Epílogo
A mulher caminhava lentamente pelo solo arenoso, tendo cuidado para não cair a cada passo que dava. Ela suspirou fundo e retirou os óculos rapidamente, quase cedendo ao calor daquela tarde de verão. Seus pés estavam cansados, pois, ainda estava distante de onde queria chegar. Mas, quando chegou, hesitou em passar a mão pela lápide.
— Como eu sinto a sua falta, sei que fez tudo por mim. Devo a minha vida a você. — Seus olhos logo se encheram de lágrimas, mas uma leve puxada em seu vestido arrancou-lhe um sorriso de felicidade em meio a tristeza. — O que foi, meu amor?
Bella abaixou-se para pegar o filho no colo e sorriu quando ele passou as pétalas da rosa em seu rosto.
— A mamãe te ama tanto, Nicolas. Mais do que tudo nesse mundo. Quer dar a flor para a mamãe? — O garotinho de olhos cor de âmbar entregou a flor para ela.
Bella depositou a flor com carinho no tumulto de Stephanie López, a única pessoa que um dia ela poderia chamar verdadeiramente de amiga. Pois, Steph havia feito um sacrifício por ela. Por Tony. Pelo amor que os três compartilharam em um curto espaço de tempo. Ela passou a mão na lápide ao lado e sorriu ao ver que agora Steph descansava em paz ao lado de alguém que elas amavam muito: a mãe de Antony. A assassina havia sido enterrada no local especial da família de Sanders.
A morena suspirou mais uma vez e foi levada para a noite que descobriu que estava grávida. Seu maior pesadelo e sua maior alegria em um dia só. Um misto de emoções boas e ruins, e a dor de perder Tony. Aquilo havia dilacerado seu coração, mas... Algo bom aconteceu em meios ao caos.
Ela caminhou novamente, saindo do cemitério na mesma dificuldade que teve para entrar, suspirando fundo quando enfim saiu de lá e encontrou um homem brincando com uma garotinha no colo. Ambos envolvidos em um amor puro, completamente alheios a tristeza que lhes cercavam.
— Bella? — o homem e a criança instantaneamente pararam de brincar, observando a mulher e o filho.
— Oi, desculpe pela demora. Já podemos ir. — Ela sorriu, pondo seu óculos e respirando fundo antes de adentrar no carro e se distanciar o máximo do cemitério, sobrando apenas a silhueta fúnebre.
— Então, como foi lá? — Questionou, sem tirar a atenção do trânsito à frente.
— Sinto que estou em paz. Stephanie me salvou, devo tudo a ela. Nós devemos, Tony. — Bella sorriu antes de entrelaçar a mão na dele, que estava fora do volante.
— Eu sei. Ela é uma das pessoas mais incríveis que eu conheci. Fico feliz que vocês tenham se dado bem. — Antony sorri para Bella, tirando sua atenção do trânsito por dois segundos e beijando sua mão. — Eu te amo.
— Eu te amo mais. — Bella sorriu mais uma vez e encostou a cabeça no banco do carro, fazendo uma retrospectiva dos acontecimentos anteriores.
Antony havia perdido muito sangue e quando desmaiou, fez Bella surtar numa sucessão de choro e gritos. Por sorte, sua agilidade em mandar a comissária chamar a polícia tinha sido de extrema importância, foi esse detalhe que salvou a vida dele. Levado às pressas pela equipe médica, o assassino fora encaminhado para o hospital mais próximo, Henry por outro lado, não teve tanta sorte. Morrera ali mesmo. Alguns capangas acordaram um tempo depois, ferimentos, sangue e uma notória confusão. Todos foram presos. Bella não levara culpa de nada, afinal, ela alegou que um dos capangas havia matado Henry, era extremamente difícil dizer o que havia acontecido para os policiais, que não acharam que uma mulher poderia fazer algo desse tipo. Principalmente, uma mulher grávida. Aí veio a certeza da dúvida que tomava conta de Bella.
O acontecimento havia tomado as manchetes dos principais jornais da cidade e com isso, muitas dúvidas e questionamentos. Após chegar na casa de Tony, Bella abraçou Keyla e Chad com toda força que poderia, chorando, ao perceber que por pouco não perdera Tony e a própria vida. Tudo estava acabado, exceto uma coisa.
Após tomar um banho e comer com uma certa dificuldade, pois, a ansiedade em saber que Tony estava na sala de cirurgia não a tranquilizava, mas, ela sabia que precisava comer. Principalmente com o pequeno fruto do amor dos dois crescendo cada vez mais em seu útero.
