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Capítulo 28


Olho a porta se abrir e Laura, apenas de roupão, entrar com uma arma apontada para sua cabeça e lágrimas escorrendo pelo rosto.

Sinto uma fúria assustadora tomar conta de mim e vou raivoso em direção ao homem que segura a arma, mas ele aperta mais o cano contra a cabeça de Laura e ela geme de dor, me fazendo parar.

- Solte-a! - Grito.

- Assim que alguém me disser onde Jasper Allen está. - Juarez diz.

- Hardy... - Laura diz meu nome chorando e o medo em seus olhos quebra meu coração.

- Está tudo bem, querida, tudo irá ficar bem.

- Cuidado, não faça promessas que não pode cumprir. - O homem segurando Laura diz. Olho bem para seu rosto, ele é um dos homens de Juarez que veio com ele no carro.

- Eu vou mata-lo. - Prometo, olhando no fundo dos olhos do desgraçado.

Nesse momento outro dos homens de Juarez chega e diz:

- Achei dois quartos trancados, senhor. Arrombei as portas, mas não tinha ninguém lá dentro, mas as camas estavam desarrumadas.

- Você ainda vai fingir que não está ajudado ele? - Juarez me pergunta.

- Eu não estou. - Minto. Minha regra é, uma vez negado algo, para sempre continue negando.

- Muito bem, vou ter que tomar medidas nem um pouco agradáveis. O que você acha de uma troca? Eu vou levar sua namoradinha para casa comigo e quando você resolver me entregar o Sr. Allen, você me liga e eu a devolvo. O que acha?

- Não ouse, ou eu te mato! - Digo, o maxilar cerrado, os punhos fechados, meus olhos faiscando com fúria e ódio. Juarez ri.

- Você sabe que não pode fazer isso ou minha família acabaria com você.

- Eu não me importo, vou acabar com você de qualquer jeito se encostar um dedo nela.

- Talvez eu encoste mais do que isso. - O homem que segura Laura diz com um sorriso perverso e passa a mão pelo seu corpo. Ela estremece e eu vejo tudo em vermelho. Eu vou mata-lo, eu vou fazê-lo sofrer ou não me chamo Hardy Wolf.

- Bom, acho que vamos indo. Não se preocupe querida Laura, você será tratada como merece em minha casa. Rapazes, vamos! - Juarez diz e começa a ir embora.

- Hardy! - Laura me chama. - Hardy!

Corro até o cofre e digito a combinação rapidamente.

- Chame os seguranças! - Grito para Egas.

Tiro uma pistola e uma mini Uzi, jogo a menor para Henry e nós dois saímos correndo em direção a entrada da mansão.

Chegamos ao lado de fora bem no momento em que eles alcançam o carro.

- Parem! - Grito e todos se viram, apontando suas armas.

- Acho que você está em menor número. - Juarez diz e nesse momento os seguranças chegam, com suas armas em punho.

- Bem, ainda estamos em vantagem. - Ele diz, lançando um olhar debochado para os dois seguranças.

- Solte-a! - Um grito chama a atenção de todos.

Quase tenho vontade de rir com a cena que vejo. Alex, de alguma forma, conseguiu se aproximar sem que ninguém ouvisse e agora está com a arma que eu lhe dei apontada diretamente para a cabeça do filho de Juarez.

- Me dê isso, bonitão. - Ele diz e pega a arma de Romeo, deixando sua vítima desarmada.

- Solte a Laura ou eu mato seu filho! - Alex grita, dando uma chave de braço em Romeo e segurando a arma firme em sua cabeça.

Fico nervoso, pois sei que Alex não sabe como usar uma arma. Começo a suar por todo o corpo, torcendo para que o blefe de Alex funcione.

- E você quem é?

- Não importa, o que importa é que vou estourar os miolos do seu filho se você não solta-la agora! - Alex grita e parece muito raivoso, tenho que admitir, ele parece convincente.

Egas e eu continuamos apontando nossas armas para os homens que seguram suas armas contra nós, mas não consigo desviar o olhar de Alex e Juarez.

- Você está blefando, não seria capaz de matar um membro da família Santana. - Juarez ri, mas vejo que ele está nervoso.

- Eu trabalho para Hardy Wolf, acha mesmo que não sou capaz de matar seu filhinho querido? Se está disposto a arriscar a vida do seu filho, por mim tudo bem. Vou atirar no cinco.

- Não, você não vai. - Juarez diz convencido.

- 1, 2, 3, 4...

- Pai! Por favor! - Romeo grita, como um covarde medroso.

- Tudo bem! Tudo bem! - Juarez grita. - Ela pode ir, mas solte meu filho.

- Não, você primeiro. - Alex diz e eu tenho vontade de rir. Tenho que me lembrar de agradecê-lo depois que tudo isso terminar.

