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Tesoura

|Longing to hear you say
that you love me
I will probably cry
myself to sleep
Girls, Nature

"O vento frio da manhã de segunda-feira balançava os fios de cabelo de Saerok, mesmo que estivessem presos pela fita vermelha em um firme rabo de cavalo. A menina esfregava as mãos contra os braços cobertos pelo casaco fino do uniforme que não tinha qualquer efeito contra os cinco graus que estava fazendo. Arrependeu-se por ter negado a carona que lhe foi oferecida, achando que daria menos trabalho se fosse até o ponto de ônibus, mas agora já estava tão próxima do destino que conseguia ver as pessoas aguardando o transporte.

Tirou a mochila das costas e sentou no banco de madeira ao lado de uma senhora que parecia super sonolenta, agarrou-se contra a bolsa e torceu para se esquentar. Quando estava quase dormindo, ouviu a voz cansada da mulher ao seu lado.

— Você irá para o colégio do centro, não é? O ônibus está passando.

Saerok abriu os olhos assustada, vendo que realmente está quase estacionando e todos seus colegas já estavam formando uma fila. Levantou sem nem ao menos ligar para se a saia estava torta, ou algum botão da blusa misteriosamente havia se desprendido, estava a pouquíssimos dias de superar o limite de faltas, caso isso acontecesse, geraria um grande problema para seus responsáveis e si mesma. Ouvia as risadinhas debochando de sua cara de sono e sobre como estava desarrumada, mas apenas seguiu em frente para entrar, ou voltaria para casa pela quinta vez naquele mês.

Quando se sentou no banco individual, agradeceu pelo aquecedor que agora descongelava seus dedos da mão, fazendo com que finalmente se sentisse um ser humano e não um picolé de baunilha. Passou a mão pelos fios rebeldes que se levantaram com o vento, além de tentar desamassar a saia branca e poucos milímetros acima do permitido, já que havia esquecido de comprar uma nova antes de iniciar o ano letivo. Abriu a mochila e retirou o livro didático daquele bimestre, procurando pelo marcador de páginas em formato de coração que fez em um dia tedioso de férias, voltando toda sua concentração para as palavras gravadas ali.

O ônibus parou com um solavanco, tirando Saerok de seus pensamentos e fazendo-a perceber que não prestou nem um pouco de atenção no conteúdo lido. Bufou e guardou o livro de qualquer jeito na mochila, levantando e se enfiando no meio dos tantos adolescentes ignorantes e metidos, além de ignorar os toques nada gentis nas partes mais variadas, mesmo que aquilo doesse e muitas das vezes gerasse marcas vermelhas que fazia questão de esconder com base por vergonha das palavras já ouvidas ao tentar buscar um pouco de justiça. No fim, desistiu de tentar identificar quem fazia tais coisas, tentando imaginar que era algum garoto idiota e não algum adulto, como um professor que pegava aquele mesmo ônibus ou o cobrador.

Entrou na sala e sentou na mesma carteira de sempre, atrás de um garoto que sempre tagarelava durante todo o período de aulas, curiosamente nenhum professor se atrevia a chamar sua atenção, já que era filho do dono, um 'a' que fosse pronunciado contra alguma de suas vontades significaria claramente uma demissão sem ao menos alguma chance para dar explicações. Apoiou a cabeça na mão direita e implorou por paciência, ou daria um grande tapa na cabeça daquele menino.

A voz esganiçada da professora de francês foi ouvida e logo seguido por um silêncio constrangedor, já que todos sabiam sobre o bom humor da mulher: havia traído o marido com o diretor do colégio, pai do garoto mais tagarela da sala. Saerok desejou bater a cabeça contra a parede quando ouviu mais uma piadinha sobre a situação, mesmo não gostando dela, pensava que a humilhação de ter sido gravada enquanto tinha momentos íntimos demais já era o suficiente para aprender uma lição, além de causar mais constrangimento para quem tinha alguma relação com a professora ou com o diretor. Afinal, como ela continuava dando aula?

