23- Royale
12 horas depois
Antony e Bella observavam discretamente a fachada do cassino e fizeram um pacto interno e silencioso de que ambos sairiam vivos dali. Saudaram de forma gentil o manobrista e Tony jogara a chave do carro — alugado — para ele. Os seguranças na porta pareciam detalhar cada rosto que passava.
Uma fila longa se estendia para a entrada de pessoas, no entanto, o convite para os dois lhes dava uma entrada vip.
— Por aqui Sr & Sra Sanders, o anfitrião está esperando. — Um dos seguranças anunciou enquanto outro através de um ponto na orelha, anunciava que o casal havia chegado. Pelo menos, foi isso que deduziu Tony ao ouvir "A cereja está no bolo".
Antony pôs as mãos nas costas de Bella e a conduziu pelo vão. Quando um dos seguranças abriu uma cortina de veludo vermelho, um novo mundo parecia ter sido apresentado a eles.
Havia taças empilhadas com um champanhes de tonalidade distintas. Dançarinas de pouca roupa e muito silicone ofereciam charutos e whisky em bandejas douradas. Grandes lustres que pareciam ter cristais em sua extensão . Tudo era dourado, até mesmo dos artistas que que faziam sua apresentação em lençóis. "Toque de Midas" esse era o tema da noite. Onde ela ouvira falar de Midas?!
— Uau, nunca estive num lugar tão glamoroso assim. — Bella anunciara impressionada, sua primeira frase após descerem do carro.
— Sinceramente, nem eu. Você lembra do que combinamos, certo? Não se afaste de mim. Mantenha os olhos bem abertos e se precisar, use sua arma secreta. — O moreno falou baixinho, logo após, ajustar seu terno preto com gravata e sapatos de mesma tonalidade.
Bella por outro lado, estava com um vestido decotado preto com uma fenda na perna. Por baixo de suas vestes, estava uma adaga presa na meia calça que acabava na extensão de sua coxa. Cuidadosamente guardada, seria usada apenas em uma ocasião de perigo extremo.
O segurança parou de andar ligeiramente e pressionou o indicador na orelha, na tentativa de compreender melhor a mensagem que estava sendo passada.
— Perdão. O anfitrião está pedindo desculpas, pois, não os receberá neste momento. Mas, por conta da casa toda a consumação é gratuita. Divirtam-se, em breve os chamarei novamente. — Dito isso, o homem apenas virou na direção contrária e os deixou sozinhos.
— Quanto mistério, o que vamos fazer? — Bella suspirou frustada, ela estava ansiosa para sair logo dali e voltar para a segurança que Chicago proporcionava. Especificamente, o apartamento de Tom.
— Nos divertimos, que tal? Vamos jogar o jogo deles. — O moreno passou os braços pela cintura dela e sorriu — Quem quer que seja, acha que somos tolos o suficiente para cair nesse joguinho. Não tenho amigos.
— Você está armado? — Bella passou as mãos pelo pescoço dele e questionou baixinho — Não tem segurança nem nada do tipo?
— Qual das armas você está falando, Sra Sanders? — ele sorriu baixinho e quase colou os lábios no dela para responder: — eles não ligam para isso, somos convidados especiais. Não existe regras para aquele bilhete premiado.
— Entendi. — Ela contentou apenas com isso, mas, logo voltou sua atenção para o palco. Seus olhos curiosos observavam cada detalhe da banda de Jazz que apresentava uma música sensual e calma. — Bem que poderia ter um pouco de pop aqui. Quando você estava no Brasil, qual foi o ritmo mesmo que remexeu o seu bumbum?
Os dois sorriram e Tony rapidamente negou com a cabeça fazendo um barulho engraçado com a língua.
— Você não esquece a Leilane, não é? — Ele ficou pensativo por alguns instantes e recordou-se — Funk. O ritmo era funk. As pessoas fazem movimentos pélvicos, mexem o quadril com as mãos no joelho. Bella Gonzalez deveria tentar.
— Eu não sou uma boa dançarina. — A morena sorriu, mas, pensando bem ela também não era uma boa cozinheira. — Nasci para ser uma jornalista investigativa. — Dissera com orgulho.
— Bisbilhoteira. Essa é a sua maior vocação. — Os dois sorriram novamente, mas ao ver um dançarino alto, loiro e musculoso a morena sorriu maliciosa e pediu gentilmente uma taça de champanhe para molhar os lábios secos.
— Tenho vários talentinhos ocultos, você pode descobrir todos ele no caminho. — Após passar o indicador ao redor da taça, ela sorriu provocativa.
