas florescentes. Aquela mulher poderia iluminar toda a pista sozinha se tivesse um apagão na pista. Para mim, que não queria ser visto naquele lugar, estava difícil não atrair alguns pares de olhos curiosos.

— Você é capaz de correr e falar ao mesmo tempo — seu tom motivacional é insuportável.

Trinco a mandíbula, acelerando o ritmo em resposta, a obrigando esforçar-se um pouco mais. Ainda sem reclamar, suas pernas curtas e magrelas feito a de uma galinha conseguem me acompanhar.

— Se você não vai falar nada eu começo — insiste, ofegando as palavras — Uma culpa?

Uma merda de culpa? Uma entre tantas?

Culpas que tinham nome, sobrenomes e rostos. E mesmo amarga a resposta era fácil.

— Aqueles que não consegui salvar — ofego, mais pela dor da impotência, do que falta de ar.

Felizmente correr e falar daquelas merdas, tornava as palavras mais digestas e não tinha aquele par de olhos azuis me encarando cheio de expectativas ou sem reação alguma.

Nenhuma resposta da psicóloga ao meu lado, que começava a arfar o ar com um pouco de dificuldade, acumulando suor na sua testa, brilhosa.

— Um desejo? — dessa vez as palavras saem sopradas demoradamente por entre os seus lábios.

— Não estar mais aqui — essa era fácil.

Não para os olhos azuis que correm em minha direção, tão perdidos quanto curiosos.

— Nessa pista? — seu indicador aponta para baixo.

Balanço a cabeça em negativa.

— Nessa vida — não a encaro, não quero olhar sua expressão como resposta.

Continuamos a correr em um ritmo acelerado, algumas pessoas já tinham terminado seus exercícios, o horário avançado, não era um convite para atividades físicas a luz do luar, em uma área afastada da central, principalmente em uma cidade pequena.

— E essa sua vida é tão ruim assim? — o questionamento sai sem emoção, uma pitada de exasperação, que poderia ser por sua falta de ar — Como ela é?

Balançando os braços, sinto o suor escorrendo do meu couro cabeludo até as laterais do meu rosto. Fazia tempo que não sentia aquela sensação estranha de liberdade, como se não precisasse ficar preso com os meus fantasmas, porém correr deles. Jamais admitiria para a doutora Chata, porém ela poderia ter razão na parte de fazer exercícios.

— Eu trabalho com o meu amigo, Elliot, reformando casas — revelo, tentando conciliar a entrada do ar pelas narinas e a saída pela boca, junto com as palavras — E quando não tenho você no meu pé, passo as noites bebendo.

Ela grunhe, algo que vibra em sua garganta.

— E você gosta do que faz?

Dou de ombros. Afinal era o que me permitia comer, beber e pagar as merdas do meu pai. E talvez gostasse, nunca tinha pensado, porém era bom no que fazia e quebrar paredes era mais prazeroso que qualquer alternativa para aquela fase da minha vida.

— Não odeio — prefiro responder.

— Algo de bom então na sua vida — a mulher platinada comenta ao meu lado, com as bochechas rosadas pelo esforço — E esse seu amigo? Como é a relação de vocês?

O mais próximo que tenho de família.

A resposta queima em minha mente, contudo reluta em sair dos meus lábios, que preferem comprimir-se engolindo a espessa saliva.

— É a melhor referência que tenho de família — solto em um tom baixo.

Ela ouve. Sei que ouve. Ela não podia estar com sua irritante caneta, porém podia ouvi-la em cliques repetidos a cada nova resposta.

— Você quase nunca fala da sua família, por que? — aquela pergunta ameaçava o relaxamento pelo exercício.

Observo a pista em nossa frente, não chegava a ser um círculo perfeito, algo tortuoso, com grama, árvores, bancos, postes de luz ao redor e o profundo lago no meio. O silêncio era convite a permanecer, as perguntas davam vontade de sumir.

— O que quer que eu diga? — a fito, em um tom amargo que não consigo engolir — Minha mãe cansou da família torta, com um marido viciado em apostas e não se importou em abandonar o filho — cuspo as palavras sem conseguir ou querer segura-las — Meu pai. O grande Tomás Baylor, perdeu mais casas, carros e dinheiro do que vou sonhar em ganhar na vida. Então por que acha que não gosto de falar deles?

— Como você se sente sobre isso? — a pergunta me atinge.

Não sei ao certo se tinha sido a pergunta ou a recente confidência, mas algo, além do exercício acelera o meu sangue. Cerro meu punho. Irritado. Paro. Charlie para ofegante, com os olhos vidrados em mim e os lábios entreabertos 

— Como eu me sinto? — esbravejo, indignado com aquela pergunta — Como você quer que eu me sinta? — questiono — Feliz por ter que cuidar de um pai apostador compulsivo? Ou por talvez ter sido uma criança indigna do amor da própria mãe — meu tom decai com aquela última frase.

Era estranho dar voz a aquelas emoções. Desde a minha infância nunca tinha dado voz a aquelas palavras que rondavam a minha cabeça. O meu jeito de lidar com a partida da minha mãe, foi jogar hóquei. Algo que achava que me ligava ao meu pai. O amava, deveria amar, porque ele tinha ficado. Porém estava enganado e tinha sido usado.