Juarez faz sinal para que o homem liberte Laura e ela sobe os degraus correndo, vindo direto para meus braços.

- Hardy!

- Meu amor, meu anjo, minha vida! - Abraço-a e beijo seus cabelos, desesperado para ter mais dela, mas agora não é o momento.

- Vá para dentro! Se esconda!

- Agora solte meu filho!

- Antes que tal vocês abaixarem as armas e jogarem para longe? - Digo.

- Não foi esse o combinado! - Juarez diz, furioso.

- Estou mudando o combinado.

- Como saberemos que vocês não vão pegar Laura e nos matar assim que soltarmos Romeo? - Egas pergunta.

- E como saberemos que vocês não vão nos matar quando entregarmos as armas?

- Você mesmo disse, eu não seria louco de matar você, sua família me perseguiria.

Juarez alterna seu olhar entre seu filho e nós, parece estar se decidindo.

- Vamos logo, Juarez, vamos acabar com isso e voltar à paz. - Digo, abaixando minha arma como sinal de boa fé, mas Egas continua com a sua apontada.

- Abaixem as armas. - Juarez diz por fim.

Seus homens meio relutantes abaixam as armas e as jogam há alguns metros dos seus pés.

Egas abaixa sua arma e Alex solta Romeo.

- Isso não acabou aqui, Wolf. - Juarez diz, com ódio no olhar.

E então, de repente, o barulho de um tiro ecoa no ar e uma mancha vermelha se espalha pelo peito de Juarez.

Um segundo após o primeiro tiro, outro se segue e Romeo cai no chão.

Os homens de Juarez correm para pegar as armas, mas Egas, Alex e os seguranças são mais rápidos e apontam suas armas para eles.

Ainda desnorteado, sem saber o que aconteceu, olho para trás e vejo Jasper com uma arma na mão. Seu olhar assassino.

Corro até Juarez, mas não preciso checar seu pulso para saber que ele está morto. O tiro foi direto no coração.

Romeo levou um tiro na cabeça. O desgraçado do Jasper sabe atirar.

Olho furioso para os corpos no chão e depois para Jasper.

- Hardy... - Egas me chama, ainda apontando sua arma para os homens de Juarez, que agora estão ajoelhados e com as mãos atrás da cabeça.

- O que iremos fazer agora? Por que ele atirou nos dois?

- Eu te digo por que. Porque o desgraçado não é inocente, ele roubou Juarez.

Olho para Jasper com raiva, corro pelos degraus e o agarro pela camisa.

- Estou certo, não estou, desgraçado? Não foi armação, foi você.

- Hardy? - A voz de Laura me desarma e eu largo Jasper.

- Amor, eu mandei você se esconder.

- E eu me escondi, mas ouvi tiros e fiquei com medo que... - Ela começa a chorar e vem me abraçar.

- Eu estou bem, querida, todos estão bem.

- Todos?

- Sim, ninguém do nosso lado se machucou.

- Do nosso lado? - Laura tenta ver além de mim, mas bloqueio sua visão. Não quero que ela veja os corpos.

- Sim, Juarez e seu filho estão mortos. Jasper os matou.

Laura olha para o amigo com olhos arregalados e parece confusa.

- Mas por quê?

- Vamos conversar sobre isso depois, ok? Preciso resolver uma coisa antes. Espere em meu escritório e não saia de lá até eu chegar, mesmo que demore. Você faz isso por mim?

- Claro.

- Então vá. - Digo e Laura se vai.

Viro-me para Jasper e aponto o dedo em seu rosto.

- Você é um grande pedaço de merda, seu filho da puta! Laura confiou em você, ela sofreu por você, ela me magoou por você e nada disso valeu a pena. A morte desses dois homens aqui será na minha conta, a família deles irão querer a minha cabeça!

O pequeno e quase imperceptível sorriso no canto de seus lábios me faz perceber algo.

- Você queria isso, não é? Você queria colocar uma sentença de morte em mim, não é? Desgraçado! - Dou-lhe um soco no rosto com toda a força.

Nesse momento um carro se aproxima e estaciona perto do carro de Juarez.

- Parece que eu cheguei tarde. - Aspen diz saindo do carro.

- Como chegou tão rápido? - Egas pergunta.

- Aluguei um jatinho, você parecia preocupado no telefone.

- Aspen, recolha essas armas no chão. - Peço e ele me obedece, sem nem ao menos me questionar o que aconteceu aqui.

- Agora fique com uma arma apontada para esses vermes ajoelhados. E você Egas, venha aqui.

- O que foi?

- Leve Jasper para algum cômodo e o vigie, não deixe Laura falar com ele.

- Claro.

- Não terminei com você ainda. - Digo para Jasper, enquanto Egas o arrasta para longe.