Ainda no quarto de Tony, ela fez o que sempre costumava fazer: bisbilhotar. Bella Gonzalez aprendera a entrar na salinha que Antony cuidava com muito esmero, rindo um pouco quando encontrara os apetrechos de Leilane Furacão. Enfim, ela achara o dossiê e cheques de pagamentos para incriminar Mariah, inclusive, fatos sobre a morte de sua mãe biológica.
Ao perceber que Tony não havia se comprometido assinando nada em seu nome, tudo através de um nome falso além de um pseudônimo interno, ela entregou os documentos para a polícia. Que por sua vez, não tardou em rastrear os dados e ligar os casos de mortes e esquemas milionários de corrupção com Mariah. A justiça havia sido feita.
Um mês depois, Mariah estampava as capas de jornais e tablóides internacionais "La Diabla" havia sido presa e jamais poderia sair de lá. Mesmo pagando uma fiança milionária. Não tardou para que a mesma cometesse suicídio, deixando uma carta explicando suas razões. Sentia falta do luxo, do dinheiro e das festas. As circunstâncias não foram explicadas com maestria, alguns julgavam ser suicídio, outros diziam que ela era vaidosa demais para tal feito. Bella chorou e sentiu-se culpada, mas depois percebera que cada qual faz a sua escolha. Infelizmente, Mariah havia feito a dela.
Antony ainda se recuperava em casa, enquanto Bella e Keyla preparavam o almoço regado em gargalhadas e às vezes lágrimas da grávida que chorava por qualquer coisa. Mas, quando deitava-se ao lado de Tony no cair da noite e percebia uma notável melhora, ela já sentia-se plenamente feliz.
Os meses foram passando, e a cada dia Antony dava mais um passo para a recuperação plena. Por sorte, os tiros não haviam acertado pontos letais, deixando o moreno com sequelas ou até mesmo ceifando sua vida. A alegria aumentara ainda mais quando Bella descobrira que ao invés de gestar um bebê, estava grávida de dois. Gêmeos de sexos diferentes. Após uma incessante briga e algumas risadas, Tony decidira que o menino se chamaria Nicolas e Bella escolhera Nylla como nome para a menininha.
O restaurante estava agora pela supervisão de Keyla que cada vez se empenhava mais e mais, essa paixão adormecida, resultaria em um aprimoramento e consecutivamente a morena estaria montando seu próprio negócio. Antony só queria aproveitar um pouco mais a sua liberdade, finalmente estava livre da sua vida antiga, estava livre de ser um anjo da morte. E sua redenção havia chegado devido a uma linda mulher num vestido vermelho. E fora assim que ela casou-se após dar à luz aos gêmeos. Uma simples cerimônia para os funcionários e os parentes de Bella, seu pai e suas irmãs.
Tudo acontecera da forma mais simples, era algo inusitado casar de vermelho, mas com um modelo similar ao seu usual vestido. Ela casou-se com a mesma cor que uniu os dois, de tal modo que lhes proporcionou uma nova vida. Alguns meses após o primeiro aniversário dos bebês que tinham os cabelos e olhos da cor do papai, contrastando com a tonalidade da mamãe, eles visitaram Stephanie uma última vez antes de saírem da cidade natal de Tony e finalmente finalizarem mais um capítulo. Um novo estava por vir.
[...]
— Chegamos. — Tony anunciara com um sorriso bobo nos lábios, Bella voltou sua atenção para o homem de sua vida e sorriu, passando a mão na lateral de seu rosto. Sendo levemente espetada por sua barba escura.
— Eu te amo tanto, você me faz ser a mulher mais feliz do mundo. — Seus olhos expressavam total paixão e sinceridade, Tony inclinou a cabeça e depositou um beijo casto na mão dela.
— Devo minha felicidade a você. Sem você, nada disso seria possível. Seu amor foi capaz de realizar os sonhos que eu nunca fui capaz de sonhar. Por medo, por não acreditar que merecia ser amado por alguém. Tinha medo de ser um pai como o meu foi... — Antony deixara uma lágrima solitária escapar, Bella enxugou-a com a ponta dos dedos.
— Seu pai era um monstro. Você jamais será como ele. A vida te deu uma oportunidade de recomeçar novamente. Eu e você e os nossos filhos. Seremos muito felizes, Tom. Eu prometo. — Bella sorriu mas logo lembrou-se que nunca havia falado sobre isso com ele, Steph havia contado tudo.
— Ela te contou, não é? — Tony sorriu rapidamente, Bella esquivou por sentir uma leve vergonha mas assentiu. — Eu pedi para que ela contasse, não tive coragem de fazer isso.