— Você os odeia? — seu tom calmo não ajuda no meu mau humor.

Uma risada nada humorada explode por entre os meus lábios.

— Odiar quem nem lembro como era? — infelizmente meu tom sai amargurado — Ou odiar quem é digno de pena? — questiono retoricamente — Acha que devo odiá-los?

Seus ombros dançam sem resposta. Sua cabeça tomba para o lado, com aquele irritante par de olhos me analisando.

— Você acha que deveria odiá-los? — insiste.

Bufo. Ranjo os dentes.

— Deveria — finalmente solto — Deveria odiá-la por me abandonar com um viciado. Deveria odiar o viciado que me criou, mas — algo me sufoca, impedindo que as palavras saíssem do meu interior — Eu preciso de espaço — anuncio, apertando a mandíbula, afastando meu olhar daqueles olhos azuis que pareciam ver tanto com tão poucas palavras.

Balanço a cabeça, ansiando para ela não me seguir.

Marcho sobre a pista pré-desenhada. Corro dos meus fantasmas. Fujo da culpa, dos arrependimentos e das magoas. Eram tantas emoções que estavam me sufocando. Estava difícil de respirar e não era pela corrida. Algo apertava-se no meu peito, como se a represa que mantinha tudo aquilo contido estivesse rachando e vazando. Era tanta merda enfiada naquele buraco, coisas que achava que não importavam mais, mas importavam. Minha mãe – a mulher amorosa, de cabelos negros, olhos castanhos e sorriso acolhedor – tinha ido embora, tinha me deixado para trás. Meu pai – apostador compulsivo, perdedor azarado e desleixado – tinha ficado. Aquelas peças nunca pareciam se encaixar.

Com o tempo tinha desistido de lembrar dela. Meu pai tinha queimado suas fotos. Não tinha restado nada na nossa vida de Eva Montoya. Nunca tínhamos falado sobre aquilo. Eu nunca tinha falado sobre ela. Não até aquele momento.

Corro, tentando aliviar a mente, apagar os pensamentos, as lembranças e, principalmente, tentando remendar a maldita represa que tinha que manter tudo guardado. Corro o mais rápido que posso. Corro sem ver nada nem ninguém. Corro até sentir que minhas pernas não podem mais.

Não sei por quantos minutos refaço aquela rota imperfeita. Apenas a faço, até sentir que meus músculos despreparados e cansados das coxas não podem mais suportar manter-me em pé. Desacelero. A água escorre pelo meu rosto. Observo o meu redor vazio. Não tão vazio assim, quando a vejo. Sentada, com as pernas erguidas sobre o banco, balançando uma convidativa garrafa de água na minha direção.

Queria recusar, não queria voltar a falar, mas sem alternativa caminho em sua direção. Seus tênis tocam a grama, abrindo espaço para o meu corpo no banco de material. Agarro a garrafa da sua mão, jogo meu corpo ao seu lado e sugo o líquido dentro do recipiente plástico.

Amasso a garrafa, jogo ao meu lado, apoiando meus cotovelos nas coxas tento normalizar a respiração, sobre o olhar atento em mim.

— Melhor? — finalmente, e infelizmente, Charlie diz algo.

Balanço a cabeça para os lados.

— Eu estou odiando fazer isso — rosno, querendo culpa-la por tentar tirar aquela merda de mim — Odeio terapia — jogo minhas costas para trás.

— Não é a terapia que você odeia — seus lábios murmuram calmamente — É tudo o que tem guardado dentro de você que te machuca. Isso causa ódio. E não tem problema odiar, seus pais foram péssimos e ruins — a fito, surpreso com aquelas palavras — O problema é não expressar esse sentimento.

Seus olhos azuis não me analisam, pela primeira vez apenas estão lá, gentis.

Esfrego meu cabelo molhado. Ansiando por uma dose de uísque, algo que pudesse fechar a fenda que parecia ter se abrido no meio do meu peito. Uma sensação estranha, uma vulnerabilidade, como se a minha carne estivesse exposta.

— Me conta alguma coisa sobre você que ninguém saiba ?

A encaro confuso.

— Algum gosto, mania ou segredo.

— Por que? — aquilo era estranho.

— Porque você precisa começar a se abrir — sua mão gesticula no ritmo das suas palavras — Colocar as coisas para fora. Então vamos fazer pelo simples e aleatório, com você me contando algum gosto, mania ou segredo.

Suspiro. Esfrego minha nuca molhada. Totalmente desconfortável com aquela situação. Não gostava daquilo. Odiava falar de mim. Nunca falava sobre mim. A pessoa que mais sabia de mim era o Elliot.

Jogo minhas costas contra o banco.

— Assisto vídeo pornô — disparo sarcasticamente.

Charlie sorri nada espantada.

— Você é jovem e saudável, me espantaria se não fizesse — observa — Revele algo mais íntimo.

Bufo. Reviro meu pensamento entre coisas e fatos sobre mim.

— Eu gosto de ler — é estranho revelar aquilo — Amo ler Stephen King.

Seus olhos me analisam surpresos.

— Ótima escolha — seus lábios curvam-se, sua mão dá tapinhas no meu joelho — Viu, não doeu.

CAPÍTULO NOVO!!!
O que acharam? Me contem TUDO!

Sexta-feira estou de volta

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