Sem querer importar-se muito com a situação, apenas copiou a matéria do quadro quando foi passada, tentando ir o mais rápido possível para ficar alguns minutos livre e descansar para as próximas aulas. Odiava segunda-feira, todos que convivem com ela entendem isso em apenas dois segundos conversando naquele dia da semana, fica irritada tão facilmente que depois se culpava por ter uma personalidade tão odiosa.

O sinal indicativo de que o intervalo de dez minutos começaria, tempo de ir ao banheiro ou beber água, nada de alimentos ou conversinhas banais para passar o tempo. Saerok continuou na sala de aula brincando com o botão da camisa do uniforme, tentando ignorar a gritaria dos alunos tão agitados para um dia tão ruim e gélido. Estava tão submersa em seus próprios devaneios que tomou um grande susto quando sentiu duas mãos geladas tapando seus olhos.

— Isso são horas para brincadeirinhas? — Disse tentando arrancar as mãos da pessoa de onde estavam. — Por favor, pare com isso que eu não estou achando graça!

— Ora, minha princesa, não gosta mais de mim? — O garoto perguntou virando delicadamente o corpo de Saerok para si, enquanto observava os traços delicados dela. — Percebi que estava desligada do mundo, mas não tanto ao ponto de nem ao menos reparar que eu estava atrás de você.

— Fala sério! — Saerok disse em um tom alto, passando os braços contra o pescoço do menino na sua frente. — Você voltou, que saudades... — Aconchegou-se contra seu peito enquanto inalava seu perfume fraco.

— Quer um beijo mais tarde, hum? — Perguntou apertando mais a garota contra si. — Vou passar no ateliê hoje a noite, posso?

Saerok não respondeu, apenas concordou com a cabeça e sentou-se novamente em seu lugar com suas reflexões inquietas sobre tudo o que poderia acontecer em algumas horas, torcendo para que fosse resumido em beijos e troca de carícias assim como outros encontros no mesmo lugar. Sorriu com seus pensamentos bobos e voltou sua atenção ao caderno e a caneta em sua frente, já que o professor de matemática estava passando pela porta naquele exato instante.

Estava cada vez mais cansada e apenas passou pelas primeiras horas de uma semana cheia de matéria, falatório e fofoca. Sentia que sua única recompensa seria os encontros escondidos e silenciosos na garagem, utilizada como ateliê de costura, no abrigo onde morava desde que se lembrava. Sorrindo como se fosse uma criança na manhã de Natal, mergulhou nas imaginações sonhadoras demais, com expectativas surrealistas, sobre sua próxima aventura com o garoto de cabelos pretos e sempre bagunçados.

Pensou que sua última aula extra do dia não acabaria nem com ordem universal, já passava das dez da noite, beirando onze, e sabia o quão perigoso seria passar pelas ruas desertas do caminho para sua casa completamente sozinha, com um uniforme escolar relativamente curto que seria a justificativa dada pelos estúpidos adultos maldosos para qualquer assédio que fosse vítima. Mas por sua sorte, a professora liberou todos da aula, assim, alguns que ainda tinham sorte de pegar um ônibus seguiram até o ponto, enquanto Saerok apenas deixou suas pernas a guiarem pelo caminho já memorizado.

O tempo havia esfriado mais ainda, provavelmente chegando novamente perto dos dois graus, no máximo, e a umidade da rua não colaborou, a menina já estava encolhida contra o casaco e ainda implorando para chegar logo, em segurança e finalmente poder se aquecer. Provavelmente não comeria nada naquela noite, pois havia comido demais no almoço e ainda sentia seu estômago cheio, então não se importou ao pensar em chegar e ir direto para o banho, colocar um moletom e partir para a cama.