Preciso pensar rápido, preciso de uma solução para esse problema.

Pense. Pense. Pense.

- Alex, vá para dentro. - Ordeno quando decido o que irei fazer.

- Aspen, uma das armas que você pegou no chão, por favor. - Peço e ele me entrega.

- Se afastem todos. - Digo e eles obedecem.

Aponto a arma para a cabeça do primeiro homem e atiro, seu corpo caindo aos meus pés.

Dou um paço para o lado, aponto a arma para o peito do segundo homem e atiro duas vezes.

Fico de frente ao terceiro homem e aponto a arma.

- Não! Por favor, não, tenha pieda... - Ele se cala quando a bala atravessa seu corpo.

O último homem é aquele que tocou em Laura.

- Você. - Sorrio. - Você vai ter um tratamento especial.

Dou um tiro em sua perna, para que não fuja, e ele grita de dor.

- Aspen, fique de olho nele.

Viro-me para os dois seguranças.

- Podem guardar as armas. Acabou. Vocês fizeram um ótimo trabalho, mas preciso de mais uma coisa.

- Sim, senhor.

- Preciso que você busque Egas e você busque Laura. - Ordeno e os dois se viram, e é nesse momento que atiro nas costas de ambos.

- Corrija-me se eu estiver enganado, mas esses dois estavam no nosso lado. - Aspen diz.

- Eu tenho um plano. - Digo, ignorando seu comentário.

- É melhor mesmo. - Aspen diz, olhando para todos os homens mortos.

- Jasper veio aqui, querendo se despedir de Laura. Juarez e seus homens chegaram, porém Jasper havia comprado um homem. Esse aqui... - Digo apontando para o homem com a bala em sua perna.

- Ele havia lhe prometido uma parte da quantia roubada se ele lhe ajudasse. Jasper e o traidor eliminaram os homens em uma emboscada enquanto Juarez e Romeo conversavam comigo e depois, pegando os dois desprevenidos, matou pai e filho. Tentei impedi-lo, captura-lo, mas eles conseguiram fugir, matando meus dois seguranças no processo.

- Brilhante. - Aspen diz, admirado.

- Você é louco! - O outro homem grita e ganha um gancho de direita de Aspen.

- Precisamos fazer isso rápido! Você consegue uma Van roubada e dois pedaços grandes de plástico?

- Me dê meia hora.

- Você tem 20 minutos. - Digo e ele assente.

Pego um lenço em meu bolso e limpo minhas digitais da arma, deixando-a de lado.

Vinte minutos depois Aspen chega com uma Van branca.

Forramos o chão do veículo com plástico e colocamos os cinco corpos lá dentro.

- Agora preciso que você me ajude a levar esse para dentro. Não se esqueça do plástico.

- O que você vai fazer? - Aspen pergunta.

- Esse aqui tocou na minha mulher. - Respondo.

- Merda! - Aspen diz balançando a cabeça.

Alguns minutos depois Aspen e eu estamos no cômodo mais afastado da casa, com o chão coberto por plástico e um homem sentado em uma cadeira.

- Olha, eu sinto muito pelo que eu falei, por ter tocado nela.

- Implorar não vai adiantar de nada. - Digo sombrio, dobrando as mangas da camisa.

- Amordace-o. - Dou a ordem à Aspen.

Abaixo-me e enfio o dedo no buraco que a bala fez. O grito do homem é abafado pela mordaça.

Olho para os instrumentos que Aspen pegou da minha cozinha. Decido pegar a faca primeiro, uma enorme e afiada faca.

- A sorte sua é que Laura está me esperando, se não isso aqui seria muito mais lento. - Digo e aproximo a faca da orelha do homem, cortando-a fora.

Ele geme, pula na cadeira e então desmaia.

- Achei que iria durar mais.

- Eu também.

- Estou com pressa, então... - Dou varias facadas em seu estômago.

- Deus ajude quem mexer com a sua garota. - Aspen diz, olhando para o homem.

- É, acho que exagerei. Mas não pude evitar, acho que a escuridão está tomando conta de novo.

- Do que você está falando?

- Quando conheci Laura ela trouxe luz para dentro de mim, mas acho que a escuridão está tentando voltar a me dominar. Eu senti prazer ao matar todos esses homens.

- Nós precisamos nos livrar disso, e dos outros.

- Sim, claro.

Aspen e eu jogamos todas as provas dentro de um saco de lixo e enrolamos o corpo no plástico.

Trancamos o cômodo com o corpo e eu corro para meu quarto lavar minhas mãos e meu rosto.

Tiro minha camisa e a enrolo, jogando em um canto. Visto uma camisa nova e corro para meu escritório.

Antes de entrar pego meu celular e envio uma mensagem a Egas.