— Não importa mais. Isso está no passado. Agora você tem bebês lindos e uma mulher maravilhosa. — Os dois sorriram e se mexeram no BMW preto, voltando suas atenções para os bebês que dormiam feito anjinhos em suas cadeirinhas no banco de trás.
— Precisamos ir, Keyla está nos esperando. — Tony anunciou depois de tirar o cinto de segurança e pegar Nicolas no colo, ainda sonolento, o bebê apenas aconchegou-se em seu ombro.
— Nylla adora um passeio de carro, ela sempre dorme. — Bella sorriu rapidamente, pegando a pequena com lacinho rosa e vestidinho de mesma tonalidade no colo.
Antony ajustou seu terno preto e a roupinha de Nicolas que consistia em uma camisa social, gravata borboleta, calça preta, suspensórios e sapatinhos. Bella suspirou antes de ajustar seu vestido preto e segurar na mão de Tony, juntos eles observavam a fachada.
— Ela caprichou. Keyla tem um excelente bom gosto. — Bella assentiu, dando um passo de cada vez quando juntos eles subiram o último degrau lendo o nome.
"Corazón de Madre" , voltando para suas raízes, Keyla colocara o nome de seu restaurante no Texas para homenagear sua mãe. Ela havia proporcionado amor a cada colherada de sopa bem temperada que sempre ensinava para os filhos. O amor da mãe era notável tanto na comida, quanto no carinho por cada um de seus filhos. Mesmo Keyla, que era adotada. Mas, não era tratada com diferença. A comida unia as pessoas, e Keyla via isso quando Dulce Hernandez cozinhava para os mais humildes, oferecia-lhes amor e generosidade em um pequeno prato aquecido de sopa. Afinal, o amor era isso: abdicar de seu orgulho e abrir espaço para o amor no coração, mesmo quando as pessoas esquecem seu significado. Manter essa chama acesa era a única forma de fazer o amor não esfriar de uma vez.
O casal adentrou no restaurante e se atentaram a cada detalhe. As flores, a decoração coloridas e com utensílios simples e de bonitos. Keyla sorria sem parar quando mais fotos eram tiradas, ela correu na direção do casal e os abraçou, fazendo as crianças acordarem. Chad estava feliz e todo bonitinho, com as roupas iguais as do "Tio Tom"
Após as cerimônias de inauguração e um jantar para os convidados, as crianças brincavam felizes na área destinada para elas. Antony e Bella sorriam e falavam sobre coisas comuns do dia a dia como pais e casados. Finalmente, eles estavam realizando um sonho que parecia impossível.
— Quer dançar comigo? — Ele sorriu, levantando-se e fazendo uma reverência. Keyla havia contratado uma banda local para um show pocket, a ajuda de Tony sempre era bem vinda.
— Claro. Só tome cuidado, meu marido é ciumento. — Bella limpou os cantos da boca com um guardanapo e sorriu ao pegar na mão dele.
Antony Sanders a conduziu para o centro do espaço e juntos dançaram uma música lenta e romântica. Bella encostou a cabeça no ombro dele e sorriu de olhos fechados.
— Eu pensei em chamá-la para dançar desde a primeira vez que nos vimos. E pode deixar, vou ter cuidado com seu marido. — Ele sorriu novamente, fazendo-a rodopiar de surpresa, logo após, puxando-a mais para si.
— Bobo. Você dança muito bem, o que mais esconde de mim? Qual a única coisa que não sabe fazer? — Bella fingiu irritação e sorriu em seguida.
— Já te disse, não sei fazer pão. Mas, você ainda não provou das coisas que faço, Bella. — Antony sorriu, lembrando-se do primeiro jantar deles.
— Ainda bem que eu descobri que não era apenas torta de maçã. — Os dois sorriram mais um pouco e Bella olhou fundo nos olhos de Antony — Este é o nosso felizes para sempre?
— Não. Isso é apenas o começo de uma vida incrível ao seu lado e ao lado de nossos filhos. Ainda temos muita coisa pela frente. Eu te amo, Bella Sanders.
— Que bom, não tenho pretensão de largar você. Nunca. Temos muita coisa pela frente. Eu te amo. Te amo, Antony Sanders. — Ela encostou novamente a cabeça no peito dele, mas sentiu mãozinhas puxando seu vestido. Bella e Antony separaram-se da dança e olharam para Chad que trazia as crianças.
Eles sorriram para os filhos e cada qual pegou um dos bebês e dançou com os pequenos no salão. Até a noite acabar. Até a esperança ser renovada de que mesmo com tantos obstáculos na vida, as pessoas podem realizar seus sonhos, podem ter um felizes para sempre. Basta apenas acreditar que são capazes. O amor é a única cura para o ódio e a falta de esperança.
FIM
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