Agradeceu aos céus quando finalmente guardou seus sapatos, indicativo de que agora poderia ter seu merecido descanso como todos aqueles também moradores do abrigo. Dirigiu-se para o banheiro após pegar suas roupas mais quentes da caixa, sentindo a água corrente levar consigo todo o estresse e suor do dia, agora teria o momento apenas para si que havia intercedido nas últimas horas. No fim, ainda era a mesma apesar do dia péssimo, a pontinha da esperança de melhorar ainda era mais firme do que qualqer coisa ou sensação. Jurou para si mesma ali mesmo, ainda molhada mesmo que se enxugasse com a toalha vermelha, tentaria o máximo de esforço para melhorar essa questão tão insatisfatória.

Aquecida e já na frente da porta de madeira escura do ateliê, se abaixou para pegar a chave embaixo do tapete. Quando entrou, logo acendeu a lâmpada fluorescente, vendo o lugar ainda desarrumado, com rolos de tecidos e tesouras para todo o lado. Trancou novamente o lugar, dessa vez por dentro, como um jeito de precaução, já que a essa hora quase todos estavam dormindo. Abriu a janela e sentou-se no banco, observando os desenhos da máquina de costura velha, quase quebradiça, desejando um dia aprender a usá-la antes de sair do abrigo.

Mas agora, Saerok andava pelo cômodo enquanto continuava roendo suas unhas, já curtas pela ansiedade de esperar a chegada do garoto. Havia combinado de se encontrar com ele exatamente meia-noite, mas já passava das uma da madrugada e uma preocupação incessante tomava conta de seus pensamentos. Indagava hipóteses das mais diversas para si mesma enquanto torcia para que estivesse errada, pois se culparia até a eternidade caso algo tivesse acontecido por causa de uma visita a ela. Quando estava quase desistindo, a luz acabou, impedindo que se movesse demais por medo de tropeçar em algum rolo ou colocar a mão em algum alfinete.

No fim, ouviu uma risada atrás de si, sentindo uma lâmina gelada passando delicadamente pelo seu pescoço, mas sem gerar cortes já que a tesoura estava fechada.

— Não sei se admiro sua inocência de confiar em mim, ou sinto nojo de já ter encostado em você. Mas não por mim, claro que não."

Saerok segurava a tesoura na mão, brincando com ela enquanto ainda estava deitada no chão. Yubin absorvia cada palavra com a mesma dor que sentia antes de entrar na sala. Pensou que talvez, apenas em possibilidade, estivesse louca o suficiente para acreditar naquilo, mas tinha medo de seu fim, como tudo ocorreria depois de ouvir todas as histórias que já estavam chegando no final.

— Sabe que as tesouras também eram muito importantes para outra de nós também? — Disse se levantando, largando o objeto no seu lado. — De um jeito diferente, claro. Nem sempre algo terá o mesmo peso para alguém que tem para mim. Hayoung já está de esperando, olhe para a porta. — Acenou de leve para a outra garota, sorrindo e tentando confortá-la.

Hayoung se aproximava lentamente, como se Yubin fosse feita do mais frágil cristal e não queria gerar mais mágoa em seu coração. Todas ficaram assim, seja ouvindo ou contando os acontecimentos tão dolorosos da morte prematura de todas ali. Antes de levá-la consigo para o outro quarto, Saerok olhou no fundo dos olhos da garota, notando finalmente o brilho de vida ali. Ao observar melhor, sentiu a pesada energia carregada por ela, indicativo de uma das piores coisas para todas da casa: seria morta naquele dia.

— Eu não acredito. — Ela disse se afastando e piscando os olhos. Um pouco de cada uma já estava dentro dela, não haveria volta, caso realmente morresse, iria direto para a mansão, sem direito a purgatório, céu ou inferno. — Calma, Saerok, calma... — Disse para si mesma sussurrando enquanto olhava as duas mulheres saindo do quarto. — Ela não vai morrer hoje, estará segura se não sair daqui.

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