Me dê 10 min e traga Jasper para o meu escritório.

Quando entro vejo Laura sentada no sofá com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto na mão.

Quando levanta a cabeça e me vê, vem correndo e me abraça.

- Oh Hardy! Acabou?

- Mais ou menos, amor. Sinto muito ter te deixado sozinha depois de tudo isso, mas precisava limpar a bagunça.

- Não entendo, por que Jasper matou aqueles homens?

- Porque ele mentiu para nós, querida, ele roubou Juarez.

- Não pode ser, se ele tinha dinheiro então porque pediu sua ajuda para fugir?

- Meu palpite é que ele tenha roubado joias, o que é muito mais difícil de vender. E também...ele queria me envolver nessa bagunça, ele queria que me matassem.

- Não, Hardy, ele não faria isso.

- Ele praticamente confessou para mim.

- Deus! Você poderia ter morrido, e seria culpa dele!

- Nós temos outro problema.

- Qual?

- A família Santana. Eu acho que consegui inventar uma história para explicar a morte de Juarez e Romeo, algo que não vai fazer a fúria deles recair sobre mim, mas nunca se sabe, meu plano pode dar errado.

- E se der errado, o que acontece?

- Eles me matam, e você também. Egas, Alex, Aspen.

- Oh não! Não acredito nisso, é tudo culpa minha! - Laura diz e começa a chorar.

- Não, não é culpa sua, querida, isso tudo é culpa de Jasper.

- Eu vou mata-lo! - Ela diz com raiva.

- Não se eu mata-lo primeiro. - Respondo.

Nesse momento a porta se abre e Egas entra trazendo Jasper.

- Seu filho da mãe! Te odeio! - Laura grita e vai para cima de Jasper.

- Você é um mentiroso, desgraçado, ladrão sem vergonha! Você podia ter matado Hardy! Ele ainda corre perigo por sua causa, seu merda!

Laura dá tapas, socos, chutes e arranhões em Jasper, que se encolhe e tenta se defender.

Caramba, sei que a hora é completamente inapropriada, mas vê-la me defendendo desse jeito está me deixando muito duro.

Laura para apenas quando está sem fôlego e eu a puxo para meus braços.

- Egas, eu tenho um plano. Vou precisar da sua ajuda para convencer os Santana.

- Sim, senhor.

- Chame Aspen e diga para ficar de olho em Jasper.

- Laura, meu amor, vou ter que sair, preciso falar com a família de Juarez. Mas não se preocupe, ok? Vá tomar um banho e tente dormir um pouco, qualquer coisa que precisar chame Aspen ou ligue no meu celular.

- Mas...

- Não precisa se preocupar comigo, amor, vou ficar bem.

Egas e eu levamos a Van para a família Santana e contamos a história inventada. Tentei ser o mais convincente possível, mas não sei se convenci a todos, pelo menos eles nos deixaram sair vivos de lá.

Ao voltar para a mansão Egas e eu nos livramos do corpo do último homem.

Depois disso mandei Aspen levar Jasper para um hotel o mais afastado da cidade.

Egas e eu arrumamos toda a bagunça feita antes que a família Santana viesse para buscar o carro deles.

Quando terminamos tudo estava em ordem e nenhum assassinato parecia ter sido cometido ali.

Finalmente fui tomar um banho. Já era de manhã quando me deitei ao lado de Laura na cama.

Dormi assim que meus braços a rodearam.

LAURA

Hardy e eu observamos seu jatinho decolar.

- Ainda não entendi, por que ajudou Jasper a fugir?

- Porque mesmo você o odiando agora, sei que no fundo você ainda se importa com ele. Se ele ficasse no país, alguém iria encontra-lo.

- Para onde ele está indo?

- Algum lugar na Ásia.

- Você não precisava ter dado dinheiro para ele, mas devo dizer, você foi esperto. Quer dizer, as joias que ele te deu valem muito mais do que o dinheiro que você deu a ele.

- Sou um homem de negócios, afinal. Acho que elas valem mais de 10 milhões.

- Tudo isso? - Pergunto surpresa.

- Muitos diamantes e rubis.

- Acho que te devo um pedido de desculpas.

- Pelo que?

- Você sabe pelo que! Por não ter acreditado na sua inocência, por ter acreditado que Jasper era o que ele não é, por toda a confusão que aconteceu. Sinto muito ter te machucado, sinto mesmo. Nunca mais vou duvidar de você.

- Eu te perdoo. - Ele diz e acaricia meu rosto.

- Eu te amo, Hardy.

- Eu também te amo, Laura. - Ele diz e me beija.

- Vamos?

- Para onde? - Ele pergunta e eu sorrio.

- Para casa.

FIM


A história de Hardy e Laura continua em HARDER 2 - O RECOMEÇO

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