— Podemos fazer muitas coisas no caminho. Mas, antes eu preciso te dar meu presente de casamento para você. É segredo. Não adianta insistir. — Bella franziu o cenho, sequer conseguira imaginar tal presente, mas, como Antony Sanders era um homem cheio de surpresa, essa não seria diferente.
***
Após um tempo regado por Martini e champanhe, os dois já estavam se sentindo à vontade naquele lugar. A música parecia mais agradável e uma súbita vontade de fazer algumas apostas já estavam cutucando Sanders. E se ele tivesse a sorte de ganhar muito dinheiro hoje?! Observar aqueles homens com suas acompanhantes só aguçava ainda mais a sua curiosidade. Afinal, era mais fácil ganhar de homens bêbados e burros para gastar dinheiro com prostitutas com vinte anos a menos de diferença.
— Sr & Sra Sanders? — uma vez sobressaiu pelo ruído de música, azar e risadas. — O anfitrião está pronta para recebê-los. Me acompanhem por favor.
Os dois assentiram e se distanciaram por alguns segundos, tempo suficiente para Tony tirar as mãos das costas dela e segurar a mão direita para dar confiança. Confie em mim, o aperto dizia. Lembre-se do nosso plano. Realmente havia um plano. Se tudo desse errado, Bella Gonzalez deveria correr para o mais longe possível enquanto Antony Sanders tentava acabar com todos e possibilitar sua fuga. Tony rezava para que isso não acontecesse, Bella por sua vez, internamente jurava que não o deixaria para morrer sozinhos. Ambos fariam promessas, mas nenhuma delas seriam cumpridas.
Lado a lado, o casal subira alguns lances de escadas acompanhados por pelo alguns segurança. A curiosidade e um leve nervosismo crescia dentro de Tony. Ele já esteve em situações piores do que esta, mas partilhar o perigo com sua noiva não era bem a atividade de casal que o homem tinha em mente.
Após subirem mais um lance, um longo corredor estendeu-se para eles. Um tapete vermelho de veludo macia quase pinicava na ponta dos pés de Bella. O tal anfitrião era uma pessoa bem extravagante e excêntrica. Correndo os olhos por toda extensão, ela podia perceber que havia quadros de astros famosos usando coroas. A tinta parecia ser à óleo. Talvez fosse. Mas, não era isso que chamava sua atenção. Somente uma porta marcava o território do anfitrião. Era um dourado reluzente, similar a ouro, mas Bella recusava-se a acreditar que alguém iria tão longe para mostrar que tinha dinheiro e poder.
— Chegamos. — Um dos seguranças parou abruptamente na frente dos dois, talvez, se estivessem próximos eles teria esbarrado no homem que parecia uma geladeira. — Preciso que deixe suas armas conosco, Sr. Sanders.
Tony suspirou fundo e entregou a arma que estava por dentro do paletó. Entregando o pertence de má vontade e querendo prosseguir o caminho novamente, mas, uma mão a meio metro o impediu.
— Todas as armas. Inclusive essa que está na coxa da sua mulher. — Um dos seguranças anunciou, lançando um olhar meticulosamente perigoso, como se internamente dissesse "não queira que eu tire para você".
Bella sentira quando uma gotícula de suor escorreu por sua têmpora. Como foi tola de achar que isso aconteceria tão fácil assim?! Ela entregou a adaga e suspirou fundo. Os seguranças se entreolharam e permitiram a passagem.
Ao adentrar, a sala era mais extravagante ainda. Tapetes decorados enfeitavam a parede, tapetes persas. Tony entendia um pouco de decoração, mas Bella saberia distinguir o material em qualquer lugar que estivesse. Havia um enorme trono disponibilizado no centro da sala. Mais seguranças, artigos de luxo e champanhe.
— Midas... Era um rei ganancioso que almejava aumentar suas riquezas cada vez mais. Após servir a ao deus Dionísio, ele pedira apenas uma recompensa em troca. Tudo que tocasse se transformaria em ouro. Sua ganância foi o algoz de sua filha. Que após ser tocada pelo pai, fora transformada em ouro. — anunciara a voz feminina falando em espanhol. — Então, podemos perceber que filhos são a ruína de nossas vidas.
Bella conhecia aquela voz, não seria capaz de esquecer. Adorava mitologia grega quando era criança, alguém costumava contar tais mitos para ela e as irmãs.
— Não vai dar um abraço na mamãe, filha? — Mariah surgira cercada por seguranças. Com um enorme colar de diamantes, um manto real e uma coroa.
Tudo sempre pode piorar, quando esses fantasmas do passado iriam finalmente deixá-la ser feliz?!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro